A verdade de cada um
Cunha e Silva Filho
No caldeirão de tantos partidos políticos e candidatos de todas as cores, chega-se a um ponto em que a questão política ou vira fanatismo, ou credo religioso. Neste caso, torna-se impossível atingir-se um nível ideal de compreensão do que existe nos bastidores dos dois lados da campanha presidencial. Fica sempre uma dúvida que se instala na cabeça de cada um.
No fundo, não se sabe, ao final, quem está com a verdade, i.e., quem está dizendo aquilo que de concreto vai fazer em prol do país, quem é íntegro e não mistifica e, assim, várias perguntas podem vir à tona: Quem é sincero e quem é vilão? Quem realmente quer o nosso bem, individual ou coletivamente? Quem está se aproveitando da ignorância do povo? Qual a consciência política de quem vai votar? Quem manipula e quem é manipulado? Todas as classes sociais, por mais intelectualmente exigentes que sejam, não estão imunes de erros. Todos pensam que estão certos e com o candidato certo. De parte a parte, na questão político-partidária, a última palavra nem sempre é a que está certa.
A mídia aí está pronta a mostrar erros e acertos dos dois lados. A paixão cega, em matéria de política e no fogo cruzado da campanha, sobrepõe-se à razão. Só vê o que deseja ver. Ou é oito ou oitenta. Para o bem ou para o mal.
Quanto aos segmentos sociais mais elevados ou elevadíssimos, as chamadas classes média, média baixa, média alta, ou a endinheirada burguesia, vê-se que estão bem divididos e se autoproclamam da direita, da esquerda, do centro, da centro-direita, numa mixórdia de dar dor de cabeça a qualquer cientista político.Alguns debandaram-se para o Serra, outros para a Dilma, outros mais para a Marina Silva. O quadro se complicou. Tudo na campanha é possível de se ouvir e de se fazer. Um candidato é vitima de uma bolinha de papel que lhe atinge a cabeça e logo em seguida lhe atiram um objeto mais pesado. Na candidata da situação, não sei se é verdade, jogaram uma ducha d’água na cabeça ou um grupo de militantes da oposição, exaltados, lhe vieram cobrar reivindicações que a deixaram irritada.
O Presidente Lula deu uma de Nero e culpou os próprios correligionários de Serra como os mandantes dos arremessos da bola e do objeto não identificado.A decência política foi jogada no lixo.
Tenho ojeriza a fanáticos políticos de ambos os lados. São pessoas que agem tresloucadamente. Sua arma é a violência, o palavrão, a gritaria babosa, as ameaças de confrontos físicos, a batalha campal, que nada constroem. Não raciocinam, apedrejam. Não pensam, agem bestialmente. Esquecem-se de que são pessoas da mesma pátria, da mesma língua. A vitória conquistada com a barbárie não é conquista, mas retrocesso, covardia, desvario. Não une os brasileiros, divide a Nação. Aos fanáticos políticos, inimigos do diálogo e da argumentação sensata, o meu repúdio de brasileiro descontente com todos os atos impuros dessa corrida à Presidência. Que o povo brasileiro dê a vitória do candidato ao mais alto cargo do país imitando eticamente, pelo voto, a resposta, à hora da morte, de Alexandre Magno (356 a. C. – 328 a.C.), rei da Macedônia, aos generais que lhe perguntaram a qual deles daria sucessão: “ao mais digno.”
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