domingo, 11 de novembro de 2012

São Paulo e a violência: uma pequena Síria







Cunha e Silva Filho



Não escrevo só para agradar o leitor com boas notícias, ou com o lado glamuroso ou paradisíaco do meu país. Sou mais atraído por aquilo que espera ser consertado, ou seja, os problemas graves ou gravíssimos que clamam por soluções responsáveis e visíveis aos olhos do brasileiro. Longe de mim, esconder as mazelas da minha terra, do meu povo, de quem mora e adotou o Brasil como sua segunda pátria e onde aqui é ou foi feliz.

Por isso, tantas são as minhas recorrências a temas sobre os quais escrevo, não como especialista, mas como cidadão que só aspira ao bem comum de todos nós que vivemos, nos alegramos às vezes e sofremos duramente pelo que há de mais condenável no país: a corrupção, a impunidade, a violência, enfim.

São Paulo, esta cidade gigantesca, está vivendo talvez o mais sanguinário período de violência de que se tem notícia . Não só na capital, mas também no interior.

Na fase presente, que está ao alcance de qualquer pessoa mais ou menos informada, São Paulo, sobretudo a capital, esta urbe que,  nos primeiros anos do século passado, era tão agradável de nela se viver, de repente se tornou um pandemônio, um furacão de matanças, de execuções, de jovens, de inocentes confundidos com marginais, de balas perdidas, de policiais sérios sendo executados, de policiais que não honram a farda que envergam, de cumplicidade de milícias com policiais, de repente, repito, estamos no fogo cruzado , reféns, a qualquer momento, de banidos de todos os lados e de todas as origens.

O governo paulista está se mostrando incompetente porque não vivemos só de retórica de um governante que publicamente faz declarações de que medidas têm sido e serão tomadas e que qualquer ajuda logística do governo federal será bem-vinda. Entretanto, na prática, no cotidiano dos paulistanos e paulistas a realidade não bate com as medidas que alega, alto e bom som, estarem sendo implementadas. Os depoimentos colhidos pela imprensa escrita e televisiva, bem como programas especializados em notícias sobre criminalidade, demonstram à saciedade e à sociedade (sem intenção de trocadilho) que a dura realidade na capital de São Paulo é muito grave mesmo, um caso de polícia (ainda sem intenção de trocadilho).
 Leitor, não é possível que cada dia da semana sete, oito ou mais pessoas são mortas a tiros, ou executadas, ou por outros motivos ainda não bem claramente explicitados pelos órgãos de segurança competentes. Estão morrendo em São Paulo brasileiros em número e frequência tão grandes que mais parecem estarmos vivendo o pesadelo de uma guerra civil em escala menor. Ainda por cima, em meio a mortes contínuas e misteriosas, há a presença dos incendiários de ônibus, que é uma forma de terrorismo sem dúvida e que têm provocado mortes e ferimentos graves nas pessoas.

Não é possível que tenhamos que assistir a toda essa carnificina sem gritarmos por justiça, por providências urgentíssimas e pela ajuda imediata de tropas do governo federal, da polícia federal. É preciso debelar o mal pela raiz em forma de Lei Seca contra o crime e as execuções sumárias. Fosse em outro país com um povo mais patriota e unido, a sociedade, em todos os níveis de estratificação, já estaria nas ruas protestando pacifica e continuadamente contra a incompetência e a falta de autoridade do governo paulista.

Assassinos devem ir para a cadeia, policiais criminosos que desonram a sua corporação devem ser exemplarmente punidos e expulso de suas funções. Os órgãos de segurança deveriam ser mais céleres na erradicação desse tsunami de violência que devora a tranquilidade dos habitantes de São Paulo.

Ressalte-se que a violência não tem endereço. Ela pode atingir até os mais poderosos, o próprio governo e sua imagem junto à sociedade. O governador de São Paulo deveria saber que ele mora cercado da proteção de policiais, assim como os milionários são protegidos por um batalhão de seguranças. Entretanto, a violência tem tantos tentáculos que ela consegue até mesmo quebrar essas barreiras de aparente segurança oficial ou privada. Isso, então, é gravíssimo.

Sabemos que a violência envolve diversos componentes, atores e suas singularidades, onde se imbricam vários tipos de crimes e práticas delituosas e comportamentais da própria sociedade: as drogas, os traficantes, os viciados, os aliciadores, níveis sócias elevados de usuários, contrabando  de armas, de entorpecentes, miséria, desemprego, desagregação familiar, psicopatias sociais, enfim, um somatório que deságua num rio, a princípio, pequeno e estreito e, depois, se alarga num mar profundo de criminalidades multifacetadas.

Quem porém, mais sofre as consequência dramáticas desse vagalhão de violência é a massa, o povo, os indefesos, os trabalhadores sacrificados, as famílias humildes, os que mourejam no trabalho no Centro da cidade, os comerciantes, os bairros periféricos, as favelas, as residências e aqui, façamos um parêntese, o criminoso ataca indiscriminadamente todas as classes sociais se para isso se lhes abrirem brechas ou oportunidades.

A presidente da República e todos as autoridades brasileiras não podem ficar indiferentes à dura realidade do crime e das matanças em São Paulo. O estado de São Paulo, locomotiva econômica do país, metrópole–chave da América Latina, grande centro cultural do país, não merece pelo que está atravessando. Como importante cidade do mundo, com esta criminalidade galopante, só tem a perder aos olhos de outros países e isso economicamente é altamente prejudicial ao Brasil, sobretudo porque sua maior cidade está clamando por socorro e pelo apoio do povo brasileiro. O país não aceita protelações de nossos dirigentes. Os paulistanos, os paulistas em geral, hão de vencer os governos inoperantes. Salvem São Paulo!





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