Prezados leitores deste Blog, é
com prazer que insiro, neste meu espaço virtual, mais uma resenha do meu livro Apenas memórias (Rio de Janeiro:
Quártica, 2016, 299 p.) Desta vez, de
um professor, advogado e escritor piauiense, José Ribamar Nunes.
APENAS MEMÓRIAS
José de Ribamar
Nunes(*)
Ao ler Apenas Memorias,
de Cunha e Silva Filho, brilhante escritor piauiense, radicado no Rio de
Janeiro, fiz uma viagem prazerosa por Teresina da década de 50 e 60 do século
passado.
A leitura me seduziu desde as primeiras páginas. Agradável,
leve, através da qual se vai penetrando no mundo do autor, a partir de suas
origens em Amarante e das recordações
do seu pai, jornalista e professor Cunha e Silva, polivalente, culto e sábio. O
pai fundou o velho Ateneu de Amarante, no qual lecionava várias disciplinas e foi
por ele conduzido durante anos, até sua mudança para Teresina, no final da
década de 40 do século passado.
As lembranças de sua mãe, dona Ivone, onde se capta o
grande amor filial por sua genitora, que deu à luz treze rebentos, o que era
normal naquela época, em que ainda não se falava em controle de natalidade e
ter muitos filhos era quase regra. Percebe-se
que era maior a afinidade do autor com o pai, não só pela grande afetividade
entre eles, como pelos vínculos intelectuais, pois conversavam na mesma
linguagem.
Relembra
a vinda da família para Teresina, quando o autor contava com apenas 3 anos de
idade, e já despontava com a mente aguçada, captando impressões da capital
teresinense nos anos 50. A vida da
família na Rua Arlindo Nogueira esquina com a Rua São Pedro, as andanças pelo
centro de Teresina, os filmes do cine Rex e Teatro 4 de Setembro, a relação com os irmãos, os
comportamentos típicos da época, tudo nos remete a momentos de adoráveis nostalgias
de nossa infância(somos da mesma geração).
Refaz
a imagem do quarto-biblioteca, onde o prof. Cunha e Silva gostava de deitar-se
na rede, e o menino costumava refugiar-se para manusear os livros do pai, o que
já denotava a vocação pueril para as letras, que depois se concretizaria no
escritor que é hoje. Uma cena sublime daquela época é quando ficava alisando a
cabeleira do pai, deitado à rede do quarto-biblioteca.
Recorda
a ida do jovem Francisco para o Rio de janeiro, em 1964, aos 18 anos de idade,
para buscar seus sonhos e ali lutar com todas suas forças, coragem e
inteligência para, destacando-se no cenário nacional no mundo acadêmico e
literário, como professor de inglês e português, atingindo o grau de doutorado,
ensaísta e escritor.
Cunha
e Silva Filho nos fala com coragem das próprias agruras, da vida de um
estudante numa cidade grande, distante da família, vivendo com pouco dinheiro.
Não se furta a rememorar as decepções da vida e as frustrações. Narra também o
lado belo, como seu amor por D. Elza, piauiense que fora aluna do seu pai, mas
só veio a conhecê-la no Rio de Janeiro e com quem se casou em 15 de julho de
1967, agora completando 50 anos de feliz convivência.
Não
esquece também os amigos, principalmente quem o ajudou nos momentos de
dificuldades, exaltando aqueles que realmente foram importantes em sua vida e
cuja amizade mantém até os dias atuais. A lembrança das primeiras aulas na
Faculdade Nacional de Filosofia, da professora Zoé Pedrinha, que citava o
Filólogo Evanildo Bechara, já um nome de destaque à época, e o fato de ter sido
aluno do poeta Augusto Meyer e de Joaquim Matoso Câmara Jr, o nome de maior
relevância, considerado o “Pai da Linguística” no Brasil.
É um
livro repleto de lembranças da terra natal, de Teresina, do Rio de Janeiro, da
família, da vida escolar, dos amigos, dos professores, colegas de aula. Também
é rico em lições de vida, principalmente para os jovens, no sentido de mostrar
como é possível transpor as barreiras da vida com estudo, trabalho e dignidade,
conquistando posição de destaque nas letras, no meio social e acadêmico como um
brilhante intelectual.
*Advogado, professor e escritor. Brevemente
estará lançando um livro, se não me engano, de memórias.
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