Cunha e Silva Filho
Durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, e bem assim no seu segundo
mandato interrompido pelo impeachment,
o funcionalismo federal de cargos médios
e baixos nunca foi contemplado com um reajuste
salarial no sentido restrito do termo, porquanto alguma reposição que tenha
sido supostamente dada, com base
na inflação, nada acrescenta ao
bolso do barnabé.
O governo federal atual
parece estar seguindo o mesmo
caminho, o de conter qualquer
pretensão de reajuste dos servidores.Ora,
quem ganha bem, como os membros dos altos escalões da
República, pode suportar, por muito mais tempo, um novo
reajuste. No entanto, quem ganha
muito menos do que eles, ou quem percebe baixos salários, sai sempre perdendo. Lembro-me do que, na
administração FHC, o funcionalismo sofreu o diabo. O governo foi duro, inflexível e o servidor jamais viu a cara de
um aumento. Foi arrocho pra valer. Os
preços aumentam para todos, contudo nem
todos pertencem ao elitismo
dos altos cargos
públicos, setor no qual um bom
aumento redunda em milhões de gastos com salários a privilegiados nas administrações federal, estaduais e municipais. Já no setor privado,
o empregado, de qualquer nível, tem
seus sindicatos bem mais unidos do que
no âmbito público.
Já nos governos do Lula, pelo menos
para a classe do professorado, houve um
plano de carreira posto em prática
com aumentos escalonados que não descontentaram
ninguém.A classe dos professores foi também bafejada como um bom número de novas universidades
públicas e escolas técnicas espalhadas pelo país, dando oportunidades a
jovens concursados do ensino médio e superior. Daí, talvez,
seja este um dos motivos da adesão
política ao petismo, não obstante o descalabro da corrupção administrativa dos seus dois mandatos, que levou o PT à
ruína que se aproximava e culminando com
o afastamento e perda de mandato
de Dilma Rousseff.
Diante desta situação, se pode facilmente
deduzir que o governo Temer comete uma
injustiça, quer dizer, penaliza o funcionalismo
duplamente: pela inflação que faz encolher cada vez mais os salários, chamado de arrocho
salarial e determina, por seu
turno, aumentos anuais às agências reguladoras.
Isso e um contrassenso.
Por que não segura os preços dos remédios,
dos alimentos, das tarifas públicas ou
de concessionárias. Essa
história de que tem
que controlar os gastos do governo, sanear as contas públicas, arrecadar mais não é de hoje para quem acompanha durante
anos a vida econômica brasileira, a situação financeira do país sempre foi, latu sensu,
a mesma lengalenga, i.e., os problemas
econômico-financeiros têm sido
crônicos.
Portanto,
juros altos, elevado custo de
vida, aumento de aluguel, compra da casa própria e outros itens já
eram práticas empregadas pelos setores públicos Basta
ler jornais de décadas passadas para se
confirmar que o mesmo o script de filme ou de novela
se repte na contemporaneidade da
vida nacional.
O que diferencia substancialmente o hoje do ontem em nosso país é a violência praticada por adultos e jovens
criminosos, o narcotráfico, o recrudescimento
da corrupção política além dos graves
problemas de saúde pública no
setores federal, estaduais e municipais. E, diga-se,de passagem, todas essas mazelas que açoitam a cidadania
brasileira convergem para um vilão número
1: a impunidade.
A
cultura da impunidade é que tem dado forte combustível a fim de que, em todos os segmentos
do Estado Brasileiro, ela mantenha e realimente o establisment da ausência de ética,
da imoralidade, dos desmandos governamentais e da práxis política ao
arrepio dos princípios constitucionais
de um sistema democrático somente
visível na teoria, porém flagrantemente
desrespeitado na sua aplicação `na vida
em sociedade, cujo
resultado mais nefando e previsível é esse viver continuamente na condição indefinida, protelatória e precária de “país do futuro.”
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