sábado, 1 de outubro de 2016

RACISMO AMERICANO E MASSACRES NA SÍRIA: UM BECO SEM SAÍDA






                                  Cunha e Silva Filho

          Dois países, duas  histórias tristes. O primeiro,  Estados Unidos,   um país  organizado,  rico, mas marcado ainda  pela mancha   do racismo. O outro, a Síria,   uma país quase destruído pela guerra civil, matando  crianças, jovens,  adultos e velhos. Nos  Estados Unidos, racismo e violência policial;  na   Síria, massacres da guerra civil.Ambos com seu erros  específicos, ressaltando-se que,  na Síria,  configura-se    quase um genocídio cometido pelo ditador, ao passo que, nos Estados Unidos, a violência é bem  menor  - não é guerra civil -  e localizada no  seu aspecto  étnico e num país de  instituições sólidas e de um passado alicerçado n a consciência plena de cidadania  de  uma grande nação  posto que com  muitos problemas.
        Façamos um reflexão sobre   essas duas nações  que,  apesar das advertências dos homens sérios,  dos homens de bem, dos homens da paz não se corrigiram. Estão ambos nos    devendo  algo  que  a humanidade tanto   preza: a paz.
       É certo  que  o EUA não aprenderam a lição de casa. Não bastou  a lição de Lincoln acabando com  a  escravidão  americana;  não foi suficiente o sacrifício de Martin  Luther King (1929-1968),  que heroicamente   combateu  as formas mais mesquinhas  de   convivência  humana  entre brancos e negros americanos. Lutou, intransigentemente,  pelos direitos dos negros e contra a malignidade,   que é o racismo. No entanto,  em pleno  século   XXI,  o cancro  maldito  do racismo  persiste,  humilha,  separa,  despreza e mata  inocentes, até negros  com doença mental. Policiais  despreparados e mal  formados,  que nutrem ainda   sentimentos atávicos  de superioridade  em relação  aos negros, continuam a disparar  suas armas de fogo contra a população negra e pobre.
      O exemplo mais trágico que chegou ao meu conhecimento ontem mesmo foi o depoimento da  menininha  negra, na cidade de Charlotte,  Estado da Carolina do Norte,    falando ao mundo  sobre  essa chaga  ainda  não extirpada  na vida americana e que somente   provoca a indignação  da comunidade  mundial  que, na sua quase totalidade,  não aceita essa desumanidade, ilógica,   covarde, inimiga das diferenças.
     A menininha é apenas uma  criança desesperada,  aterrorizada diante  do absurdo   que é o racismo  que mata e mata inocentes, pobres  e negros. Essa garotinha revela muito mais amadurecimento, muito mais  humanidade,do que adultos  Esse serzinho frágil,  falando  com a voz   entrecortada da dor  e da revolta pela perda de um ente querido,   se afigura um protesto   eloquente,  um exemplo  de compreensão  humana, cujo depoimento   deve ser  profundamente  meditado  pela sociedade americana,  a fim de que acorde para esse tumor  maligno que ainda  se espalha  no tecido social  de parte  da grande nação de Thomas Jefferson (1743-1826), de Benjamin  Franklin (1706-1790)  e Franklin Delano Roosevelt ( 1882-1945). 
      O que  fizeram    policiais americanos  contra negros, sobretudo no  ano de 2015,  é de   estarrecer  qualquer nação que se defina como democrática. E, por falar em democracia,   não vejo  como possa um país se  declarar  constitucionalmente   democrático e ao mesmo  tempo   conviver  com  a violência  policial. Que  incongruência tamanha  ainda  estar dirigindo  esse país um  presidente  negro e Nobel da Paz! É uma  contradição gritante. Devem   os Estados Unidos, através de seu governo,  urgentemente procurar  resolver esta questão  prioritária e crucial.
  Vejo como uma das  soluções  para  a violência  policial  americana contra  negros e pobres, a implantação, por via educativa, de uma   rigorosa  mudança  na formação ética e pedagógica dos  policiais, visando a preparar policiais  mais humanizados, psicologicamente aptos  a lidar  com  os cidadãos  de qualquer   nível social  ou etnia.    Sem mudanças  efetivas de mentalidade  não se  fará nada de concreto  a fim de se debelar  a raiz  do preconceito. 
      Passemos para o caso da Síria.  Tudo, por vias  diplomáticas, já se  tentou fazer  com vistas  a um cessar-fogo  duradouro e a um desfecho  pacífico, Sei que é espinhoso o  problema  de  acabar com uma guerra civil.. Entretanto,  o pivô  da permanência dos massacres   é a figura do ditador  Bashar Al-Assad.
       Tem ele  a seu lado a Rússia; do outro lado,  os rebeldes que desejam  depor  o ditador ,  responsável  pela guerra civil  no país. Diz-se que os Estados Unidos  ajudam  os rebeldes,   a oposição à ditadura síria. Além  disso,  no país     tropas  do Estado Islâmico que querem  alguma fatia   do território.Há os curdos,   há outras facções  que lutam   pelo que pensam são seus direitos  em território  sírio.
     O país, em parte de seu território, é uma ruína  . O exemplo mais   destacado  dessa guerra a fratricida  é a cidade de Aleppo, fortemente  bombardeada  pelas tropas de Assad. Entretanto,  foi mostrada na  TV  uma filmagem  em que a elite  pró-Assad  aparecia numa balada  movida a bebidas e  a outros ingredientes   próprios   dessa festa formada de indiferentes   pelas matanças   que no país   não cessaram  de infligir  aos  opositores do regime  tirânico. Ou seja,  as cenas   são um insulto  à dignidade de um povo   destroçado   pelas   balas e bombas   do ditador sanguinário, cujo fim  não é difícil de se prever.
     Há tempos venho escrevendo sobre  o conflito  na Síria e, num  dos meus artigos,  afirmei  que o país  parece   não dar  nenhuma   atenção mais   aos inúmeros apelos do Conselho de Segurança da ONU,   às reuniões de cúpulas já  havidas  entre os órgãos  internacionais  e o ditador. A Síria    passou  do limites  da tolerância  diante  dos inúmeros atos  de barbárie e selvageria  perpetrados  contra   a população síria   pelo  autocrata  Assad. Um dos maiores males dessa guerra civil  se resume na gigantesca  onda  de  refugiados  sírios  procurando, até com  o sacrifício de inúmeras mortes   de crianças   e adultos,  um país que os acolha.



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