Cunha e Silva Filho
Com o desfalque do maior craque de nossa Seleção,
Neymar Jr, o torcedor fica preocupado e
com razão. Neymar, este jovem jogador de
futebol, de vinte e dois anos, soube encantar os brasileiros pela sua
modéstia, seu jeito um tanto discreto
(talvez) tímido de falar em público, preferindo – é claro - fazer malabarismos com a bola que domina como
poucos e dela faz o que bem quer,
parecendo até que a bola
está sempre atraída para os seus
pés, à semelhança de um ímã. E porque ama
a redonda é que ela se lhe tornou a melhor amiga, a companheira de
sua brilhante carreira de jogador
que reúne capacidade de
driblar, como se fora um Garrincha, e
agilidade de safar-se
dos seus marcadores que, em
geral, não conseguem dominá-lo completamente. Eis o traço
principal de um craque.
Um craque nasce com
a vocação inata de saber
lidar com a bola. Nisso se
parece com a vocação de um poeta. “Poeta nascitur.” O que a técnica e o conhecimento lhe
proporcionam serve apenas para
aperfeiçoá-lo. Essa vocação para realizar algo de forma superior vale também para todas as artes.
O acidente que sofreu no jogo com a Colômbia foi um
infeliz desvio de rota, de
objetivos, de alegrias, o pior desastre que lhe poderia ter acontecido na vida de jogador .
Ser selecionado para participar de uma Copa Mundial
é atingir o ponto mais alto de sua carreira. Para mim, o que sofreu foi
por culpa do jogador colombiano, um sujeito atarracado,
brutamontes que se jogou por cima do nosso
star, traumatizando-lhe uma
das vértebras da coluna e o pondo fora da competição tão sonhada. Todos os grandes jogadores são
visados, invejados, porque os medíocres não possuem a genialidade e a leveza
de um Neymar - um praticante do fair play - ou de outros grandes jogadores.
Tendo jogado apenas uns quarenta minutos da partida, de repente é atirado ao chão com fortes dores que se estampavam na sua face contraída não só pelo sofrimento físico que lhe foi infligido, mas sobretudo por saber que talvez não disputaria os jogos finais.
Tendo jogado apenas uns quarenta minutos da partida, de repente é atirado ao chão com fortes dores que se estampavam na sua face contraída não só pelo sofrimento físico que lhe foi infligido, mas sobretudo por saber que talvez não disputaria os jogos finais.
Não preciso dizer que,
com o afastamento de Neymar, a Copa Mundial de Futebol de 2014 para os brasileiros perdeu
grande parte de sua alegria, de
sua graça. Sua ausência no gramado
deixa os torcedores quase em estado de
luto. Perdeu aquele encanto de uma arte de driblar original,
lépida, de saídas inteligentes
em direção a um chute para gol ou, quando não conseguisse ele
próprio fazê-lo, tinha
a habilidade de passar uma bola certeira a um companheiro da Seleção. Isto porque o grande jogador não é só o que faz o
gol sozinho, mas aquele que provoca jogadas
que levem outros
atacantes a completarem uma
investida para a finalização de um gol.
Neymar sempre em entrevista afirmou que a vitória de uma partida é
um trabalho coletivo, um trabalho de
equipe. Só a coesão do time leva ao sucesso de uma partida
de futebol ou em qualquer outro
esporte que depende
da união de todos os
jogadores.Assim se comportam os
grandes craques.
Amanhã será um dia
decisivo para o destino da nossa Seleção no jogo com
a Alemanha. Sei que vai ser dura a parada sem o nosso líder, sem a forte presença dos seus dribles, dos seus
truque originais e de sua rapidez em
livrar-se dos opositores.
Sei que lhe
tiraram o prazer e o direito de uma decisão final numa Copa
realizada em solo brasileiro, com toda a energia de um
povo amante do futebol, desde as
crianças até os mais velhos.
Eu, que não sou
conhecedor das regras do
futebol, nem sou fanático, não posso
deixar de reconhecer que a festa da Copa
fascina as multidões em
escala mundial. Não posso também deixar
de constatar que o país, com
todas as suas mazelas - e são
muitas – está mais festivo, mais
radiante, mais feliz. Percebo isso
nas ruas, nas pessoas, nos
turistas nacionais e de outras
nacionalidades.
Esse sentimento de brasilidade, essas bandeiras do
Brasil colocadas nas grades
das varandas de nossos prédios, nos carros,
nas ruas de nosso país-continente, infundido nos espíritos das
pessoas, se deve ao futebol, a
esse “grande catalisador,” como o definiu uma vez o pensador
Tristão de Ataíde em página magnífica escrita naquele estilo sedutor de
falar sobre temas variados e
com toda a intensidade da sua sabedoria. Que vença a nossa Seleção!
AO PÉ DA PÁGINA:
Governo e Oposição
Cunha e Silva
"Nos regimes totalitários - fascistas e comunistas a oposição não tem vez, só há um partido apoiando o governo. Quem se atreve a contestar o regime ou a criticar o governo vai logo punido com a prisão ou o desterro.
No regime democrático pode haver mais de um partido político, a oposição ao governo ´ é garantida legalmente. Mas o governo e oposição não devem ser considerados como inimigos e sim adversários. Adversários que se entendem e entretenham diálogos, quando houver necessidade.
Nos meios de comunicação de massa, como o jornal, rádio e televisão, assim como nos órgãos do poder legislativo, que são a Câmara Municipal ou dos vereadores, os Legislativos Estaduais, a Câmara Federal e o Senado, é onde mais se processam os debates entre elementos da oposição e do governo.Debates que às vezes, são acalorados e violentos, quando os ataques da oposição ao governo passam do terreno da moderação para o combate sério e contundente. Mesmo em semelhante tensão, o governo e a oposição podem entrar em diálogo e contatos mútuos entre auxiliares imediatos do governo e oposicionistas, como está ocorrendo atualmente, com resultados satisfatórios."
NOTA DO BLOG: O artigo acima, do qual extraímos o fragmento, foi publicado em jornal, em 1981, possivelmente, pelo Jornal do Piauí, em Teresina, PI. Nos meus arquivos, não registrei infelizmente o nome do jornal.
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