quarta-feira, 28 de setembro de 2016

UMA VISITA À ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS E OUTRO ASSUNTO






                                       

                                                          Cunha e Silva Filho


       Estive há pouco em Teresina a fim de lançar o meu  livro Apenas memórias (Rio de Janeiro: Quártica, 299 p, 2016). Antes de dar continuidade a esta crônica,  quero agradecer a todos  os que concorreram  para que  o evento  tivesse o sucesso  que  teve. Por este motivo me cabe,  como  dever de piauiense que sou  e com  muita honra, consignar meus agradecimentos a algumas  pessoas que,  particularmente,  tornaram  a minha  brevíssima  estada nessa capital   tão confortadora.
        Citaria, na minha visita à Academia Piauiense de Letras,  o  escritor,  professor  e jovem membro  da Academia Piauiense de Letras, Dílson Lages Monteiro, que teve um especial  carinho  pela organização, divulgação do meu  livro, além de ter ido pessoalmente comigo à redação  do prestigioso  jornal  Diário do Povo, onde  me concederam  uma  bela entrevista alusiva ao lançamento do meu  citado  livro de memórias,  e onde  tive  o prazer  enorme de conhecer pessoalmente o redator-chefe desse jornal, o jornalista  Zózimo Tavares, também  escritor e membro  da Academia Piauiense de Letras, o qual me ofertou e autografou sua mais recente  obra, Pulando nuvens (Teresina: Bienal, 2016,  148p.).
     Na mesma  relação, mencionaria  com   satisfação  o meu amigo,o poeta,  o escritor e o magistrado, Dr. Elmar Carvalho,   que teve a delicadeza  e o gesto  cavalheiresco de me convidar  a fazer um  breve  viagem  de carro à minha  terra natal,  a bela e lírica Amarante. Dessa viagem,  Elmar Carvalho já deu conta de relatar  numa crônica comovedora  de título  “Viagem sentimental  no tempo e no  espaço.”
    Outro agradecimento  que não poderia   deixar de referir nesta crônica foi  o encontroa que tive na Academia Piauiense de Letras, na qual  tive  a alegria  de rever e conhecer algumas  membros  ilustres da Casa de Lucídio Freitas,   instalada em  belo prédio da Avenida Miguel Rosa. Porém, o melhor dessa minha  visita à APL foi  uma espécie de homenagem que alguns membros  eminentes  dessa   quase centenária  instituição acadêmica. Na reunião de  seus pares, ali se encontravam  os  intelectuais  Celso Barros Coelho,  M. Paulo Nunes, Oton  Lustosa,  Elmar Carvalho,  Jônathas Nunes,  Fonseca Neto, Herculano Moraes,  Francisco Miguel de Moura,  Zózimo Tavares,  Manfredi  Cerqueira, Magno Pires, Cid de Castro  Dias. Espero não haver  omitido algum  nome presente  à reunião.
    No entanto, o que me deixou profundamente  emocionado  foram as  palavras que alguns  membros  dirigiram  à minha pessoa,  sobretudo  referentes à minha  atuação  como  escritor  e principalmente  como   um escritor  piauiense  que, dentro das minhas  possibilidades  e limitações,   tenho   divulgado  a literatura  de autores  piauienses,seja em livros,   revistas, conferências, seja pelo  meu  Blog  “As ideias no tempo”, pela  minha coluna  Letras Viva  do já bem conhecido e apreciado   site  “Entretextos,” dirigido, com   competência e inegável  entusiasmo,   pelo   professor  Dílson Lages Monteiro.Os meus agradecimentos  se  estendem igualmente  aos funcionários da APL, sempre  solícitos  e gentis.
