Cunha e Silva Filho
 Quem pode ficar contente com políticos em geral e, principalmente, em tempos de eleições. O dia 3 de outubro está aí, quase batendo às nossas portas. “Vote consciente”, diria alguém com ares de conselheiro para assuntos políticos. “Vote bem”,  diria outro, escondendo de nós eleitores compulsórios, que seu enunciado é fulano ou sicrano. “Vote no candidato  certo”, advertiria, agora, um  religioso e os fiéis ficam  embaraçados, sem saberem de quem se trata. O assunto, por si  mesmo,  pressupõe vários componentes psicológicos, ideológicos, de formação cultural,  de formação religiosa, ou não religiosa, de interesses pessoais, familiares, de amizade, de relacionamentos profissionais, de faixa etária, de  nível econômico-financeiro.
 Não é fácil de equacionar a “solucionática da problemática”, ó leitor indeciso ou mesmo propenso a anular o voto, o que não é bom, porque, ao decidir-se pela anulação do voto,  o eleitor, ao sair da  urna,  lá fora, em dia de sol ou  nublado,  experimenta uma sensação  de  vazio,  de desapontamento e esse “vazio” não lhe é bom para a consciência cívica. Afinal,  o país tem uma estrutura pública, tem  sua máquina administrativa, seus poderes constituídos, suas leis  e aqui se vive uma democracia ainda que com suas falhas, seus surtos autoritaristas, seus inúmeros escândalos, sua impunidade, sua  corrupção deslavada,  seu cinismo partidário, seu nepotismo, seu comportamento político patrimonialista  ainda preso às velhas  tendências oligárquicas, resistentes desde  as priscas  eras  coloniais.
Por essa razão, a minha vontade de votar não é tão  premente. Faço-o sem anular meu voto a fim de não quebrar essa cadeia  de milhões de eleitores que vão às urnas, alguns tristes, alguns alegres, alguns  enganados,  alguns certos de que estão  votando  corretamente, e até mesmo  alguns patriotas com misto de ingenuidade quixotesca, qual  o personagem Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, o qual, por sinal,  teve “triste fim” Vamos ver no que vai dar tudo isso.
Já estou com o meu titulo de eleitor novinho em folha,, pois não faz muito tive que mudar de zona eleitoral em razão de mudança de bairro. Passei  uma década tendo que me deslocar de meu bairro para o  antigo bairro em que  morava, até que resolvi fazer a transferência  de zona  eleitoral, que, agora,  está pertinho de minha casa, ou melhor, do meu apartamento.
Estou ainda  meditando   sobre  os candidatos a quem vou dar meu  voto, mas tenho quase a certeza de que não votarei nos cínicos e nos  oportunistas. Pode até ser que meus escolhidos não sejam lá tão imaculados politicamente, mas, pelo menos,  são pessoas com boa intenção de desejarem  trabalhar por um país melhor a salvo de tantos deslizes contra o povo e contra  o meu país. 
Lá na cabine  de votação,  quero deixar meu  repúdio aos  inimigos  do  povo, aos que nos maltratam material e espiritualmente, aos que, com os olhos  arregalados e concupiscentes  nos mandatos e nas melhores regalias salariais do mundo, como costumava  censurar esse decano do jornalismo político brasileiro, o talentoso jornalista Villas-Bôas Correa, referindo-se,  reiteradamente, ao nosso Congresso e Câmara Federal, nos seus numerosos e sábios artigos no   recém-extinto  “Jornal do Brasil’(que calamidade para  a imprensa brasileira escrita!),  só pensam em mais uma vez abusar da nossa paciência e de nossa mansidão. Tudo,  porém tem seus limites. Uma grande  parcela do povo  pode ser manipulada, mas não continuadamente.
As confissões de um  eleitor também têm suas normas e limites e, portanto, vou parar aqui  a fim de não cair na tentação de  revelar  quais são as minhas  preferências de candidatos. Que o leitor,  ou melhor, o eleitor, ou os dois  a um só tempo,  também vá refletindo  sobre o peso, pesado ou leve,  de seus candidatos. Uma boa noite!
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