Cunha e Silva Filho
O Mundo:
Dias passam e a questão da guerra civil na Síria ainda constitui um enigma quanto ao seu desfecho. Será que a oposição, os injustamente chamados revoltosos, “terroristas’, conseguirão mesmo apear do poder o tirano Bashar Al-Assad ? Ou haverá, por parte dos EUA e alguns países europeus, em decisão no Conselho de Segurança da ONU, um endurecimento em relação a essa guerra com uma intervenção militar para, pelo menos, destituir o déspota sanguinário do poder? A população, que ainda anda como fantasmas pelas ruas e bairros destroçados de Beirute e de outras cidades , pouco resistência tem para agüentar tanta desgraça. Os que podem atravessam a fronteira com a Turquia à procura de algum esperança. Tudo ainda é indeterminação O sofrimento é a palavra de ordem dos sírios massacrados por um ditador-louco, porque só mesmo alguém que como ele gerou tanta miséria e destruição para a sua própria pátria foi capaz de , até agora, se comportar sem clemência.
O País
A posse do novo Presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, foi um happening cheio de aduladores, com um numero grande de convidados para a solenidade. Ali estavam os homens e mulheres do poder. Foi hilária a frase do poliglota Presidente segundo a qual a “Justiça brasileira é desigual”. Ora, na terra dos bruzundangas, desde tempos imemoriais do Brasil Colônia, a justiça foi desigual, o que equivaleria a afirmar que “ladrão que vai para a cadeia é ladrão de galinha". Aliás, a frase do Presidente – um prato cheio para os analistas do discurso - não passa de um lugar-comum, de um truísmo, sem imaginação, visto que qualquer brasileiro comum sabe há séculos que rico não fica atrás das grades com as vestes em estilo listrado para uso no xadrez. O melhor exemplo disso foi a “soltura” do bicheiro Cachoeira por ordem da própria Justiça.
Quero ver com olhos que esta terra há de comer o que acontecerá com o grupo político do Mensalão julgado pelos pares do Supremo. Irão mesmo para o xilindró ou as famosas e imemoriais brechas e recursos da justiça encontrarão uma via para que os sentenciados fiquem em “prisão domiciliar” ou mesmo com total liberdade de ir e vir e de cuidar de suas vidas profissionais?
O Mundo
O que foi feito da “Primavera Árabe? Os ânimos descoroçoaram ou apenas foi fogo de palha diante da realidade da “pedra de resistência “ da autocracia que ainda manda e desmanda em alguns países do Oriente?
Alguns movimentos, como o “Ocupem ao Wall Street” se me afiguraram inoperantes. Vejam como a força do capitalismo é tão avassaladora e - por que não dizer ? - atraente como um canto de uma sereia. Quem pode, i.e. quem tem o vil mental, é quem dá as cartas nas mentes globalizadas neoliberais. Nova Iorque só não aguenta as forças de um furacão ou de um tsunami. Com a chegada do Furacão Sandy, o império dos investimentos da New York Stock Exchange teve que parar e a cidade – a síntese do mundo - virou uma wasteland.
O País
São Paulo enfrenta a maior crise de violência de toda a sua história. Se contarmos os mortos na guerra suja de bandidos com a polícia ou de bandidos com o lado podre da polícia, poderemos falar quase em guerra civil. A violência contra inocentes na forma de execução sumária sangra a imagem da maior cidade do país e principal cidade da América Latina. Perde o turismo, perda a economia e os políticos que a governam cairão na desgraça do esquecimento pela falta de resolver a escalada de violência, seja na capital, seja em cidades do interior paulista.
O Mundo
Temos novo governo na China. Esta caminha com passos firmes para se tornar a primeira potência mundial. A única coisa a objetar no país é a manutenção do sistema comunista, que exclui as liberdades fundamentais do indivíduo. Por isso, creio que este é um país interiormente triste. O Estadoda foice e do martelo, com o controle de tudo e de todos, progride economicamente, mas perde na dimensão espiritual no tocante à liberdade da pessoa humana. Paradoxalmente, o país comercializa com nações livres, faz suas exportações e importações. Do mundo a China só quer a dimensão econômica, vender seus produtos e daí sua contradição radical.
O País
Enquanto o mundo roda, o Brasil tem um longo caminho a percorrer a fim de merecer ser chamado uma nação moderna, civilizada, sem as crônicas dissimetrias entre ainda o arcaico e a modernidade.Mesmo nos grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro e São Paulo, vemos um Brasil de miséria, de ausência de vida digna, de respeito ao cidadão. A cidadania brasileira é ainda uma falácia. Haja vista os focos de miséria pelo país afora. O muito que ostenta em melhoria de transferência de renda é uma fatia irrisória se leva em consideração os quesitos de segurança , saúde, justiça, nível de educação pública, transporte de massa precários e até desumano. O país é um grande exemplo de uma sociedade dividida, individualizada, insolidária, com mínima possibilidade de mobilização social.
Favelas convivem com a suntuosidade dos bairros da alta burguesia. O país é um melting-pot social de desigualdades gritantes. Na prática político-institucional grassam a desonestidade, propinas, tráfico de influência, clientelismo, conluio espúrio entre o público e o privado ( de quando em quando a Polícia Federal está descobrindo servidores do Estado em funções relevantes praticando falcatruas contra o Erário Público) para realizar trocas de influências, partidos políticos sem identidade que não passam de formações partidárias instrumentalizadas pelos grandes partidos nacionais.
Em resumo, o nível de corrupção do país em nada melhorou, uma vez que parece uma doença crônica difícil de deter. A antropólogos e sociólogos cabe analisar o caráter do povo brasileiro tendo em vista a recorrência, a continuidade de casos de corrupção afetando praticamente todo a máquina do Estado Brasileiro.
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