    Fora do meio acadêmico,   não deixaria  de fazer uma referência   especial  ao jornalista  e ficcionista  Rivanildo  Feitosa,   que atua  no jornal  Meio-Norte e em outras mídias locais. Rivanildo  cuidou  também  de divulgar  o lançamento do meu livro e ainda  me entrevistou  na noite de autógrafo. A entrevista  foi breve, mas  me cativou  bastante  pela  descontração  e habilidade  do  entrevistador,  pessoa a quem  estimo e admiro muito, quer pela sua  esmerada  educação,  quer pelo valor que nele reconheço como  jovem  romancista, já tendo  produzido  dois  romances  bem recebidos pela crítica. O primeiro,  Reflexões de uma cadela vira-lata ((2011), do qual fiz uma resenha, e o segundo,  O macho e a fêmea (2014),  do qual fiz o prefácio.
      Na  noite do lançamento de meu livro (é o terceiro livro que lanço em Teresina), tive a imensa alegria de,além de alguns familiares, poder contar com a presença  de intelectuais,  mais velhos ou mais jovens,  como o  grande poeta, historiador literário, ensaísta e crítico literário Francisco Miguel de Moura e sua esposa; o romancista  e contista, desembargador   Oton Lustosa,  do qual tive  a satisfação de analisar   parte de sua relevante  ficção; o fino  ensaísta e crítico literário, professor Carlos Evandro Eulálio; o jovem acadêmico, já citado linhas atrás, Dilson Lages,  acompanhado de sua esposa,  que me  honrou com a “Apresentação”  do meu livro, de resto,  uma   magnífica análise  abordando  pontos-chave da minha obra;  o jovem poeta  Luiz Filho de Oliveira  acompanhado de sua   esposa,  Suzy Reis
        Luiz Filho é uma  voz nova e vibrante  da poesia, de alta qualidade   nas letras  piauienses da atualidade. Dos presentes citaria ainda  o  ilustre jornalista  Carlos Said, o citado  jornalista  Zózimo  Tavares,  o historiador José Pedro  de Araújo; o professor  universitário (UFPI) e  historiador  Fonseca Neto; a professora da UESPI, ensaísta Raimunda Celestina Mendes da Silva,  a ficcionista  Rita de Cássia Amorim  Andrade,  o meu amigo já mencionado, poeta  Elmar Carvalho e sua esposa  Fátima, o jovem  ficcionista Geovane Fernandes Monteiro.
       Last but not least,  não posso me furtar  à oportunidade  de  agradecer  ao  Leonardo,  proprietário da  belíssima Livraria  Entrelivros,  pessoa  agradabilíssima  que  tive  a felicidade  de  conhecer  pessoalmente.
      Sei que posso ter-me  esquecido   de citar  outras   figuras  do cenário intelectual   piauiense.  Por isso,  peço-lhes aqui  minhas desculpas.
      Convém, ademais,  registrar que,  pelo menos  dois escritores  não puderam, por motivos superiores,   estar presentes  ao evento: o festejado  ensaísta e crítico literário,  professor  emérito de literatura  portuguesa da  UFPI,  M. Paulo Nunes; o escritor, contista, Milton  Borges. Ambos, gentilmente, encarregaram  amigos  para comprarem  o meu livro.
     Enfim,  mais uma vez, me escusando  pelas omissões   involuntárias de mencionar  alguns  nomes que estiveram    no evento,  quero  agradecer,  sensibilizado, a todos  os que ajudaram  a  tornar  o lançamento  um  momento de extrema  importância  para o autor desta crônica.
     De Teresina, na manhã do dia 26,  me despedi da  bela “Cidade Verde”, rumo ao  Rio de Janeiro “com as asas de dor do pensamento.” – esse componente  sentimental de minha  personalidade  do qual  não quero  me   separar  enquanto  bater  o meu coração.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

