quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Fernando Pessoa: "Sonnet XII"

Fernando Pessoa: “Sonnet XII”


Sonnet XII

AS THE LONE, frighted user of a night-road
Sudenly turns round, nothing to detect,
Yet on his fear-s sen se keepeth still the load
O f that brink-nothing he doth but suspect;
And the cold terror moves to him more near
Of somenting that from nothing cast a spell,
That, when he moves, to fright more is not there,
And’s only visible when invisible:
So I upon the world turn round in thought,
And nothing viewing do no courage take,
But may more terror, from no seen cause got,
To that felt corprate emptiness forsake,
And draw my sense of mystery’s horror from
Seeing no mystery’s mystery alone.


Soneto XII

QUANDO O SOLITÁRIO noturno caminheiro
Se volta de súbito, mas nada ver consegue,
O sentimento do medo, todavia, ainda dele não se afasta
Daquele tudo-nada de que por força apenas suspeita;
Como de algo que do nada um feitiço lança,
Algo que, quando ele se movimenta, não ali está para mais assustar,
E, quando visível, se mostra apenas invisível.
Sendo assim, para o mundo em pensamento, as costas dou.
E o não ver nada coragem não cria,
Contudo, ao crescer com o não visto, maior o meu terror
Se abandona àquele sentido de vazio-cheio.
E retira meu sentimento do horror do mistério por
Não ver mistério algum do mistério só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário