domingo, 23 de fevereiro de 2014

BRAZIL'S OVERVIEW CORNER: Politically divided nations;a challenge for Post-Modernity



[A Portuguese translation of this  article   appears below the English text]




                                                                        By Cunha e Silva Filho



                       

              We have at least three examples of  countries which   are identified with   different  ideological  viewpoints, i.e, their  populations are not  united when  facing  opposite political  and  social trends. This fact entails dangerous  problems ahead as they  present  themselves as children of the same country  who think  as though they  were  each  one,  two countries in  one. This is what is happening to   Syria, Venezuela and now,  in a less degree,  Ukraine as the latter actually seems to  stand for  the indignation of the larger  portion of the  population.
            These  nations  thus  split tend to take two ways: either they may  lead to a civil  war, or they  have to find  out  forms  to compromise and  arrange to  change their government chief of  states or presidents.
The main  reason   that  brings about  difficult political and social upheavals  has, in most cases, its  root in countries  that do not  answer to  the  desires and   claims  of  their societies as a whole.  In other words,   countries which  decide vertically  what they  think of  as  appropriate for  their people tend to  forget  that  people’s will  is the  component sine qua non  for a government  to comply with  the aspirations  of  individuals. Should they   use   intelligence and an accurate   view of necessary  needs of a nation, they would certainly  change their  one-sided position and rather  would try  to meet the most fundamental  demands  of a country.
To make decisions that affect   lives of so many   people is risky for a government, even for the so-called   democratic  nations.  The source of   solutions  lies  in the hands  and the  kind of  way of life of a society. Therefore, a wise ruler first of all  ought to listen to the  people’s claims  on the streets because  without the  people’s support,  a government  will hardly  remain  in power.
The generalized world  protests against political leaders, including   Brazil,  practically  derive of one  basic   factor:  bad governments,  authoritarian  rulers, either dictators or  democratic ones,  tend not to  last long in their  functions with a few exceptions nowadays,  such as Cuba,  Syria,  China,  North Korea and other  countries.
It is felt as a world   trend in the field of  political institutions that there is  one single and  fair  way  to effectively  reduce  world  wars,  civil  wars and social  trumoil  all the  world over, and this is only  accomplished by   democratic  ways,  elections,  press  freedom,  speech  freedom and respect to human  rights. Of course,  one should never be naïve to  blindly  believe that  in democratic  countries  we are  safe from  a good many  problems   in the multiple areas  of   a government.
Should one abolish   social   differences in democracy? Is it feasible? Is it a Utopian   dream? These are   tremendously   complex issues that should be a constant   debate in countries of  high level  of decent life and high level of  an educated  society.
I know that we still  have a long way to  go towards  devising  strategies  that might lead to a   better  modern  society  under   democratic   principles that  would lead to    deep changes  in several  areas of  social  life: better education, transportation,  better hospitals, higher  salaries  for   vital   functions, such as  teaching, medical  practice, scientists,  researchers, pilots, bus drivers, train drivers, subway drivers, scientists  and so on.
If these  problems  are not  tackled  aggressively and with a determined  policy  will, none of the current  social  evils (political  corruption, violence, drug   traffic,  high rates of  crimes,  juvenile  delinquency), political, economical or cultural, will be reduced. It  is high time that our world authorities  should  draw their attention to all these  issues that are  causing so many bloodshed the world over.
Therefore, all the  above mentioned  countries  should  bear in mind  one  simple  truth:  should they   want to have a country  ridded of all the  troubles  as seen by  massive demonstrations  in   public  squares, with the bulk of  people  demanding  for  a better social  life with  freedom  of speech, they  ought to  give up their  present  form  of government and treat  their  people  with   due respect,  by  allowing these  inalienable   rights: to live in peace and  free from  poverty,  violence, drug traffic,  extreme  violence,  torture,  lack of essential    needs, having time for leisure and opportunity  to  improve their  cultural  level,  compatible salaries according to  the  competence and  ability of  each  person. I emphasize these  statements to all  rulers: either take  the way  to  public  disorder and confrontation  between police forces and demonstrators,  or even worse, bloodshed, or  want  a  long-hoped lasting   peace  in the world. Remember, leaders of the world over,   how many innocent   lives would have been saved if  peoples’ cries were  given  importance by you all.  Finally,   remember  Charles Chaplin’s words and their  universal appeal “Thou art  not machines,  thou art men!”



Nações divididas: um desafio na Pós-Modernidade


                                          Cunha e Silva Filho


Três exemplos, pelo menos,  temos de países que se distinguem  por diferentes  posições ideológicas,  i.e., com  populações   no enfrentamento  de antagônicas correntes  políticas  e sociais.. Este fato enseja problemas  perigosos pela frente na  condição de  filhos da mesma   pátria que pensam como se fossem, cada um dos lados,   dois  países.É o que  está  ocorrendo com a Síria,  Venezuela e agora, em grau menor, com a Ucrânia, já que esta  representa a indignação da maior parte da  população.
Estes países assim divididos tendem a seguir dois caminhos: ou podem ser levados  a uma guerra civil, ou  têm que  encontrar  formas  de  entendimento e acordos  para  mudar seus chefes de governo ou  presidentes.
A razão principal que  acarreta tumultos sociais,  na maioria dos casos,  tem suas raiz em países que não  atendem aos anseios e  reivindicações  das sociedades como um todo. Em outras palavras,  países que decidem de cima para  baixo  o que julgam ser  certo para seus  povo, tendem a esquecer que a vontade popular  é o componente sine qua non   a fim de que  um governo   corresponda às aspirações dos indivíduos. Se por acaso  empregassem  a inteligência e  tivessem uma  visão  apurada das necessidades de uma nação, certamente  modificariam sua  posição  unilateral e, ao contrário,  procurariam  ir ao encontro  das  exigências  fundamentais  da nação.
Tomar decisões que afetam as vidas de tantas  pessoas é um risco  para um governo, mesmo  para as denominadas  nações democráticas. A fonte das soluções  está nas mãos  e no modo de vida  de uma sociedade.  Portanto,  um  governante prudente, antes de tudo,  deveria  ouvir  os reclamos  do  povo na rua, porquanto sem  o apoio  popular um  governo  dificilmente se  sustenta no  poder.
Os protestos  mundiais  generalizados contra  líderes  políticos,  inclusive o Brasil,  praticamente se originam de um fato  básico: maus governos,  governantes autoritários ou ditadores  ou  democráticos,  tendem a não  durar muito em seus  cargos com  poucas  exceções hoje em dia, como   Cuba, Síria, China,  Coreia do Norte e outros países. 
No campo das instituições políticas, sente-se que há uma  tendência mundial segundo a qual  somente existe um único  e correto  caminho   que  efetivamente  reduziria  as guerras mundiais, as guerras civis e as desordens sociais no mundo inteiro, e isso  se concretizaria por vias democráticas, eleições,  liberdade de imprensa,  liberdade de expressão e respeito aos direitos humanos. Obviamente, seria ingênuo de nossa  parte se acreditássemos  cegamente que, em países democráticos, estaríamos   a salvo de inúmeros  problemas nas múltiplas  áreas governamentais.  
Dever-se-iam abolir as  diferenças sociais  na democracia? É exequível isso? Seria um sonho  utópico? Estas são  questões  imensamente   complexas que deveriam  constituir um debate  permanente  em países  de alto nível de vida decente e de alto  nível  de uma   sociedade instruída.
Sei que estamos  longe  de equacionarmos  estratégias que poderiam  levar a uma  sociedade moderna melhor com princípios democráticos que  ensejariam profundas  modificações  em várias áreas da vida social: melhor  educação,  transporte, melhores hospitais,  salários mais altos para funções  vitais, tais como  ensino,  prática médica, cientistas,  pesquisadores, pilotos, motoristas de ônibus, maquinistas de trens, condutores de metrôs etc.
Se tais  problemas não forem  atacados de frente e com  uma vontade  política,  nenhum dos  atuais  males sócias ( corrupção política,   violência,  tráfico de droga, altos índices de crimes, delinquência juvenil),  políticos,  econômicos e culturais,  será  reduzido. È hora de nossas autoridades mundiais  voltarem  a atenção  para  todas estas questões que estão  provocando  derramamento de sangue pelo mundo afora.
Por conseguinte,  todos os  países  acima citados deveriam  ter  em mente esta verdade simples: caso eles desejem  ter um país  livre de todos  os   incômodos -  haja a vista  as manifestações  maciças em praças públicas -, com  toda a  população  exigindo uma vida melhor com liberdade de expressão,  deveriam desistir  de sua  atual  forma de governo e tratar o povo com o devido   respeito, permitindo estes inalienáveis direitos: viver em paz e livre da pobreza, tráfico de drogas,  extrema violência,  tortura, carência de necessidades  essenciais, com tempo  para o lazer e  oportunidade de  desenvolver seu  nível  cultural, salários compatíveis  com a competência e habilidade de cada um. Encareço estas afirmações  aos governantes: seguir o caminho  conducente à desordem e confrontação  entre  forças  policiais e  manifestantes, ou  ainda pior,  banho de sangue, ou um paz mundial duradoura  há tanto tempo ansiada  
Lembrem-se, líderes mundiais, quantas mortes  inocentes teriam  sido  evitadas se os gritos  dos povos tivessem  sido ouvidos  e tomados em consideração  por todos os senhores.