CONSIDERAÇÕES EM FORMA DE CARTA A ELMAR CARVALHO





                                                     Cunha e Silva Filho

             Era para  lhe ter feito o comentário que ora lhe faço, mas, como  usava, ai em Teresina,  um tablet,  eu não conseguia  digitar  o texto no  espaço adequado.
            Agora,  de volta à minha casa,  escrevo-lhe, como  habitualmente, do meu computador.
         V. me antecipou,  poeta "malabarista do verso," na crônica “Passeio sentimental no tempo e no espaço” o  que eu faria também   sobre a nossa visita a Amarante, quer dizer,   o que nós, em família, experimentamos  na viagem  de algumas horas a Amarante. E o fez em crônica saborosa,  fiel  aos  acontecimentos  vividos por mim, V., Fátima e Elza.
            Foi, na  verdade,  o que  poeticamente diz o título  da mencionada  crônica.Vejo  que o amigo, no seu texto se mostrou, como vem fazendo ao longo do  processo de sua  escrita literária, seja em poesia,  seja em prosa, exemplarmente  nesta  tarefa de relatar  com   naturalidade    e  sentido  lírico, fixando  o olhar  na paisagem  humana,  na paisagem   física e na sua forma de   interpretar  os homens e os fatos  com muita   dose  de humor  saudável, brincalhão,  mesmo fazendo coisas sérias, que é  produzir suas crônicas   no seu conhecido e bem lido “Blog de Elmar Carvalho”.
           A sua crônica,  portanto,  não deixou um  único  aspecto  de fora em  "nossa" visitação  à Amarante,  ao fundir harmoniosamente  as nossas vivências  com  vida  literária.
          Daí,   a adequação  que  teve para declamar um    poema seu com o seu  sotaque  tão característico  e cheio  de  exaltação  lírica,  resultando  num quadro  perfeito  de  escrita posteriormente  elaborada.
          É pena que, no mirante de Amarante,   a sua empolgação  na fala aludindo  ao poeta da Costa e Silva (1885-1950) e ao lamentar  que foi rejeitado   o pedido  feito  ao filho  do poeta para  que os restos mortais  do maior vate  de Amarante e da poesia  piauiense  fossem trasladados do Rio para Amarante.É pena também que o, ao manejar o meu tablet, me faltasse  comptência técnica para realizar  a filmagem com som e tudo.
         Ainda falando de sua crônica, há que nela se destacar a  singularidade  da escrita como resultado do que, de improviso,  do alto da escadaria, ressaltou sobre  as belezas bucólicas    da cidade de Amarante e das serras   do lado do Maranhão tendo como  intermediação  afetiva  e nostálgica  a figura do  Velho Monge, do hoje maltratado  rio Parnaíba, elemento  físico  inseparável   da beleza  natural  daquela cidade que tanto amamos.. 
         V., Elmar,   me surpreendeu  como figura humana bem mais  descontraída  do que no tempo  em que  o conheci ainda muito jovem nos idos  de 1990, tempo em que tive  o grato   prazer  de iniciar com   V. uma amizade  que, da minha parte,  jamais esvaecerá  ainda que  sabendo o quanto, por vezes, as amizades  mudam para   melhor ou para pior. Da minha parte,  julgo que será durável   nos limites de nossa perenidade  na Terra.   Já o considero  uma pessoa  que  conquistou  o meu coração e o da Elza.
       Volto  à crônica que vinha comentando  em alguns traços  gerais. Mas,  não posso  esquecer   de  mencionar  o momento  de encanto quando  entramos no Museu  Odilon Nunes. Ali a história se volta  inteiramente para o passado e  toca todas as fibras do meu ser saudoso,  sempre  tentando  conviver com  o  valioso  legado da afetividade relacionada  à figura de meu  pai.
