Cunha e Silva Filho
É preocupante. Nesta semana, li no Facebook um artigo para ali transposto, de José Castello informando aos leitores(seus,
principalmente) de que
estava saindo de sua conhecida
coluna no Prosa & Verso do Globo. Lamentável a notícia.
Estão mesmo matando
o jornalismo impresso, assim
como fizeram com as boas livrarias do Rio de Janeiro que se localizavam no centro, assim
como fizeram tristemente
com os velhos sebos cariocas também
principalmente no centro.
Eu, que alcancei, dos anos 1964 para cá, tantos bons
sebos, tantas grandes livrarias
(a da Vinci, a São José, a Freitas Bastos, a Camões, a Martins Fontes, a Civilização Brasileira, o sebo da São José, com o seu conhecido
vendedor e, depois, livreiro, o
Germano, que, hoje, ainda
luta com a venda
de livros antigos de direito e algumas obras raras num espaço limitado de três salas
pequenas na Rua da Quitanda,
complementando suas vendas através das redes virtuais de sebos,
fico entristecido com essa decadência
ocasionada pelos novos
tempos devoradores do que era bom
e agradável a quem aprecia
e ama os livros escolhidos e examinados
com as próprias mãos nos
recintos silenciosos das velhas livrarias
e sebos cariocas.
Volto, porém, ao jornalismo literário ou aos antigos e densos suplementos de jornais
do Rio de Janeiro sobretudo do Jornal do Brasil, do Globo, do Correio da Manhã, do excelente Jornal de Letras dos irmãos Condé.
Agora, o Caderno
Prosa & Verso perde sua
autonomia de seção
especial destinada a literatura,
resenhas e crítica literária afora boas reportagens sobre autores e livros. Tudo, nesse jornal,
passou a aglutinar-se sob a
rubrica Segundo Caderno e,
nele se incluem e notícias de entretenimentos, rioshow, horóscopo,cartuns,
palavras cruzadas, eventos
culturais, diverso, anúncios,
notícias sobre televisão, celebridades e finalmente, uma pequena parte
de literatura, Prosa e Verso (sem necessariamente aparecerem
poemas) e, por último, a coluna,
boa aliás, de Arnaldo Bloch, não me esquecendo de mencionar a coluna, antes
escrita por José Miguel Wisnik, e, agora, pelo
professor da UFRJ e filósofo Márcio Tavares D’Amaral, que mal começou e está me
agradando muito.
Não quero falar de São Paulo nem de uns poucos
estados que ainda mantêm algum
espaço para a literatura. Entretanto,
é visível a decadência do jornalismo literário brasileiro, dos já mencionados grandes suplementos literários.
Por outro lado, os grandes jornais não
dispensaram os Classificados, cada vez maiores, recheados
de compra e vendas. Vale a pena
mencionar esse fato para que se possa aquilatar o apreço
hoje dos donos de
periódicos por aquilo que lhes dá lucro
certo e líquido. Que os leitores leiam
os classificados e adquiram
cultura de números e de exploração de uns contra os outros – sinal dos
tempos do fetichismo do vil metal,
do dinheiro rápido e muito, e
ávido. O tempora! o mores!
Veja,
leitor, que as seções de
política/politicagem continuam firmes. Afinal, quem não aprecia
um lucrinho, um dinheiro
a mais no bolso sedento de moedas, em especial de de dólares, cifrões, dividendos, investimentos, bolsas de valores, alegria
dos sobe-desce das Bolsas determinado por
forças obscuras do mercado real e
virtual? Quem, ante tudo isso,
vai pensar em literatura, em ler, queimar as pestanas, raciocinar, se existem outros
meios de viver sem a leitura de
sonhadores com o céu estrelado
e a lua dos namorados?
Quem,
hoje, vai ler
um grande clássico, seja brasileiro, seja universal, se cá na
reles Terra existem os torcedores
fanáticos, os botecos
de cachaças, bares e as “cervejinhas bem geladinhas de
fins-de-semana regadas às lindas ancas e
curvas morenas da bela Verão
de olhos faceiros e andar sensual?
O que querem mais os brasileiros além dessas guloseimas e fetiches, indiferentes à rapinagem geral
e irrestrita que infestou o
Alvorada e o Congresso Nacional
conluiados com altas empreiteiras subornadas (e concluiadas) a repassarem
propinas institucionalizadas por um partido que,
segundo o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, arrecadou
valores surrupiados de lucros da
Petrobrás em bilhões, os quais darão para “vencer” eleições mercadejadas no país até 2038 através de
um plano diabólico
que, segundo ele, foi engendrado
e implantado por uma ‘cleptocracia’ a fim de perenizar-se no poder, o que
equivaleria a ser uma forma de “ditadura,” a longo prazo, pelo voto comprado.
Felizmente, ainda segundo
o ministro, a Lava Jato
conseguiu desbaratar esse
plano a tempo, restando, agora,
penalizar com toda a força
de Lei os “white collars” responsáveis diretos
pelos rombos do Erário Público. Ou seja, prisão
inapelável para todos eles, doa a
quem doer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário