domingo, 13 de novembro de 2016

O RIO DE JANEIIRO EM DESESPERO







                                             Cunha  e Silva Filho


       As várias mídias informam que a situação   financeira do  Estado do Rio de Janeiro  é a mais grave de todos os tempos. Todavia,  ela informa mas não  julga nem analisa os fundamentos  da  crise. O governo,  por seu turno,  culpa a queda drástica dos recursos   provindos dos royalties  do petróleo. Culpa  também a falta de autonomia  do governo estadual  diante do governo  central. Um e outro escamoteiam  a verdade  dos fatos, ou melhor,   das causas  do problema   financeiro  que devasta, sem misericórdia,   o Rio de Janeiro, cuja   situação  falimentar  atinge em cheio a saúde pública,  a segurança a educação, o funcionalismo, sobretudo os barnabés, enfim, toda a máquina administrativa   estadual. 
      O rei nu continua andando e ninguém  o  vê desta forma. Daqui a pouco,  vão culpar  a vitória de Trump como sendo a  primo ratio  da falência  do Rio. Não vai demorar  vão pôr a culpa no Estado  Islâmico... Os economistas  explicam a crise; contudo não a problematizam. As palavras voam nas elucidações técnicas, mas de palavras não sobrevivem as finanças de um município, de um estado e de um país.
     Não podem ser escritas nem ditas às claras,  nem apontam os verdadeiros   responsáveis diretos  pela bancarrota. Sabemos  onde estão, como estão  e o que fazem agora. Na realidade,  o culpado não é um só.Somos todos nós que votamos  nas pessoas erradas,  sem escrúpulos,  desonestas.  Impera no país a lei  do silêncio  para os  culpados de nossos fracassos e  desmantelos  públicos. Parecem mesmo pertencer a  corporações (o termo foi  oportunamente  usado em recente artigo do  senador  Cristovam Buarque publicado no jornal O Globo)) feitas adrede para  se saírem ilesas, impunes  e fagueiras.
         Explicitemos  em parte as raízes  destas desgraças  que assolam  alguns estados da Federação, notadamente o   Rio de Janeiro. É só olharmos  para trás, para os governos que precederam  a administração do Pezão, sobretudo  o antecessor dele, aquele que engendrou, desde os tempos de deputado estadual   uma plataforma  política, verdadeira   isca para  caçar votos de incautos:   defender os velhos,   olhar para a terceira idade. Captou   por inteiro  a simpatia  dos anciãos cariocas e fluminenses. Encantou com  os seus  propósitos,  os seus afagos,   as suas atenções  bem medidas  e cheirando a marketing  de campanha. Saiu vencedor  em dois mandatos. Oh, como nós votamos bem  neste pais  de  voto obrigatório!
         Desde o  período da Copa Mundial até as Olimpíadas,  o Rio de Janeiro  viveu   num estado  paradisíaco, cercado de canteiros de obras, pagas a peso de ouro...  Os cariocas, os turistas, nacionais ou estrangeiros, ficaram embevecidos. Realmente,  estamos na  “Cidade Maravilhosa,”  encravada no  estado  do Rio de Janeiro. Melhor não há.
        A gastança   pantagruélica estadual aliada à federal,  era o supra sumo do regabofe no país dos bruzundangas. Gastança  sem limites, cartões corporativos,   bolsa disso, bolsa daquilo,  o populismo  continuado e com  dias contados. Tínhamos o Lula, a Dilma, o poder e as propinas, os mensalões, os petrolões. As fotos, juntos e sorridentes,  do Lula, do Cabral,   do Eduardo Paes e do Pezão viralizaram  nas redes sociais,  mostrando  o quanto  o   país e o estado fluminense eram os donos da bola. A mentira,  diz o   velho anexim,  tem pernas curtas. Veio a desgraça do reino  do  populismo, a  queda da Dilma, a Lava-Jato, o espelho invertido,  escancarando  as “veias”  letais  do desgoverno federal em muitos setores  e das negociatas entre  o lulopetismo  e parte do empresariado ímprobo do país.   
    Os fundamentos da atual  situação caótica  do Rio  tiveram como consequência o desastre  das contas públicas  do governo do Pezão. Ou seja,  reunindo o que de mais danoso  tiveram o populismo  do  PT, o oportunismo do PMDB tendo como  ponto alto a figura impopular e mesmo  execrada do Sérgio Cabral, hoje,  homem  abastado,  e  a cumplicidade  do Pezão, porquanto  ele sabia  o que tinha sido o governo desastroso e autoritário  do  Cabral. 
        É mister que Temer, que não é   tampouco  isento de culpas  da crise  brasileira,  uma vez que foi vice de Dilma, se redima  de seus pecados e complacência  com o governo a que serviu e   venha  ajudar financeiramente o Rio de Janeiro, assim como outros estados brasileiros.
        Mas é preciso  que  seja feitam feitas investigações profundas da Operação Lava-Jato no sentido de  identificar  os  culpados   que concorreram  para que  o Rio  chegasse a  essa  profunda crise   em suas finanças. Que a Polícia Federal seja   rigorosa e puna  os responsáveis   que levaram  o funcionalismo  estadual à penúria por falta de pagamento de seus salários. 
        Em situação  também  de bancarrota estão a UERJ, os hospitais  públicos e a segurança. Falta tudo no serviço público  estadual, numa   situação  de guerra que se poderia  resumir assim: greve de funcionários  lutando  por  suas condições precárias  de trabalho, estudantes universitários sem aula, o que lhes acarretará  retardar  a conclusão de seus cursos,  policiamento sem gasolina  para dar segurança  em locais diferentes, delegacias sem material  para os serviços burocráticos. Ora,  em situação assim  tão aflitiva,  é difícil conter a onda de violência numa metrópole como o Rio de Janeiro.

          O governo  federal não pode  voltar as costas para o Rio de Janeiro sob pena de este  estado  perder  receitas no campo do turismo. Com os novos  espaços de lazer,  entretenimento e cultura de que  a capital  dispõe após as obras de reurbanização realizadas  pelo prefeito Eduardo Paes no centro do Rio de Janeiro, sobretudo  na área do antigo Cais do  Porto, Praça Mauá,  a cidade e o  Estado do Rio de Janeiro  ganharão   muito e terão  condições de superar  os grandes  problemas  que enfrenta no campo  econômico-financeiro. O presidente Temer não pode  deixar o Rio à deriva.

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