Cunha e Silva Filho
O mundo civilizado não pode se calar
diante da catástrofe que se abateu e se abate
sobre a Síria. Ou melhor, o mundo não pode mais
permitir que o ditador Bashar
Al-Assad e o governo de Putin, sob o
argumento de que estão “limpando” o
país do terrorismo do Estado
Islâmico, da oposição rebelde e
de outras nichos que desejam um pedaço
de terra no território sírio,
destruam uma nação que há
tanto tempo se encontra em guerra
fratricida.
Quem vem acompanhando como eu, através
de artigos contundentes contra o
ditador Assad, a trágica guerra civil
travada naquela região,
sabe que todos os limites de
paciência foram esgotados
pelos que repudiam esse rio de sangue que tem
sido derramado naquele país, cujo epicentro da tragédia é a cidade de
Allepo.
Hoje praticamente uma ruína de tão
destroçada que ficou com os sucessivos e covardes
bombardeios comandados pelo
ditador com o apoio integral
do truculento Putin, apoio
tanto em
armas de alto potencial de destruição quanto nas estratégias militares
tramadas com o ditador que, numa conversa falada em inglês fluente, com uma jornalista, simplesmente
referia-se a “limpeza,” à ação de “matar” e outros absurdos
somente proferidos por uma mente doentia e
genocida.
Nessa conversa, percebe-se claramente o tom frio,
impassível do tirano e das suas
reais intenções de não desistir do conflito bélico e, portanto, de dar sequência às suas
investidas contra o seu próprio
país dividido ente os que
infelizmente lhe dão apoio e as forças
rebeldes.
Hoje ou ontem, a imprensa televisiva informa
os ataques do ditador desta vez
com uso de armas químicas, colocando a população
civil em estado de desespero que só
tem similar na Segunda Guerra Mundial. Pessoas mortas, outras gravemente feridas, usando
aparelhos para respiração,
numa cenário terrível, desumano, inimaginável.
Ora, os ataques infernais atingem indiscriminadamente soldados e
civis inocentes, não poupam
ninguém: recém-nascidos, crianças
jovens, velhos, doentes.
É uma quadro tétrico digno do
fim dos tempos e da maior prova de que este ainda iniciante século
XXI tem sido um período
de retrocesso nas relações
entre os indivíduos, entre
irmãos da mesma pátria e
entre nações. Pelo visto, não aprenderam nada com os
apelos de homens de
grande reserva moral e intelectual
como Bertrand Russell1872-1970), Gandhi 1869-1948), Martin
Luther King (1929-1968), entre outros.
Os novos vilões mundiais transmudados
em autocratas, ditadores, tiranos, falsos democratas ainda
estão em plena estado
de beligerância, de
desrespeito ao ser humano, às liberdades
dos povos, à liberdade de expressão, ao direito de um cidadão
sair ou não de seu país sem
que tenha que se submeter às
leis (sic!) de proibições
ditatoriais de seus países.
Somos muito céleres em
fundar organismos internacionais para protegerem a paz mundial,
mas somos ao mesmo tempo
lentos em pôr em prática medidas
que interrompam as arbitrariedades e as atrocidades genocidas – verdadeiros
crimes contra a humanidade - de
alguns povos que
não respeitam sua população
civil. Nem é preciso mencionar a que
estou me referindo: a ONU e ao
seu Conselho de Segurança.
Marcam-se as
reuniões em Nova Iorque para debaterem questões
vitais como são os crimes
de algumas nações contra os seus cidadãos e, por terem
alguns de seus membros assentos
permanente de vetar
uma decisão e, desta forma,
impedir que medidas
enérgicas sejam tomadas contra
governantes facínoras. E não
adianta mudarem os dirigentes
principais desses organismos mundiais. Tudo permanece praticamente como está, quando, ao contrário, deveriam, sim, lutar pela paz entre os povos do Planeta, Há mais conversa diplomática do que medidas concretas que abram caminhos para soluções duradouras
É cômodo estarem representantes dos seus respectivos países sentados
nas reuniões da ONU, bem vestidos, bem
alojados e longe dos fronts,
sem que efetivas medidas sejam concretizadas na solução dos conflitos armados. Enquanto isso, milhares de seres humanos são pulverizados
por armas assassinas e covardes, inclusive as que não são permitidas nos acordos
de guerra.
A
Síria, suas cidades, em especial Allepo, continuam sendo destroçadas
sem misericórdia, sem que
haja uma reação vigorosa
de todos os povos amantes da paz a fim que uma solução de paz seja
alcançada e os responsáveis por crimes contra a humanidade sejam sentenciados pela Corte Penal Internacional, sediada em Haia. O maior
entrave é que nem a Rússia nem os
Estados Unidos não são membros dessa Corte
e, por razões históricas facilmente
explicadas, não sabemos
quando decidirão ingressarem
naquele Tribunal. Essa omissão é causa e efeito do comportamento dos dois países no que diz
respeito a tantos conflitos
em vários países .
Continuarão
se deslocando em frágeis embarcações contingentes de refugiados vindos da Síria e de outras
regiões que também se encontram
em desassossego e em
sofrimentos atrozes
provocados pelos detentores
do poder nos países
em
conflagração. Tais contingentes não deixarão de emigrar de seus países enquanto
persistirem os mortais ataques
do governo sírio em conluio com o governo
russo.
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