terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A INJUSTIÇA, SEUS MALES E ALGUMAS SOLUÇÕES

       


                                                Cunha e Silva Filho


          Só quem já sofreu  injustiça  sabe o quanto  ela machuca,  decepciona,  acabrunha,  causa indignação   e é deletéria. Entre os males humanos, a injustiça é a que provoca  mais  censura   em qualquer parte,  em qualquer circunstância da vida.
        A ação injusta penetra todos  os ângulos da vida  social,   coletiva,  comunitária,  nacional  e internacional. Veja-se um  exemplo típico: a injustiça  da fome  mundial ainda  neste  quinze anos  iniciais do  século.  Em regiões da África, das  Américas (incluindo  o nosso  Brasil)  grassa  como  um  câncer, ceifando  sobretudo  crianças,   animais,  o homem. Este quadro de  desumanidade se torna mais    reprovável, para  dizer  o mínimo,    quando  sabemos  que a  riqueza do  planeta Terra está  nas mãos de  1% dos  chamados   milionários!
      Temos  organismos   internacional para  cuidarem da   diminuição  da pobreza, ou melhor, dos que   se situam abaixo do nível  desta? Sim temos, e, por mais que  façam,  o mal  da fome  resiste. A razão  primaria  para   esse permanente   estado de miséria não é fácil de  localizar: encontra-se no fator  econômico,  ou seja,  nas desigualdades   criadas  pelos  sistemas   de governo das nações, pelo descaso  global  contra a educação mundialmente  considerada  pelos  organismos   internacionais,  pelos desvios  de dinheiro  através  da corrupção    generalizada, sobretudo  em  países de baixo  nível de escolaridade.
    Outros   fatores   pelos  quais  a  fome  não  foi ainda  extirpada em tempos  de progresso e  tecnologia  tão complexos e avançados  - contradição   extrema! -  podem ser   identificados   na questão do individualismo   dos países,   nos gastos   com   armamentos   de ponta que só servem a um  fim : a destruição da Terra. Falta, a meu ver,   um gigantesco  projeto  supra-nacional que se  encarregaria  de   estudar   com  profundidade,   sem  condicionamentos  políticos,  ideológicos  e religiosos. É factível isso? É, sim. 
   O tratamento  que agora  se deveria  dar aos problemas  gravíssimos mundiais  tem que passar  por questões  envolvendo  o meio-ambiente,  a climatologia,   o espírito desideologizado e uma  mente  global   insubmissa  às contingências fortemente  nacionalistas.   É claro que não  estou   advogando   a ideia de que   o  planeta seja  conduzido  por um  órgão  que determinasse e se imiscuísse  na soberania dos povos, mas um   organismo supra-nacional que  fosse  presidido  apenas  pelo espírito  de natureza humanitária,  sem  populismos,   sem  laivos  de  imperialismo  ou  de grande  potência   dominadora    como   no século  passado  tivemos e mesmo,   de formas diferentes,  em séculos   da História  dos povos.
    Eliminar  ou amenizar  suficientemente a injustiça, creio,  teria que  passar  por  essas mudanças de cunho  humanístico na   condução  dos destinos   do homem  no  mundo.
  Esquecer  a gravidade do  problema da fome, da pobreza, da injustiça, enfim,  considerada  em  todas as suas manifestações – e são inúmeras -  infra-estrutura do Estado,   saúde,  educação,   a questão da violência, a impunidade, a infância abandonada, a desagregação familiar, a corrupção,  a politicagem, a  incompetência  de governantes,  a desídia  em  lidar com  a coisa pública, a malversação   do dinheiro  público,  o individualismo    exacerbado das pessoas   de alto  padrão  de vida, o consumismo   excessivo,  a falta  de uma dimensão   espiritual ("the missing dimension") de que  já falou  um  pastor  americano, Herbert W. Armstrong (1),  que  oriente  os indivíduos a serem,   desde a  infância,  pessoas  dignas,  honestas e solidárias,  estaria na contramão  de  toda um comportamento  das sociedades  e dos governos fundamental à batalha  contra  as  injustiças que  podem se  incrustar  no emprego, na fábrica,  no hospital, na escola, na universidade,  nos tribunais, de justiça, nos esportes,  nos  estádios, quer dizer,  a injustiça  é um  mal  ubíquo instalado  para   destruir  inocentes  e humilhados em tempos de terror  e espanto  universais.

(1) ARMSTRONG,  Herbert W.. Autobiography of Herbert W. Armstrong. v. 1. World  Church of  God, 1986, USA, 646 p.).


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