Cunha e Silva Filho
O foco principal
da atenção dos brasileiros, pelo
menos daqueles que pensam um pouco no destino
desta pátria, são as eleições
deste ano, cujas campanhas andam a ferro
e fogo. Centro a minha atenção nos candidatos à Presidência da República:
Dilma, Marina e Aécio. Observo o que falam na televisão, nos jornais e me ponho em grande dúvida: quem merece meu voto? Não
sinto vontade de votar em ninguém até agora. Talvez mude essa minha posição. Não sei. Tudo é tão confuso, como ouvi de uma
jornalista da Folha de São Paulo.
Tenho
pouco tempo à frente para apertar os botões da urna eletrônica. O tempo urge. A
minha decisão também. Só me consola
fazer alguns comentários
como simples eleitor. E lá vão eles.
Que aflição dizer alguma coisa sobre a Dilma! Vejo nela
acertos, mas vejo sobretudo mais
erros e estes – não há como fugir a
esse pensamento – estão sempre associados
aos" malfeitos" (palavra dea) de seu governo, ao silêncio sobre as falcatruas que enlamearam o seu mandato, assim como ocorreu com
o seu antecessor, o Lula, do qual
Dilma é parte caudatória em vários planos
e em várias ações tomadas por ela em seu mandato. Há uma indisfarçável
relação de imagens negativas com algumas positivas.
Mas, como disse, os erros são gritantes e comprometedores:
o caso da refinaria em Pasadena, nos
EUA, o envolvimento da Petrobrás e altos funcionários com a
corrupção, o gigantismo de ministérios, os quais deveriam ser cortados pela metade. Sinto que há um esgotamento das
possibilidades de um novo mandato
para ela. O pior que pode acontecer a um governante, que é o exemplo de
Dilma, e foi também o do Lula nos dois mandatos, é o fato de
que a estrutura política do seu governo e do próprio arcabouço geral
do Estado Brasileiro, diante
da corrupção endêmica, a isenta de
certo envolvimento e
responsabilidade por ações nefandas do seu governo.
Outro fator desfavorável tem sido a persistente incompetência do governo federal de resolver
magnas questões que afligem enormemente a sociedade brasileira, sendo a
primeira a falta de segurança da população,
tanto urbana quanto no
interior do país.É óbvio que isso não é só culpa do governo federal. Têm grande
parcela de responsabilidades os governos
estaduais e municipais naquilo que poderiam melhorar
a segurança do povo brasileiro.
O país precisa urgente
de combater, com
todos os meios ao seu alcance, a violência
praticada pelo banditismo. Mata-se
no país como se vivêssemos em
estado de guerra
civil. Os demais problemas
que enfrenta a nossa
sociedade civil são a saúde
e o transporte das duas principais grandes cidades: São Paulo e Rio de Janeiro. Um terceiro grande problema é a educação
pública do ensino fundamental e médio. Os alunos e os
professores são as duas grandes vítimas, sendo que hoje o professor da rede pública municipal e estadual está sofrendo, além das angústias de baixos
salários, a violência cometida por alunos, o que fez hoje à noite, no noticiário da TV, declarar uma
professora, vítima da violência nos colégios
públicos, que o magistério
se tornou uma profissão
“perigosa.’ Como se vê, a
candidata Dilma não “atacou” os problemas
mais dolorosos da sociedade brasileira.
Marina está
crescendo nas intenções de votos.
No entanto, como a Dilma
e o Lula, não é uma candidata com
experiência no executivo. Diz
ter um programa de governo que deve
unir os políticos e não os dividir em inimigos. Parece
ser uma candidata bem intencionada, porém teve, no passado,
afinidades com o petismo, tendo ela mesma sido ministra
do Lula. A morte trágica de Eduardo Campos foi determinante,
do ponto de vista de comoção nacional, na sua ascensão junto ao eleitorado. Contudo, há uma diferença grande entre
as raízes políticas de Campos (que
também foi ministro de Lula), neto
de Miguel Arraes, e a candidata de
voz suave e de gestos
simples.
Por fim,
temos o Aécio, do PSDB, partido
de grande peso político, ostensivamente de oposição a Dilma. Afirma Aécio ter sido
bom governador de Minas Gerais. Mas, a meu ver, lhe falta mais garra, mais carisma,
maior capacidade de aglutinar
e seduzir a multidão de
eleitores. Uma observação : nenhum dos candidatos tem o dom
da oratória e esta vantagem ajuda
um bom e competente candidato
às altas funções da Presidência.,
embora se saiba que a eloquência
não faz um bom governo.É claro que disso está
excluída o histrionice e os
gestos teatrais de alguns presidentes que tivemos
no passado. O que quero dizer é
que a competência de se fazer bem
entendido pelo povo, a “facilidade
de expressão” como costumava falar
meu pai,
ajuda um candidatos preparado e de
boa índole. Veja-se o exemplo de um Juscelino Kubitcheck. Estas qualidades não podem se confundir com a dicção
populista e facilmente digerível
de salvadores da pátria nem com a gestualidade grotesca e
estridente à maneira de Hitler.
Nesse período decisivo da corrida presidencial, muita água limpa e suja vai rolar. O eleitor, depois das manifestações pacíficas do ano
passado, dos exageros dos blacbocks,
seguramente estará mais convicto
do candidato a quem vai dar seu
voto. Nestas eleições contamos ainda
com as redes sociais, que são, com todos
os seus defeitos mas também qualidades, um locus potencialmente forte na decisão
dos eleitores. O espaço virtual
da internet, graças a Deus está livre e desimpedido.
Dizem o que querem e como querem os usuários do Facebook, colocam-se
vídeos comprometedores da imagem
e da figura do candidato, fazem-se montagens, xingam-se candidatos, cada um expõe suas preferências e, nas críticas, são contundentes, o que não seria possível nos
jornais.. O espaço virtual, para o
bem ou para o mal, se torna democrático ainda que com seus excessos
e e falta de polidez. Entretanto, funciona como
um desabafo, um fórum
de discussões e esclarecimentos
em diferentes tipos de ideologias e visões dos homens e de seus atos . Ninguém segura
mais a força do discurso
virtual, seja pelas imagens, pelos textos, pelas múltiplas formas de
comunicação entre conhecidos e
desconhecidos, no país e fora dele.
Volto a lembrar a voz da jornalista: essas eleições são atípicas no seu progresso e nos
seus desdobramentos. As expectativas, diante do que
pode vir ainda da campanha, são imprevisíveis, mas serão, espero com ansiedade, um teste de novas formas de se eleger novos candidatos. Que vençam aqueles que
melhor cuidem de nosso país tão enxovalhado nos últimos
anos.
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