Cunha e Silva Filho
Estou ciente de que estou repetindo o
tema do conhecimento geral da sociedade. Muitas vezes não escolhemos os temas,
ele é que nos escolhem e, desta forma, somos
apenas o agente da transmissão.
O país
vive uma crise geral aguda, afetando
vários setores da vida nacional relacionados diretamente às
seguintes questões em andamento: a situação grave da economia, a inflação, o alto custo de vida, a interinidade do cargo
de presidente da República, as investigações da Polícia
Federal no sentido de punir os
responsáveis envolvidos nos escândalos de desvios do dinheiro público do governo federal, sobretudo do início da era Lula até ao período da
presidente afastada e, para culminar
esses desastres sociais, a
violência galopante que toma conta das
grandes e pequenas cidades de todo o país.
Não é necessário ser um sociólogo para constatar a vitória da violência quotidiana
sobre os órgãos de segurança
pública. Nesse jogo do bem contra
o mal está vencendo a violência
Por que, então, o mal está sendo o campeão na corrida da
violência? Ora, está
vencendo porque, em primeiro lugar,
não se combateu, à altura do que a sociedade civil espera dos governantes, a impunidade. Essa fera indomada ainda se coloca em segundo plano, a começar da legislação penal falha e desatualizada para os tempos apocalípticos que estamos atravessando.
Estou cansado de ouvir, de ver, de saber
pela diversas mídias que os
homicídios, os assaltos, os estupros, o tráfico de drogas, a contravenção correm soltos
e fagueiros. A morte, pelos vários tipos de violência, ronda todos os brasileiros, sem exceção, não obstante
uns privilegiados estejam mais protegidos por serem ricos e por terem
poder.
Por conseguinte, as vítimas, em estado
de banalização, vão aumentando as taxas
de violência. Jovens vão sendo ceifados às dezenas, às centenas. Diuturnamente. Gritantemente. Ao abandono dos órgãos competentes federal, estaduais e
municipais, que deveriam estar em
combate sem trégua, contra esse mal que
contamina o tecido social, pondo em polvorosa toda uma Nação, tem-se
a impressão de que o país não tem governo,
não tem leis, não tem meios de
lutar contra esse inimigo cruel,
impiedoso e até consciente de que nada contra ele se está efetivamente fazendo.
Prioriza-se a gerência da crise financeira como se esta fosse a solução dos
outros malefícios que afligem o nosso
povo, quando, ao contrário, já há tempos
o país vem sofrendo com as mazelas
da criminalidade, com as leis frouxas
que até parecem ficar do
lado dos celerados e não dos
martirizados.
Dessa forma, a Justiça vira injustiça e forma indireta de cumplicidade com a alta criminalidade, que
mata - repito -, continuamente, em todo
o território brasileiro, jovens,
adultos, velhos, pobres, classe média,
ricos. Sem exceção. Somos todos
reféns da violência nacional. As
armas estão com os bandidos. Os homens de bem,
os desprotegidos estão à
mercê dos facínoras. A paz social, a ordem pública estão sobrevivendo em meio ao caos urbano, do interior,
em toda a parte.
E por isso há mães e pais chorando pelos
filhos assassinados brutalmente, as
esposas chorando pelos seus
companheiros executados, os esposos chorando pelas suas mulheres mortas, os avós pelos seus netos assaltados e mortos,
os policiais fuzilados em combate contra
traficantes mais bem armados, as balas perdidas
dizimando crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Será
que as autoridades brasileiras, a começar do presidente da República, não estão
vendo toda essa carnificina que se avizinha, nos seus efeitos
destruidores, a guerras civis ou a atos
terroristas? São todos reis nus que
desfilam sendo ovacionados pelos seus súditos bajuladores?
Será
que os juristas, juízes, os desembargadores, as instituições ligadas aos direitos humanos
não enxergam tamanha mortandade de
inocentes e nada fazem no sentido
de pressionarem o Congresso
Nacional a alterar leis
anacrônicas ou muito lenientes que não dão mais conta do império da violência
vivida pela contemporaneidade?
A questão da violência, da
insegurança da sociedade,, a meu
ver, devia ser um problema de segurança nacional, porquanto afeta
diretamente o direito à vida das pessoas de bem. Vidas encurtadas de
repente por homicídios cruéis equivalem a prejuízos enormes no desenvolvimento do país
em todos os seus níveis de atividade.
Em sucessivos artigos, tenho mostrado que a violência seria o primeiro
grande problema brasileiro a ser enfrentado com todo o rigor. Se continuarmos
sendo regidos pela mesma atual
legislação penal, que serve mais
ao criminoso do que a preservação da vida, então estaremos fadados
à perpetuação da criminalidade e
do seu recrudescimento.
Enquanto prevalecerem brechas nas leis penais, recursos e mais recursos em favor dos criminosos, comutação de pena, prisão condicional para
assassínios hediondos, prisão domiciliar e outros benefícios penais estaremos
mais estimulando a prática dos crimes
do e relegando a segundo plano o equacionamento de fatores dissuasórios. As sentenças, de acordo
com a gravidade do delito, devem ser cumpridas à risca sem as tradicionais regalias
de que dispõem os meliantes.
Sendo um leigo em direito penal, não me constranjo em
defender a tese da prisão perpétua por
um período experimental.. Com ela em vigor, acredito que boa parte da
criminalidade será contida. Friso “prisão perpétua” mesmo, sem brechas nem
chicanas com o cumprimento da sentença à
risca, da mesma forma que sou a favor,
nas mesmas condições de vigência provisória, da redução da minoridade penal aos
catorze anos.
Certamente,
essas mudanças mais severas para os apenados deverão ser
desenvolvidas paralelamente a um
avanço efetivo no sistema de educação do
país e nos níveis de melhorias sociais de nossa sociedade.Deficiência de
educação, pobreza e criminalidade andam juntas.
Combatendo as duas primeiras, caminharemos em direção a um redução
drástica da violência brasileira.
Muito bem, meu amigo Cunha e Silva Filho! Você colocou em palavras escritas, o que todos nós sentimos na pele! Estamos todos em 'carne viva'. O seu texto, também nos serviu de 'pele' nesto momento difícil! Parabéns! Continue a pensar e a escrever! Muitas inspirações! Abraço.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaro Givaldo Quizeiro:
ResponderExcluirApraz-me saber que posso contar com mais um leitor e intelectual com o qual - posso dizer- me identifico por algumas ideias e posições sobre temas que afligem tanto o mundo atual e o Brasil em particular. Fico muito contente por saber que nunca é vã a atvidade escrita com seriedade e amor à verdade.
Forte abaraço do amigo
Cunha e Silva Filho