quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tradução de um poema de Paul Verlaine ( 1844-1896)








                  O MON DIEU



O mon Dieu, vous m’avez blessé d’amour

Et la blessure est encore vibrante,

O mon Dieu, vous m’avez blessé d’amour.



O mon Dieu, votre crainte m’a frappé

Et la brûlure est encore là qui tonne

O mon Dieu, votre crainte m’ frappé.



O mon Dieu, j’ai connu que tout est vil

Et votre gloire en moi s’est installée,

O mon Dieu, j’ai connu que tout est vil.



Noyez mon âme aux flots de votre Vin

Fondez ma vie au Pain de votre table

Noyez mon âme aux flots de votre Vin.



Hélas, mon Dieu d’offrande e de pardon,

Quel est le puits de mon ingratitude!

Hélas, vous Dieu d’offrande e de pardon.



Dieu de terreur et Dieu de sainteté,

Hélas! ce  soir abîme de mon crime.

Dieu de terreur et Dieu de sainteté



Vous, Dieu de la paix, de joie et de bonheur,

Toutes mes peurs, toutes mês ignorances,

Vous, Dieu de paix, de joie e de bonheur.



Vous connaissez tout cela, tout cela,

Et que je suis plus pauvre que personne

Vous connaissez tout cela, tout cela,

Mais ce que j’ai, mon Dieu, je vous le donne.

                                                                (Sagesse, 1881)







              DEUS MEU


Deus de amor n’alma me feristes

E a ferida mais profunda ainda me ficou

Deus de amor n’alma me feristes.



Deus meu, o temor de vós se me apoderou

E a ferida ainda dolorida está.

Deus meu o terror de vós se me apoderou.



Deus meu, já tudo vi do que seja abjeto

E a glória vossa em mim se instalou

Deus meu, já tudo vi o que seja abjeto.



Nas ondas de vosso Vinho afogai minh’alma.

Imergi no Pão de vossa mesa a minha vida

Nas ondas de vosso Vinho afogai minh’alma.



Ai de mim! Deus d’oferenda e do perdão

Quão profunda é a minha ingratidão!

Ai de mim! Deus d’oferenda e do perdão.



Deus do terror e Deus da santidade

Ai de mim! Sorvedouro do meu crime.

Deus do terror e Deus da santidade.

Ó Deus da paz, d’alegria e da felicidade.

Todos os meus receios, minhas ignorâncias todas.

Ó Deus da paz, d’alegria e da felicidade.



De tudo sabeis, de tudo mesmo

E ainda que mais pobre sou do que ninguém.

De tudo sabeis, de tudo mesmo.

O que, porém, é meu, Senhor, a vós pertence.



                                                                  (Trad. de Cunha e Silva Filho)





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