Cunha e
Silva Filho
Não dá para acreditar mais
nos organismos internacionais de
proteção à paz. Não os vou citar porque, em
muitos artigos que venho
escrevendo, os tenho mencionado à
exaustão. Ainda não se completaram duas
décadas e este nosso século XXI persiste
em conduzir-se pelo caminho errado da barbárie, da violência, da quebra
de acordos de tréguas entre países rivais protagonizados por
palestinos e judeus e mais
outro exemplo, porém, agora,
uma luta fratricida na Ucrânia.
O recente abate de um avião de passageiros da
Malaysia Airlines, que atravessou
os céus da Ucrânia, sinaliza mais
um ato de selvageria inominável. E o pior é que
nenhum dos lados no conflito está disposto a confessar a culpa pela
desastre de uma ação covarde,
perversa perpetrada contra seres humanos, adultos, crianças,
cientistas, pessoas de nacionalidades
diversas que, numa fração
mínima de tempo, são assassinados
por armas mortais inventadas pelo ser humano.
Parece que se está erradicando das mentes (des)humanas o sentimento de respeito
à vida de inocentes. Não é possível
que a guerra civil entre
ucranianos divididos entre
separatistas pró-Rússia e pró-Ucrânia descontem suas divergências econômicas,
políticas e ideológicas detonando
aviões de passageiros como se
fossem meninos brincando de
jogos eletrônicos para verem qual
deles mata mais gente.
Organismos de
segurança mundial - perdoe-me, leitor, se não cumpri com o que afirmei no início deste artigo - como
a ONU estão mais se
parecendo com promessas de
políticos brasileiros quando,
sentados em reuniões, tomam posições diferentes nas discussões e nada fazem de
concreto para evitar ações
criminosas. A impunidade já
chegou à ONU. Este organismo
não se faz mais respeitado e por
isso os mais abomináveis
crimes de guerra não são punidos
por medidas diversas que
poderiam ser tomadas. Não falo de intervenções militares à revelia das Leis do Direito Internacional, mas de sanções
que venham doer na
estrutura econômica de países
que cometem crimes contra a humanidade.
A ONU, através do seu
Conselho de Segurança, deve
agir com
o máximo rigor contra os
inimigos da humanidade. O genocídio praticado
contra os tripulantes e
passageiros da Malaysia Airlines
não pode ficar sem resposta. A covardia e a
atrocidade contra os que morreram na
derrubada do avião merecem punição exemplar, imediata das nações civilizadas
que ainda mantêm um mínimo
de respeito às leis
internacionais.
No entanto, tudo indica
que cada vez mais nações necessitam
da ajuda internacional e nada se faz em socorro delas. Enquanto isso, os crimes entre pessoas da
mesma pátria ou entre
nações continuam ocorrendo e banalizando as mortes de
inocentes desprotegidos, naturalizando-as como se fossem ações normais os crimes hediondos. O mundo põe-se em
estado de convulsão sob o império
das hostilidades, da falta de
diálogo e de soluções de paz. As palavras
sábias e ponderadas do Papa
Francisco exortando a humanidade à conciliação e ao fim de conflitos,
guerras e terrorismos são como gritos pedindo paz na solidão dos desertos.
Os exemplos
estão aí: conflitos no Iraque, na
Síria, no Egito, no Afeganistão, na Palestina,
em Israel e em outras regiões
do mundo.
Os líderes dos
países em conflito não anelam
pela paz, já disse alhures, o
povo, sim. Quem mais é
vítima das divergências geopolíticas, econômicas e religiosas é a população de cada
país em estado beligerante. Eis por que
a paz fica cada vez mais distante,
quase impossível, de ser alcançada no contexto mundial contemporâneo.
Ameaças de
sanções pouco têm adiantado para as partes envolvidas nos conflitos sangrentos, seja
na Ucrânia, seja entre palestinos e Israel, seja na Síria onde o mesmo ditador
se disse eleito para poder
beneficiar-se do cargo que ocupa
com mão de ferro e carregando nas costas a mancha infame do sangue derramado de milhares de inocentes mortos em decorrência da guerra civil entre o governo e os
rebeldes.
Porém, no caso
da Ucrânia, não podemos ficar
apenas atônitos diante da
carnificina cometida por
uma ordem insana partida do grupo separatista
ou do próprio governo. O Presidente
Obama afirmou à imprensa que a derrubada da aeronave partiu
de Moscou, ou seja, do governo de
Putin. Contudo, não para sabe ainda
quem realmente disparou o míssil fatídico contra o
avião comercial.
Há que se descobrir quem foram os culpados e o saldo de mortos é muito
elevado para que o mundo se curve
diante dos cadáveres
empilhados num trem-frigorífico que os levará para
complemento de identificações.
Essa atrocidade a que assistimos pela
televisão e pela imprensa escrita e virtual precisa
de ser divulgada e denunciada
por alguma parte da comunidade internacional que ainda
guarda um pouco de sensibilidade
nos corações empedernidos e anestesiados por tanta miséria, destruição
e mortes de inocentes.
Repito:não acredito mais nos organismos
internacionais de combate aos crimes contra o ser humano. Basta de conversa mole e de promessas inócuas diante dos horrores
que estão acontecendo em regiões do planeta Terra.
Onde estão a diplomacia mundial, os Tribunais Internacionais para tomarem
posições rigorosas e urgentes
contra novos holocaustos
da pós-modernidade? Não vejo
nenhuma perspectiva de melhorias
nesse quadro sombrio
de assombrosa tensão contínua entre povos
do mesmo país e de países
diferentes que se digladiam como loucos sem cessar e se destroem como
animais selvagens famélicos de sangue
de inocentes, de crianças mortas.
É mais do que tempo de meditação em
profundidade sobre o que estamos
atravessando em tão trágicos dias
do presente.
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