sexta-feira, 26 de julho de 2013

Quanta inveja do Papa Francisco!




                                                        Cunha e Silva Filho


               Imagino o que se passa na cabeça de tantos governantes brasileiros nesta semana em que o Papa  visita o nosso país  e leva a multidão de fiéis ao delírio graças ao seu carisma,  à ternura que  transmite ao  povo brasileiro de todas as classes sociais. Não foi um só dia essa apoteose em que se transformou  a presença do Papa  em terras cariocas. Até as manifestações  das ruas contra  o governador  fluminense e contra  a política brasileira  diminuíram. A cidade parece encantada. Aleluia! Aleluia! Deixem o Papa  passar com o seu sorriso constante, o seu  olhar doce, o seu abraço, beijos e carícias nas cabecinhas das crianças. “Sinite parvulos venire ad me.” Seria um slogan  bem apropriado  à sua figura  e aos seu modos  angelicais. Papa dos pobres, desde os  tempos argentinos. Não falando bem  português, mas lendo a nossa língua  bem razoavelmente,  pode se comunicar à vontade com  o brasileiro.
Creio que em popularidade   já superou  o grande  João Paulo II, cuja presença no  Brasil  foi também admirável e  fez muito bem ao povo. Entretanto,  Papa Francisco é diferente. Está  conquistando  o coração  dos brasileiros.
A imprensa  vinha  declarando que  seus pronunciamentos, suas homilias,    teriam um  tom incisivo no que concerne à situação social  brasileira. Explicitamente,   isso passou pra muitos  despercebido. Se, no entanto,  olharmos  mais fundo,  as entrelinhas  dirão muito sobre  questões  sociais e sobre  o sofrimento  de parte do povo  brasileiro e, particularmente, do  carioca.. Pois Francisco andou  falando  em  segurança,  saúde,   fome,  pobreza,  abandono  das  classes  desfavorecidas, consumismo, falta de solidariedade  e corrupção. É só prestar  muita atenção  em  algumas  frases  por ele proferidas dirigindo-se  aos necessitados, seja,  na visita a uma casa humilde em Varginha,  conjunto  de favelas de Manguinhos,  seja em homilias,  seja na magnífico evento  em Copacabana, na Tijuca, quando ali  foi  assistir a uma inauguração  de  um hospital para dependente químicos, seja em outros   lugares.
Com cuidado diplomático,  vai ele,   aqui e ali,  soltando  algumas pistas de  seus  pronunciamentos  à população  jovem e aos adultos. Ele sabe de tudo,  utiliza  a internet, o twitter e de aceno à direita e à esquerda no seu papa-móvel aberto  e sem blindados,  vai  semeando  seus grãos  de   esperança,  de entusiasmo e de  desejos  de mudanças para a humanidade, sobretudo  quando estão em  jogo    os injustiçados,  os deficientes,   os velhos, os marginalizados,   as crianças  indefesas e,  principalmente,  os humildes.   É difícil  expor tantos ângulos  dessa personalidade e dessa viagem  ao encontro da juventude  mundial.
Papa Francisco marcará  o coração  de todos os brasileiros de forma  indelével. Sua presença  é uma  epifania. Veio ao Rio em momento delicado e conturbado.  Sua passagem tem sido um oásis,  um brisa  acalentadora e, enquanto estiver  no Rio,   a esperança  se espalhará   pelos quatro canos do país.
Papa Francisco, nos atos  litúrgicos,  permanece  sério e compenetrado,  no semblante  do qual  podemos  vislumbrar  a profunda   preocupação  com a  dimensão  transcendente  do que lhe vai na alma. Disso deu mostra  em Aparecida diante  da festada imagem de Nossa Senhora, ou dentro da capelinha  simples de Varginha, ou nos momentos  de orações em Copacabana,  na Catedral com os jovens argentinos. Fora  desse contexto  sagrado,  volta à  alegria  que lhe é  característica,  nos abraços,  nos apertos de mãos,  nos acenos  de bênçãos ao povo.   
Todos lhe querem  estender  a mão,  tocá-lo, falar  com ele,   dizer-lhe  do amor e  afeto  que por ele sentem. São milhares, milhões de mãos estendidas,  desejosas  de um toque que seja, de um olhar que seja,  de um sorriso que seja. E aí vai  esse  senhor  setentão  conquistando os corações  de todos e até de pessoas de outras religiões.

Não creio que  sua passagem  pelo Rio de Janeiro e, por extensão,  pelo  Brasil,   ficará   em vão. Papa Francisco  tem o  dom de  entrar  na vida interior das pessoas,  instilar   em nossas  vidas   confiança  de dias melhores  não só para o Brasil mas para o mundo inteiro. Num país  em que  praticamente  não temos  um líder  com a envergadura  moral,   a simpatia,  o carisma e a simplicidade  natural  desse Sumo Pontífice,  é de esperar  que  o povo brasileiro  se tenha  apegado tanto  a ele. Tenho certeza de que da parte   dele  levará  do nosso  povo  uma imensa  alegria do tamanho  da Mundo.

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