Cunha e Silva Filho
Abstract: This paper analyses two
functional studies of Portuguese Language, respectively, Aprenda
a falar e a escrever corretamente, by Luiz A, P. Victoria, and O poder das
palavras, by Walmírio de Macedo, i.e.,
grammar studies intended to teach a language for practical purposes, with a method quite different from
the ones used in writing
scholarly advanced grammars
which are mostly read by specialists
and not perused by the common reader who only wants to learn the basics
of his own language and so is not
interested in going deep into the realms of
intricate grammars couched in a
difficult exposition out of the
average reader’s reach. This kind of studies in Brazil may be
roughly traced back to 1960s, 1970s and
1980s with books that were chiefly published by
Edições de Ouro and a couple of
other Brazilian publishing companies. Moreover, these works (generally thin books) have
some traits similar to the approach used
by the so-called self-taught grammars
and practical studies, mainly in the
United States.
Keywords:
Language – Portuguese – practical – functional – grammars – academic - self-teaching.
Resumo: Este
ensaio analisa dois estudos de Língua Portuguesa, i.e., estudos gramaticais
destinados ao ensino de uma língua com
finalidades práticas e com método bem diverso daqueles usados nas gramáticas avançadas e acadêmicas, as quais são, na sua maioria, lidas por especialistas e não compulsadas
pelo leitor comum que apenas deseja aprender os fundamentos básicos de sua
língua materna e, por isso mesmo não se interessam por aprofundar-se
nos domínios intrincados de gramáticas vazadas numa
exposição difícil fora do alcance desse leitor
comum. Este tipo de estudos
aproximadamente remonta às décadas de 1980, 1970 e 1980 com
obras que foram na sua grande parte
publicadas pelas Edições de Ouro e por algumas outras editora nacionais. A par
disso, essas obras (geralmente livros
breves) têm características similares às chamadas gramáticas ou estudos autodidáticos, sobretudo de origem
norte-americana.
Palavras-chaves: Lígua – Português –
prático – funcional – gramáticas – acadêmico – autoestudo.
Neste ensaio emprego a expressão sintagmática
“Gramáticos funcionais” inspirado num
título e abordagem funcional de um autor norte-americano, George C. Cevasco que publicou uma
breve gramática inglesa intitulada
Grammar
self-taught. [1]
Nos EUA, ao longo do tempo, se editaram
numerosíssimas obras mais ou
menos enquadradas nos termos propostos por
Cevasco, ou seja, uma
gramática simplificada, visando, antes de tudo, à facilidade de exposição de
usos funcionais ou pragmáticos da língua
inglesa, longe da complexidade terminológica
de gramáticas acadêmicas, mais destinadas estas últimas aos estudantes do ensino
superior de Letras e
professores universitários, distantes,
assim, dos interesses de outros
usuários de gramáticas, seja por
não terem ainda nível de conhecimentos linguísticos suficientes como
os alunos do junior and senior
high school, seja porque tais gramáticas
simplificadas atendiam a um público
muito mais amplo e diversificado
de profissionais de comunicação, jornalistas, vendedores, homens de negócios, apresentadores,
radialistas, oradores, advogados,
médicos, engenheiros, enfim, um público-alvo para o qual
uma exposição avançada de uma gramática não teria
muito proveito imediato.
Daí
que minhas reflexões sobre modos de
escrever gramáticas me levaram a divisar duas espécies de gramática de uma língua: a) gramáticas acadêmicas,[2]
com apresentação somente de conteúdos teóricos avançados e endereçadas a especialistas (professores e estudante de
Letras); b) gramáticas mistas,[3] as
que visam a expor
tanto conteúdos teóricos em níveis médio e superior quanto aplicação
destes através de exercícios discursivos,
testes objetivos, de múltipla
escolha, inclusão de questões de vestibulares e concursos públicos em geral, servindo a um leque de leitores, como estudantes, professores
do ensino fundamental e médio de Língua Portuguesa e a especialistas (professores
e estudantes do ensino superior de
Letras e o público indistintamente.
Esse segundo tipo de gramática, em
algumas obras, como é o caso da
gramática do Professor Manoel P. Ribeiro (vide nota de rodapé 3 abaixo),
presta-se a ser uma obra também de referência,
à semelhança dos dicionários, para
consultas a inúmeras questões gramaticais, desde aspectos gramaticais de dificuldade mediana a
temas mais complexas e resultantes das mais recentes investigações
no estudo da língua, como linguística do texto, teoria da comunicação,
análise de textos,
sociolinguística, semântica, estilística,
redação argumentativa. Os estudos práticos sobre questões gramaticais - tema nuclear deste ensaio - estão mais próximos da segunda
espécie de gramática.
No
Brasil, nos anos 1960 a 1970, aproximadamente, esse mesmo
tipo de estudos funcionais esteve muito em voga, principalmente a partir
das publicações de bolso das
Edições de Ouro, muito voltadas aos
chamados livros de autoestudo tanto para os primeiros passos do ensino de línguas
modernas como os voltados a esse tipo de
gramática funcional ou estudos
temáticos sobre aspectos práticos gramaticais
- objeto do presente estudo. Sempre
assaz curioso, naquele tempo, por esse tipo de estudos,
comprei alguns livros dessas
coleções ainda no Piauí e, depois, no
Rio de Janeiro onde fixei residência.
Devo
registrar que eu próprio me incluiria entre esses leitores não só no tempo em que era universitário de Letras mas ainda pela vida afora. Não vou negar que elas me foram
proveitosas na aprendizagem geral do vernáculo e não conto as vezes em que a elas recorri para consultas imediatas e mesmo subsídios às
minha aulas de língua portuguesa em cursinhos do ensino médio, particular
e público.
Algumas dessas obras vinham com uma
novidade - a chave dos exercícios propostos -, novidade que não era só de então, nem tampouco de agora, pois, nos idos dos anos 1920, a velha editora F.T.D., de excelentes obras didáticas para as várias disciplinas dos currículos de
então, já incluía a chave de
exercícios para uso só dos docentes. Por outro lado, o emprego da
chave de exercícios, incluída no livro ou em edição em separado, hoje ainda é amiúde usado, não somente no país como em publicações do exterior, principalmente nos EUA e na
Inglaterra.
A chave de exercício se tornou um
instrumento generalizado nos
livros didáticos brasileiros, a qual, a meu ver, é sempre bem-vinda tanto
para docentes como para
discentes.
Não
tendo como objetivo aqui
desenvolver um estudo mais minucioso
dessas obras práticas, no entanto,
seria lícito levantar alguns dados sobre o assunto que, de outra forma, poderiam
permanecer esquecidos da atenção
dos estudiosos e produtores de gramáticas
na atualidade, inclusive tendo em vista
que essas obras, ventilando
tópicos gramaticais, fizeram história
na produção bibliográfica do
gênero no país. Por conseguinte, cabe-nos
tecer alguns comentários
sobre duas obras
desta bibliografia didática
escrita à margem da produção acadêmica e
especializada.
Escolhi como corpus das minhas análises não apenas autores editados pelas Edições de Ouro (hoje, Ediouro) mas
autores que deram a lume obras
gramaticais deste tipo em outras editoras.
Para fins desta pesquisa,
elegemos dois autores e uma obra correspondente a cada um. Para a discussão do
tema, desenvolveremos a nossa exposição
segundo os capítulos seguintes: 1) Considerações sobre os autores; 2) A organização
das obras e seu conteúdo; 3) A importância desse tipo de obras e seu alcance
junto aos leitores.
Autor: Obra examinada):
Luis
A. P. Vitória Aprenda a falar e a escrever
corretamente a sua língua [4]
Walmírio
de Macedo O poder das palavras com um
vocabulário rico [5]
1.A organização das obras
1.1
Consideração
sobre os autores
O entendimento deste ensaio só se torna pertinente quando
pensamos nos estudos gramaticais sem preconceitos, seja acadêmicos, seja
por motivos pessoais. Assim o fizeram os
países mais avançados do mundo civilizado. Não faz sentido subestimarmos a priori alguns estudos
gramaticais por motivos meramente elitistas só
explicados pela falta de
perspectiva do contexto cultural do
estudioso diante da história da nossa educação e, em
particular, dos estudos de linguagem no Brasil. Cumpre
entender que a produção didática ou
especializada no campo da gramática,
dos estudos filológicos e linguísticos só adquiriu um nível de eficiência e atualização após o
surgimento dos cursos superiores de
Letras no país a partir do final anos 1930.[6]
Por outro lado, a formação dos professores de língua
portuguesa, por exemplo, atravessou duas
fases distintas: a de professores sem a devida
formação acadêmica nos estudos literários, quer dizer, via
Faculdade de Letras e os docentes
graduados por esta última. Desta
maneira, durante alguns anos, professores
de áreas que não a de Letras, principalmente oriundos do curso de Direito, supriram a ausência de
professores licenciados em
Letras.
É neste
contexto histórico que muitos estudiosos de questões de linguagem,
amparados em leituras de grandes
gramáticos brasileiros, por autodidatismo
foram-se aprofundando e alguns deles
começaram a produzir obras
relacionadas à gramática dirigidas ao público em geral não
especializado. Neste grupo se encontram nomes como
Luis A. P. Victória, Osmar Barbosa, José Perea Martins, entre outros, ao
lado de mestres do ensino médio e superior
como Walmírio de Macedo,[7] entre outros.
Na maioria eram autores produtivos, com
muitas obras práticas acerca de temas da
linguagem normativa, obras pautadas no
“certo” ou “errado” da sintaxe portuguesa. Aliás, no país vem de longe essa prática, hoje
não bem aceita por alguns novos
gramáticos e linguistas, devido aos excessos de ortodoxia no uso
sintático, em suma, na prática da
gramatiquice que tanto foi combatida pelos
escritores modernistas,
principalmente da primeira fase
inicial, a de 1922. Seriam emblemáticos o opúsculo Regras
práticas para bem escrever, de Laudelino Freire[8],
membro da Academia Brasileira de Letras, e, em Portugal, os volumes de O que se não deve dizer, de Candido
de Figueiredo, gramático e filólogo português).
A antiga crítica gramatical,
praticada entre nós por um Osório Duque Estrada e, em Portugal, por um Gomes de Amorim[9]
que, segundo a afirmação de Hênio
Tavares, “mutilou Camões no leito de
Procusto da sua estreiteza gramatical.”[10]
Antes mesmo do Modernismo brasileiro, no
período convencionalmente chamado de
Pré-Modernismo, o escritor Lima Barreto já era bem criticado por utilizar uma linguagem
literária muito próxima do uso oral, reproduzindo o falar de pessoas
do povo. O que seria um avanço no emprego da linguagem literária
era menosprezo de críticos gramaticais que não atentavam para a dimensão
“estético-social”[11] da sua
obra renovadora por lhes faltarem, a meu ver, ampla visão estética.
A circunstância de me cingir apenas aos
quatro autores citados, sinaliza
mero ponto
de referência a um
número de outros autores que
desenvolveram obras semelhantes e que podem ser
tema para outras pesquisas mais completas voltadas a esse tipo de estudos funcionais, tratando
de questões gramaticais sem propósito algum de apresentar
hipóteses de teses sobre partes
da gramática normativa, geralmente,
sem aparato bibliográfico nem
terminologia científica.
Constituem
obras sem viés erudito, prontas a atender aos usuários em consultas rápidas, conforme presenciei,
numa redação de jornal, um
apreciado jornalista afirmar para um colega meu de vida literária. O
jornalista retirou de um gaveta de
sua escrivaninha um
pequeno livro prático sobre
dúvidas na arte da escrita: “Sempre que
estou inseguro, recorre a este
livrinho.” Não preciso de mais nada,”
concluiu ele.
As gramáticas funcionais
são livros que, seguramente fundamentadas em boas gramáticas mais conhecidas e de autores de peso, nas mãos de um autor não acadêmico e erudito, são assimiladas em formas mais simplificadas
de elucidar o leitor
comum. Isso não quer dizer que algumas não tenham sido bem organizadas, bem redigidas e com boa
contribuição pessoal e habilidade
de formular exercícios bem elaborados.
Daí serem estudos de aplicação
gramatical, que pesquisam as “miudezas” gramaticais, cuidando mais
de morfologia e de alguns aspectos sintáticos: relação exaustiva de
coletivos, vozes de animais, femininos
menos conhecidos, nomes
gentílicos, plurais de compostos, substantivos
nos graus aumentativo e diminutivo, uso dos numerais, uso da crase
com dicas práticas, plurais de
adjetivos compostos, uso de
pontuação, de abreviaturas, de pronomes
relativos regidos de preposição, de
concordância verbal, nominal, uso do
infinitivo pessoal ou impessoal, de sinonímia, paronímia, antonímia,
silabada, ortoépia/ortoepia.
2. A organização das obras e seu
conteúdo.
2.1 Luis A. P. Victória e sua obra Aprenda
a falar e escrever corretamente a língua
portuguesa()
Autor
muito conhecido por suas
obras endereçadas a estudos
sem mestre de Língua Portuguesa relativos ao ginásio e ao segundo grau, lançados pelas Edições de Ouro,
também escreveu uma pequena história da literatura francesa e um
livro para o ensino prático da língua inglesa, um dicionário de mitologia e um dicionário da origem das palavras, entre outras
obras, em geral para quem deseja
melhorar sua cultura geral. É o próprio
autor dessa obra que, no prefácio, admite ser ela endereçada ao povo, ao leitor
comum e não ao aprofundamento erudito em
questões de Língua Portuguesa. As explanações são feitas de maneira clara, reduzidas
ao mínimo, sem citações de autores e abonações de obras literárias, sem igualmente nenhum aparato
bibliográfico remissivo. Como outras
obras congêneres, a edição de que
me valho data de 1953, ou seja, sua
exposição ainda segue a
terminologia gramatical antes da introdução da NGB, em 28 de janeiro de
1959, Portaria Nº 36.
Da
mesma maneira que outras obras do mesmo
feitio, não inclui capítulo sobre fonética e fonologia. Não
segue, portanto, a divisão clássica (fonética, morfologia e sintaxe) das gramáticas
normativas tradicionais mais conhecidas.
Tendo por objetivo o uso
funcional da língua, só aborda
aspectos pontuais da morfologia,
da sintaxe e ortografia. Por outro
lado, vejo como
aspectos positivos nessa espécie de gramática e estudos
alguns itens, muito úteis a qualquer
usuário da língua materna, os quais se fazem presentes em
obras congêneres:
-
Concordância verbal
-
Concordância nominal
-
Colocação pronominal
-
A crase
-
Verbos irregulares
-
Particularidades sobre verbos
- Verbo
haver
-Uso
do imperativo negativo
-
Uso de pronomes de tratamento
-
O pronome se (partícula apassivadora),
-Verbos
irregulares
-
Sistema ortográfico (incluindo pontuação, acentuação, abreviaturas)
-
Emprego do infinitivo impessoal
-
Regência de alguns verbos de “uso mais frequente;”
-
“Generalidades”:
A partícula
que, as expressões porque
e por que (grifos do autor em exame)
-Adjetivos pátrios ou gentílicos “que apresentam
dificuldades”
-
Os coletivos mais usados
- Barbarismos
gráficos
- Barbarismos
prosódicos
-Parônimos
É lícito acentuar que toda a
exposição gramatical obviamente se estriba
nas leituras implícitas dos nosso gramáticos
mais abalizados. A contribuição
de Luiz A. P. Victória foi a de
resumir, organizar, de
selecionar os aspectos gramaticais que - suponho ter pensado o autor -, não podem ser omitidos em estudo gramatical de natureza
funcional, conforme já frisei mais de uma vez neste
ensaio. Entretanto, a grande
contribuição de Luiz A. P. Victória, a
meu ver, reside não apenas na explanação clara e simples do
conteúdo mas igualmente nos bem
elaborados exercícios sobre os
assuntos ventilados no
livro e acompanhados da chave no final do volume.
Recordo que há um outro tipo de exercício de aplicação, de nome “Textos a corrigir,” que segue uma tradição também
muito comum em
obras análogas de autores estrangeiros e mesmo brasileiros, muito
difundido em obras de décadas atrás. Ou seja,
uma prática de ensinar uma língua
estrangeira ou nativa
na base do “certo “ e “errado.” Esse exercício também vem com a chave para consulta
do leitor.
Alguns linguistas hoje em dia repudiam essa forma de approach
no ensino de língua, alegando
que ela se destina aí somente ao uso escrito culto
da língua e não leva em
conta os demais níveis
da língua já estudados pela sociolinguística .O tema é
polêmico e deve permanecer em
aberto.
2.2.
Walmirio de Macedo e seu livro O poder
das palavras com um vocabulário rico.
Respeitado
filólogo, linguista e gramático, faleceu recentemente. Foi membro ilustre da
Academia Brasileira de Filologia e lecionou Língua Portuguesa no ensino médio, na
Pós-graduação da Universidade Federal Fluminense e na Universidade Santa Úrsula, autor de várias obras nas suas
especialidades. Walmirio de Macedo é
desses estudiosos que, a par de obras
mais complexas no campo dos estudos da linguagem, enveredou
igualmente por estudos práticos da Língua
Portuguesa, alguns publicados pelas Edições de Ouro. Dentre outras obras
práticas, optei por um
livro bem diferente em sua natureza
didática e temática, o qual lemos
nos anos 1960, da Coleção “Aprenda a tua língua.”[12] É
evidente, desde o conteúdo dos itens
gramaticais desenvolvidos na pequena
obra, que o autor sinaliza logo a sua formação acadêmica, sobretudo no elucidativo prefácio, que passamos a comentar.
O objetivo de O poder das palavras é
conscientizar os usuários do vernáculo para a importância que o vocabulário desempenha na
comunicação escrita ou falada, despertar
no leitor o hábito de adquirir maiores
possibilidades de comunicação e
maior domínios de recurso vocabulares
e estilísticos a fim de torná-lo
mais competente linguisticamente.
Indivíduos com um repertório
vocabular pobre, segundo Walmírio de Macedo, tendem a “insucessos na vida.” Citando
o historiador e crítico literário
português Fidelino Figueiredo,
lembra que a “conversação” entre pessoas seria uma espécie de “luta pela
expressão,” título de uma das obras do
crítico português.[13] Recorda,
ademais, que o êxito das pessoas na
profissão muito depende do referido domínio do vocabulário e recursos
expressivos de que a língua
dispõe, tais como sinonímia, homonímia,
domínio da conjugação verbal etc.
Walmírio de
Macedo argumenta que, ao
conversarmos, temos por
finalidade um “aspecto tríplíce
da linguagem”: a) informar; b) solicitar; c) convencer. O sucesso da
comunicação entre os indivíduos depende
do bom desempenho desses três aspectos. Refere que a
competência linguística se realiza plenamente quando a informação
se combina com a “precisão,” a
solicitação com a adequação
vocabular e o convencimento se torna eficaz e se realiza com “facilidade.”
O objetivo do autor é, pois, prover o usuário da língua com
uma orientação, exposta em
linguagem “simples, visando a equipar o leitor em geral com “lições”
de um professor de língua
portuguesa contando, na época, com onze anos lecionado, em todos os níveis de ensino, e amparado em leituras nos mais
“renomados” estudiosos da
Linguística(assim grafado pelo autor), tais como Saussure, Matoso Câmara, Bally, Vossler, Spitzer, Lázaro Carreter,
Georges Galichet, Meillet, Marouzeau, Amado Alonso, Dámaso Alonso entre outros.
Além do conteúdo temático exarado pelo autor
e que, em geral, se encontra em
obras práticas ou funcionais, como homônimos, formação de palavras, verbos, femininos, nomes gentílicos, há que
salientar-se os seguintes pequenos capítulos, os quais por si mesmos, evidenciam
as novidade e atualização da obra
em exame:
- O símbolo linguístico ( capítulo I);
-Alterações de significados em consequência de
fatores tais como
associação
de ideias (capítulo V);
- O
vocabulário e as classes sociais (capítulo VI);
-“Eufemismo” (capítulo VII);
-“A psicologia e os vocábulos” - Estrangeirismos
(capítulo VIII);
Se o propósito do gramático tem como núcleo
desse pequeno livro demonstrar
até que ponto o domínio de vocábulos e seus significados será útil e
proveitoso ao leitor desejoso de
aperfeiçoar sua habilidade escrita e oral da Língua Portuguesa
enriquecendo seu vocabulário e
aprendendo na leitura dessa obra a segura
orientação a fim de
conseguir seu intento, alguém, todavia, poderia argumentar que se não seria melhor e mais rápido
consultar os grandes e mais conceituados
dicionários de que dispomos em Língua Portuguesa, lendo, com critério
e meticulosidade, cada verbete e
abonações várias, cujas acepções não conhecemos bem. Não, exatamente, dado que, no estudo de O
poder das palavras, o autor adentra
aspectos dos vocábulos tendo em vista o seu
contexto linguístico, a variação
estilística e a sua seleção
semântica qualitativa e
quantitativa dentro dos limites traçados pelo recorte específico de suas
pesquisas.
Ora,
não é aleatória essa escolha do vocabulário examinado e ilustrado em exemplos e em testes
objetivos ( no livro são 16 testes bem elaborados seguidos de uma chave de exercícios) a fim de que o leitor se beneficie
e possa ter segurança de que assimilou bem
as lições desenvolvidas no livro.
A seleção do vocabulário
analisado pelo autor tem sempre
em vista a sua pertinência
no uso da língua escrita e oral e a sua praticidade em benefício
do usuário de amplo espectro. Vejamos, a seguir e em resumo,
como o autor trata cada um dos itens dos capítulos acima-elencados.
2.3
O símbolo linguístico.
Para os estudantes dos antigos ginásio,
científico, clássico e técnico, que pertenceram à minha geração, no final das
décadas de 1950 e inícios de 1960, pelo menos,
nos conteúdos dos livros
didáticos oficiais, o conceito de símbolo linguístico (ou signo linguístico)
era para nós desconhecido.
O autor deste ensaio só foi estudar
esse conceito nos estudos do eminente Matoso Câmara, de quem foi aluno, no início da segunda metade dos anos 1960, através da
leitura, para a época, obrigatória e,
hoje, um clássico no gênero, de Princípios de linguística geral,[14] obra,
de resto, difícil a muitos estudantes da
minha geração, alguns dos quais não gostavam
do estilo “barroco” (
segundo opinião bastante subjetiva e
algo ingênua de algumas colegas da graduação de Letras) do famoso
linguista brasileiro.
Walmírio de Macedo, no início do capítulo de sua pequena obra, informa e ensina, sempre com a
simplicidade e clareza de
exposição, o que seja o símbolo linguístico, os dois elementos
que o constituem - , o significante e o significado -, a
arbitrariedade do signo linguístico, o conceito de palavra, resultante da “associação” de vocábulo com a ideia. O
autor refere que, ao contrário da palavra, sempre um símbolo,
vocábulos há que não são
arbitrários, i.e., aqueles que definimos
como as onomatopeias, cujos sons lembram
logo o que representam. Dá como exemplos os vocábulos “au-au,” “fon-fon,”
os quais de imediato sugerem
o que simbolizam o cão e o
automóvel. [15]
Voltando ao conceito de palavra, Walmírio de Macedo recorda que a palavra é forma e ideia, sendo
a forma o “conjunto fonético” e a ideia,
o “conteúdo psíquico”[16]
Prosseguindo em sua exposição, o
estudioso chama a atenção para o fato de que, na comunicação, a palavra sozinha não se realiza como mensagem, porquanto só na frase
ela adquire valor comunicativo,
de enunciado e de “simbolismo
linguístico.”[17] Fora da frase, segundo
ele, a palavra é mera
“abstração.” Argumenta que, no
dicionário, a palavra pode, em alguns
casos, ser até “perigosa,” dado que, no verbete, ela oferece
muitos sentidos, os quais só podem ser
particularizados quando no
“conjunto fraseológico.” Ele ilustra, com exemplo, a palavra “cabeça,” contextualizada em frases extraídas da conhecida obra Estilística da língua portuguesa,
de Rodrigues Lapa.[18]
Adverte
o autor que o emprego correto de uma vocábulo
merece todo o cuidado do usuário
da Língua Portuguesa. Por último, faz
referência a escritores (poetas,
oradores) que se comprazem no uso do que
se chama “harmonia imitativa,” recurso
fonético-semântico a fim de estabelecer nexos de sentido graças ao emprego de vocábulos nos quais os
fonemas iniciais de cada um, numa espécie de quebra da arbitrariedade
linguística, provocam, no conjunto do enunciado, uma ideia
pretendida por um autor. Como exemplo,
recorre àquela conhecida frase: ”O rato roeu o rol da roupa do rei de
Roma.” Ou, nas palavras do gramático, filólogo e linguista: [... com sua
sequência de erres procura dar ideia
do ruído provocado pelo rato quando rói.] (negrito do autor).[19]
2.3.
Alteração de significados em consequência de fatores tais como ‘Associações de Ideias.’
No
capítulo V, Walmírio de Macedo
enfoca a questão da mudança do significado
de um vocábulo quando seu emprego resulta de uma associação de ideias. Para ele, ao
alterar um significado, uma
palavra pode resultar numa metáfora., definida por ele como “... a alteração de sentido de uma palavra
sem que se lhe seja alterada a
forma.”
Adianta
que, na criação da metáfora, o processo de alteração semântica ocorre
por analogia e “contiguidade”.
Justifica seu argumento com a
frase proferida pelo homem ao
dirigir-se galantemente a um mulher: “ É uma flor.” Por associar traços da
flor, como beleza, delicadeza,
perfume ou levado por uma
afetividade votada à flor e a uma mulher
que lhe despertou uma admiração,
surgiu aquela metáfora. Reforça que entre a flor e a mulher
não existe uma “semelhança entre a cor, a forma e a estrutura,” A semelhança
está assente na “ideia” veiculada
pela flor e pela mulher.
A analogia se efetiva também no campo afetivo ou disfêmico utilizado por um emissor, o que o leva reconhecer dois tipos de metáforas: a
fundamentada na “semelhança ” e a “estritamente afetiva.” Como ilustração da primeira, cita os “apelidos,” nas expressões vocabulares seguintes: “Girafa”,
para designar um pessoa muito alta; “Cara de
Lua Cheia”, pela semelhança da forma física do rosto de alguém com o
satélite da Terra; “Onça” para significar
uma “mulher valentona”; “Víbora”
em decorrência de uma mulher ser “linguaruda” e em virtude do sentido comum do veneno da cobra e o da “língua da mulher.”
O
professor Walmírio de Macedo ainda
refere a metáforas empregadas com
apoio em adjetivos. É o caso do sintagma
“música saborosa.” Tem-se aqui, segundo ele
elucida, um determinante com “sentido inaplicável,” de vez que
“saborosa” não poderia ser utilizado
a fim de qualificar “música.” Esse emprego só cabe mesmo
como expressão sinestésica ( de
largo uso no estilo literário
do movimento simbolista) ou como
ele pondera, como “transposição de sentido.”[20]
O autor menciona mais dois exemplos nos quais
o adjetivo transmite acepções diferentes:
“conta salgada” e comédia salgada” (negritos do autor).
O filólogo
tece, em seguida, considerações
em torno de outro “fator” de alteração de
sentido: a afetividade. Daí surgirem um
quantidade de expressões nascida do impulso afetivo, tais como vistas nos
exemplos seguintes: “meu chuchu”, “minha
joia”, “meu torrão de açúcar”, “meu tesouro,” “meu anjo”, “minha flor,” entre
outras.
Para Walmírio de Macedo a metáfora é um
“fator” na língua “necessário e indispensável.” Aduz ainda que a metáfora não
deve ser entendida como
um “desvio” de “uso idiomático normal,” porém como
um fato da língua que deve merecer toda atenção pela importância que assume no
campo da expressividade.
O autor
conclui o capítulo ensinando que, certas metáforas, por serem
tão usadas, perdem a antiga característica de metáforas. A elas o autor chama de
“metáforas mortas ou gastas” (negritos
do autor). Dá como exemplo desse tipo de metáfora os seguintes: “pé do monte,”
“barriga da perna,” “braço da cadeira.” O abuso de metáforas, segundo o
autor, provoca o surgimento de gírias, as quais são provêm de uma
“associação de ideias”, à semelhança das metáforas.
2.4.
O vocabulário e as classes sociais: gírias
Neste
capítulo, o filólogo discute a questão da gíria na Língua Portuguesa. De
início, se observa claramente um
posição crítica e até dogmática do autor no que concerne ao uso da gíria. Não nega o fenômeno da gíria, mas taxativamente não o aceita, pelo menos ao
tempo em que escreveu a obra em tela – princípios dos anos 1960 -, consoante se pode depreender da
citação seguinte, logo na introdução do
capítulo VI: “É preciso que nos policiemos a todo instante para não dizermos
gírias.”[21]
Quer dizer, sua posição de gramático, posto que reconheça
a realidade linguística da gíria, tende a ser bem conservadora no campo da
política do idioma. Mostra-se um
vigilante, um defensor da pureza do vernáculo e, assim, se mantém até ao final
do capítulo.
Nesta posição
defensiva é evidente e
incisivo o tom edificante com que se posiciona no tocante ao ensino da
língua portuguesa, seja na oralidade, seja na escrita. Não obstante, por se
tratar de um estudioso da linguística,
ele divisa seis traços distintivos no emprego da gíria, os quais, a meu
ver, constituem o fundamento
de sua reflexão sobre o vocabulário e a gíria:[22]
1) Ausência de significação própria;
2)
Significação conforme a situação;
3) Malícia;
4) Associação
de ideias;
5) Sentido
de classe
6) Transitoriedade.
Os
traços enumerados acima falam por si mesmos. O filólogo reconhece a realidade linguística da gíria, mas nelas não vê nenhuma “significação própria” acrescentando que a significação só se potencializa quando numa determinada situação aliada à “malícia
do sujeito falante.” Esse aspecto psicológico é que o leva a afirmar ser a
gíria inadequada às pessoas de “bom-tom.” Ora,
ao longo do capítulo, assume uma
atitude de fundo estético-moralista em relação ao emprego das gírias.
Ele lembra, com primeiro exemplo de uma
palavra da gíria o verbo “sassaricar”
surgido no Rio de Janeiro, dando-lhe os sentidos que o mesmo exprimia desde o seu surgimento: namoriscar’, amolar a paciência
alheia, fazer que quer e não querer uma coisa, estar vagabundando, não cumprir
com suas obrigações, entre outros, Acresce ainda que, por ser um vocábulo da gíria, ele serviria
para expressar “qualquer coisa que se quisesse”.
Chama atenção para outro exemplo gírico da época da escrita de O poder das palavras: “Naquela base.”
Logo argumenta que essa locução não expressa
nenhuma “lógica.” Argui que a locução terá o sentido ditado pela malícia do falante. Em outras palavras, o filólogo confirma a
sua desaprovação do emprego de gíria.
Observa que a gíria, criada por alguém resulta de uma “associação de ideias” “por
semelhança ou algum ponto de contato.”
O ilustre gramático, na sequência de aspectos discutidos e ilustrados sobre as
gírias, lembra um outro tipo
desse uso de vocabulário, ou seja, a gíria dos malandros, a qual para o
autor tem pontos comuns às gírias em geral. Chega mesmo a denominá-la de “língua especial.” Aduz,
ademais, que, em alguns casos, para entender a gíria dos meliantes, faz-se necessário
recorrer ao concurso de policiais
com experiência em lidar com a fala de
“malfeitores. Para exemplificar,
relata que o famoso “facínora”
Cabeleira, ao depor para a autoridade policial,
falava de modo “incompreensível,
sendo então necessário a ajuda de “uma
comissão de policiais” para traduzir o que
criminoso dizia.
Ao referir-se às gírias resultantes de uma associação de ideias. O
gramático cita alguns exemplos, como,
entre outros, a expressão otário de
braço”, usado parasse referir ao “relógio”, um objeto que “trabalha de
graça,” ou por uma outra palavra, “bobo,” por razões similares. Por tais motivos é que
a gíria define, segundo o autor, o indivíduo
quanto a seu estrato social. Um outro aspecto para o qual o autor
chama a atenção do leitor é que as gírias têm pouca duração. Muito poucas palavras ou expressões gíricas desaparecem,
não “vingam” e isso para ele é um motivo de alegria, de vez que, segundo
já afirmei, para ele a gíria só
“degrada” o falante que a use e o
receptor que possa ouvi-la, retirando da comunicação oral ou escrita
toda a
“real e consistente beleza” da língua.”
O fato é que ao final do capítulo, tira algumas conclusões que, segundo ele, ajudariam
os leitores que desejem aprimorar o seu desempenho do idioma nacional. Em resumo, seriam essas:
a) Evitar as
gírias;
b) A gíria
empobrece a língua;
c)
Estudantes do ensino médio devem igualmente evitá-las, pois, consoante o autor, nessa fase, tendem a ser atraídos pelas gírias.
No
último parágrafo do capítulo, o ilustre professor faz referência a um dia em que, num ônibus, ouvira
de dois colegiais que, animados, falavam
certamente sobre a estética do
físico de uma jovem. Um deles dissera:
‘Ela não é bonita mas é ‘enxuta’. O
professor arremata: ”O que me consola é que dentro de seis meses já não se falará em tal termo.”[23] Nota
Numa obra como a que estou comentando, é bem compreensível que o autor tome
uma posição - diria -, não acadêmica nem
erudita, mas sim norteado pelos propósitos que tinha em mira ao escrever O poder das palavras: uma obra didática e prática, sem
muita profundidade, ressaltando, contudo, alguns aspectos dos estudos da língua que qualquer
leitor comum teria curiosidade
de ler e sobre eles ter uma noção
geral dos mecanismos expressivos e estilísticos
da língua portuguesa. Sendo assim, é compreensível que o filólogo pautasse sua posição sobre os temas abordados
sob uma perspectiva conservadora.
Por
outro lado, vejo que, a não
dar relevância alguma ao estudo da gíria, ele
almejasse apenas guiar o leitor não especializado e o jovem leitor secundarista para a uma
consciência linguística voltada aos estudos da norma
culta, da rigidez gramatical, internalizando nesses leitores o valor da correção gramatical, do uso do certo e do
errado, tão hoje repudiado por
alguns linguistas contemporâneos.
Entretanto, essa obra de Walmírio de Macedo
marca uma fase do pensamento do
estudioso sobre questões da língua. Seria preciso ler as obras de natureza acadêmica do autor para sabermos
até aonde foi modificado ou não o
seu pensamento acerca, por
exemplo, do tema ventilado nesse
capítulo. Entretanto, no Dicionário de gramática[24]
escrito
anos depois, ao definir o verbete gíria,
o autor se mostra bem objetivo sem laivo algum
de subjetividade subjetivo de
cunho estético-moralista que revelara ao tempo da escrita de O poder das palavras, decerto por se
tratar de uma obra de natureza
acadêmico-científica, onde a objetividade
se torna um imperativo do
estudioso).
2.5
Eufemismo
Walmírio
de Macedo, no capítulo VII, foca sua atenção para o uso do eufemismo. Para ele,
empregar eufemismos é evidência de respeito não são aos usos socialmente adequados
da língua, mas também
demonstração de gentileza,
polidez e respeito aos outros.
