Cunha e Silva Filho.
 Não deu para acreditar, pensei comigo grudado no que presenciava do sofá do quarto para a tela da TV. Não é possível, logo lá, um recanto cercado de milionários  que nos davam a impressão de estar eternamente no gozo da “dolce vita” de tudo aquilo que o dólar pode comprar: carros caríssimos,  iates da última geração, festas nababescas, mansões  suntuosas, constantes viagens aos lugares mais  caros do Planeta, contratos de casamentos  milionários, enfim, o sumo do que o decantado American way of life pode propiciar a esses abençoados filhos do mais competitivo capitalismo que a historia da humanidade já registrou.
Uma senhora americana, entrevistada, declara, com uma tristeza de causar dó a um flagelado da seca nordestina, que agora vive dependendo das graças do governo Obama. Vocês,  leitores, sabem da classe  social a que ela pertence? Classe média! Não se assustem,  porque é a verdade cristalina e sem  enfeites.
A classe média americana, no geral, é hoje vítima da agudíssima crise econômica que, como um furacão devastador  ( tão frequente em  terras do Tio Sam), empobreceu o povo. 
Sim, essa sisuda e melancólica senhora contava ao repórter que vivia de um cartão fornecido pelo governo federal, com o qual  podia fazer  suas compras básicas.
É inacreditável o que vejo diante de mim. Bastaram dois anos para que  as consequências  tenham dado  seus mais sombrios  frutos sociais, expressos em toda a sua crueza, fazendo-me recordar daquelas filmagens de época  exibindo os tempos da Grande Depressão americana de 1929 com a famigerada  quebra da Bolsa de Nova Iorque.
Será, então  que o povo americano que, na maioria,  nem sabe como é o Brasil, nem  geograficamente falando, não se deu conta do  retrocesso a que chegou e que o está igualando,  em certos aspectos da vida social, aos países  subdesenvolvidos ou a países emergentes, como  o nosso, que ainda   convivem com  extrema pobreza? Não é hora de saber que por nossas paisagens sem  vulcão nem terremotos, nem  destrutivos tufões e  ciclones, há um gigantesca parcela do povo que também, há  quase dezesseis anos,  tem vivido às custas da transferência, para  fins  demagógicos  e eleitoreiros, de renda e, portanto  às expensas de um deletério e injusto arrocho  no imposto  de renda do cidadão brasileiro, quando o  correto seria  realizar aquela transferência de renda  através de  maior  taxação  de impostos  das grandes  e  concentradas  fortunas?
Pois é.  Quem diria, os americanos, os maiores detentores de armas do mundo, terra dos biliardários, dos  gozadores da vida, dos megaconsumidores em todos os níveis  da economia, estão passando, justamente   nos extratos sociais médios, a pão e água. Parece uma história virtual aos olhos perplexos do mundo.
Ora, leitores, é sabido que a bancarrota da economia americana tem causas perfeitamente identificáveis, algumas  das quais têm por  fundamento os altos gastos com  guerras a  fim de preservar o  alto custo da vida americana, sobretudo dos milionários, que esses não  podem  baixar seus  custos e suas prerrogativas num só milímetro. O ponto mais  crítico do dinheiro da nação jogado ralo abaixo se deu no governo Bush filho, o senhor das guerras  manipuladas e genocidas, um dos grandes vilões de um dos mais execráveis  períodos da história americana recente, desse país que  deu, no passado,  homens da  estatura moral  e do valor intelectual de um George Washington, de um Thomas Jefferson e de um Benjamin  Franklin.
Outras causas são de ordem financeira, ou melhor, provocadas por ambições de poucos nos arraiais fraudulentos  do mercado  financeiro americano e no setor de investimentos e bolsas de valores, tendo à frente  esse  escândalo que foi a  quebra do Lehmans Brothers, e bem assim,  da parte  de bancos irresponsáveis, com ofertas enganosas de imóveis a compradores com situação  financeira incompatível  com  as transações contratuais, como foi o caso da  fatídica “bolha imobiliária” em agosto de 2007, levando muitas famílias à condição  de “sem teto” num país que  a bajulação mundial define como a maior potência da Terra.Que paradoxo da pós-modernidade!
Mas,  no meu entendimento laico, o maior responsável por essa quebradeira na vida  da classe média ianque têm sido  os  estratosféricos gastos com  a guerra contra o terrorismo internacional, que tem exigido, principalmente a partir do  governo Bush filho e, em menor escala, ainda no  atual governo Barack  Obama,  vultosíssimas somas de dólares a fim de custear matanças, muitas vezes,  indiscriminadas no Oriente Médio. 
Vejam o leitores  que, neste artigo,  não me reportei aos miseráveis que se  espalham como epidemia pelos EUA, esfarrapados,  famintos e sem teto. Enquanto isso, a maioria dos  arquimilionários persistem em  continuar o festival pantagruélico de vida hedonista e de sibaritismo indiferente à sorte da plebe ignara no país da riqueza. Ainda  existe  alguém  pronta a cruzar a fronteira mexicana mesmo sabendo que pode ser mais um grupo de imigrantes clandestinos  à beira de uma chacina de facínoras ?
Nenhum comentário:
Postar um comentário