Finalmente,  lembrem-se das palavras de Charles Chaplin (1889-19770 e de seu alcance universal: “Máquinas não sois,  sois  homens!”

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Os super-salários: a volta dos marajás do Poder Legislativo





                                               Cunha e Silva Filho


            Não há conserto para o Brasil. Um  exemplo danoso vem, agora,  de um  dos  três poderes, justamente aquele  que deveria  ser o mais  rigoroso com a decência  pública: o Supremo  Tribunal Federal (STF) Um membro do Supremo que,  por sinal,  foi  escolhido  pelo  ex-presidente Collor,   concedeu uma liminar  com a qual  funcionários da Câmara  dos Deputados, que haviam  tido seus  faraônicos   salários  reduzidos para patamares  mais modestos,  recuperaram, agora,  os mesmos  altíssimos  vencimentos.    
        Se o ministro do STF argumenta que apenas cumpriu  a lei  constitucional,  então   esses funcionários  foram  reabilitados   financeiramente de forma  legal. Porém,  não sabe o ministro que  o legal não é muitas vezes  justo. Não é correto, é imoral. E a Constituição Federal, posto  seja  o  instrumento  maior  dos direitos e deveres do cidadão,  não é obra de inspiração  divina,  mas obra  humana e,  portanto,  falha,   incompleta,  injusta  e passível de modificações e emendas que, à medida que o tempo  passa,  tem que ser atualizada com  o  objetivo  precípuo de  proteger   a sociedade.
  O ministro em causa  cometeu um  tremenda  injustiça com a cidadania  brasileira, principalmente se levar-se em conta o quanto  ganha um funcionário  público federal, um professor universitário, um professor do ensino médio,  um médico, um cientista, um pesquisador em diversas áreas do conhecimento humano, com  diplomas de doutorado e até de pós-doutorado. Nem que estejam no último nível de atividade,  esses profissionais, que tanto bem fazem ao Estado  brasileiro e à sociedade, estão longe de receber vencimentos  estratosféricos à custa do Erário Público.
Quem são esses  privilegiados,  o que fazem  pelo  bem  da nação,  eles que  trabalham  em instituições  representativas  do povo e que,  por isso,  têm que dar  exemplo de  virtudes, de equilíbrio e de  austeridade. A mídia noticiou  o fato, entrevistou  o homem comum na rua e a resposta  foi  sempre de indignação  contra  atos dessa  espécie. Nenhum  governo  se faz respeitado   quando  permite  que regalias  deste jaez aconteçam. Os privilégios  excessivos   atribuídos  financeiramente a funcionários  marajás  no país da impunidade, da violência extrema e da desfaçatez  de políticos só infundem no espírito da nação  sentimentos de  rancor,  de desesperança e   de desprezo  pelas  instituições  governamentais.  Ora,  salários  de vinte,  trinta, quarenta,  cinquenta mil reais  e até mais  só  provocam  repúdio  total  do homem brasileiro  que  trabalha  duramente  para, no final do mês,  receber  minguados  salários  e pensões  miseráveis  que não  lhes permitem  nem mesmo   comprar remédios para a a saúde alquebrada e uma  velhice  cheia  de  carências de toda a sorte.
Um país que age assim não pode ser levado a sério, nem  pode atingir  um elevado grau de civilização  e de cultura. Não conheço  tempos tão  frívolos quanto  os que  enfrentamos  atualmente  no  Brasil. Alguém  pode rigorosamente chamar   de democracia  a um país  que é tão  desigual  com seus filhos?  A democracia  se arranha profundamente  quando  nela  persistem  os   sempiternos   desmandos  governamentais e  abusos  no uso  da leis. A farra dos salários  astronômicos de uma  casta   privilegiada  de funcionários  encravados nos três poderes  de Brasília é um  chute na cara  dos cidadão  brasileiros que constroem esta nação.
Acabou-se o tempo da história  republicana brasileira  em que, no Senado e na Câmara dos  deputados, pontificavam  congressistas  competentes, éticos e homens de  palavra,  políticos de vocação   e voltados  para  o aperfeiçoamento do Estado  brasileiro,   ministros  do STF  e de outros  setores  federais que se distinguiram  como  figuras  de grande reserva moral, com se dizia  antigamente.A política brasileira  ficou  confinada,  em grande parte,   a  politiqueiros,  arrivistas e aventureiros  que, no Planalto,  se instalam  para   se locupletarem e se aproveitarem  das  mordomias  de seus mandatos e da influência  de suas funções. Daí tantos  escândalos surgidos na política  nacional  em conluio com  o setores  privados resultando  nos  mensalões da vida. 
Enquanto  persistirem  os altos índices  de  analfabetismo puro ou funcional, de escolaridade de baixa qualidade em geral,  de  falta  de consciência  política  e de cidadania,  enquanto  votos  forem   dados a candidatos  demagogos, populistas, despreparados  para  suas funções  de  alta  responsabilidade  cívica, enquanto o voto  continuar sendo  “comprado,”   "traficado,"  malbaratado  pela  ausência de  patriotismo  da sociedade, elegeremos  políticos  sem vocação nem  dignidade - oportunistas que, ao final dos mandatos,   deixam  atrás de si   a mancha nauseabunda  da corrupção,  do desrespeito  ao  povo, do  autoritarismo e da     indignidade  popular. Isso não é nem será  nunca  o que  entendemos  como  democracia  no sentido mais  genuíno de “governo   do povo,  pelo o povo e  para o povo.”  (Abraham Lincoln,  Discurso em Gettysburg, a 19 de novembro de 1863)
A história mundial no passado e no presente tem  demonstrado que as democracias  não se sustentam  quando  se sobrepõem  à  vontade da soberania  popular,   quando  governantes  esquecem  o  princípio  fundamental, que é  governar  afinado com as  aspirações da sociedade  unida, coesa,  solidária.  As democracias  só caem  quando  a sociedade  se divide demais,   provocando   confrontos   ideológicos, econômicos e dissimetrias  exageradas de  renda individual na sociedade, as quais     podem se encaminhar  para  perigosas   lutas   de classes e  profundos fossos   sociais.     A democracia  pode cair  ainda   quando, no centro  do poder,    se aninham prerrogativas de abusos  e regalias palacianas, que custam  milhões aos cofres  públicos em flagrante   desrespeito e indiferença   às condições precárias  da vida  social. O Brasil está vivendo  esta    realidade e não está dando a devida atenção  a uma  possível  dura  resposta das  urnas que se aproximam minuto a minuto.


                         

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Um problema brasileiro crescente e cada vez mais grave




                                               Cunha e Silva Filho


  Noticiam com ênfase necessária os jornais, e  sobretudo a televisão,  que  a violência no Brasil  cresce em ritmo  galopante e assustador. Seus alvos  principais são a cidade de São Paulo, o Rio de Janeiro, Porto Alegre  e Brasília. Nesta última - triste  e lastimável sina -  por ser o centro das decisões do país - capital do país cercada de armas  por todos os lados e com uma  polícia mais bem  remunerada do país.Além disso,  é em Brasília que se encontram tropas da Força Nacional, Ou seja,  não enxergam o  gravíssimo  problema  porque  não querem ou não lhes convém politicamente.
A situação sugere uma realidade dupla e oposta: um governo  federal com  seus  três  poderes  defendidos  da fúria da violência e, lá fora, no centro e nas periferias   da miséria urbana e suburbana,  um quadro  horripilante de  crimes,  de assassínios, de violência, selvageria  e brutalidade  sem precedente  se compararmos com a Brasília de tempos  atrás, lugar  tranquilo e de paz.
Já há tempos tenho  discutido  neste blog  o mesmo  tema, tendo chamado  insistentemente a atenção das autoridades  federais,  estaduais  e municipais para a calamidade em que se encontra a segurança do cidadão brasileiro, de todas as classes e idades.
O governo  federal continua estranhamente  omisso, apesar das advertências  partidas de diversos   segmentos e  instituições  privadas  que não suportam mais    o peso da violência. Os brasileiros são mortos  diariamente  por  menores de idade e, até hoje,  não conheço  nenhum passo  decisivo da parte  do Ministério da Justiça,   das secretarias de segurança  dos estados e das prefeituras para equacionarem caminhos  viáveis  atinentes à diminuição  da criminalidade nacional.
 O tema está  inextricavelmente  ligado  ao Código Penal e ao  modelo superado  de penalizar  infratores,  criminosos  de todos os tipos  que teimam em  levar a sociedade civil ao desespero.
A omissão, desídia e incompetência de nosso  homens públicos, nos diversos  segmentos de atuação  contra o crime  e a insegurança da população, estão  protelando  esse problema  de âmbito nacional, já que  o vírus da violência já se estendeu  por todas as capitais  e até o interior do país.
A violência brasileira é talvez o mais  grave  problema que o governo  federal tem que enfrentar  sem trégua e com  vontade  política de modificar  todos  os  óbices legais relacionados  com   questões  de  punibilidade,  repressão  ao crime e  à diminuição  da idade penal a infratores  juvenis. Até mesmo não dispensando, ainda que seja  por período  limitado, a implantação  da prisão perpétua contra os crimes  abomináveis.
Todo o arcabouço dos  setores  de segurança, de policiamento  civil e militar  deve passar por um  pente fino   de um grupo de trabalho convocado  pela Presidente da Republica e   constituído  por  membros de alta competência   e complexidade técnico-jurídico-militar, sem partidarismos políticos,  a fim de, com urgência urgentíssima,   debater em profundidade  a questão da violência e propugnar  estratégias  eficientes e contínuas  no combate incessante à criminalidade e a seus  problemas correlatos como  o tráfico de drogas,  as armas em poder  de bandidos, os crimes de justiceiros e paramilitares,estes dois últimos  localizados em  favelas  brasileiras,   i.e.,  aquele  pente fino  deve ser  empregado com o mesmo  rigor e agilidade   que os auditores da receita Federal   fazem com contribuintes supostamente   desonestos  com o fisco.  
O que o  país  exige na conjuntura atual  é de um  Presidente da República que seja firme, patriótico  e  capaz de  fazer valerem  os poderes constitucionais  no sentido de  reduzir  em curto  prazo  os mais  insidiosos   aspectos  da violência  no país.
Não há outra saída  que não  passe  por  toda essa reformulação  de padrões  penais,  de julgamentos,   de penalidades contra a impunidade  da escalda  da violência, pela  eliminação das chamadas  brechas  que advogados  encontram  para  protegerem seus clientes e com a abolição  das chamadas comutações de  penas por bom comportamento,  benefícios  prisionais  natalinos e quejandos.
Reconheço que ao crime estão conjugados  vários componentes do tecido  social:  pobreza ainda  gritante,  habitação,   educação, ensino público sem qualidade, transporte de massa  deficiente,  saúde  pública  sucateada   e deterioração  de parte da  máquina do Estado. O que  em elevada dimensão falece ao nosso  país  é de seriedade e coragem  no enfrentamento heróico  da violência. Precisamos de um povo  unido,  com sentimento  social  e  solidário. Sem isso,  não chegaremos  às grandes soluções contra a barbárie.
É hora de o povo brasileiro  manifestar-se em massa, pacificamente,   exigindo  rápidas   respostas  dos governantes para  se debruçarem com seriedade sobre  os caminhos  legais  e institucionais  corretos  e  firmes que levem  à paz social. Temos grandes, juristas, filósofos, historiadores, educadores,          economistas,sociólogos,  antropólogos, cientistas  políticos e mesmo  poucos  políticos  honrados  que  poderão  formular  ideias  benéficas e abrangentes    de  lutarmos  unidos  contra essa  epidemia  chamada  de violência  brasileira, violência que,   num  mundo  globalizado,  dá um  péssimo  exemplo  e uma imagem  feia, grotesca  e brutal   diante de  países   civilizados e educados.
A violência não serve à economia,  ao turismo,  ao lazer,  às realizações  da Copa Mundial e das  Olimpíadas que se aproximam  a passos largos. As estatísticas da criminalidade  brasileira, aos olhos do mundo,  não  recomendam bem  o nosso  belo  país aos olhos  do estrangeiro, sempre ávidos de  conhecer  o Brasil e retornar  sãos e salvos aos seus países  de origem falando favoravelmente   sobre nós.
 Estancar a violência  é o que todos  os brasileiros de bem  esperamos  urgentemente  das autoridades  brasileiras, à frente  a Presidente Dilma e os homens públicos  que têm vergonha na cara.

  

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Santiago Andrade, o cinegrafista morto: apenas uma ponta do iceberg...




                                               Cunha e Silva Filho


             Ninguém  estaria a favor do  irresponsável  que  covardemente  ceifou a vida de um  competente e respeitado  cinegrafista da  Rede Bandeirante, o ainda moço  jornalista Santiago  Andrade, que,  como tantos outros  jornalistas brasileiros ou estrangeiros, estão cumprindo  com o seu dever de informar o público com as  imagens  que acompanham  o  trabalho das reportagens. Vi o depoimento  entrecortado  de dor da esposa do cinegrafista  diante das câmeras  da TV. É mais um  crime entre milhares que  estão ocorrendo de um certo tempo  para cá na vida  social  brasileira.
          Quem provocou a tragédia  seguramente não é o  único   culpado. Há culpados,  inclusive  o tipo de  política de segurança que  temos  no país e, de forma  mais  violenta, no eixo Rio-São Paulo.
        Este  crime  já há tempo era previsível.   Poderia  acontecer em manifestações a qualquer momento e  tendo  como  culpado ou um arruaceiro matando  um policial ou  um  policial  matando um arruaceiro. Era de se esperar  esta tragédia  anunciada  que  poderia ser evitada se nossas autoridades  dos governos  estadual e municipal  nos seus setores de segurança, da polícia  militar, polícia civil  tivessem tido  competência e respeito   público  diante da  população carioca clamando  por seus direitos.  Por isso,  o assassino  não é o  único  culpado. Culpados  somos todos  nós que elegemos   políticos  que, nos seus mandatos,  deixam muito a desejar. São, por isso,   autoritários e péssimos   gestores  em suas funções.  Veja-se no  estado do Rio de Janeiro. Temos um  governador  que, em geral, é repudiado  pelos cariocas. O prefeito, da mesma forma,  não é bem visto  pelo  eleitorado.
     Quando um  secretário de segurança quer submeter ao Congresso Nacional  um projeto  de lei  com  dispositivos  legais   que   enquadrem  arruaceiros e  grupos  mascarados  conhecidos  como  black blocs em crimes  hediondos ou ações  de natureza  terrorista,  faltou ao secretário estender  esta tipificação de crimes  aos assassinos  e monstros da sociedade  que há muito tempo  acabaram com a paz do Rio de Janeiro, tanto quanto a de  São Paulo e resto   do país.
    Numa terra de ninguém, como é a situação  de violência brasileira, uma das mais  altas do mundo, ele, ao contrário,  poderia  encaminhar  um  projeto de lei  bem  mais  eficiente, o de  prisão  perpétua  para  crimes  hediondos e prisão real, não  esta contrafação e este  arremedo  de punição protegidos  pelas  brechas  da lei e pela diminuição  de penas  por  bom comportamento,  uma hipocrisia  forjada  pela nossa  estrutura  jurídico-prisional.
    A mídia estrangeira dos países  adiantados e com  liberdade de imprensa,  a quem  sabe ler  nas entrelinhas, se solidarizou com   a imprensa  brasileira indignada com a morte  cruel  de Santiago  Andrade, mas  deu  um recado certo para  o governo  brasileiro atual: o de que  o governo petista  tem-se omitido  na proteção   devida aos  jornalistas   do país  que são  vítimas  também  da truculência  policial e de restrição à liberdade de imprensa.
   Temos vários casos  de  assassínios  e agressões  partidas  dos órgãos  de segurança contra jornalistas e repórteres. Urge que  as associações  ligadas  à imprensa  exijam  mais  proteção aos  jornalistas, fazendo com que  usem  indumentária  e equipamento  adequados   semelhantes àqueles  usados  em  tempo de guerra.   
    Isto seria um  grande passo  em defesa da  incolumidade  física  dos que  mourejam  na imprensa que vai para as ruas  fazer a cobertura de situações de violência,  crimes, protestos, manifestações  sociais  contra  governos  que são  hostis à sociedade, ou  corruptos com  o dinheiro  público, ou  não  estão  cumprindo  as promessas de soluções  de deficiências gritantes  da  população em áreas específicas e vitais, tais como  transporte  público,  saúde, educação,  lazer, cultura.
   É evidente que  a imprensa  esteja unida  em defesa de um  colega  morto, que todos  lamentamos  profundamente. Contudo,  há outras implicações  na morte  do jornalista das quais não se tem  ainda  a verdade mais funda.
  A resposta da  polícia do Rio  foi  direta e eficiente ao  revelar  os culpados. Mas isso,  não é o bastante. Só se tem a parte de um todo e é nesse todo  que talvez fôssemos  localizar  os verdadeiros  culpados. A morte de  Santiago  nos lembra a morte de Amarildo e de tantos  outros   despossuídos que  sumiram  da vista da sociedade e a  polícia,  e o secretário de segurança, e o ministério  público, e o  governador e a Presidente  Dilma  Roussef, os deputados, os senadores,  os ministros, por que não  foram todos eles  rigorosos  na apuração  dos culpados  por tantas   matanças  de cidadãos brasileiros impunes até hoje? Por que  não foram eficientes   e prontos  a dar  satisfação à sociedade.
   Os assassínios  bárbaros devem ser medidos  com  peso  igual.  Enfim,  onde estão a presteza e a resposta  imediata da  polícia civil e do poder  público  em geral  que não mobilizaram  avião e o escambau a fim de  caçar  assassinos que ainda  aí estão  livres, lépidos e fagueiros?
   Os culpados estão por aí,   sem  acusação nem  julgamento, nem  processos  que  levem  à  identificação  de criminosos de inocentes. Por que as forças  policiais do estado do Rio de Janeiro  não  debelaram  grupos   de criminosos e matadores que ainda  campeiam  mandando e desmandando  nas comunidades  carentes  cariocas?
  Lamentamos, repetimos, a morte de um jornalista  operoso  e  estimado  por  seus colegas; todavia,  lamentamos  também  e por igual  as mortes  de outros inocentes que não tiveram,  por serem  humildes e abandonados,  o mesmo tratamento  do  pranteado  cinegrafista  Santiago nem  o poderio da mídia  escrita e falada   de aglomerados   das comunicações.



           

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A resenha, o jornalismo literário e a crítica: algumas considerações sobre um livro de Afrânio Coutinho

                                                           Cunha e Silva Filho



             Na leitura que ando fazendo da obra de Afrânio Coutinho (1911-2000),  Da crítica e da nova crítica (Rio de Janeiro: Editora  Civilização  Brasileira S.A,  1957, 205 p.), considero  de particular  relevância  ao  esclarecimento dos  pontos de vista daquele crítico  e historiador o debate da crítica  de jornal, ou crítica de rodapé,que, no país,   conheceu  seu tempo áureo, dos anos  de 1940 a  1950,  aproximadamente,  a partir  das inovações que  se operaram  nas  práticas  da chamada “nova crítica,”  a qual teve  em Coutinho seu    principal  divulgador, doutrinário e teórico  no país.
           Não estou sozinho em compartilhar  da  oportunidade  dos temas   ventilados na obra. Fausto  Cunha (1923-2004), crítico  literário que, nos anos 1950, muito jovem, já começava a se destacar  na geração  de novos críticos brasileiros,  afirmava  ser Da crítica e da nova crítica  “um livro decisivo  na história da  crítica  brasileira (( CUNHA, Fausto. A luta literária. 1.ed. Rio de Janeiro:  Editora Lidador,  capítulo  “A  Nova Crítica,  p. 49-60). 
No  que concerne ao  tema central deste artigo,   Coutinho,   no mencionado  livro, discute  amplamente  dois conceitos  da prática  crítica, o da crítica militante, que remonta aos franceses, sendo  Sainte-Beuve (1804-1869) seu mais  notável cultor com  os seus famosos artigos  semanais  conhecidos  como  Lundis, e da crítica escrita especialmente  para o livro, que  principiava a dar seus primeiros  passos e que encontrou, mais tarde, o lugar  mais  propício para seu  desenvolvimento -  a universidade - quando  no país  surgiram paulatinamente   os cursos de  filosofia e   letras
Convém, antes de tudo,   aclarar  uma questão  que  se  tornou  controvertida  na biografia  intelectual do crítico Coutinho:   é voz corrente que ele foi  um aguerrido   inimigo da  crítica de rodapé,  período  em que  dominava  o pensamento  critico  conhecido pelo nome de impressionismo. Quem  contudo,  se  der ao  trabalho de  ler  A crítica e da nova crítica, verificará  que os fatos  não foram exatamente  assim. Coutinho  reprovava  o rodapé,  sim,  daqueles     críticos sem  nenhum preparo  para o ofício de  julgar  livros. Entretanto,  não se dirigiam  suas    diatribes  contra  figuras  de reconhecida  capacidade  e erudição para o  exercício da crítica  militante. Ele não citava  nomes,  somente  generalizava suas ponderações.
 Coutinho  deplorava  a circunstância  de que escrever artigos  sérios e profundos   em  exíguo  período  tempo não poderia   se definir  como  crítica literária,  disciplina  que, segundo ele,   demandava  leitura e releitura,  paciência e todo um aparato  técnico  que não  poderia  se encaixar numa simples seção  de uma coluna semanal.
Comentando  historicamente,  alguns acidentes por que  passou a crítica militante, “jornalística,  de folhetins  periódicos” ( Da crítica e da nova crítica, p.53), de rodapé, ou  review, Coutinho  lembra  que,  tendo-se  popularizado  a militância  crítica da França para outros países,  que passou a valer  como  “padrão da crítica,”  com o tempo, segundo  ele   surgiram  “divisões” incontornáveis  no “sistema” sobretudo   “entre a crítica e a história literária” ( idem, p.54) em que a primeira  cuidaria  da produção  do presente, praticada nos  jornais, e a segunda  se ocuparia da produção  do passado,  com a denominação de erudita, historiográfica,  ensaística. Quando  do desenvolvimento  dos estudos literários  brasileiros,  estas duas divisões, a meu ver,  corresponderiam, respectivamente,    às atuais  resenhas  e monografias, dissertações e teses  universitárias,  guardadas as proporções e as grandes  modificações  sofridas no tempo
São muito tênues as diferenças entre  resenha  e jornalismo  literário, sendo este  último  bem  próprio de  críticos que  têm sua coluna  semanal  num  jornal  atualmente. Seria  o exemplo de  José Castelo em O Globo,  Prosa & Verso.
A meu ver,  Coutinho, com muita  clareza e alicerçado em autores  como  Frank Swinnerton, reputado  por ele como   autor na época (1939)  que de forma mais    profunda  analisou  “as relações entre a crítica e o  ‘review’,  seguido de outros como J.D.Adams, J. T. Shipley, J.Drewry, G.West e Wayne Gard, faz a distinção entre resenha e crítica. Nestes termos: “ A crítica considera que o leitor conhece a obra e o autor discutido, ao passo que o ‘reviewer’ não pode levar em conta essa possibilidade, pois o leitor de jornais é presumidamente menos  informado do que o de  trabalhos de  crítica” E acrescenta: “Além do mais, oreviewer’ lida com obras do momento, ao passo que o interesse do crítico é menos imediato.”(idem,. p.73-76) Daí aduz Coutinho que o ‘reviewer’ cumpre  uma função no jornalismo  informativo sobre autores e temas literários, de forma subjetiva e conclui que a grande voga  do impressionismo crítico residiu  tanto tempo  justamente por sua natureza midiática,  de divulgação,  de  popularidade, de alcançar  o  grande público, enquanto a crítica é, em essência,  do domínio técnico,  “objetivo”, “impessoal” (ibidem, p. 76).
Hoje em dia,  com  o pouco espaço dado à literatura  pela imprensa,  o trabalho do crítico  se circunscreve,  em primeiro lugar,  à cátedra universitária, espaço  privilegiado de sua atuação,   ou de forma independente,  em livros, revistas, jornais, sites e blogs,  quando ele não  pertence aos quadros da universidade. Este último  tipo de crítico  está rareando. Quanto ao jornalismo crítico, nesta função  podem caber  o crítico  universitário,  o crítico  independente e o jornalista  formado  em  letras ou  não.
No jornalismo  crítico de agora  percebe-se que os  seus colaboradores  em geral  pertencem ao  jornal ou são  convidados  pelos editores  de  seções  literárias  para colaboração  esporádica. Tais colaboradores  procedem de várias  área do conhecimento  humano. São, em geral,  professores  universitários. Não  devemos  olvidar  que no jornalismo  crítico  se inclui também  o  crítico  universitário.Um outro  fato,  se  a crítica de rodapé  teve o seu  ocaso, em lugar dela  se preservou  o review, ou a resenha, ademais não faltando  esporadicamente  o ensaio de alta relevância e complexidade nos múltiplos saberes, sendo  exemplos típicos  atuais   o que se vê e se lê no Caderno  de cultura Ilustríssima, da  Folha de São Paulo, somente para citar o exemplo do que este articulista  lê com assiduidade.
Em toda a história  literária  brasileira,  quando  principalmente se consolidou o Romantismo até  hoje podemos   rastrear  a colaboração de autores  brasileiros na imprensa discutindo  literatura, julgando  autores, travando  polêmicas,  publicando  livros em folhetins  de jornais. O que tem acontecido, ao longo dos anos,  são  fases  mais  brilhantes e mais   produtivas  de publicações  na imprensa.
O próprio  Afrânio Coutinho  deve parte  considerável de sua  obra crítica aos jornais, no que   resulta  um  paradoxo  o fato de por vezes haver  direcionado  sua crítica ao rodapé,  ressalvando  as  afirmações que  fiz  anteriormente  neste   artigo. Livros como Correntes cruzada,   Da crítica e da nova crítica  e No hospital das letras são  frutos de sua  participação ativíssima na imprensa do Rio de Janeiro e possivelmente cm  republicação em  outros  periódicos  brasileiros  da época.
No prefácio, a Correntes cruzadas, de resto,  texto fundamental  para  se ter uma visão  mais ampla  dos temas mais  abordados  pelo autor até com  certa  redundância,  Coutinho  reconhece  que  não  teria   como   fazer crítica literária em rodapé,  ou seja,  sua  atividade crítica a rigor seria  como doutrinador e teórico mesmo  em artigos  de rodapé. Mas,   militar   na crítica  de rodapé  analisando  livros  aparecidos  do momento  não estaria  na sua  possibilidade e provavelmente pelas razões  pelas quais    entendida o que  seria a práxis crítica nos moldes  de  mudanças,  de renovação, de  transformação  nos hábitos  de nossos  estudos  literários.
Coutinho  tinha  uma concepção de crítica literária que abrangia não só  os críticos militantes, mas  a cátedra,  a interação  intelectual  entre   acadêmicos,  o ambiente  universitário,  o intercâmbio  entre universidades no país e no  exterior,  terreno  ideal  para a fecundação  de ideias e  projetos,  o livro,  a participação em congressos desde que estes  fossem   realizados  com vistas ao  aprimoramento  dos estudos  de literatura.

  

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Viagens: um aprendizado (Conclusão)




                                               Cunha e Silva Filho


           O ponto alto da viagem seria na manhã seguinte. Os dois carros partiram do hotel e se dirigiram para uma dos lugares  mais belos da natureza  brasileira: as Cataratas do Iguaçu, onde se encontra o Parque Nacional  do Iguaçu. Do outro lado  do rio  Paraná,  é a parte da Argentina, com seu Parque Nacional  do Iguazú. Contudo,  do lado brasileiro  essa maravilha do mundo  é só deslumbramento.
   Para chegarmos  às cataratas,  é preciso  comprar  bilhetes  para tomar o ônibus  panorâmico,que nos leva para  dentro  do Parque. Viagem  deliciosa pela manhã. No segundo  andar do ônibus, sentimos  o perfume  exalado das floresta  ladeando  as duas margens em boa estrada. Uma brisa  refrescante  toma conta de nosso    rostos, um aroma  suave  e perfumado tudo  vindo do ar puro  da floresta. Ônibus  lotado  com  pessoas de várias  nacionalidades. De vez em quando  vemos animais  silvestres  livres como merecem estar no seu hábitat.
Paramos numa das  trilhas,  percorrida,  é claro,  a pé. Gente de todas as idades descendo em direção  ao  ponto mais aproximado  das cataratas, jorrando continuamente   como a  mostrar a todos  que ninguém pode  com a Natureza e é neste instante  de euforia  que sentimos  a  presença  de um Ser  Superior  acima dos homens e de suas mesquinharias. De repente,  a uma certa altura da trilha, somos  surpreendidos com  uma  chuva. Harley, sempre  cautelosa e gentil,  arruma um   jeito de resolver  o problema.
Compra   umas capas  de plástico  vendidas ali mesmo  numa das paradas da trilha onde, por sinal,  havia um quiosque. Para lá corremos a fim de abrigar-nos da chuva. Como havia  gente no quiosque,  tivemos que nos espremer entre as pessoas. A chuva parou  um pouco e de lá demos  sequência à caminhada cheia de gente descendo e subindo, ou seja,  pessoas  que  iam  para o  mirante mais  perto das  quedas d’água e pessoas que de lá vinham  para  tomar a trilha   de volta. Sem nos avisar, a chuva  voltava.Agora,  porém, já estávamos   sob a proteção de nossas capas. A trilha  era longa e cansava os mais velhos ou menos  preparados  para  a caminhada. 
Elza e eu  não fomos  até o ponto mais  distante de onde se podia  ver melhor  as cataratas. Ao redor de nós,  a presença dos celulares  filmando  ou fotografando   a paisagens,  ou  pessoas  conhecidas  se deixando  fotografar. Não paravam os snapshots. Vivemos o apogeu da   época mais filmada ou fotografada  do mundo. Vivemos  o reinado  das imagens em fotos, ou  dos eventos  filmados, das câmeras  em toda a parte  com seus  big brothers vigiando-nos por todos  os  lados..Perdemos  grande parte  dos bons tempos  em que  tínhamos  privacidade.
 Não  retornamos  pela trilha   que nos deixou  mais próximos  da cataratas. Preferimos  regressar  usando  um elevador  que ficava bem  pertinho  daquele  imenso  jato d’água. A beleza daquelas gigantescas  quedas d’água é de tirar o fôlego de alguém, espetáculo  jamais visto por mim.  
Fomos almoçar num restaurante  que servia refeições na parte  coberta e também na parte ao ar livre, que foi  o lugar   que escolhemos O mais belo  ali  é que fica à beira do  rio  Paraná  com a outra margem em território argentino. Rio caudaloso,  com a correnteza   dirigindo-se para  as cachoeiras.
Na volta do encantador  passeio  pelo Parque Nacional,  paramos  em outro    lugar digno de  registro: o Parque das Aves.
Foi mais uma maravilha,   desta vez em contato vivo, por vezes,  físico, com  a natureza  figurada pelas aves  da  Mata Atlântica. Tanto quanto  o turismo  ecológico  das Cataratas do Iguaçu, aqui se descortina  a paisagem multicolorida de aves e  pássaros diversos, alguns  nunca vistos pessoalmente   por este cronista. Ali pudemos ver mutuns,  faisões,  urubus  reis,  harpias, tucanos,  papagaios,  casuares, araras, tachãs, periquitos, flamingos, emas, corujas, jacutingas. No parque  há um borboletário. Entrento,  o Parque das Aves   acolhe também  répteis, como a sucuri,  a jibóia, jacarés, iguanas  etc.
Conforme  nos  informa o folheto que pegamos  no local,   parte das aves, 43 % , ali  nasceram; outras  foram   adquiridas  de diversas  modos:   regatadas do tráfico  pelos  autoridades  ambientais Aves  que estavam  em cativeiros em condições precárias, outras mais  ali  chegaram doentes e  maltratadas,  feridas, ameaçadas de extinção. São, pois,  aves sobreviventes e ali  tratadas  com  desvelo  por biólogos e   veterinários do Parque. Estão em boas  mãos.
Saímos    contentes daquele Parque, sobretudo as  minhas netinhas. No Parque das Aves,  também.  havia  muitos  turistas de várias   procedências.
Voltamos  pro hotel. Fim de permanência. Deveríamos  voltar  pra Curitiba; ali deixaria  com saudades  meu filho,  Marisa, Isabella e Amanda.  Harley, Elza e eu  seguiríamos  pro Rio de Janeiro. Nem é precisos  relatar  que  a viagem de volta de Foz do Iguaçu foi  plena  de  brincadeiras,  risos e, como sempre,  o regresso   parece mais  rápido. Algumas paradas  pra  ir ao banheiro,    fazer um  lanche,  ou mesmo almoçar.
Na volta  até Curitiba,  as minhas netinhas  vieram de novo  no carro   da Harley. Conversadeira  como  ela,  Amanda, a mais nova,   usava  um  aparelho de comunicação  comprado  se não me engano,  no Paraguai e, através dele,  se comunicava com  a mãe,  Marisa. Amanda não sossegava,  falava o tempo todo: “Alô, falo  da base Cherokee. Câmbio!”    A mãe,  à nossa   frente, no carro  com meu filho, respondia: “Alô, aqui falo da base Fiesta Câmbio!”  
Chegamos  a Curitiba. No dia seguinte, uma segunda-feira,  regressamos  pro Rio de Janeiro. A viagem  estava  boa,  tudo fluía na  grande estrada. De repente,  ainda no estado do Paraná,  houve um engarrafamento: um caminhão  havia  virado. Esperamos  um bom tempo  para que o trânsito fosse  liberado. Isso nos causou   um atraso de praticamente uma hora.
 Harley,  já em São Paulo,  se equivocou  com uma via que  passaria  por fora da cidade e terminamos  passando  por dentro de São Paulo, desta “Pauliceia desvairada.”
Muita estrada  pela  frente,  rumo  ao Rio.. Entramos  no limite entre  São Paulo e Rio de Janeiro. Estávamos  em casa, podíamos  dizer. Só um   imprevisto: quando  passávamos,  à altura  da Baixada Fluminense, nos deparamos  com um engarrafamento, com o qual  não contávamos.
 Harley,  como sempre,  teve que se virar e conseguiu, mais uma vez,  dar prova de  seu domínio  do volante. Conseguiu  desvencilhar-se do engarrafamento. Milagre,  não, top secret. Eis-nos de volta ao lar.
Deixou-nos em casa e seguiu  pro seu  bairro. Inesquecível  viagem!

