Cunha e Silva Filho
Venho de tempos em tempos publicando artigos sobre a Síria, em
particular focalizando o drama
apocalíptico desse país. Sendo assim,
tenho assinalado as peripécias e os percalços de um povo sofrido sob as ordens
truculentas do ditador Bashar al-Assad.
A guerra civil que se instalou na região tem multiplicado os milhares de
mortos, e por falar em vítimas, estas têm como
alvos indiretos os civis. Vendo-se pela TV as imagens das batalhas sangrentas,
não mais sentimos que o país possa ser
classificado como tal, pois não é mais uma nação na sua estrutura
geográfica, arquitetônica e sim
destroços de construções, monumentos e mortos por balas assassinas.
No início,
as tropas governamentais enfrentavam a oposição contra
a ditadura de Assad que, ao que tudo
indica, não quer sair do
poder discricionário, cruel e sanguinário. Os ditadores
são assim mesmo, não querem
nunca arredar do poder, do domínio da força bruta contra
os sírios que desejam
a sua saída e
possivelmente tomar o poder com
novas perspectivas de melhoria
social e
organização político-institucional.
Ora,
é isso que faz com que
os chamados rebeldes resistam a esse genocídio, é isso que torna os campos de guerra mais renhidos de parte a parte. Para
piorar ainda mais o estado beligerante entre irmãos da pátria comum, a Síria
é ainda invadida pelo
Estado Islâmico e por outras facções
externas que se aproveitaram para
conquistar frações do
território sírio.
O ditador, todavia, não dá o mínimo sinal de entrar em acordo com os rebeldes e o resultado disso foi o êxodo de sírios de todas as idades, condições sociais e culturais em direção a outros países, dando início às ondas de refugiados em direção à Europa, sobretudo Alemanha. Essa fuga da Síria é um dos acontecimentos mais tristes e dolorosos de que já se tem notícias após a Segunda Guerra Mundial. No momento em que os sírios são obrigados a deixar tudo que tinham conseguido no seu país, outros povos, de origem africana, juntaram-se para engrossar o contingente de refugiados buscando emigrar para a Europa e outras partes do mundo, inclusive o Brasil.
O ditador, todavia, não dá o mínimo sinal de entrar em acordo com os rebeldes e o resultado disso foi o êxodo de sírios de todas as idades, condições sociais e culturais em direção a outros países, dando início às ondas de refugiados em direção à Europa, sobretudo Alemanha. Essa fuga da Síria é um dos acontecimentos mais tristes e dolorosos de que já se tem notícias após a Segunda Guerra Mundial. No momento em que os sírios são obrigados a deixar tudo que tinham conseguido no seu país, outros povos, de origem africana, juntaram-se para engrossar o contingente de refugiados buscando emigrar para a Europa e outras partes do mundo, inclusive o Brasil.
Esse refugiados enfrentam
os perigos do mar, sofrem
perdas de refugiados
que morrem afogados em embarcações frágeis com destino a nações que estejam dispostas a dar-lhes a esperança
de uma vida nova, ainda que com
os problemas de
se adaptarem a novos
costumes, línguas e
de dificuldades de
conseguirem um emprego, em
geral, subemprego, virarem
ambulantes ou dependerem de doações provenientes de órgãos
internacionais ou do próprio país em que
se instalaram.
Ante todo esse drama feito de sofrimentos e perdas de vidas, os
refugiados sírios e de outras nacionalidades ainda
enfrentam por vezes a má vontade
ou a proibição de países
que não permitem a entrada desse enorme contingente
de desenraizados.
Não vejo
com bons olhos nenhuma ação enérgica dos países mais adiantados no sentido
de acionarem a ONU e seu Conselho de Segurança a fim de
estancarem as verdadeiras causas
dessas atribulações dos sírios.
Não serão
os combates de forças de coalização europeia e norte-americana que deslocam
seus drones ou mesmo aviões
tripulados contra alvos do grupo
terrorista EI e de outras
facções terroristas que irão
desmantelar os inimigos na Síria.
Ao invés de armas, por que não negociam
logo a saída de Assad? Será
porque temem a reação da Rússia, que lhe dá apoio bélico, e do Irã, que lhe concede apoio financeiro, país
Neste caso, por que os EUA não
negociam o imbróglio diretamente
com a Rússia e o Irã? O que não pode continuar
é permitir-se que a
Síria seja destruída totalmente a ponto
de o próprio ditador se ver acuado e ter que deixar o poder
vazio, mas, em tal situação,
a nação síria não servirá para ninguém. Tornar-se-á uma terra
inteiramente deserta.
Numa guerra civil que
vem desde 2011, a
Síria se defronta com uma multiplicidade de
problemas, um país
que possui uma
parte da sociedade com alto padrão
de vida, enquanto outra parte da
pirâmide social chega a índices
de pobreza extrema.
A meu ver, a Síria só
alcançará a paz desejável
quando os países mais desenvolvidos se debruçaram sobre dois grandes componentes desencadeadores da guerra civil síria: a mudança da forma
de sistema de governo, uma já
longa república de fachada com poderes enfeixados nas mãos de Assad para uma democracia autêntica, na qual os direitos humanos e todas as liberdades do indivíduo forem postas em vigor por
uma nova Constituição determinando a alternância
do poder e não como por
longo tempo tem sido feito sob o tacão
e truculência de um ditador.
O outro componente da guerra civil seria
de natureza econômica, a riqueza do seu potencial
petrolífero, principalmente em
face da propalada notícia
de que, no Mar Mediterrâneo, há imensa
reserva de petróleo.
Um país com
múltiplos grupos éticos,
religiosos, políticos, vivendo
sob o regime autoritário em
que Assad dispõe de todo o arcabouço político-institucional não é fácil de ser desbancado do poder. É mister que organismos
mundiais de defesa das
democracias negociem com o
ditador até à exaustão, e só apelarem para reações mais drásticas quando
tudo mesmo for esgotado em termos de discussões sobre o destino dessa devastada nação. O que não pode suceder é que a Síria continue sendo mais e mais
destruída sem que países de grande
influência político-econômico-bélica cheguem a uma solução pacífica pondo termo a uma carnificina sem precedentes
na história de uma país.
O mundo não suporta mais assistir a mortes de criancinhas em
praias de outra nação ou no percurso
por água a caminho de uma
acalentada felicidade.Não queremos tampouco presenciar pela TV o olhar amargurado de uma criança síria expondo o corpinho esquálido, mostrando as costelas sob a pele sofrida como sinal inconteste de que, no próprio país dela, serezinhos assim morram de fome e de desesperança por culpa dos homens sem coração mas ávidos pelo poder a todo custo.Tenham piedade da Síria!
Nenhum comentário:
Postar um comentário