domingo, 23 de outubro de 2016

AGORA SÃO ARMAS QUÍMICAS






                                                   Cunha  e Silva Filho


         O mundo civilizado não pode se calar diante da catástrofe que se abateu e se abate  sobre a Síria. Ou melhor,  o mundo  não pode mais  permitir que o ditador  Bashar Al-Assad e o governo de Putin,  sob o argumento de  que estão “limpando” o país  do terrorismo   do Estado  Islâmico, da oposição  rebelde e de outras nichos   que desejam  um pedaço  de terra no território  sírio, destruam  uma nação  que  há tanto tempo  se encontra em guerra fratricida.
      Quem vem acompanhando como eu, através de artigos contundentes   contra o ditador Assad,  a trágica  guerra civil  travada   naquela região, sabe  que todos os limites de paciência  foram  esgotados  pelos que  repudiam    esse rio de sangue  que tem   sido derramado  naquele país,  cujo epicentro da tragédia é a cidade de Allepo.
       Hoje praticamente uma ruína de  tão  destroçada que ficou  com  os sucessivos e  covardes  bombardeios  comandados  pelo  ditador   com o apoio  integral  do truculento   Putin, apoio tanto  em  armas  de alto potencial  de destruição quanto  nas estratégias  militares   tramadas  com  o ditador que, numa  conversa falada em  inglês fluente,  com uma jornalista,   simplesmente  referia-se  a   “limpeza,” à ação de “matar” e outros  absurdos  somente   proferidos  por uma mente doentia  e  genocida.
         Nessa conversa,  percebe-se claramente o tom  frio,  impassível  do tirano e das suas reais  intenções de não desistir  do conflito bélico e, portanto,  de dar sequência às  suas  investidas contra o seu próprio  país dividido ente  os que infelizmente lhe dão  apoio e as forças rebeldes.
       Hoje ou ontem,  a imprensa televisiva  informa   os ataques  do ditador   desta vez   com  uso de armas  químicas, colocando a  população  civil  em  estado de desespero  que só  tem similar  na Segunda  Guerra Mundial. Pessoas mortas, outras  gravemente feridas,  usando   aparelhos  para respiração, numa  cenário terrível, desumano, inimaginável. Ora, os ataques infernais atingem indiscriminadamente  soldados e  civis  inocentes, não poupam ninguém: recém-nascidos,  crianças jovens,  velhos, doentes.
       É uma quadro tétrico digno do fim  dos tempos  e da maior prova  de que este ainda iniciante  século  XXI  tem sido  um período  de retrocesso   nas relações entre  os indivíduos,  entre  irmãos da mesma  pátria e entre  nações. Pelo visto,  não aprenderam nada  com  os apelos  de homens   de  grande   reserva moral  e intelectual  como   Bertrand  Russell1872-1970), Gandhi 1869-1948),   Martin  Luther King (1929-1968), entre outros. 
      Os novos vilões mundiais transmudados em autocratas,  ditadores,  tiranos, falsos democratas  ainda  estão  em plena  estado    de beligerância,   de desrespeito  ao ser humano, às liberdades dos povos,  à liberdade  de expressão, ao direito de um  cidadão  sair  ou não de seu país sem que  tenha que se submeter  às  leis (sic!) de proibições   ditatoriais  de  seus países.
     Somos muito   céleres em   fundar  organismos   internacionais    para protegerem a  paz mundial,  mas somos ao mesmo tempo   lentos  em  pôr em prática   medidas  que   interrompam    as arbitrariedades  e as atrocidades genocidas – verdadeiros crimes contra a humanidade -  de alguns   povos   que   não respeitam sua  população civil.  Nem é preciso mencionar   a que  estou me   referindo: a ONU e ao seu  Conselho de Segurança. 
       Marcam-se as reuniões  em Nova Iorque  para debaterem  questões   vitais  como são  os crimes  de algumas nações  contra   os seus cidadãos e, por  terem  alguns de seus membros  assentos permanente    de  vetar   uma decisão e, desta forma,   impedir  que  medidas  enérgicas sejam  tomadas  contra  governantes  facínoras. E não adianta mudarem  os dirigentes  principais  desses organismos   mundiais. Tudo permanece  praticamente como  está, quando, ao contrário,  deveriam, sim,  lutar  pela paz   entre os povos do Planeta, Há mais  conversa  diplomática  do que medidas  concretas que abram caminhos  para soluções duradouras
      É cômodo estarem representantes  dos seus respectivos países  sentados  nas reuniões  da ONU, bem vestidos,   bem  alojados  e longe dos fronts,   sem que  efetivas medidas sejam    concretizadas  na solução dos conflitos   armados. Enquanto isso,   milhares de seres humanos são  pulverizados  por armas  assassinas e  covardes, inclusive as que não  são permitidas  nos acordos  de guerra.
     A Síria, suas cidades,  em especial  Allepo,  continuam sendo   destroçadas  sem  misericórdia, sem que haja  uma reação  vigorosa  de todos os povos amantes da paz a fim que uma solução de paz  seja  alcançada e os  responsáveis  por crimes contra a humanidade sejam  sentenciados pela Corte  Penal Internacional, sediada em Haia. O maior entrave é que  nem a Rússia nem os Estados Unidos  não são membros   dessa Corte  e,  por razões históricas  facilmente   explicadas, não sabemos  quando    decidirão  ingressarem  naquele  Tribunal.  Essa omissão é causa e efeito  do comportamento  dos dois países  no que diz   respeito  a tantos  conflitos   em vários  países  .
       Continuarão  se deslocando em frágeis embarcações contingentes  de refugiados vindos da Síria e de outras regiões que  também  se encontram  em desassossego   e  em  sofrimentos atrozes   provocados  pelos   detentores  do poder  nos  países  em conflagração. Tais contingentes   não deixarão  de emigrar de seus países   enquanto  persistirem  os mortais  ataques  do governo  sírio  em conluio com  o governo   russo.

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