Cunha e Silva Filho
Uma primeira resposta é porque o
país, politicamente, está
dividido entre os que apóiam
Dilma e os que defendem
o petismo. Há uma cisão ainda que
não muito clara nem transparente entre os dois lados. Digo isso em razão de que eleitores há que
são contra Dilma mas não querem tampouco
o Aécio, ou seja, não dão sustentação ao PSDB, partido que também
não tem um
histórico tão digno de apreço de parte dos brasileiros.
Há acusações contra ele, contra FHC e contra alguns de seus
governantes. Ninguém esqueceu a
forma açodada com que agiu o
neoliberalismo no âmbito das privatizações, o arrocho
salarial a que
FHC submeteu o
funcionalismo público federal, o qual amargou
muitos anos de
ausência de aumentos salariais e
a infeliz afirmação de haver chamado trabalhadores de
“vagabundos.” A única vitória do seu governo foi a
implantação do plano real, que teve ganhos entre os
eleitorado e fortaleceu,
por algum tempo, a nova
moeda.
Contudo,
as manifestações que haverá
amanhã contra o atual governo
tem sobras de razões: parte da população brasileira, a classe média em particular e certos setores do empresariado, não mais aceitam
a forma como a Presidente Dilma
Rousseff conduz o seu governo, sobretudo porque o nível de corrupção se aprofundou ao extremo desde os tempos do “Escândalo do Mensalão’ na gestão
de Lula.Ou seja, o que, a meu ver, desqualifica o PT - já
o afirmei em artigos
anteriores - , é ter perdido credibilidade junto à população brasileira em geral. Remete esta circunstância a uma questão de quebra de
ética política, de perda de confiança
dos seus principais protagonistas, de desmoralização da classe política, respingando o grosso
da falta de moral nos membros tanto
do PT quanto de outros partidos do que se chama base
aliada do governo federal.
Da mesma sorte, a razão das manifestações não é só a questão da imoralidade que transbordou os limites dos valores éticos indispensáveis à governança democrática, mas sobretudo os escândalos
que persistem, através das
investigações da Polícia Federal, em
novos nomes envolvidos
no desmonte da Petrobrás
feito pela cúpula
da estatal mancomunada com
empresas e negociatas fraudulentas alimentadas pela propina milionária
com destinação certa e líquida a
altos dirigentes da Petrobrás e a políticos petistas e de outros partidos
aliados do governo.
Quer
dizer, na consciência de brasileiros esclarecidos, o sucateamento financeiro da Petrobrás, empresa
historicamente associada à ideia de
uma estatal com fortes laços de nacionalismo e de sua importância
como um dos patrimônios de nossa produção
petrolífera é um dos
motivos-chave da perda de prestígio e de aceitação dos rumos que o petismo tomou na administração do governo Dilma.
Todos
esses fatos ocorridos em todo
o período do PT no poder serviram de combustível à indignação
da sociedade brasileira que,
agora, logo após a posse
do segundo mandato de
Dilma, viu o engodo
do programa de governo prometido
pela Presidente. Tudo nos leva a crer que
o descumprimento de um projeto
de segundo mandato tantas vezes
reiterado na corrida à presidência sofreu um
inflexão na forma de
iniciar a administração de sua segunda gestão. Daí vieram as mudanças inopinadas e impopulares na condução da economia, como
alterações nos direitos trabalhistas, ressurgimento do alto custo de vida ( remédios, alimentação etc.), prejuízos para o contribuinte no
imposto de renda, no aumento das taxas de juros que já eram insuportáveis e consideradas as mais
altas do mundo, nas pensões federais e
nos cortes de gastos em setores que, nomeados pela própria pela própria Dilma, ficariam intocáveis. Por
exemplo, na educação, ponto de
honra de seu discurso de posse, por
ela denominado “pátria educadora.” Sem se falar no estado de precariedade de nosso sistema de saúde pública em petição de miséria, nos transportes de massa da mesma forma necessitando de modernização e de ampliação.
Somando-se
a todas esses desvios de
governança, cujos efeitos
deletérios já se fazem sentir na
economia nacional, com vários tipos de
comércio e de negócios
fechando as suas portas, o Brasil se vê atualmente agravado por outros
componentes de natureza social: o
crescimento constante e mesmo
desesperador da violência em todo o país, a impunidade de criminosos
e delinquentes juvenis e até
infantis, a ponto de vários cidadãos
brasileiros se verem obrigados
a sair do país visto
que aqui não encontram mais nenhuma segurança para si e seus familiares.
O quadro
que tracei acima
é suficiente para que a sociedade civil se manifeste
contra o estado
nada animador em que se vê
enredado o petismo, Lula e Dilma. Que amanhã a passeata dos opositores
de Dilma não fique prejudicada
pela selvageria dos inimigos da democracia e seja realizada
com espírito de indignação
mas de forma pacífica a fim
de mostrar a insatisfação do povo, em todo o país, contra
os desastres deste governo
que aí está contra a vontade de
tantos brasileiros destituídos do fanatismo cego do lulupetismo que se define de esquerda quando, na verdade, nada tem
de socialismo autêntico, mas de
populismo, de oportunismo e de enganação
para incautos, uma vez que o lulupetismo, como afirmou alguém, se consolidou
com os ganhos da ilicitude
das propinas e da impunidade. Seus
dirigentes não dispensam as regalias
e a boa vida burguesa dos
capitalistas de toda a parte.
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