sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O que se questiona no governo Dilma




                                          Cunha e  Silva Filho

         Correlacionar  as ações do governo  Dilma com  autores   como  Derrida,  Walter  Benjamin ou qualquer  outro  pensador,   crítico  literário  ou  filósofo   para  poder-se  convalidar  as ações  e práticas  políticas da presidente até  se pode  tentar fazê-lo,  pois mesmo   Heidegger  foi  já  censurado  por suas ideias  de simpatia pelo  nazismo  hitlerista. 
       Tampouco  se pode negar   certo  desenvolvimento  verificado  no país   que  data dos  princípios  de governança do  petismo.  O que,  todavia,   é impossível  esconder  é justamente  o comportamento  ético no sentido  mais amplo  do termo do  que veio a ser  a face  desconhecida  da  imoralidade   petista, ou seja,  do que  o partido,  supostamente  considerado  de esquerda, passou  a ser  tendo  em vista  dois  grandes    escândalos: o do Mensalão e do Petrolão.
          Ou, por outra,  as administrações  tanto do Lula quanto da Dilma, agora,  em  início de segundo mandato, não se têm   revelado o mínimo  dignas  de aprovação do  ponto de vista   moral, visto que   governar  não é só  melhorar  parcelas  desfavorecidas  da sociedade  brasileira,  mas   dar exemplo  de  integridade  política  dos atos  governamentais, do relacionamento sem subserviência  com  outros partidos, da escolha de   seus ministros e da posição   do governante   máximo  do pais. Tudo isso  se tem revelado  o oposto do que seria  um governo   de esquerda, cuja   atuação  se conduza  ao bem  coletivo geral e não  o que   tem   feito  reiteradamente   o petismo  atual  como  instrumento de  práticas  públicas  que   levem   o país  a um  patamar  de respeito,  reais  realizações  e   modelos   de atitudes.
   Os recorrentes   ‘malfeitos”   do governo  ao lidar  com  a corrupção, com o tráfico  de influência   política,  com  o gigantismo desnecessário de  ministérios  que  só servem para   a gastança   do Erário  Público, com a  cooptação  com   membros  do partido  julgados   corruptos,  com  decisões  tomadas  na contramão do que  a presidente   prometeu  antes  de ser eleita, i.e., agindo  nos palanques   da forma  mais  populista   possível,  escondendo  da sociedade  os reais  e  cruciais   problemas que  o  governo   concorreu  para  que  resultassem   em malefícios de  vária natureza, econômica,  social,   trabalhista,    de benefícios   adquiridos   com a luta dos trabalhadores    brasileiros, entre outras práticas   demagógicas    que vieram   logo após  o juramento   do novo mandato, ou seja , no  mês  seguinte da certeza de sua  vitória apertada na eleição presidencial,  são evidências  cabais de que  houve má-fé da parte dela e de seus   correligionários.
       Mudando  o approach  na condução  da economia,  a presidente  não o faz simplesmente  para a   pôr nos eixos  a economia   nacional, mas para   captar   recursos  via impostos, inflação  e aumentos  de juros  e alterações  no pagamento de  pensões e do   fundo de  garantia. Quer dizer,  a presidente cortou  despesas   em  setores  que  não devia    mexer.
     Mal  se estava  formando  o novo mandato,   os três poderes   se deram aumentos  altos  para as condições  de  endividamento  do país: deputados, senadores,  ministros,    a presidente,  o poder  judiciário    foram  céleres  em  se defender   de possíveis   perdas  salariais. Por outro lado,  o funcionalismo federal há pelo menos  três anos  não   tem tido  nenhum aumento  do governo, o que, por si  só,  indica   o quanto   o governo    procede  irresponsável e injustamente      contra  os direitos   dos servidores.
       Ora,   além  do mais,   quando  membros    no  poder legislativo ou  judiciário,   que já  percebem  altos salários, ainda  são   mimoseados  com   benefícios   indecorosos do tipo  auxílio-residência , i.e.,  para  políticos  ou   membros  do  poder  judiciário, os quais  são  pessoas que, em geral,  têm a sua  bela  casa  ou o seu confortável apartamento, ou já são  indivíduos  ricos   independentemente  de serem    políticos, assim  agem  na estrutura   do  poder  do Estado,  não há  cidadão  que  não  fique  indignado  contra  essa  ações  que só  desservem  à democracia  e tornam a imagem   desses grupos  privilegiados   uma afronta  inominável  ante os olhos  dos  brasileiros   que   trabalham  duramente  e ganham   salários muito aquém  de seus méritos  e de sua  real e efetiva   contribuição ao  desenvolvimento   da nação. 
   Por esses e outros   muitos motivos que poderia  arrolar,  é que  o mal  da presidente  é de natureza  ética, assim como   são os males dos   outros poderes   que  formam  o Estado  Brasileiro. 

   Fazer elucubrações  que mais   satisfazem   ao paladar   de intelectuais  burgueses,  sofisticados e deliciados que  ficam  com  a complexidade  das ponderações    que  têm seu   eixo  principal  no  mero intelectualismo estéril    a fim de apontar   solucionar concretas   e  exequíveis aos   problemas   brasileiros    com  citações  de  figuras   de nomeada  do cenário cultural   mundial, cujas  ideias,  na  práxis   da vida  social,  política e cultural desse país  ainda periférico e cheio  de   vidas severinas,  pouco  efeito,  no meu juízo,  exercem  ao bem-estar   da sociedade brasileira. Precisamos,  aí sim,  de presidentes,  de políticos, de juízes,  de   membros   do Supremo  que  pensem  em fazer valer   a justiça   dos  injustiçados, que  é a grande maioria  do povo brasileiro. O resto   são mistificações   e  conveniências   de orgulho  próprio de altas funções.  Nada mais. Quereis um exemplo  do que  somos  nós  que   pensamos  em  nossa superioridade sobre os outros? Vou-lhes dar uma sugestão que,  pelo menos, para mim,  é brilhante:  leiam o ato V, cena 1 da tragédia de Hamlet.

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