terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tradução do poema "Écoutez," de Paul Verlaine (1844-1896)






                        Écoutez


Écoutez la chanson bien douce
Qui ne pleure que  pour vous  plaire.
Elle est discrète, elle est légère:
Um frisson d’eau sur de la mousse!

La voix vous fut connue (et chère?)
Mais à présent elle est  voilée,
Comme une veuve désolée,
Pourtant comme elle encore fière,

Et dans les longs  plis de son voile
Qui palpite aux brises  d’automne
Cache et montre au coeur que s’étonne
La vérité comme une étoile.

Elle dit, la voix reconnue,
Que la bonté c’est notre vie,
Que de la  haine e de l’envie
Rien ne reste, la mort  venue.

Elle parle aussi  de la gloire
D’être simple sans plus  attendre,
Et de noces  d’or e du  tender
Bonheur d’une paix sans victoire.

Acccueillez la voix que persiste
Dans  son  naîf  épithalame.
Allez, rien n’est meilleur à l’âme
Que de faire une âme moins triste!

Elle est “en peine” e de “passage”
L’âme que souffre sans colère,
Et comme sa morale est claire!...
Écoutez la chanson  bien  sage.




                     Escutai


Escutai  esta canção tão doce
Que apenas chora  para vos contentar.
Discreta, sim, singela, sim:
De  água um frêmito no musgo!

Conhecida  (e querida?) se fez a voz
Agora,  porém, velada está
Qual viúva  desconsolada.
Não obstante,   quão ainda altiva se mostra!

E nas longas dobras de seu véu
Palpitando com as brisas  do outono
Oculta  e mostra  ao  coração surpreso
A verdade de uma estrela.

Diz a voz  reconhecida
Que de nossa vida  a bondade é parte,
Que, após a morte, o  ódio e a inveja
Nada  significam.

Da glória  por igual  discorre
De ser simples   sem mais  nada esperar.
Fala das bodas de ouro e da comovente
Felicidade de uma paz sem vitória.

Acolhei a voz que persiste
Em seu  ingênuo epitalâmio.
Ide,  nada é tão  precioso    à alma
Quanto   suavizar-lhe   a tristeza!

A voz, um “átimo,  uma “ fugacidade”
A alma  que sofre sem  cólera.
E, em sua moral,   quanta   transparência!...

                                                                          (Trad. de Cunha e Silva Filho)










                

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