sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um poema de e.e.cummings


Cunha e Silva Filho


e.e.cummings, poeta norte-americano, nasceu em Cambridge, Massachusetts, EUA, em 14 de outubro de 1894 e faleceu em North Conway, New Hampshire, EUA, em 3 de setembro de 1962.
As iniciais minúsculas de seu nome ficaram mais famosas do que seu nome por extenso, Edward Estlin Cummings. Cummings viveu numa época de grande experimentação na literatura norte-americana. Além de poeta, foi pintor. Sua grande popularidade deveu-se aos seus insólitos usos de pontuação e de construção sintática, de grafia de palavras, quase não usando letras maiúsculas nos poemas e, quando as usava, o fazia sem ortodoxia, colocando no meio, ou no final letras maiúsculas, fragmentando vocábulos, verticalmente na página, usando , em vez de títulos com palavras, títulos com sinais Sua poesia, em geral de feição coloquialista, aproveitando a linguagem da rua e matéria proveniente do burlesco e do circo, atingia tonalidades variando da sátira, rudeza, ternura até a excentricidade. Foi, pois, um radical experimentalista das formas de verso. Mexeu com a sintaxe, abandonou o verso tradicional, criou novas formas de dicção. A crítica, mais tarde, recrimonou-lhe o estilo pelo que ficou conhecido, verdadeira marca registrada de sua verso, alegando que ele não procurou novas formas de evolução poética.
Sua poesia combina o espírito dissidente da Nova Inglaterra com a “Auto-Confiança” emersoniana, e se caracteriza poeticamente por um coloquialismo ianque urbano.
Cummings teve formação universitária em humanidades pela universidade de Harvard da qual obteve o título de Mestre em 1916. Nas décadas de 20 e 30 sua vida transitava entre Paris, onde estudou arte e Nova Iorque. Na Segunda Guerra Mundial serviu no corpo de ambulância da França. Aqui foi preso durante um tempo devido a sua amizade com uma americano que havia escrito cartas de volta ao seu país. Tais cartas foram censuradas pela França que nelas viam críticas contra o seu próprio papel na guerra.
Cummings fez parte da “Geração Perdida”. De acordo com Peter B. High (An outiline of American literature, New York: Longmans, 27nd impression, 2002) Cummings sofreu influência tanto de Gertrude Stein quanto dos pintores cubistas”. Um definição de Cumings dá bem o peso que ele atribuía à liberdade criadora: “Ao que me consta, a poesia e todas as artes foram, são e serão sempre uma questão estritamente e caracteristicamente do domínio da individualidade.”(ob. cit., 155-156).
Tematizou, o amor, a guerra, o erotismo, a obscenidade. Punha o conceito de liberdade em alto grau e, por essa razão, seus temas eróticos mais ousados encontraram abrigo em sua poética. “Valorizo a liberdade e jamais pensei que ela fosse algo inferior à indecência”.(op. cit., p. 158). É conhecida a sua aversão à política, à frieza da ciência.
Seu primeiro livro foi Tulilps and Chimneys (1923). Em seguida, veio XLI Poems and & (1925)Neste último ano foi agraciado com o Prêmio “Dial’ por sua relevante contribuição às letras americanas
Publicou ainda uma peça “him”, encenada em Nova Iorque. Fez exposição de seus quadros e desenhos, os quais não tiveram,, porém, tanta aceitação quanto sua produção escrita.Uma outra obra sua Eimi (1933) relata em prosa experimental, seus 35 dias de visita à União Soviética, obra na qual manifesta seu repúdio pela ideai do coletivismo. Seus debates como conferencista da Charles Elliot Norton sobre poesia, na Universidade de Harvard, (1952-53) foram reunidas em livro com o título de i: six nonlectures 1953). Sua obra poética compreende 12 volumes, depois reunidos em Complete Poems (1968), em dois tomos.
Segue, abaixo, a minha tradução, em forma bilíngue, do poema “i like my body when it is with your”:

I like my body when it is with your

I like my body when it is with your
Body. It is so quite a new thing.
Muscles better an d nerves more.
I like yoour body. I like what it doçes,
I like its hows. I like to feel the spine
Of your body and its bones, an d the trembling
-firm-smooth ness and which i will
again and again and again
kiss, i like kissing this an d that of your,
i llike, slowly stroking the, shocking fuzz
of your electric fur, and what-is-it comes
over parting flesh... And big love-crumbs,
and possibly i like the thrill
of under me you quite so new

curto o meu corpo ao teu colado

curto o meu corpo ao teu colado
é algo nunca antes sentido
são melhores os músculos, bem como os nervos,
curto o teu corpo. Curto o que ele faz
curto os modos diferentes de como ele faz.. curto tocar a espinha
do teu corpo, dos teus ossos, do estremecimento
e vigorosa suavidade que repetidas vezes, repetidas vezes, repetidas vezes beijarei, curto beijar esta parte e aquela parte do teu corpo,
curto, aos poucos, tocar a eletrizante suave sensação
de teus pêlos e do que resulta
da carne dividida... E das grandes migalhas de amor,
e talvez curta a nova e embriagante sensação
de estar por debaixo do teu corpo



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