     As fotos que   tiramos juntos têm como  elemento  de identidade e aproximação  entre nós   o sentimento   profundo da afetividade  minha e,  creio,    sua também, cujo ponto de  união se manifesta  através da presença  do    busto  de meu velho   pai,  obra  que é fruto do talento  do meu  irmão Winston, um  escultor  boêmio  e desapegado  das coisas materiais.
     Tudo naquele ambiente  de objetos  antigos  da cultura  amarantina  me desconcerta  e    invade  profusamente o meu  mundo  interior dadas as associações  que ali fiz  de todo um  tempo  que já foi  vida  trepidante,   em   salas   nas quais   meu  pai, na condição de professor do Ginásio Amarantino, sob a direção de Odilon Nunes(1899-1989) tantas vezes  por ali  andou e principalmente  por ali  tinha seu espaço  de sobrevivência,  suas alegrias  e tristezas e todas as vicissitude  por que passa   a vida de um  docente.
      Ah, não poderia  deixar de mencionar  em nossa  viagem   sentimental  algumas  circunstâncias,   que, no final,  acabam  por fazer  parte da própria   andança sentimental: a travessia de  municípios   no trajeto  para Amarante,  as cidades de, por exemplo,   Regeneração,  Angical, Água  Branca;  a parada de carro para  um  rápido lanche na Lanchonete do Sales cheia de  santinhos  de  candidatos  de todos os partidos; a dúvida que V. teve sobre  qual a  estrada,  na agradável  viagem de carro, seria a correta, pois, numa certa altura,  ela se  bifurcava em    dois  sentidos, um dos quais  nos levaria a Amarante, porém, o problema  logo felizmente  foi resolvido  pela  informação  de um  morador; a dificuldade de encontrarmos   o restaurante que  queríamos constituíram  momentos  de muito   humor  para todos nós. Por último,   o fato  de que,  naquela hora   que estávamos em Amarante à  procura   do casa de minha irmã Sônia,  observamos  que   toda a cidade     poderia estar fazendo sua  sesta  debaixo  do calorão  de uma cidade  velha,  cheia de mistérios e com um ar  de  solidão  e abandono.
       V., graças à sua  poesia com uma vertente  dirigida à condição de poeta   geográfico do Piauí, se sente, a meu ver, liricamente  preso  à velha Amarante, tanto mais que  a  poetizou    engrandecendo assim   o repertório    da lírica amarantina em versos  que  seguramente    ficarão  gravados  para sempre  na história cultural da  cidade.
     A poesia   faz parte do sua personalidade literária, meu caro Elmar,  e mesmo na sua ficção, ou na crônica,  ela se faz presente.
      A sua crônica marca um  ponto de convergência  saudável e aglutinador   entre a minha  pessoa  e a sua. Isso me é confortante e me desvanece o espírito.
     Sua crônica  sela em definitivo  uma amizade que passou  do domínio da  intelectualidade para o domínio de uma amizade que só poderá   crescer com  o anos. Ou seja  da condição  de crítico   de sua obra  me tornei  um seu amigo. Não é o primeiro caso  na história  literária   brasileira ou universal.
    Quero,  por outro lado, lhe   agradecer mais uma vez   pelo gentil  convite que me fez e à  Elza para, junto com a Fátima, fazermos    uma deliciosa, histórica e afetuosa  visita  à minha Amarante regada a um  "causer"  divertido,   espirituoso,  cavalheiro  e sobretudo amigo.

                               
        
 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

PLANOS DE SAÚDE NO BRASIL: ESTADO DE CALAMIDADE









 Cunha e Silva Filho


            Até agora, não vi nenhuma palavra do atual governo federal  a respeito da  situação desastrosa, ou melhor diria,  aflitiva, de quem  paga plano de saúde no país. Ao contrário dos EUA,  cujo governo do  Barack Obama,  fez muito pela saúde dos mais   humildes, dos que não podem  pagar  planos  exorbitantes.  O health care americano  serve de modelo  aos descaminhos  dos planos  privados  brasileiros.
            Essa é uma demonstração  séria de um governo  que,  na sua campanha para presidência da maior potência mundial,  prometeu e realizou, na área da saúde pública,   uma mudança  substancial  que nenhum outro presidente americano anterior, que eu saiba,   havia  feito. Só por esse motivo, Obama  mereceu  governar  os Estados Unidos e deixará  esse legado  que, espero,  seja  mantido  por  novos ocupantes da Casa Branca e por muito tempo.
           Hoje, no Brasil,  não dispomos de um órgão de saúde federal nos moldes    do antigo  INPS, depois, INAMPS, finalmente SUS.  Nos bons tempos do INAMPS, quem  tinha   necessidade de recorrer  a esse Instituto era sempre  atendido e, às vezes,  bem atendido. Entretanto,  com o tempo,os sucessivos  governos federais, sobretudo  orientados  por  políticas de saúde  de viés neoliberal,   foram  seguidamente   sucateando  a saúde pública e ensejando  a abertura de  um  cobiçado espaço no campo  da saúde privada. Foi assim que se originaram os  diversos  planos de saúde, espalhando-se pelo país inteiro,  uns  oferecendo  tratamento de saúde de boa qualidade, outros apenas se aproveitando  para tornar a medicina  privada  uma   mercadoria  de ínfima qualidade.
        Com o crescimento gigantesco  de saúde privada, a  saúde pública  foi-se reduzindo  em  qualidade até chegar ao estado deplorável em que se encontra atualmente, seja através do governo federal, sejas  dos governos estaduais e municipais.
         O que é muito grave, os planos de saúde, com a anuência do governo federal, através   da ANS (Agência Nacional de Saúde), têm reajustado seus  preços  de forma  escorchante, sem que,  por outro lado,   o atendimento  aos usuários  tenha  sido melhorado  e aperfeiçoado  com  o decorrer  dos anos, a situação é tão alarmante que planos de saúde,antes respeitados e mostrando solidez financeira,   estão  ficando sucateados.
        O exemplo mais lamentável, humilhante e constrangedor  se comprova quando  um usuário de um  plano, ao precisar de  fazer  exames num dado  laboratório. tem recusado o seu cartão de  plano de saúde alegando   o laboratório  que  um determinado plano  está não está mais  filiado ao laboratório.
      Ora,  um vexame destes é de deixar  qualquer  usuário de plano   indignado,  principalmente quando  o mesmo usuário já havia  realizado no mesmo  laboratório  vários exames  há pouco tempo atrás. Daqui a pouco,  o usuário de um plano mesmo pagando religiosamente a mensalidade – e convenhamos -  já bastante  elevada, ainda que  num plano  feito  junto  a um  sindicato de classe,ou, com dizem,  por convênio, estaremos  pagando  nosso  planos  privados   sem a contrapartida  dos serviços  prestados.
      Da mesma forma,  a questão do  plano de saúde se estende para a consulta  médica. Suponhamos  que  o paciente  queira se consultar com o seu  médico ou médica de sua preferência como  havia feito   tantas  vezes anteriormente. Um  dia, vai  ao seu médico e recebe a seguinte  resposta  da atendente: “ O doutor não aceita mais  esse plano, se  descredenciou”. Aí,  toda a nossa paciência  acaba.
      É o fim  do mundo. Poder-se-ia  afirmar que, mal comparando,  o antigo  INPS/INAMPS era muito melhor  do que  o que agora se vê no seio da própria medicina  privada.No meu juízo,  com o neoliberalismo,  a medicina  se tornou mercantilista. Os donos de planos de saúde  enriqueceram.
      No entanto, Não têm sabido administrar suas corporações. Gastam demais  com os altos salários dos presidentes, das secretárias  e até dos seus motoristas,  segundo  se falou  de um  famoso  plano de saúde brasileiro  agora às voltas com  tremendas dificuldades de  oferecer   bons serviços  aos seus milhares de usuários que todos os meses  pagam  as mensalidades   em dia.
      A fiscalização federal, a chamada ANS,  não pode se calar diante desta situação de calamidade na saúde  privada. O governo federal,  se tiver consciência da relevância deste problema, não pode permanecer de braços cruzados.
     Enquanto  isso,  o governo  federal  nada tem feito  contra este estado  deprimente   vivido  pelos usuários dos planos de saúde privada. O neoliberalismo venceu e prejudicou  a saúde  pública  brasileira. Urge  que medidas  drásticas  sejam  tomadas  pelo governo federal  a fim de  buscar   solução, em curto prazo,  para mais uma decepção  que se acumula  contra  a administração   pública  na área da saúde.  Tem a palavra o atual Ministro da Saúde.


domingo, 18 de setembro de 2016

NOTA AO LEITOR

NOTA AO  LEITOR:

Caro leitor do meu Blog, a   partir de hoje, o meu espaço,  sempre que possível   apresentará matéria de outros  autores sobre  questões de literatura.
 Desta forma,  abrirei  espaço, com autorização prévia   do  autor do romance   Os anos da juventude, Francisco Venceslau dos Santos, para  publicar uma  resenha deste livro   escrita  por  Roberto Acízelo de Souza,  Professor   Titular de Literatura da UERJ. Segue o texto mencionado:

NOTE TO THE READER:

[ Dear reader of my Blog, from now on, this  virtual  space of mine,  whenever  possible,  will present texts from other authors related to Literature themes.
 In so doing, I' ll open  a space, with   previous  authorization of the autor of the novel Anos da juvaentude, Francisco Venceslau dos Santos,   to  publish a review of this novel   by  Professor Roberto Acízlelo de Souza, Full professor  of Literature   to UERJ], as follows:




SANTOS, Francisco Venceslau dos. Os anos da juventude; um romance. Rio de Janeiro: Caetés, 2014. 150 p.
                        Roberto Acízelo de Souza (Titular de Literatura/Uerj)

            Com ação ambientada em Teresina, na primeira parte, e no Rio de Janeiro, na segunda, a obra compõe um painel do viver de certa parcela da juventude, no lapso de tempo que se estende de meados da década de 1950 a fins da subsequente. Certa parcela — dissemos —, porque a galeria de personagens se restringe a jovens de classe média, cuja trajetória a narrativa apresenta, desde fins dos últimos anos de seus estudos em nível médio até o ingresso em cursos universitários.
Escolhido assim o segmento sócio-cultural a que pertencem protagonistas e figurantes, o relato, mediante seleção criteriosa de detalhes representativos, vai descrevendo comportamentos que configuram verdadeiro estilo de vida. Ficamos assim sabendo, por exemplo, como se vestiam os jovens da época e como eram suas diversões, e sobretudo quais as suas preferências em matéria de orientações políticas, bem como o universo de suas opções culturais, aí compreendidas manifestações da literatura, do cinema e da música. Desse modo, se vai compondo um mural de época, através de uma técnica de acumulação de pormenores significativos, multiplicando-se as alusões aos ícones da cultura jovem do tempo, da moda à filosofia, passando por romances, poemas e filmes. O resultado do processo é a construção do que se pode caracterizar como um quadro ético-estético de um passado mais ou menos recente, flagrado a partir de uma perspectiva brasileira, ainda que não alheio à conjuntura mundial daquele momento.
            Para não ficar na descrição abstrata, vejamos algumas passagens do texto, a título de exemplificação dos traços referidos:
- a moda: “Manoela estava linda, magra, vestia uma blusa de jeans bem justa, calçava sandálias de couro, trazia a tiracolo uma capanga com um design creme, cheia de livros e papel” (p. 63); “No espelho da casa olhou-se. Vestia uma camisa branca bem simples, por cima um paletó xadrez à moda do final dos anos cinquenta [...]” (p. 16).
- as leituras literárias: “Abriu Alguma poesia, de Drummond, e começou a ler, fazendo anotações em um caderno [...]” (p. 82); “ ‘Quer ser tão entediado quanto o amanuense Belmiro de Cyro dos Anjos?’ — ironizou ela com a faceirice das garotas íntimas” (p. 82).
- as leituras filosóficas e sociológicas: “ ‘Para onde estamos indo’ — perguntou Janice, que segurava nas mãos Tristes trópicos [...]” (p. 83); “ ‘Sabe qual é a novidade?’ — encarou os colegas com um desafio, e continuou: ‘Leio O capital, de Karl Marx’ ” (p. 24).
- a música: “[...] todos fizeram um círculo entre as prateleiras de discos e cantaram When I got troubles, de Bob Dylan” (p. 16); “Era sexta-feira, e havia no ar uma boa sensação, continuavam felizes ali sentados, escutando os Beach Boys, de vez em quando Celly Campello [...]” (p. 59).
- o cinema: “Seguiram como um casal, pela calçada da rua do Catete; tinha agora um cartaz de James Dean de Juventude transviada ao lado do de Cantinflas, na entrada do cinema Astheca [...]” (p. 61); “[...] e ficou examinando o cartaz de Barravento, de Glauber Rocha, fixado em um mega painel, entre cenas de cinema, tinha visto o filme na noite anterior no cine Odeon” (p. 81).
            Eis então uma pequena amostra textual da técnica de acumulação mencionada, cujo produto final, conforme vimos, é o desenho da moldura ético-estética de uma época, à medida que compõe, em conjunto íntegro, a dimensão dos comportamentos e as referências culturais que os orientam. Composição, de resto, concretizada em narrativa ágil e veloz, que se precipita em ritmo de videoclip, como que encarnando o próprio frenesi do mundo de que é a representação ficcional, mundo que, como hoje podemos saber, apenas prefigurava o que ora vivemos, com seu ritmo ainda mais vertiginoso, a dissolver a vida em ligeireza.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

ONDE ESTÁ O BRASIL?







