Cunha e Silva Filho
Quando a fala de um Chefe de Estado
assim se manifesta, é porque, de alguma
forma, está aceitando o crime
da corrupção e mesmo pondo-se em
defesa de corruptos. Ou, por outra, se
localiza esse mal espúrio que não pode
nem deve
fazer parte de um governo
honesto e sério, dá sinal de que
a corrupção seja algo
natural, inerente à função
ocupada por um presidente da
República. No exemplo específico da
Dilma, o problema se torna
mais delicado, uma vez que o
partido a que pertence é
reconhecidamente um partido de corruptos,
pelo menos de uma boa quantidade
de malfeitores que merecem a execração
do eleitor.
Se atos ilícitos contra o dinheiro público
são praticados por
mais de uma vez, se são multiplicados,
se reaparecem em vários tempos do mandato de um
presidente, ou de um período que cobre
o domínio do petismo na política
nacional, se aduz que o crime da corrupção, ativa ou passiva, não
importa, deve ser algo que não causa
constrangimento por parte de quem
é acusado de praticá-lo.
A aceitação e o reconhecimento da
realidade da corrupção por
um presidente não contribui para o fortalecimento das
democracia brasileira,
porquanto o ato corrupto passa a ser parte estrutural
de um governo e isso é
extremamente nocivo ao país.
O que, na
realidade, se espera do comportamento de um estadista é que seja, antes de tudo, comprometido com a dignidade e inteireza moral durante
o seu mandato. Quer dizer, não
pode compactuar, em hipótese alguma, com
quaisquer ilicitudes cometidas por seus ministros e outros
auxiliares. A política com “p”
maiúsculo não pode deixar de ser
transparente em todas as ações e determinações do governo.
O excesso de coligações – as chamadas bases aliadas do governo - mal
assimiladas pelos que estão do lado da situação política, só pode gerar ações falhas e reprováveis Ora, imprimir
o governo de Dilma acordos ou ligações com partidos nanicos ou mesmo
grandes partidos, sem critérios
de grandeza de execução de um plano de governo ilibado e
voltado para o bem-estar de todos os segmentos da sociedade civil, é contrariar o princípio básico do dever moral
de um presidente.
Governantes
sem fibra, truculentos, incompetentes e que se
alçam ao poder meramente para dele se beneficiar financeiramente devem ser alijados do voto
popular. No Brasil, há tempos
não temos tido grandes políticos dignos desse
nome. O eleitor se sente desconfortável diante da
pobreza moral dos candidatos. Daí grande parte do eleitorado não
confiar em nenhum político. Ainda
vão às urnas em razão de que, por
vontade própria, nãoo desejam
que a nação resvale para
a anarquia e o vazio político.
A corrida presidencial em curso não
está respeitando a luta
das ideias e dos programas consistentes
que levem o país
a uma mudança de rumos, eliminando os vícios
e os desastres de ações cometidas no desempenho dos governos, com poucas exceções pelo Brasil afora.
Não acredito
na boa governança de um presidente, de um governador ou de um
prefeito se ele alardeia estar diminuindo
o índice de pobreza de seu povo. Não basta implementação de benefícios sociais
aos menos desfavorecidos. O país necessita
não simplesmente de reconhecer
suas falhas ou erros no
campo econômico, na área da saúde, dos transportes de massa, na segurança do indivíduo e na educação
pública em todos os níveis. Nem mesmo adianta termos uma nação
desenvolvida apenas. Urge termos
uma nação cuja
política seja composta de
homens de caráter, de homens preparados intelectualmente e com visão ampla dos
problemas do país e vontade política de
solucionar os mais
gritantes e prementes flagelos
sociais. Riqueza e dignidade de uma nação
devem caminhar juntas. Não é com cinismo deslavado do slogan “rouba mas faz” de um antigo político paulista que se constrói uma grande país e uma nação civilizada
e pacífica, mormente em tempos
atuais onde o mundo
anda desandado, em ritmo de barbárie e involução do estado
de paz internacional.
A troca de
ofensas mútuas em compasso triplo, antes de atrair
eleitores, leva-os de roldão
para o estado
de absoluto pessimismo e indiferença pelos rumos da política brasileira,
justamente anatematizada em decorrência de tantos males, falcatruas, mistificações e enxovalhamento que a conduziram a um
descrédito total, ou seja, a um práxis política na contramão dos países para
os quais a Política é a arte de governar visando ao bem-estar da sociedade. Que os políticos e governantes brasileiros imitem o que
seja bom do estrangeiro como exemplo
eficaz de democracia e governabilidade.
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