Desta maneira, rejeita o uso de expressões
disfêmicas, as quais abastardam
quem as emprega e tem um efeito comunicativo quase tão
nocivo quanto algumas gírias ou
expressões de baixo calão. A importância
do que se poderia chamar a estética da
palavra, o uso de expressões que suavizam ou modalizam sentidos
iguais que, de outra forma,
mostrar-se-iam grosseiros ou “ásperos”( palavra do autor) na interlocução na sua modalidade oral ou
escrita; Segundo ele, “E preciso
saber usar expressões condignas, bonitas embora a verdade seja a mesma. Não
chocam.”[25] Mais uma vez,
tem-se a revelação da perspectiva do autor em assuntos de estudos
linguísticos: o zelo pelas formas
normativas, pela correção, pela
estética comunicativa e assim se porta
ao longo da exposição sobre
aspectos vocabulares e frasais da
Língua Portuguesa. Era, pois, um vernaculista, como ainda veremos no
capítulo VII de seu pequeno livro ora
analisado.
O
gramático não perde azo para reiteradamente vincular os usos da língua com a psicologia
humana voltada para comportamentos sociais sublinhados pela
civilidade e respeito ao falar ou escrever. A linguagem, ensina
ele, “... é a exteriorização de
sua personalidade, meu leitor.” Acrescenta
que há casos em que os psicólogos,
examinando clientes, observam que muitos deles, pela linguagem, revelam
sintomas de “anormalidades psíquicas.”
Vejam-se alguns exemplos que nos
apresenta a fim de ilustrar
o seu pensamento sobre o eufemismo
e seu oposto, o disfemismo:
Maria fechou os olhos no dia
tal...(eufemismo)
Maria morreu.(disfemismo)
Risoleta é uma senhora respeitável (eufemismo)
Risoleta é uma velha (disfemismo).
Uma gentil
companhia (eufemismo): alusão a
uma moça que acompanha um casal de
namorados
Pegando vela (disfemismo)
Ninho de amor (eufemismo)
Casa de meretrício (disfemismo).
Finalmente, o professor Walmírio de
Macedo chama ainda a atenção para outro
aspecto da língua que deve ser evitado.
Da mesma maneira que nos disfemismos, há indivíduos que se excedem ou
exageram o sentido atribuído a certas
palavras ou expressões. É o que se chama de hipérboles. (negrito do autor). Ele chega a considerar a hipérbole
na linguagem comum um vício, que,
segundo ele, pode até redundar em ridículo, quando não “deselegante.”
E, para fundamentar sua posição, refere
o caso de uma pessoa com nariz grande:
Ele tem o nariz do ‘tamanho de um bonde.’ Ou essoutro de um pai elogiando a inteligência do filho: ‘Ele é um Rui,
um verdadeiro Rui Barbosa.’ Para o eminente gramático, tais expressões não devem ser imitadas, são “antipáticas.”
Naturalmente, aqui o autor não se refere
ao uso literário de hipérboles que, tem
uma função expressiva, na condição de
figura do pensamento. Ou seja, pertence
ao domínio da estilística.
2.6 A psicologia e o vocábulo
Para
Walmírio de Macedo a língua não está dissociada da psicologia humana. O individuo sofre as influências do
que o circunda nas situações sociais diversas com que se depara na vida.
Para este gramático a lógica da língua é diversa da lógica da matemática. Recorrendo
ao linguista George Galichet, pondera
que a lógica da língua é psico-lógica.[26]
(negrito do autor).
Observa ainda que, ao falarmos, cada palavra sofre o efeito de uma “carga
psicológica do sujeito falante.”
Salienta que a língua não é somente o vocabulário, porém uma construção, sinalizadora de uma
sensibilidade e afetividade, de uma emoção a todo instante, posto que, acrescento eu, seja comunicada de forma objetiva, num plano impessoal.
Segundo ele,
o indivíduo quando afirma que “faz frio” ou “chove” não só vai apenas transmitir uma dada
sensação de frio ou de condição meteorológica. Na sua gestualidade
o fator psicológico acompanha a
mensagem linguística pela “inflexão de
voz,” a “expressão de prazer ou desprazer” além da manifestação ou não aliada
à “ideias de calor ou frio ou de chuva.(negritos do autor).
Explica
ao leitor o que seja “afetividade” na linguagem
e a conceitua: “A afetividade é o sinal exterior do interesse pessoal que
sentimos pela realidade.”[27] Em
seguida, lembra que há sufixos “afetivo-pejorativos” e dá como exemplo o
vocábulo ‘gentinha,” o que não
significa neste caso ‘gente pequena,’ quer
dizer, não se lhe está dando uma
ideia de diminutivo apenas, porém de “gente má” e eu completaria: gente de
condição social muito baixa, gente desprezível. Menciona ele outro exemplo semelhante
com o vocábulo “gentalha,” com a acepção de gente de baixo estrato social, desprezível. Adiante, fornece outros exemplos com sufixos
diferentes, explicando-lhes o significado:
‘Valentão’ – não é um ‘valente grande’ mas ‘um
falso valente,’ um arruaceiro.
‘Barbudo’– não é apenas ‘o que tem barba,’ porém o que tem uma barba
feia, ou suja ou qualquer coisa de ruim.
Mais adiante, informa que o sufixo “asto,” ou “astro”
denota “coisa ruim” além de significar aquilo que não é “castiço,” bom,
legítimo”: Poetastro– um mau poeta; Medicastro – um mau médico. E assim nos
exemplos:
Padrasto – mau pai; madrasta – mãe ruim;
‘mulheraça’ – “mulher masculinizada,” ao contrário, acrescento eu, de mulherão –
uma mulher grande e de atraentes qualidades
físicas
Walmírio
de Macedo aproveita o tema em questão para narrar uma bem urdida e até cômica historieta
por ele mesmo inventada de uma moça recém-casada, cujo relacionamento amoroso
vai-se esboroando com o passar do tempo e à medida em que o marido vai dando
sinais de modificação de comportamento não condizente com o da vida de um casal
feliz.
Para ilustrar o efeito semântico que tem um vocábulo palavra, no caso, “palavra,” grafada primeiro no
diminutivo, “palavrinhas,” em seguida,
“palavras” e finalmente “palavrão.” Ou seja, a deterioração dramática da
vida da esposa vai-lhe modificando o que pensa do marido e, nessa modificação, se pode ver como a língua também acompanha o estado
psíquico de uma pessoa traduzido na modificação de sentido e da
forma de uma vocábulo: “palavrinhas” > “palavras” >
“palavrão.” A situação dessa historieta evidencia que ela tem um desfecho que se avizinha do trágico
na trama e bem assim no seu desfecho
metalinguístico.[28]
Mais adiante, o filólogo aponta o emprego da afetividade e seu efeito na
concordância verbal. Para ilustrar recorre aos exemplos abaixo:
‘Como vamos de saúde’ ?, em vez
de Como vai de saúde?’
‘Com estamos de negócios, ó Antônio’?
Nos dois casos, explica o autor: “Quando indagamos de
alguém a quem queremos bem como vai,
como está etc., geralmente empregamos a 1ª pessoa do plural. É um sinal de
afetividade.” [29]
O
professor traz à baila mais um caso de afetividade, desta vez relativo à sintaxe de
colocação e, por conseguinte,
acarretando modificação semântica: Veja nos exemplos dados por ele:
Filho
meu, onde andas?, Ó mãe
minha, como choro a tua ausência!
