Cunha e Silva Filho
 O ato indigno não é de hoje. Vem de longe, de muito longe, desde as tábuas de Moisés, por este  recebidas de Deus no monte Sinai. Os Dez Mandamentos resumem tudo o que agrada ou  repugna  aos desejos  do Criador. Entretanto,  o 5º Mandamento, “Não matarás” provavelmente é aquele  que   mais   se transgride na história da Humanidade. Ele próprio foi  transgredido logo de início por Moisés, diante  dos adoradores  do  bezerro de ouro. Moisés, presa  da indignação  dos sacrílegas adoradores  de ídolo,  e auxiliado pela tribo de Levi,  usando  da  espada,  levou  à morte vinte e três mil  hebreus.
Assim, toda a história do homem sobre a Terra está  manchada de sangue  por mil razões  diferentes, até as  mais  absurdas, desde atos  hediondos  até  motivos  fúteis. Tem sido  desta  forma e  não  acredito que  muito se  alterará no futuro.Guerras, revoluções,  brigas familiares,   altercações entre  desafetos,  discussões na rua,  vingança,  morte  sob a égide da lei dos Estados,  mortes  por razões religiosas, genocídios,  por acidentes nas estradas e nas ruas causados  pela irresponsabilidades  dos indivíduos, enfim, são  muitas as motivações. Não vejo que o ser humano  tenha  aprendido com tanta carnificina ao longo dos séculos.
Veja-se, agora,  o incidente ocorridos  com  embarcações que  levavam  ajuda  humanitária às população palestinas da Faixa de Gaza, território  cuja entrada é controlada pelos israelenses.  Atos de  selvageria  que resultaram  na morte de  inocentes  que  estavam prestando  serviço aos habitantes  daquele lugar, de uma população  que tem direito  à sobrevivência, ao alimento,  a levar uma vida  sem ameaça constante  do governo  de Israel. Essa ações de pirataria  oficializada  pelas autoridades  de Israel  denigrem a imagem  dos judeus,  povo historicamente  sofrido tanto  no passado  do período  narrado pelo Velho Testamento quanto pelo  crime nazista  conhecido como  o Holocausto. Não é isso  que  se  poderia esperar dessa nação.
 O governo de Israel, ao agir militarmente, justifica a  indignação e o comentário  incisivo do Premier turco, Recep Tayyp Erdogan,  quando  este  afirmou  que Israel  traiu  a própria  religião  no ataque à Frota da Liberdade em águas internacionais. Indignado com o ato ignominioso dos judeus,  o Premier turco endereçou-lhes, e  usando de seus dotes  de conhecedor  de línguas,  estas palavras  nas quais  o tom   de exaltação  vale pela veracidade e  justeza de sua  mensagem, proferidas com exaltação d’alma,  a fim de não deixarem qualquer  incompreensão  de barreira lingüística, uma  mesma frase desde os velhos tempos  bíblicos - “Não matarás” -  primeiro em  inglês, segundo  na própria língua dos judeus, o hebraico: “Lo Tirtzakh”!  Parece, ao que tudo indica, que  o uso da função  metalingüística jakobsoniana não obteve o resultado  esperado. A indiferença do  outro interlocutor virou babel mouca e afásica já que só tem  função  linguística quando está  se transmuda em  ato  criminoso  e desumano pelos disparos  de balas assassinas e impiedosas diante de indefesos a serviço do bem. Há uma frase de Shakespeare que  costumo  usar  para  situações como  estas: “The evil that men do lives after them”.(“O mal que os  homens praticam  sobrevive a eles”). 
Desde que o povo palestino  em Gaza tem sofrido o embargo judeu, a economia e todos  os setores da vida da  população têm  sido  arrasados, sendo que  os que mais sofrem no caos instalado  são as crianças. De resto,  ontem e hoje as guerras  e os massacres não poupam nem  os mais inocentes nestas desavenças político-econômico-ideológicas  pelo mundo afora. O mais  pungente, leitor, é  que os EUA  e as autoridades   israelenses ainda por cima  se defendem  e mesmo  julgam  certos  os procedimentos  belicistas e homicidas  de suas  determinações  político-militares. Aonde iremos  chegar  se os donos do mundo  se mantiverem nesta linha  de ação contra vidas  humanas e crianças  inocentes?
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