Cunha e Silva Filho
Antes mesmo de
começar a redigir este artigo, me
surpreendo com as últimas chamadas de
jornais brasileiros on-line fazendo
referências ao discurso
hoje da Presidente Dilma no Dia Internacional da Mulher. As referências não são
favoráveis ao pronunciamento soft da
Presidente Dilma que, só
ligeiramente, tratou das aflições
de que é vítima a mulher brasileira hoje enfrentando uma
situação inusitada e recorrente:
o sofrimento da violência e
crueldade a ela impostos por
maridos covardes, companheiros
traídos ou namorados rejeitados.
A aprovação de uma lei
que pune as ações cruéis
contra a mulher enquadra os
infratores machistas como
crime hediondo sempre que
o ato covarde contra a
mulher produza um homicídio.
Segundo a Presidente,
a aplicação da lei será mais
rigorosa. Ninguém
contestaria a oportuna
aprovação de uma lei desse teor, mas é preciso que outras
leis venham a ser
aprovadas para os outros tipos de violência
sem limite e abomináveis de que a legislação penal
não pode abrir mão, e aí se
incluem os crimes hediondos
praticados por criminosos
adultos e de menor.
As penas devem ser
drásticas a ponto mesmo
de se poder repensar a questão controvertida da prisão
perpétua cumprida com todo
o respeito a essa
condição punitiva. E essa punição se
estenderia também aos menores
delinquentes reconhecidamente
reincidentes na prática de crimes
que causem indignação
à sociedade que, até hoje no país
se vê injustiçada com a tão conhecida impunidade
de facínoras de todas as idades.
Os
contumazes benefícios de
bom comportamento, de
redução de pena a
assassinos desumanos devem ser abolidos.
Criminoso é criminoso e, como tal, deve
ser tratado. Do contrário,
caso não se vejam
acuados por uma legislação
criminal rigorosa e
inibitória que os façam pensar
duas vezes antes de perpetrar
atos de selvageria, não
haverá nenhuma melhoria na escalada da violência em nosso
país. Esta é a minha apreciação do primeiro tema que enunciei no título da coluna.
O segundo
tema da discussão que me
proponho em síntese comentar é a questão política
do atual governo federal na rede social,o Facebook.
Acompanhando por algum tempo as mensagens
e os comentários postados
nessa rede, diviso duas vertentes em que
se percebe nitidamente uma clivagem entre os
usuários do Face: os defensores do
PT tendo
a Presidente Dilma como protagonista
e os opositores do governo. A natureza da divergência se tornou
quase um campo de batalha no
reino da virtualidade.
Assim como ocorre em
outros campos de posições
conflitantes, o religioso e o do
futebol, o do domínio da política se conota
de características que beiram
a uma espécie de fanatismo e,
como tal, o código linguístico de um lado e de outro pode oscilar entre o sermo nobilis, ou seja, enobrecimento
da linguagem ao do rebaixamento,
sendo que o grau de acirramento se torna
mais evidente da parte
dos anti-petistas que não titubeiam
diante do emprego do sermo vulgaris,
da linguagem chula e de uma forma que se avizinha de uma deformação paródica
diante do comportamento dos
políticos em geral e do PT em
especial.
Os
alvos principais da
oposição aos desmandos do governo
federal são o Lula e Dilma. O nível de
desconstrução dessas duas figuras
é de arrepiar os cabelos. Neste
contexto, adentra-se no puro
domínio da destruição pelo instrumento da palavra sem peias nem
freios e mordaças. A
indignação que tomou conta
do antilulismo e do antidilmismo
só encontro parelha em campanhas
da história política brasileiras
em regime democráticos dos anos quarenta e cinquenta do século passado.
Contudo,
o grau de
registros linguísticos de agora
julgo ser ainda mais
desagregador porque se combina com o xingamento
aberto e desassombrado. O Face se transformou, assim, num fórum
de expressão de repúdio e de
indignação contra o atual
governo. Creio que provocou não
apenas divergências de ideias, mas constrangimentos e
inimizades mudas, silenciosas, subterrâneas. Como debate político, o Face se constituiu no espaço mais
democrático e ao mesmo tempo
mais demolidor que já se conheceu
na mídia em nosso país.
De
um fato estou certo:
o país está dividido, cindido e entre um lado e outro
não existem santos nem anjos, o que nos leva a afirmar: criou-se
um impasse de voz dupla entre defensores e adversários ferrenhos
da situação política nacional. Aguardemos os desdobramentos.
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