                                                  Cunha e Silva Filho


      A crítica literária, o ensaio, a tradução, a crônica, o artigo  acerca de temas  da minha preferência me atraem, mas o momento brasileiro,se não me atrai pela positividade,  me atrai  para a discussão,  o debate,  político,  a escrita indignada, a escrita “rebelde” ressonâncias limabarretianas?), cuja  natureza  discursiva  às vezes resvalam para o panfleto. Mas, me perdoe, leitor,  é que, em razão de tanta sem-vergonhice de que se tem notícia a respeito do que ocorre no país, de  tanta impunidade consentida, de  tanta   traição  fingida ou verdadeira, mais uma vez, aqui estou  para falar da vida nacional.
     No Facebook, me deparo com uma cena, no mínimo,  hilariante: o ex-presidente Lula na posse da presidente da Suprema Corte. Lá estava ele,  lépido e ladino,  com  a mesma facies  que sempre lobriguei  no seu olhar e no seu andar entre pícaro e malandro e, o que é mais grave,    investigado pela Lava-Jato. Lá estava ele  livre, solto,  um passarinho  à procura  de uma solução para o país.
     Naturalmente,  conversava com a elite, com os donos do poder  ((ainda que, na Terra um tanto devastada,   só provisório). Imagine se fôssemos eternos,  imortais,  infinitos... Quem suportaria tanta  notícia e contranotícia,  versões e versões, os  prós e  os contras, fuxicos e conversas ao pé do ouvido, sussurros, balbucios, linguagens cifradas, esoterismos  e camuflagens,  espelhos trocados,  imagens  torcidas,   “um vasto mundo”   cheio de miasmas se alguns  poderosos  fossem  imortais?
    Eu procuro  pelo destino  da minha pátria amada como  o filósofo  Diógenes  procura um  homem  honesto com uma lamparina em pleno  dia  de sol. Só vejo neblinas, nuvens pesadas. Descortino realidades inimagináveis  no grotesco  da política nacional. Não encontro uma saída para  atinar com tanta   impureza no cenário  fosco que se me apresenta  o quotidiano  da nossa  aviltada  vida  pública .
   A Lava-Jato não me sai da cabeça e o diabo é que não consigo dissociá-la da figura  do Lula. Por outro lado,  como hei de enfrentar  os subterrâneos, a intimidade da intimidade, da intimidade, como se  tratasse de uma ficção utilizando-se do recurso do mise-en abyme?  Onde estão a “verdade” e a imaginação  do inconsciente  coletivo? Será que Freud teria alguma pista para chegar aos fatos   incontestáveis das causas  primeiras da origem de todo  esse sofrimento  por que  parte considerável  dos brasileiros está passando? Seria isso  algo    destrinchado  por um  Sherlock Holmes  saído da ficção e transformado em ser de carne e osso para a nossa realidade tupiniquim?  Ou a débâcle financeira nacional teria sua resposta  em alguma das    tragédias shakespearianas?    
   Como  explicar, com argumentos sólidos,  inatacáveis o fato de um  ex-presidente  ser presença  na posse de uma  presidente do STJ? Então, foram só  boatos  os resultados da Lava-Jato,  a quase prisão  do ex-mandatário? Não se pejam  os três poderes da presença do ex-sindicalista  na Suprema Corte? Não seria  esta uma resposta  dos donos do Poder  acenando  para os brasileiros  que, no caso do Lula,  da sua transformação em  homem de posses, com filhos  enriquecidos,   ainda que pese  a dúvida sobre ser ele dono ou  não do sítio de Atibaia?
    Ora,  tudo isso  é um grão de areia  no Saara se fôssemos a fundo  na investigação do famigerado Escândalo do Mensalão, cujos  desdobramentos ainda não tiveram um desfecho  cabal.
   Onde esta o Brasil que queremos a salvo das tramoias   e chicanas  político-partidárias? Será que desejamos um país desenvolvido  convivendo com um país   campeão da impunidade em  quase todos  setores da vida pública? Seria um desatino pensarmos assim, de vez que a alta impunidade  mexe com a infraestrutura  das instituições públicas e democráticas. Não pode m coexistir  progresso  com  corrupção e impunidade.
     Os atos lesivos à economia e às finanças do país se sustentam até certo ponto, mas, em seguida,  começam  a desintegrar-se e os resultados  estão  à vista dos brasileiros: maior violência,  estados falidos,  saúde pública  falida,  funcionários  públicos estaduais, juros altíssimos  nos cartões de crédito, desemprego,  lojas fechando, custo de vida  em alta,  salários encolhidos e arrochados,  cujo exemplo mais  trágico  é o do Rio de Janeiro,   passando seu funcionários e seus aposentados e pensionistas   privações  sem precedentes na história  da vida  pública  brasileira. De longe,  até nos lembram os sofrimentos por que tem passado  a sociedade  grega atual.
     Se fôssemos fazer uma arqueologia das causas  da delicadíssima  situação  financeira do pais, nos últimos quinze anos, posso apontar  como alguns dos   fatores  mais  determinantes  os seguintes:  a roubalheira ativa e passiva, a gastança  e   a propinagem, os escândalos  e as sucessivas denúncias  de  desvios  do dinheiro  público  em conluio  descarado com  alguns setores  corruptos da  empresariado  brasileiro.Isso explicita  à saciedade o  motivo nuclear e  decisivo   da falência  do Estado Brasileiro.
      O país de nossos  sonhos não encontro  no mapa  geográfico. Onde está o Brasil?
    

