segunda-feira, 21 de julho de 2014

Genocídio no ar




                                     Cunha e Silva Filho


                  Não dá para acreditar mais nos organismos   internacionais de proteção  à paz. Não os vou citar  porque, em  muitos artigos que venho  escrevendo, os tenho mencionado  à exaustão. Ainda não se completaram  duas décadas e este nosso século XXI  persiste em conduzir-se pelo caminho errado da barbárie, da violência,  da quebra  de acordos de tréguas entre países rivais protagonizados  por  palestinos  e  judeus e mais  outro   exemplo, porém,  agora,  uma luta fratricida na Ucrânia.
               O recente abate de um avião de passageiros da Malaysia  Airlines,  que  atravessou  os céus da Ucrânia, sinaliza  mais um ato de selvageria inominável. E o pior é que  nenhum dos  lados  no conflito está disposto a   confessar a culpa  pela  desastre de uma ação covarde,  perversa perpetrada  contra  seres humanos, adultos,  crianças,  cientistas, pessoas de nacionalidades  diversas  que,  numa fração   mínima de tempo,  são  assassinados  por armas mortais  inventadas  pelo ser humano.
Parece que se está erradicando das mentes  (des)humanas o sentimento  de respeito  à vida de inocentes. Não é possível  que  a guerra civil entre ucranianos divididos  entre separatistas  pró-Rússia e  pró-Ucrânia descontem  suas divergências   econômicas,  políticas e ideológicas  detonando  aviões   de passageiros como se fossem meninos  brincando  de  jogos eletrônicos  para verem qual deles  mata mais  gente.
Organismos   de segurança  mundial -  perdoe-me, leitor,  se não cumpri com o que  afirmei no início deste artigo -   como   a ONU  estão  mais se  parecendo com  promessas  de políticos  brasileiros  quando,  sentados  em reuniões,  tomam posições  diferentes nas discussões e nada fazem de concreto  para  evitar ações  criminosas. A impunidade  já chegou  à ONU.                   Este  organismo  não se faz mais respeitado e  por isso  os mais  abomináveis  crimes  de guerra não são  punidos  por medidas   diversas que poderiam ser  tomadas. Não falo  de intervenções  militares à revelia das Leis do Direito  Internacional,  mas de sanções  que venham   doer  na  estrutura  econômica  de países   que cometem  crimes   contra a humanidade.
A ONU, através do seu  Conselho de Segurança,  deve agir  com  o máximo rigor contra  os inimigos  da humanidade. O genocídio  praticado  contra  os  tripulantes e  passageiros   da Malaysia Airlines não pode  ficar  sem resposta. A covardia  e  a atrocidade  contra os que morreram na derrubada do avião merecem  punição  exemplar, imediata das nações  civilizadas   que ainda  mantêm  um mínimo  de  respeito às leis internacionais.
No entanto,   tudo  indica  que cada vez mais  nações   necessitam  da ajuda   internacional  e nada se faz em socorro  delas. Enquanto isso,  os crimes entre  pessoas da  mesma  pátria  ou entre   nações continuam  ocorrendo   e banalizando as mortes  de  inocentes desprotegidos, naturalizando-as como se fossem  ações normais os crimes  hediondos. O mundo  põe-se em  estado de convulsão sob o império  das hostilidades,   da falta de diálogo e de soluções  de paz. As palavras  sábias e ponderadas do Papa Francisco  exortando a humanidade  à conciliação e ao fim  de conflitos,  guerras e terrorismos são  como  gritos  pedindo paz     na solidão dos desertos.
 Os exemplos estão aí: conflitos no Iraque,   na Síria,  no Egito,  no Afeganistão,  na Palestina,  em Israel e em outras regiões   do  mundo.
Os líderes dos  países em conflito  não   anelam  pela paz, já disse alhures, o  povo, sim. Quem mais é  vítima  das divergências  geopolíticas, econômicas e religiosas  é a população de cada país   em estado beligerante. Eis  por que  a paz fica cada vez mais distante,  quase impossível,  de ser  alcançada no contexto  mundial  contemporâneo.
Ameaças  de sanções  pouco  têm adiantado para as partes envolvidas  nos conflitos sangrentos,  seja  na  Ucrânia,  seja entre palestinos e Israel, seja na  Síria onde o mesmo  ditador  se disse eleito para poder   beneficiar-se  do cargo   que ocupa  com  mão de ferro  e  carregando nas costas a mancha infame  do sangue derramado  de   milhares  de  inocentes mortos  em decorrência  da guerra civil  entre o governo   e os  rebeldes. 
Porém, no  caso da Ucrânia,  não podemos  ficar  apenas atônitos diante  da carnificina  cometida   por  uma ordem  insana  partida do grupo   separatista  ou do  próprio governo. O Presidente Obama afirmou à imprensa que a derrubada da aeronave  partiu  de Moscou, ou seja,  do governo de Putin. Contudo,  não para sabe ainda quem  realmente disparou  o míssil fatídico  contra  o avião comercial.
 Há que se  descobrir quem foram  os culpados e o saldo de mortos é muito elevado  para  que  o mundo  se curve  diante  dos cadáveres empilhados  num trem-frigorífico   que os levará  para  complemento de  identificações. Essa  atrocidade  a que assistimos  pela  televisão e pela imprensa escrita e virtual  precisa   de ser  divulgada  e denunciada  por  alguma parte da   comunidade   internacional   que ainda  guarda um pouco  de sensibilidade nos corações  empedernidos  e anestesiados  por tanta miséria,  destruição  e mortes  de  inocentes.
Repito:não acredito mais nos organismos internacionais   de combate  aos crimes contra  o ser humano. Basta de conversa  mole e de promessas inócuas diante  dos horrores  que estão  acontecendo  em   regiões do planeta  Terra.
Onde estão a diplomacia mundial, os Tribunais  Internacionais para  tomarem  posições  rigorosas e urgentes contra  novos  holocaustos   da pós-modernidade? Não vejo  nenhuma  perspectiva   de melhorias  nesse   quadro  sombrio  de  assombrosa tensão  contínua entre   povos  do mesmo país  e  de países   diferentes  que  se digladiam como  loucos  sem cessar e se destroem  como   animais  selvagens famélicos  de sangue   de inocentes,  de crianças  mortas.  É mais do que  tempo de meditação em profundidade sobre o que estamos  atravessando em tão trágicos  dias do presente.





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