quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Governos e políticos, atendam ao povo!

                   



                                                                  Cunha e Silva Filho


         Enquanto  as nossas autoridades  constituídas, nos vários poderes, nas várias instâncias de decisões efetivas e legais não  transformarem  os gritos das ruas, principalmente,  no Rio de Janeiro e em São Paulo,  em ações concretas, em mudanças   visíveis de políticas públicas e sem tergiversações,  o  país se vai tornando  insuportável para quem  vive nas nossas grandes cidades. Pipocam,  aqui e ali,  passeatas de diversas categorias  profissionais, exigindo  o mínimo de decência  dos governantes.
A sociedade civil,  sobretudo  através das vozes  da juventude,   está  determinada   a dar  um  ultimato  aos políticos  sobretudo ante  o  estado   de  desconcerto  geral e de desmoralização  no trato   da coisa pública. O povo não mais acredita  nos  políticos e a porcentagem  de  desaprovação   praticamente atinge  100% se fosse feita  uma  enquete  correta  e  digna de crédito.
Não se  confia  mais  na governança das autoridades após tantos anos  de crescente deterioração  de nossas instituições.Se tivéssemos a possibilidade de ouvirmos as conversas  nos lares  brasileiros, na intimidade das famílias, dos amigos,  do colegas  de trabalho  ver-se-ia facilmente  o quanto  há de indignação no coração  dos nosso compatriotas diante  de tudo  que anda  errado  no país. Chegou-se a uma exaustão,  ao   limite   além  do qual  só  divisamos  mais   protestos  e  senti mento de revolta contra  as instituições   políticas, completamente    desacreditadas no seio  da população brasileira.
O quadro político-institucional nada tem   de alvissareiro. Muito ao contrário. Durante algum tempo,  acreditava-se que,  se mudássemos   os políticos  velhos  por políticos  jovens,   a política   brasileira  melhoraria já que  se presume que  os moços  trazem novas  ideias, limpas  da lama  suja   de  políticos  meramente    profissionais. Qual nada,  o   país tem conhecido   novos quadros  de políticos e estes  não se  mostraram em geral   diferentes dos   mais velhos. Uma outra agravante:  os jovens  bem  intencionados nada podem fazer  sozinhos e,  de  certa  forma,    entram no jogo   dos interesses  pessoais, das mordomias,  dos altos salários,   da vaidade  e  são cooptados   pelo desmando  e  pela  falta de ética  dos  desonestos. E essa ciranda  de  práticas de malandragem  política   contamina  a todos. O jovem político, vendo que nada pode  realizar  sozinho,   acomoda-se e passa a  atuar  como  figurante, sem peso nas decisões dos líderes de plantão,    indo de roldão   no vendaval   da falta   de  espírito  público  dos que  sabem maquinar   o jogo  político  com seus  instrumentos  maquiavélicos.
Dessa maneira,   a falta   de ética  toma  conta   de todos os espaços   da prática  política, ou seja,   instaura-se  o reinado   da carnavalização   das  atitudes,  dos comportamentos,   das ações  e das decisões  tomadas   contra  os reais interesses do povo no que respeita a   vitais  setores   da vida  social: a educação,  a saúde,  o transporte,  a segurança. Bastaria  tudo  isso  ser  moralizado  para o bem público  que  os gritos  pouco a pouco  iriam  se abaixando até o silêncio que conduziria à normalidade   da sociedade.
A gritaria  do povo  imperiosamente  tem  que ser  levada  em conta antes que seja tarde demais  para  a manutenção   dos  princípios democráticos.  Se os governantes teimarem  em  suas posições  arbitrárias, autoritárias  e sem    ouvir as multidões,   o país     sofrerá   consequências   imprevisíveis. Ora,  se  os eleitores   colocaram  no poder  governantes  ou  seus representantes   municipais,  estaduais e federais, cabe  a estes se submeterem  à decisão   popular, i.e.,  renunciarem  aos seus  cargos  ou mandatos. Somente assim  se livrarão   da ira   dos indignados  e dos oprimidos.
Simplificadamente, esta  é a realidade   de um país  no qual  a máquina do Estado  vai mal praticamente  em  quase todos  os setores  da sua estrutura. Se existe  uma  massa  ignorante   de pessoas  que  não acordaram  para   estes desafios,   o país, na maior parte de seu todo,  está  descontente,   lesado em seus direitos  inalienáveis de cidadania, de prestação  de serviços, de viverem  uma vida   mais humana, mais verdadeira,  a salvo   das carências   naqueles setores vitais  já citados.   
A normalidade  do país  está  nas mãos   dos políticos  e  da liderança  máxima, que  é a figura da Presidente  da República. A única arma  do povo   está nos seus  protestos   sem  vandalismos, mas na sua firmeza  de  posições  contra os desmandos   políticos, a corrupção, a impunidade,  a violência nas ruas  ceifando   inocentes  de todas as classes sociais. A normalidade está  nas mãos  daqueles  que  devem  entregar seus cargos  por incompetência,  por desídia e malversações  do erário  público.
O que o brasileiro  está exigindo   dos que detêm  os atuais mandatos políticos  não é nada fora da realidade: é apenas o direito  de o cidadão  dispor  do destino   de seu voto. Reconhecer   esta circunstância  por parte  dos governantes  é mais  digno  do que  continuar  no  poder  sendo  execrados pela coletividade. A maior derrota   de um  político  é ser   odiado  por seu  povo.
A  situação   de  flagrante   quebra de autoridade, a vivida atualmente pelo governo   do Rio de Janeiro, cujo governante exibe o mais baixo  índice de aceitação  dentre os governadores  do país e, na minha opinião,  o governante  que mais   causou   rejeição da população em toda a história  política  do   Estado do Rio de Janeiro,  exige   que  Sérgio Cabral   tome    uma decisão  séria: a de  renunciar ao cargo para o bem  e a  manutenção  da ordem e  paz  do povo  fluminense. Para ele, não há mais espaço  político  e creio que ele mesmo   também  tenha a  consciência  de que  esse lhe é o melhor caminho a seguir.
É óbvio que,  ao renunciar  ao cargo, ele  não  está  imune  às  acusações  que  pesam  sobre a sua administração.Os malfeitos de um   político  não podem   ficar  incólumes.E o mesmo se diria  de um prefeito,  de um  vereador,  de um deputado  e de um  Presidente da República. Atendam ao  povo,  se quiserem  uma nação  unida, feliz  e pacífica.
O nível de amadurecimento  de nosso  povo  parece estar  mudando e, se  esta melhoria  de consciência política  se mantiver,   seguramente   em pouco tempo,  teremos  um país na realidade  democrático para valer, não  tipos  de  democracias “relativas” ou democracias  “mascaradas “ praticando   ações  atrabiliárias     usando  a força  policial  para   espancar  professores,   estudantes,  trabalhadores, cidadãos brasileiros, alimentando a    rebeldia do  povo contra  policiais  truculentos e despreparados. Não é lançando   gás lacrimogêneo,  tiros de borracha ou outros instrumentos  de selvageria em país  que se diz  democrático que os governantes  resolverão  os protestos   do povo.


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