domingo, 8 de março de 2015

A violência nacional e o Brasil político no Facebook



                                               Cunha   e Silva Filho


            Antes mesmo  de  começar a redigir este artigo,  me surpreendo com  as últimas chamadas de jornais  brasileiros on-line   fazendo  referências ao  discurso hoje da Presidente  Dilma no   Dia  Internacional da Mulher. As referências   não são  favoráveis ao  pronunciamento  soft  da  Presidente Dilma   que, só ligeiramente,  tratou  das aflições  de que é vítima  a mulher  brasileira hoje enfrentando  uma  situação inusitada  e recorrente: o sofrimento   da violência  e  crueldade a ela impostos   por  maridos covardes,   companheiros traídos   ou  namorados rejeitados.
        A aprovação de uma  lei  que pune  as ações cruéis contra  a mulher enquadra os infratores   machistas  como  crime  hediondo  sempre que  o ato covarde contra  a mulher  produza  um homicídio.
         Segundo  a Presidente,  a aplicação da lei será mais  rigorosa. Ninguém  contestaria   a  oportuna  aprovação  de uma lei  desse teor, mas é preciso que outras leis  venham  a ser  aprovadas  para os  outros tipos de  violência  sem  limite e abomináveis  de que a legislação  penal  não pode   abrir mão, e aí se incluem  os crimes  hediondos   praticados  por  criminosos  adultos e de menor.
       As penas devem  ser  drásticas  a ponto  mesmo  de  se poder   repensar a questão   controvertida  da prisão  perpétua cumprida  com todo  o  respeito  a  essa condição  punitiva.  E essa punição se estenderia  também  aos menores   delinquentes reconhecidamente   reincidentes  na prática  de  crimes que  causem   indignação  à sociedade  que, até  hoje no país  se vê   injustiçada com   a tão conhecida   impunidade  de facínoras  de todas  as idades.
      Os contumazes      benefícios   de  bom  comportamento,  de   redução   de pena a assassinos  desumanos devem ser abolidos. Criminoso é criminoso e, como tal,  deve ser  tratado.  Do contrário,  caso  não se   vejam  acuados   por uma   legislação  criminal    rigorosa e inibitória  que os façam   pensar  duas vezes antes  de   perpetrar  atos  de selvageria, não haverá  nenhuma melhoria   na escalada da violência   em nosso  país. Esta  é a minha  apreciação do primeiro  tema que enunciei no título   da coluna.
      O segundo  tema da discussão   que me proponho em síntese    comentar é a questão  política  do atual  governo  federal na rede  social,o Facebook. Acompanhando por algum tempo as mensagens  e  os comentários   postados   nessa rede,  diviso   duas vertentes  em que  se percebe  nitidamente    uma clivagem   entre os   usuários  do Face: os defensores   do PT  tendo  a Presidente Dilma  como   protagonista  e os   opositores   do governo. A natureza da divergência  se tornou  quase um campo de batalha  no reino da virtualidade.
       Assim como  ocorre em  outros campos  de   posições  conflitantes,  o religioso e  o  do futebol,   o  do domínio da política  se conota    de  características   que beiram  a uma espécie  de fanatismo e, como tal,   o código  linguístico de um lado e de outro  pode oscilar entre o sermo   nobilis, ou seja,    enobrecimento  da linguagem ao  do rebaixamento, sendo que o grau de acirramento  se torna mais   evidente  da parte  dos anti-petistas que não titubeiam  diante do emprego do sermo  vulgaris,  da  linguagem  chula e de uma forma    que se avizinha  de uma deformação   paródica  diante   do comportamento   dos  políticos  em geral e do   PT em  especial.
       Os alvos  principais   da  oposição  aos desmandos  do governo  federal são  o Lula e  Dilma. O nível  de  desconstrução   dessas duas   figuras   é de arrepiar  os cabelos. Neste contexto,  adentra-se   no puro  domínio    da destruição pelo  instrumento da palavra sem peias    nem  freios e mordaças.  A indignação   que tomou  conta  do antilulismo e do antidilmismo  só  encontro   parelha  em campanhas  da história  política brasileiras em regime democráticos   dos anos   quarenta e cinquenta do século passado.
      Contudo,   o  grau  de  registros linguísticos de agora  julgo ser ainda mais  desagregador  porque  se combina com  o xingamento   aberto  e desassombrado. O Face se transformou, assim,  num fórum   de expressão   de repúdio  e de  indignação   contra  o atual  governo. Creio que  provocou não apenas  divergências de ideias, mas    constrangimentos   e  inimizades   mudas,  silenciosas, subterrâneas. Como debate   político, o Face se constituiu  no espaço mais  democrático  e ao mesmo  tempo  mais demolidor  que já se  conheceu  na mídia  em nosso  país.

      De um fato  estou  certo:  o país  está  dividido, cindido e entre um lado e outro não existem   santos  nem anjos, o que nos leva a afirmar: criou-se um impasse de voz dupla entre  defensores   e adversários  ferrenhos   da situação política nacional. Aguardemos os desdobramentos.        

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