segunda-feira, 30 de março de 2015

Primeiros eles, depois ou nunca, os outros.



                                                           Cunha e Silva Filho


      A Presidente Dilma não foi  correta nas afirmações  da  campanha à reeleição e o não foi  simplesmente porque  escondera   dados sobre a  grave situação  econômica do seu governo. Venceu a eleição  pelo  engano e  vãs promessas em  discursos  meramente de caráter eleitoreiro.
      Tal postura não combina bem com o papel  de um  estadista, de um Chefe de Governo. O seu partido  já havia perdido a ética  partidária   com o  “Escândalo do Mensalão.”  Mesmo assim,  Dilma   ganhou um segundo mandato graças  às benesses  chamadas   de   bolsa-família,  bolsa disso,  bolsa daquilo  distribuídas, pelo  Brasil afora,   por ausência   de  fiscalização, até para quem  delas  não  precisa.
     O Nordeste, sobretudo, nela votou maciçamente, porquanto  ali  vive uma  população   ainda muito carente, onde alguns   continuam, até hoje, por exemplo,  em cidades  do  estado do Maranhão, praticamente   morrendo  de fome.
     O bolsa-família é o maior  cabo eleitoral do  PT. Daí, a vitória, posto que apertada,  de Dilma.O ex-presidente Lula ainda alimenta o imaginário  nordestino como  mais um salvador da pátria,  que,  nos dois mandatos presidenciais,  se aproveitou   matreiramente, conforme é do seu  feitio e de seu  espírito  inclinado  a picardias,  da situação  econômica  do governo  anterior,  o do FHC, e deu uma guinada em mudanças   de natureza social em direção  às classes  mais desfavorecidas,  ganhando  o apoio incondicional  destas e dividendos futuros. 
   Por isso,  foi  elogiado  dentro e fora do  país,  ganhou  títulos  de doutor em mais de uma universidade, aqui e fora do Brasil. Até biografia  virou  nas mãos de um  intelectual da Academia Brasileira de Letras  conhecido  pela sua  linguagem  rebuscada   e intraduzível. No exterior,  em universidades de peso,  é classificado como   político da esquerda, o que,  na realidade, não é verdade, uma vez que  se dá bem com  capitalistas,  tendo até  tido como  vice um empresário já falecido.  Se um filho  seu  é dono  de uma  grande empresa,  se ele próprio Lula  já tem  hábitos de vida e condições  burguesas,  que diabo de esquerdista  é ele então?
       Segundo  acima   afirmei,  Dilma , logo  após a vitória  certa e líquida,  mostrou   a verdadeira  facies  a que viera no segundo mandato:  renegar tudo que  declarara nos comícios e fazer o inverso do que prometera, a par de ainda  permitir  que ela própria,   o legislativo e o  judiciário fossem  brindados  com um  aumento  substancial  de seus salários num momento  incompatível  com   gastos   financeiros. O funcionalismo  federal, se teve  algum aumento,  foi   praticamente  invisível diante  da  triste  realidade   que o segundo  mandato   só  revelara  depois da vitória: uma  economia   necessitando  de  modificações   e  ajustes,  de cortes no  Orçamento Federal.
    O governo federal,  ao mesmo   tempo  que   está cortando  gastos, está determinando   e permitindo  aumento  inflacionário nos preços  de itens   vitais à sociedade: remédios,  energia,  gás,  luz, alimentos, tributos,   imposto de renda, enfim,  queda  absurda do  PIB,  recessão entre outras mazelas  provocadas  pelo  próprio governo federal que gastou  perdulariamente nas campanhas, sem se falar  no  escandaloso    desmonte financeiro da Petrobrás pela vias abertas da corrupção deslavada  e sem precedentes na história da política  brasileira. Quer dizer,  um  governo  que  engana  a consciência  da sociedade em vários  setores   do Estado não  pode  querer  a estima  do povo, mas o repúdio, as manifestações em praça pública  de indignação  contra  todos os seus erros  e  falcatruas  permitidas  ou  provocadas pelo  próprio  governo federal.
      Diante de males  construídos   pelo  governo de Dilma, torna-se difícil  permanecer  calado como cordeirinho.  Frente a  bandalheiras,  não há “brasileiro cordial” que suporte o tranco. Hoje,  praticamente,   nenhum dos poderes   se torna confiável  para a sociedade civil, a não ser para  os  fanáticos  ideológicos, sempre  cegos   diante  dos males que afligem a nação.
    Essa posição  alienante,  causada  pelo  fanatismo  político-partidário, atingindo mesmo  os níveis  de eleitores  letrados, me faz  lembrar  o surgimento  dos adeptos  do  regimes de força,  dos  totalitarismos de esquerda e de direita,  que só ouvem  a voz única dos seus líderes,   inimigos da humanidade e provocadores  dos males  universais, segundo se viu  na Segunda Guerra Mundial, tendo à frente o nazifascismo. 
     Se os políticos  estão  desacreditados, se a Presidente  persiste em não  escutar  a voz  da nação,  se o judiciário  se calar diante   de tantos   desmandos,   os fundamentos democráticos   podem entrar em colapso, o que não é bom  nem  para  o status quo   atual nem  para a sociedade. Por tais caminhos  é que,  se o escândalo da Petrobrás não for resolvido a contento,  quer dizer,  com   a revelação e a punição  de todos  os  criminosos   financeiros do  dinheiro do contribuinte, se outros graves  problemas  não  forem  solucionados, tais como  a violência  crônica,  a criminalidade,  os abusos dos poderes  constituídos,   a desmoralização  política, os gritantes  e  justos  reclamos  da  sociedade  contra a deterioração   dos setores de saúde pública,  de educação  publica, dos transportes de massa,  o Estado  Brasileiro  correrá perigo  de retrocesso. Ou se moraliza  o  Estado   ou a nação se afunda no abismo que não  queremos nem desejamos.
  A máquina do Estado não pode  privilegiar  os membros  dos três poderes  em detrimento  do sacrifício de quem  está fora do Planalto.Convém    lembrar  aos que detêm  os altos cargos da nação   que   eles não  são  membros de capitanias  hereditárias. Estão lá para servirem, por  período  determinado,   ao povo em todos os níveis  sociais, sobretudo os menos aquinhoados,  os que não têm  poder político, não obstante  terem  o poder do voto que, no conjunto  do eleitorado,  se torna  fracionado e perde sua força  individual. São inúmeras  as razões disso, fruto  contraditório   dos regimes democráticos.
     

      

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