Rematando o capítulo, o autor anda inclui na afetividade
linguística a figura do anacoluto,
também denominada “frase quebrada.” Produto da afetividade, o emprego do anacoluto, a meu ver, é mais comum no discurso oral e, para Walmírio
de Macedo, nele está embutido
um “reflexo da afetividade, do
sentimento de quem escreve ou fala.”[30] A palavra na frase resulta solta,” “sem lógica”
e, assim mesmo, damos
continuidade à construção fraseológica. O autor reconhece aí a
interferência psicológica, afetiva, emotiva no discurso, provocando, assim, uma alteração da ordem
(lógica) das palavras na frase. Refere a uma situação em que alguém, se lhe dirigindo, emite um
julgamento moralmente
desfavorável de outrem, por exemplo, Carlina.
O
autor, diante da “decepção e “surpresa” com o mau comportamento ético de
Carlina, preso pelo impulso afetivo, faz
esta afirmação: “Carlina, nunca
pensei que ela fosse desse tipo de gente.”
(negrito do autor). No entanto,
para o gramático, o emprego bem eficaz do anacoluto, “sem exagero,” propicia
uma “elegância” na construção
frasal.
2.7 Vocabulário que se deve evitar:
estrangeirismos
Sendo, conforme já acentuamos páginas atrás, um
vernaculista, um cultor rigoroso da Língua Portuguesa, Walmírio de Macedo, no
tocante a questão dos estrangeirismos, mais uma vez manifesta-se a favor de uma regra de ouro: usar sempre as
palavras portuguesas e, só em alguns
casos, específicos, utilizar-se de um vocábulo correspondente em língua estrangeira, coma condição, segundo
ele, de que os estrangeirismos sejam adaptados
à grafia portuguesa.
Neste caso, cita a palavra de origem
inglesa futebol, que provém de “foot-ball”
e que, para ele, é
“insubstituível.” Embora em nossa língua se tenham criado vocábulos para denotar a mesma ideia, eles não
“vingaram,” como são exemplos “balipodo e ludopédio. Com leve ironia, o
filólogo faz a seguinte pergunta
ao leitor: “Por acaso, meu gentil leitor, ouviu você alguém dizer: Vou
ao balípodo no Maracanã?”[31]
É bem
verdade que o autor não se mostra intransigente com a contribuição de
vocábulos provindos de outras línguas
cujos povos mantêm contatos com outras
nações por motivos diverso; comerciais, culturais, científicos etc. Desta
maneira, alguns são adaptados ao português e outros são
substituídos. O professor Walmírio de Macedo relacionou alguns exemplos de estrangeirismos das línguas francesa (a
maior parte da lista apresentada) e inglesa, aos quais chamamos,
respectivamente, galicismos e
anglicismos, não obstante se sabe que, no português do Brasil e certamente europeu ou nas ex-colônias outras línguas tenham aumentado
nosso léxico pelos motivos já mencionados acima.
Da lista de estrangeirismos é
lícito citar aqueles vocábulos que, sem
nenhum problema, podem ser substituídos
por palavras vernáculas ou se serem
adaptados à grafia portuguesa em virtude
de haver dificuldade de substitutos. Vejam-se alguns exemplo mencionados pelo autor:
a)
Do francês:
Pivô < pivot, que melhor seria substituí-lo por “eixo,”
“base,” “essência”.
Placar <
placard, melhor seria usar “cartaz.”
Gare - poderia ser
substituído por “estação.”
Greve < greve,
embora muito empregado ( pelo menos no tempo da escrita de O poder das palavras), coexistia com o vocábulo “parede.” Hoje, pelo que se vê,
é muito mais frequente o termo de origem francesa adaptado apenas com a omissão do
acento grave em francês.
b)
Do inglês:
Match: é
substituído pelo vocábulo “partida,
“jogo.”
Reide: adaptação do inglês “raid”. Pode ser trocado por
“excursão.” “exercício violento.”
Recital: pode ser substituído por “audição,” “concerto.”
Récorde: adaptação de ‘record.’ Difícil de ser substituído.
3)
A importância desse tipo de obras e seu
alcance junto aos leitores
Com a exceção das gramáticas
normativas que denominei de mistas,
dificilmente o leitor comum teria acesso
a estudos funcionais da Língua
Portuguesa e julgo que não estou
exagerando a relevância da
natureza dessas obras. Primeiro, porque
esses estudos são escritos para
atenderem às suas necessidades básicas no que tange à melhoria de seu conhecimento do vernáculo. Segundo, porque a complexidade da linguagem dos estudos nas gramáticas
acadêmicas ou formais de que dispomos, em algumas questões não está ao alcance das pessoas
não especializadas em
exposições avançadas e eruditas. O
leitor-alvo dessas gramáticas avançadas seriam
alunos de Letras, os professores
de língua e literatura do ensino médio e os
professores do ensino superior de Letras.
No entanto, para os usuários em geral, que
necessitam de conteúdos gramaticais de consulta
imediata e sem hermetismo nem pretensão de se tornarem linguistas,
gramáticos ou filólogos, é que se escreveram
e ainda se escrevem obras gramaticais para concursos, revisão
de estudos de Língua Portuguesa,
quer dizer, estudos do Português
para fins práticos.
Outra razão para consultas a essa obras explicadas em linguagem clara,
simples e didática se deve a uma especificidade que nelas se patenteia: são,
na maioria, obras de referências, que fazem às vezes de dicionários, notadamente em itens
gramaticais tais como: coletivos, nomes
gentílicos, aumentativos e diminutivos, sinônimos, antônimos, homônimos, parônimos,
vozes de animais. Ora, esse espectro de
palavras a muito custo se encontra reunidos nas diversas listas em que se apresentam à disposição do leitor.
Sou testemunho de frequentemente
ter me valido dessas facilidade
de consulta rápida. É exatamente nessa
direção de objetivos que vejo a
importância dessas obras ou gramáticas práticas.
Conclusão
Este ensaio teve por escopo prestar uma
homenagem a muitos autores didáticos que, no país, se dedicaram
a ensinar a Língua Portuguesa ou a escrever de forma simplificada
acerca de questões
gramaticais que, na opinião deles, iriam
tornar o ensino do vernáculo
menos complicado e propiciar aos
leitores de inúmeras atividades
profissionais uma oportunidade de ter acesso a essa maneira praticamente informal de melhorar
o repertório linguístico desse público.
Por saudável coincidência, um estudioso da Língua
Portuguesa, o professor Walmírio
de Macedo, do meio acadêmico
universitário, foi também
um tempo um autor que produziu alguns
livros práticos, inclusive em
coautoria com outro autor de obras funcionais, e por outra feliz
coincidência, o professor Luiz A P.
Victoria. Nada me foi mais agradável
do que juntar os dois autores a
fim de que constituíssem o corpus deste ensaio e, mais uma
vez, em particular render meu tributo a ambos pela dedicação e amor aos estudos de Língua Portuguesa que
ambos, como outros autores de obras
práticas, hoje tão esquecidos,
sempre demonstraram em vida.