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Viagens: um aprendizado (2)



                                                                  Cunha e Silva Filho


                    De volta, agora,  à estrada com destino a Foz do Iguaçu. Foi um  longo  percurso. Estradas e mais estradas,  com a natureza de dia vista em sua paisagem  bela, colorida e diversificada. A manhã, linda e ensolarada,  com  nuvens  brancas, parecendo,   conforme a perspectiva e a imaginação   de cada um,  tomando  formas humanas ou não. Pelo menos era isso que  traduzia a imaginação  de Elza olhando para elas: anjos, Moisés com a Tábua dos Dez Mandamentos. As nuvens, pra mim, semelhavam  as barbas de Papai Noel ou  montanhas de neve no céu, ora meio paradas,ora movimentando-se e  metamorfoseando-se em outras figuras, dando-me a impressão de um mar azul  profundo com margens  de rochedos escarpados. Tudo,  porém,  tinha  uma configuração  que se esgarçava e assumia novas  contornos,  novas formas  difíceis de se distinguir  com  nitidez.
Algumas paradas que ninguém é de ferro: ir ao banheiro ou esticar  as pernas.Novamente,  pegamos a estrada  que parecia não ter fim, no movimento  de carros,  caminhões, carretas, em direções contrárias de pistas em  mão dupla ou mão única.
Chegamos, à tardinha, em Foz do Iguaçu debaixo de chuva, com algumas  hesitações em encontrar o caminho  correto do hotel em que ficaríamos  hospedados durante  a permanência ali
No mesmo  dia  nessa cidade, fomos  atravessar a fronteira,  em direção à Argentina. Antes de passarmos  pela Aduana,   entramos no Duty Free Shop. Elza,  Harley e Marisa queriam  comprar alguma coisa. Assim  o fizeram. As netinhas se deliciavam  com  tantas coisas a escolher num ambiente onde o castelhano  era o  idioma mais  falado.Aproveitei o ensejo pra praticar um pouco  o meu  enferrujado  espanhol mais lido do que falado.
Primeiro,  passamos  pela Aduana brasileira sem protocolos. Ninguém nos deu  por nós. Em seguida,  fomos passar pela Aduana argentina. Agora, era tempo de apresentarmos  nossas  identidades e  dizer  o que iríamos fazer em território  estrangeiro. Havia uma fila de carros em nossa frente. Esperamos  a nossa vez.  Documentos conferidos, registrados no computador. “Adelante!”, disse-nos  o funcionário da   Aduana. Estávamos em pleno solo  argentino, no estado de Misiones, na cidade Puerto Iguazú.
Olhava para as placas, os avisos, cartazes,  posters. Não via mais minha  língua escrita. Passou a soberano o castelhano e era com ele que tínhamos que agora lidar na comunicação e tudo. Nosso  objetivo era jantar num  restaurante  sugerido pela Harley, chamado “La rueda,” que ela dizia ser bom .Não tínhamos la dirección certa dele e tivemos  que procurar,parando aqui e ali, nas ruas estranhas  pra mim. Deixamos os carros “aparcados”  Perguntamos, em espanhol,a um e outro  pedestre, pelo local do restaurante. Afinal,  um deles nos  indicou  o lugar certo.
Era um restaurante  típico argentino, lugar simpático,  convidativo à música e à comida. Fomos recebidos  por um  moço  com cabelos  longos presos em forma de rabo. Indicou-nos uma mesa  que ficava no canto de uma das divisões do restaurante. Nada ali  me parecia  o Brasil.  Havia muitos  clientes,  numa  das mesas um pouco  perto da nossa,  conversavam em inglês um grupo de pessoas, provavelemente americanos, novas e idosas, mas nem tanto.
O “camarero,” falava  português  com fluência e  era  simpático. Perguntei-lhe  em espanhol, só para praticar a conversação,   se era brasileiro e ele me disse que não; era argentino e já tinha trabalhado   no Brasil e em outros países de fala espanhola.  A comida era boa, mas veio em  quantidade    pequena e o preço era alto.
Regressamos ao hotel em Foz de Iguaçu. No dia seguinte,  fomos de micro-ônibus ao Paraguai. Atravessamos  a Ponte da Amizade (Puente de la Amistad) em direção  à Ciudad del Este. Lá  fomos a um shopping, amplo e bem  movimentado. Novamente a parte feminina de nosso  grupo  foi olhar as vitrines, fazer compras. O interessante é que  as vendedoras, na maioria,  falam  português. São moças bonitas e gentis.
Não  ficamos,  Elza e eu, para almoçarmos  na cidade. Estávamos cansados.  Viria  o micro-ônibus nos  apanhar de volta pro  hotel em hora determinada.
Uma   outra vez, voltamos  à Argentina para almoçar em outro restaurante.A comida  era boa, contudo, mais uma vez achei que vinha pouco e o preço  também não era  baixo. Fomos, depois do almoço, a um supermercado, onde compramos  alguns  produtos. Harley comprou vinho e outros   itens  alimentícios. O vendedor  também  falava  português, que aprendera com uma namorada brasileira.
Passamos  por muitas ruas da cidade, olhando e fazendo compras. Foi numa dessas  ruas de comércio  que conheci um jovem argentino de dezoito anos, de nome Daniel, com quem  conversei longamente em  espanhol. Ele me dissera que  tinha   uma imensa  vontade de falar  português. Contara-me que tinha chegado  havia uns três meses àquela cidade  para  trabalhar na   loja de um tio que vendia   artigos diversos, uma espécie de  armarinho,  com   objetos de  souvenirs.   Confessara-me que estava com saudades da namorada, uma  quase “novia”que deixara em Buenos Aires. Ele morava em Buenos Aires com os  país e tinha terminado um curso técnico de nível  médio. Falamos  sobre música brasileira, de que  gostava.

