terça-feira, 18 de julho de 2017

Apenas memórias

Prezados leitores deste  Blog,  é com prazer que insiro, neste meu espaço virtual, mais uma resenha do  meu livro Apenas memórias (Rio de Janeiro: Quártica, 2016, 299 p.) Desta vez,  de um  professor, advogado e escritor  piauiense, José Ribamar Nunes.                               

                                 
                                      APENAS MEMÓRIAS
                                                                             José de Ribamar Nunes(*)  

          Ao ler Apenas Memorias, de Cunha e Silva Filho, brilhante escritor piauiense, radicado no Rio de Janeiro, fiz uma viagem prazerosa por Teresina da década de 50 e 60 do século passado. 
          A leitura me seduziu desde as primeiras páginas. Agradável, leve, através da qual se vai penetrando no mundo do autor, a partir de suas origens em Amarante e     das recordações do seu pai, jornalista e professor Cunha e Silva, polivalente, culto e sábio. O pai fundou o velho Ateneu de Amarante, no qual lecionava várias disciplinas e foi por ele conduzido durante anos, até sua mudança para Teresina, no final da década de 40 do século passado.
          As lembranças de sua mãe, dona Ivone, onde se capta o grande amor filial por sua genitora, que deu à luz treze rebentos, o que era normal naquela época, em que ainda não se falava em controle de natalidade e ter muitos filhos era quase regra.  Percebe-se que era maior a afinidade do autor com o pai, não só pela grande afetividade entre eles, como pelos vínculos intelectuais, pois conversavam na mesma linguagem.
Relembra a vinda da família para Teresina, quando o autor contava com apenas 3 anos de idade, e já despontava com a mente aguçada, captando impressões da capital teresinense nos anos 50.  A vida da família na Rua Arlindo Nogueira esquina com a Rua São Pedro, as andanças pelo centro de Teresina, os filmes do cine Rex e Teatro  4 de Setembro, a relação com os irmãos, os comportamentos típicos da época, tudo nos remete a momentos de adoráveis nostalgias de nossa infância(somos da mesma geração).
Refaz a imagem do quarto-biblioteca, onde o prof. Cunha e Silva gostava de deitar-se na rede, e o menino costumava refugiar-se para manusear os livros do pai, o que já denotava a vocação pueril para as letras, que depois se concretizaria no escritor que é hoje. Uma cena sublime daquela época é quando ficava alisando a cabeleira do pai, deitado à rede do quarto-biblioteca.
Recorda a ida do jovem Francisco para o Rio de janeiro, em 1964, aos 18 anos de idade, para buscar seus sonhos e ali lutar com todas suas forças, coragem e inteligência para, destacando-se no cenário nacional no mundo acadêmico e literário, como professor de inglês e português, atingindo o grau de doutorado, ensaísta e escritor.
Cunha e Silva Filho nos fala com coragem das próprias agruras, da vida de um estudante numa cidade grande, distante da família, vivendo com pouco dinheiro. Não se furta a rememorar as decepções da vida e as frustrações. Narra também o lado belo, como seu amor por D. Elza, piauiense que fora aluna do seu pai, mas só veio a conhecê-la no Rio de Janeiro e com quem se casou em 15 de julho de 1967, agora completando 50 anos de feliz convivência.
Não esquece também os amigos, principalmente quem o ajudou nos momentos de dificuldades, exaltando aqueles que realmente foram importantes em sua vida e cuja amizade mantém até os dias atuais. A lembrança das primeiras aulas na Faculdade Nacional de Filosofia, da professora Zoé Pedrinha, que citava o Filólogo Evanildo Bechara, já um nome de destaque à época, e o fato de ter sido aluno do poeta Augusto Meyer e de Joaquim Matoso Câmara Jr, o nome de maior relevância, considerado o “Pai da Linguística” no Brasil.
É um livro repleto de lembranças da terra natal, de Teresina, do Rio de Janeiro, da família, da vida escolar, dos amigos, dos professores, colegas de aula. Também é rico em lições de vida, principalmente para os jovens, no sentido de mostrar como é possível transpor as barreiras da vida com estudo, trabalho e dignidade, conquistando posição de destaque nas letras, no meio social e acadêmico como um brilhante intelectual.


*Advogado, professor e escritor. Brevemente estará lançando um livro, se não me engano, de memórias.

          

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