NOTAS
[1] CEVASCO, George A. Grammar self-taught. New York, N. York:
Washington Square Press, Inc., 1963.
[2]
Gramáticas acadêmicas de autores
brasileiros seriam, entre outras e com níveis diferentes de aprofundamento teórico, as seguintes: Gramática portuguesa: curso superior, de
João Ribeiro; Gramática secundária
da língua portuguesa, de Said Ali; Gramática expositiva, de Eduardo Carlos
Pereira; Gramática da língua portuguesa, de Carlos Góis
& Herbert Palhano; Moderna gramática
expositiva da língua portuguesa, de Artur de almeida Torres; Moderna gramática portuguesa, de
Evanildo Bechara; Nova gramatica do português contemporâneo, de Celso Cunha
& Lindley Cintra, sendo este último
autor português; Pequena gramática,
de Adriano da Gama Kury. Gramática
resumida, de Celso P. Luft; Gramática
fundamental da língua portuguesa, de Gladstone Chaves de Melo; Gramática normativa da língua portuguesa,
de Rocha Lima; Gramática descritiva do português, de Mário Perini; Nova gramática do português brasileiro,
de Ataliba T. de Castilho; Gramática da língua portuguesa padrão, de Amin
Boainain Hauy; Gramática Houaiss da língua
portuguesa, de José Carlos de
Azeredo; Gramática de usos do português,
de Maria Helena de Neves Moura.
[3] Gramática mistas
seriam, entre outras, por exemplo,
em diferentes níveis de
aprofundamento de conteúdos e respeitando as épocas de publicação de
cada uma e em virtude de pesquisas mais recentes de
outras : Gramática metódica da língua
portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida; Novíssima gramática da língua portuguesa, de Domingos Paschoal
Cegalla; Gramática aplicada, de
Hamilton Elia; Nossa gramática:
teoria e prática, de Luiz Antônio Sacconi; Gramática
aplicada da língua portuguesa, de Manoel P. Ribeiro.
[4] VICTORIA, A. P.
Aprenda a falar e a escrever
corretamente sua língua. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1953.
[6]
SILVA FILHO, Cunha e. As Faculdades de
Letras. In: __Breve introdução ao curso
de letras: uma orientação. Rio de Janeiro: Litteris/ Ed. Quártica, 2009, p.
16-17.
[7] Na verdade, o
presente ensaio tinha por meta mais ambiciosa pesquisar um número bem maior desses estudos práticos
de Língua Portuguesa. Reitero, entretanto, que,
me restringindo a só dois autores,
com isso apenas estou considerando-os como indicações que seguramente levariam a outras pesquisas de maior monta sobre o
assunto.
[8]
FREIRE, Laudelino. Regras prática para
bem escrever. 3. ed .Rio de Janeiro; Livraria Odeon, 1937, 93 p.
[9] Ver
o verbete sobre Gomes Amorim in PRADO
COELHO, Jacinto do. (dir.) Dicionário
de literatura, 3. ed. Porto: Figueirinhas, 1973. 1º volume, A/K, p. 52.
[10] TAVARES, Hênio.Teoria literária. 8. ed. revista e
atualizada. Belo Horizonte: Itatiaia,
1984, p.154. A referência nessa citação diz respeito ao poema “Camões” com o qual Almeida Garrett
iniciou o Romantismo em Portugal.
[11] BOSI, Alfredo. História concisa da
literatura brasileira. 38 ed. São Paulo:
Cultrix, 2001, p. 320.
[13]
FIGUEIREDO, Fidelino. A luta pela expressão: prolegômenos para
uma filosofia da literatura. Coimbra: Nobel,
1944.
[14]
MATTOSO CAMARA JR, Joaquim. Princípios de
linguística geral. 4. Ed. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1964.
[16]
Idem, ibidem
[17]
Idem, ibidem.
[18]
Idem, ibidem. Cf. LAPA, M. Rodrigues. Estilística
da língua portuguesa. 6. ed., Corrigida
e acrescentada pelo autor. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1970, p. 16, na
edição que consultei. Dada a
natureza prática de O poder das palavras, o autor não remete o leitor à fonte da obra citada com os devidos dados de
imprenta.
[19]
Idem, ibidem, p. 15.
[20]
Idem, ibidem, p. 34.
[21]
Idem ibidem, p. 37.
[22]
Idem,ibidem, p. 37-38.
[23]
Idem, ibidem, p. 40.
[24]
MACEDO, Walmírio de. Dicionário de
gramática. Rio de Janeiro: Edições
de Ouro, 1979.Ver nessa obra p. 122.
[25] O poder das palavras. Op. cit., p. 43.
[26]
Idem, ibidem, p. 45.
[27]
Idem, ibidem, p. 46.
[28]
Idem, ibidem, p. 46-47.
[30]
Idem ibidem.
[31]
Idem, ibidem, p. 56.
Referências bibliográficas
BARBOSA, Osmar. Erros de sintaxe. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 38 ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
Cevasco, George A. Grammar self-taught. New York, N.Y.: Washington Square Press, Inc., 1967.
CARVALHO, José G. Herculano de. Teoria da linguagem, Tomo I. Coimbra: Atlântida Editora, S.A.R.L, 1967.
ELIA, Hamilton. Gramatica aplicada. Teoria e Prática. Rio de Janeiro: J.OZON + EDITOR, s.d.
FERRAZ ALVIM, Décio. Lições de português. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1969.
FIGUEIREDO, Fidelino. A luta pela expressão: prolegômenos para uma filosofia da literatura. Coimbra: Nobel, 1944.
FREIRE, Laudelino. Regras práticas para bem escrever. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria ODEON, 1937.
HOLLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.
LAPA, M. RODRIGUES. Estilística da língua portuguesa. 6. ed. corrigida e acrescentada pelo autor. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1970.
MACEDO, Walmírio de. O poder das palavras. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d.
______. Dicionário de gramática. Rio d Janeiro: Edições de Ouro, s.d.
MATTOSO CAMARA JR, Joaquim. Princípios de linguística geral. 4. Ed. revista e aumentada. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1964.
______. Dicionário de filologia e gramática. 3. ed. revista e aumentada. Rio de Janeiro: J. OZON+Editor, s.d.
PRADO COELHO, Jacinto do. (dir.) Dicionário de literatura, 3. ed. Porto: Figueirinhas, 1973. 1º volume, A/K, p. 52.
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis de fala. 4. ed. reformulada. São Paulo: Companhia Editora Nacional: 1982.
RIBEIRO, Manoel Pinto. Gramática aplicada da língua portuguesa. 23 ed. Rio de Janeiro: Metáfora Editora, 2017.
SILVA BORBA, Francisco da. Introdução aos estudos linguísticos, 5. Ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971.
SILVA FILHO. Cunha e. Breve introdução ao curso de letras: uma orientação. Rio de Janeiro: Litteris/Ed. Quártica, 2009.
TAVARES, Hênio. Teoria literária. 8. ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1984.
VICTÓRIA, A. P. Aprenda a falar e a escrever corretamente sua língua. Rio de Janeiro: Organizações Simões, 1953.
Nota: Ensaio publicado na Revista da Academia Brasileira de Filologia. Nº XXI, Nova Fase. Segundo semestre de 2017, p.48-62.