sexta-feira, 23 de julho de 2010

Um poema de Jean Aicard (1848-1921)

La Montre

“Une montre à moi! quelle affaire!
Mon père m ‘offre ce cadeau
Pour m’encourager à bien faire.
Elle marche seule: c’est beau.

Quelle heure est-il? – Six heures! Diable!
Le soleil est déjà levé.
Mon livre est ouvert sur ma table,
Mon devoir n’est achevé!

Finissons! – La besonge est faite,
C’est drôle comme on est content!
Sept heures!! Ma copie est prête,
Et ma montre va; ça s’entend.

Mademoiselle, êteves-vous folle?
Huit heures déà? – J’ ai raison!
- Il faut donc partir pour l’école
- Viens, ma montre! – Oui, mon garcon!”

Et voous deux arrivent ensemble
À l’heure juste, sans retard.
”Je suis le premier, il me semble;
Remercions-la d’un regard”

Alors, parlant comme un bon livre,
Avec ses ressorts palpitants,
La montre a dit: “Fille, pour bien vivre,
Il faut savoir régler le temps.”

O Relógio de Algibeira
“Um relógio pra mim !
Presente de papai
Pra bom uso dele fazer.
Sozinho trabalha: beleza.

Como vai o inimigo? – Seis horas!
De pé já está o sol.
Sobre a mesa, aberto, meu livro,
Do dever dar conta me falta !

Terminemos! – Tarefa cumprida,
Engraçado, como estamos felizes!
Sete horas! A cópia concluí,
Andando, continua meu relógio; sua parte faz.

Você enlouqueceu, senhorita?
Oito horas, já ? – Sem dúvida!
Ir pra escola é preciso, pois.
Vem, relógio meu! - Sim, meu rapaz!”

E, juntos, ambos chegam
À hora certa, sem atraso.
“Cheguei primeiro, quero crer;
Agradecemo-la com um olhar.”
Então, que nem um bom livro,
Com seus recursos fabulosos,
Diz o relógio: “ Filho, pra viver bem,
Saber urge o tempo dividir.

(Tradução de Cunha e Silva Filho)

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