sábado, 14 de março de 2015

O porquê da passeata contra o governo Dilma amanhã, dia 15




                                              Cunha e Silva Filho


       Uma primeira resposta é porque o país,  politicamente,  está  dividido entre os que apóiam  Dilma e os  que  defendem  o  petismo. Há uma cisão ainda que não muito  clara nem  transparente entre os dois lados. Digo  isso em razão de que eleitores  há  que são contra Dilma  mas não querem  tampouco  o Aécio, ou seja,  não  dão sustentação  ao PSDB, partido que  também  não  tem  um  histórico  tão  digno de apreço de  parte dos brasileiros.
    Há acusações contra ele, contra  FHC e contra alguns  de seus  governantes. Ninguém esqueceu  a forma açodada   com que agiu o neoliberalismo   no âmbito das privatizações, o arrocho salarial  a  que  FHC  submeteu  o  funcionalismo  público  federal, o qual  amargou  muitos  anos  de  ausência  de aumentos  salariais e   a  infeliz  afirmação de haver chamado trabalhadores de “vagabundos.”   A única   vitória do seu governo   foi  a implantação  do  plano real, que teve ganhos   entre os  eleitorado   e fortaleceu, por  algum tempo,   a nova  moeda.
   Contudo,  as manifestações que haverá  amanhã contra o  atual  governo  tem sobras de razões: parte da população brasileira,  a classe média em particular e certos  setores do empresariado, não mais  aceitam   a forma como  a Presidente Dilma Rousseff   conduz  o seu governo, sobretudo porque  o nível de corrupção se aprofundou  ao extremo desde  os tempos do “Escândalo do Mensalão’ na gestão de Lula.Ou seja,  o que, a meu  ver,   desqualifica  o  PT  -  já o  afirmei  em artigos  anteriores  - , é ter perdido    credibilidade junto  à população brasileira  em  geral. Remete  esta circunstância a uma questão de quebra de ética  política, de perda de confiança dos seus  principais  protagonistas, de desmoralização  da classe política, respingando  o grosso  da falta de moral  nos  membros tanto  do  PT quanto  de outros partidos do que se chama  base  aliada do governo federal.
      Da mesma sorte,  a razão das manifestações  não é  só a questão da  imoralidade que transbordou os limites dos valores   éticos   indispensáveis  à governança  democrática, mas sobretudo os  escândalos  que  persistem,  através das  investigações da Polícia Federal,  em  novos  nomes  envolvidos  no desmonte  da Petrobrás feito  pela  cúpula   da  estatal mancomunada  com  empresas e negociatas   fraudulentas   alimentadas  pela   propina  milionária   com  destinação certa e líquida a altos dirigentes  da Petrobrás e a políticos   petistas e de outros  partidos  aliados  do  governo.
         Quer dizer,  na consciência  de brasileiros  esclarecidos,   o sucateamento  financeiro da Petrobrás, empresa historicamente associada  à  ideia de  uma  estatal com  fortes  laços de nacionalismo e de sua  importância  como  um   dos patrimônios  de  nossa  produção  petrolífera é um  dos motivos-chave da perda  de  prestígio e de aceitação   dos rumos que  o petismo  tomou   na  administração  do  governo Dilma.
      Todos  esses fatos  ocorridos  em todo  o  período do PT no  poder serviram  de combustível  à indignação   da sociedade  brasileira que, agora,   logo após a  posse  do segundo mandato    de Dilma,  viu  o engodo  do programa  de governo prometido pela Presidente. Tudo  nos leva  a crer que  o descumprimento de um projeto   de segundo mandato   tantas  vezes  reiterado na corrida à presidência sofreu  um  inflexão  na forma  de  iniciar  a administração   de sua segunda  gestão. Daí vieram  as mudanças  inopinadas e  impopulares na condução da economia,  como   alterações   nos direitos   trabalhistas,  ressurgimento do alto custo  de vida ( remédios, alimentação etc.), prejuízos para o contribuinte  no  imposto de renda,   no aumento  das taxas de juros que já eram   insuportáveis e consideradas as mais altas  do mundo, nas pensões federais e nos cortes  de gastos em setores  que, nomeados  pela própria  pela própria  Dilma,  ficariam  intocáveis. Por exemplo,  na educação, ponto de honra  de seu discurso de posse, por ela   denominado  “pátria educadora.” Sem se falar no estado de  precariedade de nosso  sistema de  saúde pública  em petição de miséria,  nos transportes de massa da mesma forma  necessitando  de  modernização  e de ampliação.
     Somando-se  a todas  esses desvios de  governança, cujos efeitos deletérios  já se fazem sentir na economia  nacional,  com  vários  tipos de  comércio  e  de negócios  fechando  as suas portas,  o Brasil se vê atualmente agravado por  outros   componentes  de natureza social: o crescimento   constante e  mesmo   desesperador da violência em todo o país, a impunidade  de criminosos  e  delinquentes  juvenis e até  infantis, a ponto de  vários  cidadãos  brasileiros se verem obrigados  a  sair do  país  visto que aqui  não encontram mais  nenhuma segurança para si e seus familiares.

    O quadro  que  tracei  acima  é suficiente  para que   a sociedade civil  se manifeste  contra  o  estado  nada animador em que  se vê enredado  o petismo,  Lula e Dilma. Que amanhã  a passeata dos  opositores  de Dilma  não fique   prejudicada  pela selvageria dos inimigos da democracia e seja  realizada  com  espírito  de indignação   mas de forma  pacífica a fim de  mostrar  a insatisfação  do povo, em todo o país,  contra  os desastres  deste  governo  que aí está contra a vontade  de tantos  brasileiros destituídos do fanatismo  cego do lulupetismo que se define  de esquerda  quando, na verdade,  nada tem   de socialismo  autêntico, mas de populismo,  de oportunismo e  de enganação  para incautos, uma vez que o lulupetismo, como  afirmou alguém,  se consolidou  com  os ganhos   da ilicitude  das propinas  e da impunidade. Seus dirigentes  não dispensam  as regalias  e a boa vida burguesa  dos capitalistas  de toda a  parte. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário