terça-feira, 20 de setembro de 2016

PLANOS DE SAÚDE NO BRASIL: ESTADO DE CALAMIDADE









 Cunha e Silva Filho


            Até agora, não vi nenhuma palavra do atual governo federal  a respeito da  situação desastrosa, ou melhor diria,  aflitiva, de quem  paga plano de saúde no país. Ao contrário dos EUA,  cujo governo do  Barack Obama,  fez muito pela saúde dos mais   humildes, dos que não podem  pagar  planos  exorbitantes.  O health care americano  serve de modelo  aos descaminhos  dos planos  privados  brasileiros.
            Essa é uma demonstração  séria de um governo  que,  na sua campanha para presidência da maior potência mundial,  prometeu e realizou, na área da saúde pública,   uma mudança  substancial  que nenhum outro presidente americano anterior, que eu saiba,   havia  feito. Só por esse motivo, Obama  mereceu  governar  os Estados Unidos e deixará  esse legado  que, espero,  seja  mantido  por  novos ocupantes da Casa Branca e por muito tempo.
           Hoje, no Brasil,  não dispomos de um órgão de saúde federal nos moldes    do antigo  INPS, depois, INAMPS, finalmente SUS.  Nos bons tempos do INAMPS, quem  tinha   necessidade de recorrer  a esse Instituto era sempre  atendido e, às vezes,  bem atendido. Entretanto,  com o tempo,os sucessivos  governos federais, sobretudo  orientados  por  políticas de saúde  de viés neoliberal,   foram  seguidamente   sucateando  a saúde pública e ensejando  a abertura de  um  cobiçado espaço no campo  da saúde privada. Foi assim que se originaram os  diversos  planos de saúde, espalhando-se pelo país inteiro,  uns  oferecendo  tratamento de saúde de boa qualidade, outros apenas se aproveitando  para tornar a medicina  privada  uma   mercadoria  de ínfima qualidade.
        Com o crescimento gigantesco  de saúde privada, a  saúde pública  foi-se reduzindo  em  qualidade até chegar ao estado deplorável em que se encontra atualmente, seja através do governo federal, sejas  dos governos estaduais e municipais.
         O que é muito grave, os planos de saúde, com a anuência do governo federal, através   da ANS (Agência Nacional de Saúde), têm reajustado seus  preços  de forma  escorchante, sem que,  por outro lado,   o atendimento  aos usuários  tenha  sido melhorado  e aperfeiçoado  com  o decorrer  dos anos, a situação é tão alarmante que planos de saúde,antes respeitados e mostrando solidez financeira,   estão  ficando sucateados.
        O exemplo mais lamentável, humilhante e constrangedor  se comprova quando  um usuário de um  plano, ao precisar de  fazer  exames num dado  laboratório. tem recusado o seu cartão de  plano de saúde alegando   o laboratório  que  um determinado plano  está não está mais  filiado ao laboratório.
      Ora,  um vexame destes é de deixar  qualquer  usuário de plano   indignado,  principalmente quando  o mesmo usuário já havia  realizado no mesmo  laboratório  vários exames  há pouco tempo atrás. Daqui a pouco,  o usuário de um plano mesmo pagando religiosamente a mensalidade – e convenhamos -  já bastante  elevada, ainda que  num plano  feito  junto  a um  sindicato de classe,ou, com dizem,  por convênio, estaremos  pagando  nosso  planos  privados   sem a contrapartida  dos serviços  prestados.
      Da mesma forma,  a questão do  plano de saúde se estende para a consulta  médica. Suponhamos  que  o paciente  queira se consultar com o seu  médico ou médica de sua preferência como  havia feito   tantas  vezes anteriormente. Um  dia, vai  ao seu médico e recebe a seguinte  resposta  da atendente: “ O doutor não aceita mais  esse plano, se  descredenciou”. Aí,  toda a nossa paciência  acaba.
      É o fim  do mundo. Poder-se-ia  afirmar que, mal comparando,  o antigo  INPS/INAMPS era muito melhor  do que  o que agora se vê no seio da própria medicina  privada.No meu juízo,  com o neoliberalismo,  a medicina  se tornou mercantilista. Os donos de planos de saúde  enriqueceram.
      No entanto, Não têm sabido administrar suas corporações. Gastam demais  com os altos salários dos presidentes, das secretárias  e até dos seus motoristas,  segundo  se falou  de um  famoso  plano de saúde brasileiro  agora às voltas com  tremendas dificuldades de  oferecer   bons serviços  aos seus milhares de usuários que todos os meses  pagam  as mensalidades   em dia.
      A fiscalização federal, a chamada ANS,  não pode se calar diante desta situação de calamidade na saúde  privada. O governo federal,  se tiver consciência da relevância deste problema, não pode permanecer de braços cruzados.
     Enquanto  isso,  o governo  federal  nada tem feito  contra este estado  deprimente   vivido  pelos usuários dos planos de saúde privada. O neoliberalismo venceu e prejudicou  a saúde  pública  brasileira. Urge  que medidas  drásticas  sejam  tomadas  pelo governo federal  a fim de  buscar   solução, em curto prazo,  para mais uma decepção  que se acumula  contra  a administração   pública  na área da saúde.  Tem a palavra o atual Ministro da Saúde.


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