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

AUMENTO NAS TARIFAS, PROIBIÇÃO DE AUMENTOS SALARIAIS E OUTRAS QUESTÕES












  Cunha e Silva Filho
            
        Durante  o primeiro mandato de  Dilma Rousseff, e bem assim no seu segundo mandato interrompido pelo impeachment, o funcionalismo federal de cargos  médios e baixos nunca foi contemplado com um  reajuste salarial no sentido restrito do termo, porquanto alguma reposição que tenha sido  supostamente dada,  com base  na inflação,  nada acrescenta ao bolso  do barnabé. 
       O governo  federal atual  parece estar seguindo o mesmo  caminho, o de conter  qualquer pretensão   de reajuste dos servidores.Ora, quem  ganha  bem, como os membros dos altos escalões da República, pode  suportar,   por muito mais tempo,  um novo  reajuste. No entanto, quem  ganha muito menos  do que eles, ou quem  percebe baixos salários,  sai sempre perdendo. Lembro-me do que, na administração FHC,  o funcionalismo  sofreu o diabo. O governo foi duro,  inflexível e o servidor jamais viu a cara de um aumento. Foi arrocho  pra valer. Os preços aumentam  para todos, contudo nem todos  pertencem  ao elitismo  dos  altos  cargos  públicos, setor no qual  um bom aumento  redunda em  milhões de gastos com salários  a privilegiados nas administrações federal,  estaduais e municipais. Já no setor   privado,  o  empregado, de qualquer  nível,  tem  seus sindicatos  bem mais  unidos do que  no âmbito  público. 
         Já nos governos do Lula, pelo menos para a classe do professorado,  houve  um  plano de carreira posto  em prática com aumentos escalonados que não descontentaram  ninguém.A classe dos professores foi também bafejada como um  bom número de novas  universidades  públicas e escolas técnicas espalhadas pelo país, dando oportunidades a jovens concursados do ensino médio e superior. Daí,  talvez,  seja  este um dos motivos  da adesão  política ao petismo, não obstante o descalabro  da corrupção administrativa  dos seus dois mandatos, que levou o PT à ruína  que se aproximava e  culminando com  o afastamento e perda de mandato   de Dilma Rousseff.
       Diante desta situação, se pode facilmente deduzir  que o governo Temer comete uma injustiça, quer dizer,  penaliza o  funcionalismo  duplamente: pela inflação que faz encolher  cada vez mais os salários, chamado de arrocho salarial  e determina, por seu turno,   aumentos anuais às agências reguladoras. Isso e um contrassenso.
      Por que não segura os preços dos remédios, dos alimentos, das tarifas públicas ou  de concessionárias. Essa  história  de  que tem  que controlar  os gastos  do governo, sanear   as contas públicas, arrecadar  mais não é de hoje para quem acompanha durante anos  a vida econômica  brasileira, a situação  financeira do país sempre foi, latu sensu, a mesma lengalenga, i.e., os problemas  econômico-financeiros  têm sido crônicos. 
     Portanto,  juros altos,  elevado custo de vida,  aumento de aluguel,  compra da casa própria e outros itens já eram  práticas   empregadas pelos setores públicos    Basta ler jornais  de décadas passadas para se confirmar que  o mesmo o script de filme ou de  novela  se repte na contemporaneidade  da vida nacional.
   O que diferencia  substancialmente  o hoje do ontem  em nosso país  é a violência praticada por adultos e jovens criminosos, o narcotráfico, o recrudescimento  da corrupção  política além  dos graves  problemas de saúde pública  no setores  federal, estaduais e  municipais. E, diga-se,de passagem,  todas essas mazelas que açoitam  a cidadania  brasileira  convergem para um  vilão número  1: a impunidade.
   A cultura da impunidade é que tem  dado  forte combustível  a fim de que, em todos os  segmentos  do Estado Brasileiro, ela mantenha e realimente o establisment da ausência de ética,  da imoralidade, dos desmandos governamentais e da práxis política ao arrepio dos princípios  constitucionais de um  sistema democrático somente visível na teoria, porém flagrantemente  desrespeitado na sua aplicação `na vida  em sociedade,   cujo resultado  mais  nefando e previsível é esse  viver continuamente na condição  indefinida, protelatória  e precária de “país do futuro.”