quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Um país atacado pela bandidagem




                                               Cunha e Silva Filho


                      Se é certo que   vários  problemas  foram  discutidos   pelos candidatos  à Presidência da República,   também  não é menos  certo  que  o grande  problema  nacional  -  o mais  agudo deles, por sinal -  não foi   abordado nas suas raízes: a violência, a criminalidade,  os assaltos,  as mortes  de inocentes de todas as  idades. No Rio de Janeiro,  a cidade parece estar  vivendo  uma guerra civil,  não para   derrubar  governos, mas   para   disputar  o espaço   do  tráfico  nas favelas  cariocas.
                   A situação é tão apavorante  que os  marginais não respeitam mais nem  as Forças Armadas e o que as televisões  mostram nas ações  de malfeitores   são  rajadas   de metralhadoras, tiroteios  diários.   Por todos  os espaços  territoriais   da cidade, onde existam   favelas, para desespero dos moradores, enxameiam  líderes  do tráfico, dos que  decidem  sobre a vida ou a morte   de pessoas.  São eles que determinam, caso seja  conveniente, que o comércio   circunvizinho  seja  fechado. 
                As UPPs já não dão conta  dos fins a que se  propuseram seus  idealizadores.  A criminalidade  continua   atormentando os  moradores  das favelas, ditando  ordens,  transformando  esses  espaços, quer  nos morros, quer na  terra.   Quem  manda no pedaço  e  canta  de galo  são  facções  rivais que desafiam   a autoridade   constituída, ou seja,  o  governador.
                  A questão tem que ser tratada como  uma  rebelião, não  originada  de   luta pelo  poder   político ou governamental, mas   deflagrada  pela ausência   de estratégias   adequadas  dos órgãos de segurança  pública.  O país está sem leme  no  item da segurança  pública, tanto na  cidade quanto no campo. O mais  gritante  é que nenhum dos candidatos  à Presidente da República  não apresentou  nada  consistente e concreto  como  um  Plano de Reforma  da  Segurança  Pública   Nacional para a  elaboração do qual, de forma  emergencial,    ações  impactantes   das forças  militares  devem  ser  efetuadas com inteligência, alto  sentido de brasilidade,  num combate   sem trégua   a   criminosos de toda espécie.  
A sociedade mudou substancialmente  nas duas últimas décadas e o tratamento  a ser dispensado  à diminuição da violência não deve ser  adstrito  somente  aos poderes  armados,  mas   ao concurso    indispensável  de outras  áreas do conhecimento e de forma multidisciplinar. As áreas jurídicas, sociológicas,   antropológicas,   das ciências  políticas,  da história, da geografia, da  informática, todas,  devem se unir  na luta   incessante  para  debelarmos   o cancro endêmico   da  criminalidade.  Além disso, instituições  respeitadas como  as igrejas   devem   ter  igualmente papel  saliente, junto com   as escolas, as universidades. Cidades,  brasileiras,  que  outrora eram   modelos  de  vida   sossegada,  como  Florianópolis, Curitiba,  São Luís,   estão se transformando  em  lugares de  alta  marginalidade,  à semelhança  de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Os governos do Lula e   Dilma, e mesmo  os anteriores,  pouco ou nada fizeram  para   melhorarem   as aflições  do povo   brasileiro. As estatísticas de vítimas fatais  da violência  de adultos e de menores   são assombrosas, Até me dá a impressão de que  o governo  federal  e  estaduais   não   estão  assistindo  a  programas   de televisão onde   a extrema    crise  da  criminalidade  é  reportada  diariamente. E não  vamos chamar isso de   sensacionalismo, pois  as reportagens  gravadas estão aí  para serem   vistas pelos governantes  e pelos  órgãos de segurança   pública. Basta  fazer  uma estatística  dos registros de ocorrência nas delegacias  brasileiras para   verificarmos  o caos em que  estamos afundados e sem  vermos   nenhuma    perspectiva  de  melhoria. A população não mais   aguenta tanta   covardia  perpetrada por bandidos. Os assassinos  matam  inocentes mesmo que  estes não esbocem   nenhuma  reação. É o crime  pelo crime cometido por  monstros que estão  soltos e sabem que,   matando   inocentes,   não vão para a cadeia.   Já perceberam que, no Brasil,  paga-se fiança e  o  criminoso  sai da delegacia   em liberdade.
Naturalmente,  se não houver  imediatas medidas   tomadas   no que  diz  respeito ao nosso  sistema   penal,  inclusive  com  propostas  como  a  prisão perpétua,  a diminuição da  maioridade   penal, estaremos   levando  a  sociedade   brasileira   a um beco sem saída. Ou seja,  enquanto não  alijarmos   o crime da impunidade,  ou outras  brechas das leis penais,   aqui existentes e  realimentadoras   da  própria     crise da  criminalidade,  assim como outras  indecências   da  legislação em vigor,  como “prisão  domiciliar,” comutação da pena  por “bom comportamento,”  a delinquência,   os crimes hediondos,  os crimes contra as mulheres,  os idosos,    os sequestros,   os atropelamentos  por  motoristas    embriagados,    as “saidinhas”de bancos, as mortes banais,  e a presença  nas ruas   de  marginais de alta  periculosidade,   menores e adultos,  as explosões de caixas eletrônicos  praticadas  por  quadrilhas de facínoras na cidade e no  interior, o país   virará  uma terra de ninguém,  um  faroeste  de malfeitores    que não mais  respeitarão    as leis e a convivência  harmoniosa  da sociedade brasileira,  ora  clamando  por socorro aos quatro cantos   do país.A criminalidade no  país não é  mais um caso de  polícia,  é uma questão  de segurança  nacional,  de desrespeito  ao Estado Brasileiro e à nossa Constituição.
Todos os candidatos nessa corrida presidencial  negligenciaram, por  desconhecimento ou incompetência,  o problema mais grave  do país simbolizado pelo binômio: violência-impunidade.  Vejo, por outro lado, que, nos  debates  entre os candidatos  existem mais  formalidades  e   limites de tempo e, assim,  as questões mais    complexas  não são  discutidas   com a relevância  e o sentido de urgência que merecem. A imagem do país no exterior não é de guerra civil  propriamente, se bem que as estatísticas   de mortes no país  causadas  por crimes contra inocentes  são  mais  altas 
Aguardo que, no último debate amanhã entre os  presidenciáveis,   os candidatos se lembrem de levantar  esse   problema  comentado   aqui, quer dizer,  o mais   aflitivo da sociedade brasileira.    


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