Cunha e Silva Filho
As várias mídias informam que a
situação financeira do Estado do Rio de Janeiro é a mais grave de todos os tempos.
Todavia, ela informa mas não julga nem
analisa os fundamentos da crise. O governo, por seu turno, culpa a queda drástica dos recursos provindos dos royalties do petróleo. Culpa também a falta de autonomia do governo estadual diante do governo central. Um e outro escamoteiam a verdade
dos fatos, ou melhor, das
causas do problema financeiro
que devasta, sem misericórdia, o
Rio de Janeiro, cuja situação falimentar
atinge em cheio a saúde pública,
a segurança a educação, o funcionalismo, sobretudo os barnabés, enfim, toda
a máquina administrativa estadual.
O rei nu continua andando e ninguém o vê
desta forma. Daqui a pouco, vão
culpar a vitória de Trump como sendo a primo
ratio da falência do Rio. Não vai demorar vão pôr a culpa no Estado Islâmico... Os economistas explicam a crise; contudo não a
problematizam. As palavras voam nas elucidações técnicas, mas de palavras não
sobrevivem as finanças de um município, de um estado e de um país.
Não podem ser escritas nem ditas às
claras, nem apontam os verdadeiros responsáveis diretos pela bancarrota. Sabemos onde estão, como estão e o que fazem agora. Na realidade, o culpado não é um só.Somos todos nós que
votamos nas pessoas erradas, sem escrúpulos, desonestas.
Impera no país a lei do silêncio para os
culpados de nossos fracassos e
desmantelos públicos. Parecem
mesmo pertencer a corporações (o termo
foi oportunamente usado em recente artigo do senador
Cristovam Buarque publicado no jornal
O Globo)) feitas adrede para se saírem ilesas, impunes e fagueiras.
Explicitemos em parte as raízes destas desgraças que assolam
alguns estados da Federação, notadamente o Rio de Janeiro. É só olharmos para trás, para os governos que
precederam a administração do Pezão,
sobretudo o antecessor dele, aquele que
engendrou, desde os tempos de deputado estadual uma
plataforma política, verdadeira isca para
caçar votos de incautos:
defender os velhos, olhar para a
terceira idade. Captou por inteiro a simpatia
dos anciãos cariocas e fluminenses. Encantou com os seus
propósitos, os seus afagos, as suas atenções bem medidas
e cheirando a marketing de campanha. Saiu vencedor em dois mandatos. Oh, como nós votamos
bem neste pais de
voto obrigatório!
Desde o
período da Copa Mundial até as Olimpíadas, o Rio de Janeiro viveu
num estado paradisíaco, cercado
de canteiros de obras, pagas a peso de ouro... Os cariocas, os turistas, nacionais ou
estrangeiros, ficaram embevecidos. Realmente,
estamos na “Cidade Maravilhosa,” encravada no
estado do Rio de Janeiro. Melhor
não há.
A gastança pantagruélica estadual aliada à federal, era o supra sumo do regabofe no país dos
bruzundangas. Gastança sem limites,
cartões corporativos, bolsa disso, bolsa
daquilo, o populismo continuado e com dias contados. Tínhamos o Lula, a Dilma, o
poder e as propinas, os mensalões, os petrolões. As fotos, juntos e
sorridentes, do Lula, do Cabral, do Eduardo Paes e do Pezão viralizaram nas redes sociais, mostrando
o quanto o país e o estado fluminense eram os donos da
bola. A mentira, diz o velho anexim, tem pernas curtas. Veio a desgraça do
reino do
populismo, a queda da Dilma, a
Lava-Jato, o espelho invertido,
escancarando as “veias” letais
do desgoverno federal em muitos setores e das negociatas entre o lulopetismo
e parte do empresariado ímprobo do país.
Os fundamentos da atual situação caótica do Rio tiveram como consequência o
desastre das contas públicas do governo do Pezão. Ou seja, reunindo o que de mais danoso tiveram o populismo do PT,
o oportunismo do PMDB tendo como ponto
alto a figura impopular e mesmo execrada
do Sérgio Cabral, hoje, homem abastado,
e a cumplicidade do Pezão, porquanto ele sabia
o que tinha sido o governo desastroso e autoritário do
Cabral.
É mister que Temer, que não é tampouco
isento de culpas da crise brasileira,
uma vez que foi vice de Dilma, se redima
de seus pecados e complacência
com o governo a que serviu e venha
ajudar financeiramente o Rio de Janeiro, assim como outros estados
brasileiros.
Mas é preciso que
seja feitam feitas investigações profundas da Operação Lava-Jato no
sentido de identificar os
culpados que concorreram para que
o Rio chegasse a essa
profunda crise em suas finanças.
Que a Polícia Federal seja rigorosa e
puna os responsáveis que
levaram o funcionalismo estadual à penúria por falta de pagamento de
seus salários.
Em situação também
de bancarrota estão a UERJ, os hospitais
públicos e a segurança. Falta tudo no serviço público estadual, numa situação
de guerra que se poderia resumir
assim: greve de funcionários lutando por
suas condições precárias de
trabalho, estudantes universitários sem aula, o que lhes acarretará retardar
a conclusão de seus cursos,
policiamento sem gasolina para
dar segurança em locais diferentes,
delegacias sem material para os serviços
burocráticos. Ora, em situação
assim tão aflitiva, é difícil conter a onda de violência numa
metrópole como o Rio de Janeiro.
O governo
federal não pode voltar as costas
para o Rio de Janeiro sob pena de este estado perder
receitas no campo do turismo. Com os novos espaços de lazer, entretenimento e cultura de que a capital
dispõe após as obras de reurbanização realizadas pelo prefeito Eduardo Paes no centro do Rio
de Janeiro, sobretudo na área do antigo
Cais do Porto, Praça Mauá, a cidade e o
Estado do Rio de Janeiro ganharão
muito e terão condições de superar os grandes
problemas que enfrenta no
campo econômico-financeiro. O presidente
Temer não pode deixar o Rio à deriva.
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