Observei que alguma coisa que ele me dizia me escapava, pois o meu espanhol, por falta de  prática,  ficou  mais reduzido a leituras de livros  e de ensaios. Além disso, o argentino me dá a impressão   de falar  muito rápido. Regressamos  ao hotel em  Foz do Iguaçu, hotel, aliás, muito bom  e confortável, situado  em recanto  lindíssimo  cercado de muitas árvores.(Continua)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Viagens: um aprendizado (1)








                                      Cunha e Silva Filho


            Escritor, jornalista, poeta,  ensaísta,  conferencista,  crítico literário e professor  universitário  brasileiro, nascido em Santos,  São Paulo, autor de várias obras, Cassiano Nunes (1921-2007)  diz num de seus livros, A sedução da Europa (1958), livrinho lido há muitos anos e que me deixou  forte  impressão  de suas anotações  de viagens, que  o mais importante não  é o  viajar em si, mas  ter personalidade,  segundo ele,   o abacadraba, a “palavra mágica”, vocábulo que vem  do grego e chega a nós através do latim. Palavra  cabalística,  liga-se  semanticamente a superstições e a outras coisas mais.
Cassiano  me parece dizer com isso que  não é preciso  viajar  para   ser o senhor do conhecimento, e sim  mostrar  qualidades do caráter,  experiência adquirida  por  tantos outros  modos,  por exemplo os livros.                       Machado de Assis que o diga,  nunca foi ao exterior e ele o podia  fazê-lo, mas era dotado  de um  enorme  saber literário, uma grande capacidade  de imaginação  e, pelos livros,  pelo jornal,  pelo estudos de  idiomas  estrangeiros,  como  o francês, o inglês, o italiano,  o espanhol e até  algum conhecimento  do alemão, que aprendia  sozinho,  com  anotações pacientes,  se tornou  o  mais  importante  escritor  brasileiro de todos os tempos..Fala-se  que era bilíngue e me parece que era em relação ao francês, que  escrevia com desenvoltura.   Seu  contato com  figuras  ilustres  do Segundo Império e da República  Velha, como  Joaquim Nabuco,   Rui Barbosa e outros nomes  ilustres da intelectualidade  brasileira da época, só lhe dilataram  os horizontes culturais.
Deixemos, contudo, o grande Machado e esqueçamos  também  o que  nos  disse Cassiano Nunes, professor durante vários anos na Universidade  de Brasília até se aposentar.  De Cassiano se afirma ter sido um dos intelectuais  brasileiros que mais  conferências  pronunciou no  exterior, inclusive  fez  conferência em Teresina, Piauí,   na Academia Piauiense de Letras. Era um  escritor   encantador,  um ensaísta de mão cheia, um pouco  esquecido  nos tempos  atuais infelizmente.
 Dono de um estilo  límpido,  claro,   e profundo nos  assuntos  de suas  áreas,  literaturas  brasileira,  portuguesa, norte- americana, alemã. Fizera  curso de literatura alemã   na célebre Universidade de  Heidelberg e de literatura  norte-americana na Miami University. Deu  aulas e fez palestras  de literatura brasileira  em universidades nos Estados Unidos,  Cuba, Cabo-Verde, Equador. Lecionou ainda como  Visiting Professor, na  New York  University. Cassiano   ainda se dedicou, mais tarde, também  ao gênero  poético, com  muitos poemas traduzidos  para outras línguas,  especialmente o  inglês,  e, como  poeta,  com  obra  considerável mas pouco  conhecida do grande público, é de alto valor. O país  logo esquece seus filhos  ilustres.
Há pouco fiz  uma viagem de carro com  a minha esposa a convite de uma  amiga,  a Harley que, com a coragem  que a caracteriza e o domínio  que tem  do volante, nos  levou  em seus potente carro do Rio de Janeiro a Curitiba, onde encontraríamos  meu filho,  esposa e minha netas. A parte principal  da viagem  tinha um destino  prioritário,  Foz do Iguaçu, e atravessar as fronteiras da Argentina e do Paraguai.
 Meu filho Francisco Neto e a esposa, Marisa iam   no seu carro  à frente, indicando à Harley o percurso  correto. As minhas netas,  Isabella e Amanda,  muito amigas  da Harley, se juntaram no banco de trás com  a minha esposa. Isabella  é afilhada  de Harley. As três se dão tão bem que parecem  irmãs.
On the Road! Lá íamos  pelos estradas paranaenses, vendo  paisagens deslumbrantes, estradas que pareciam  perder-se no horizonte. Dentro do confortável carro,  as brincadeiras da  netinhas, os deliciosos  lanches  servidos,   os refrigerantes, tudo preparado e arrumado previamente por Harley e colocado no carro. “Voyager! Quel  plaisir! Quel  privilège! Estas frases  me vinham  imprevistamente  à memória, frases que  foram  lidas  e  decoradas  com carinho do livro  de Marcel Debrot, velho autor didático do final da segunda metade dos anos 1950.
O bom da viagem é mesmo  o companheirismo  dos amigos. A conversas mais variadas, ora mais  sérias, mais culturais, ora  mais amenas, mais  cheias de humor. E, assim,  vencíamos  os quilômetros, Às vezes,  Harley, quando  sentia  necessidade,   "turbinava"  seu carro  para   não perder  tempo  atrás de um  carro-tartaruga. Chegamos, afinal,  em Curitiba, sempre com aquele  ar acolhedor, com aquele verde se impondo na cidade moderna e de ruas largas. Fomos para a residência de meu filho, não sem antes encontrarmos  alguma dificuldade para acertar o caminho  para o  bairro em que mora. Depois de ligações telefônicas para ele e da sua orientação,  acertamos  o  caminho, é claro, só depois que ele veio  de carro  se encontrar conosco. Os dois carros  seguiram,   o dele na frente,  o da Harley atrás seguindo-lhe os passo.
Descansamos  a tarde toda na casa de meu filho. Dormimos e, no dia seguinte,  deveríamos pegar a estrada e seguir para Laranjeiras do Sul.
Laranjeiras do Sul,  a primeira parada  mais significativa. Harley, Elza, minha esposa e eu ficamos  num  hotel que não era  o do nossos sonhos, mas muito ao contrário. Meu filho e a família foram  pra casa de um amigo e combinamos  de nos encontrarmos  à noite para um jantar
O recepcionista do hotel  em que pernoitamos  era muito inconveniente e dava-se à liberdade de falar o que queria, no que foi  repreendido  por mim na  hora exata. Mudou  o comportamento  brincalhão  e começou a me tratar  com  respeito. No dia seguinte,  deixamos o hotel não sem  um comentário  justo de Harley sobre o  incidente no quarto que  ocupara para pernoitar: havia visto  lá uma ou duas baratas. Isso deixou a recepcionista sem graça ao perguntar esta  como  tinha sido  o descanso da noite. O fato é  que o hotel  era muito modesto e coisas  essenciais como frigobar,  ventilador não  funcionavam. Ali nos quartos  só estavam pra constar.  O café foi  "o café": ruim demais. Mas o preço  da diária fazia jus ao que oferecia  o  hotel  perto rodoviária.
De noite, conforme combinamos,  jantamos na mesma cidade com  um casal de amigos de  meu filho.O problema era que a carne era boa mas tinha sal demais  para a minha hipertensão.(Continua)