sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Insatisfação geral







A


                                          Cunha e Silva Filho



      Uma das coisas de que mais gosto de fazer é conversar com  pessoas de diferentes níveis culturais. Vejo  este costume como um forma de aprender com a vida e, por conseguinte,  de  colher visões  diferentes  sobre o meu  povo. Obviamente, nem sempre  interlocutores  me  dizem   aquilo que   com eles  poderia compartilhar   no campo  político. Não vejo  agora  no pais  nenhum tema  mais  discutido do que  a questão  da continuidade ou não do governo  Dilma.
   Os governantes colhem o que plantam.  Recordo que,  na  disputa para a presidência,   a presidente Dilma  estava  muito cheia de si,   falando  com segurança  aquilo que,  logo depois das eleições e com a vitória  dela, o povo  iria  saber: tudo o que falara   era para  inglês ver. .
      Ela havia   ocultado  toda uma realidade  que    definia  a condição  de seu governo  anterior: o país  estava mal nas contas,  nos gastos faraônicos,  nos rombos derivados dos   escândalos do Mensalão e da Petrobrás desde  o primeiro  mandato   do  ex-presidente Lula – rombos esses  que iriam  respingar  amargamente  no bolso  do  povo, tendo por consequência  a elevação  estratosférica  das contas públicas e com isso o aumento  de preços em vários setores da vida econômica brasileira sob diversas formas  deletérias: inflação, recessão,  aumento das taxas da Selic,  de impostos (luz, gás, telefone), manutenção    de um governo  com gastos pantagruélicos  decorrentes de despesas com mais  de  trinta ministérios,  ministérios  inúteis,  elefantes brancos  que  só servem   para  engordar  o empreguismo   público e os polpudos  cargos de comissões a serem   preenchidos  por  membros do PT e partidos da  famigerada  “base aliada” conseguida com  a estratégia  politiqueira do toma lá dá cá.
    Por outro lado,  o  governo  Dilma  se deslocaria   para  ajudar  países  de língua  espanhola Venezuela,  Bolívia,  Cuba) com os quais  se afinava e se afina  ideologicamente,   oferecendo-lhes  empréstimos    milionários com a finalidade  de melhora a infra-estrutura deles, enquanto  cá no país  se esfarelavam as condições  de saúde,  transporte,  segurança,  educação. Ora, adicionado a tudo isso  os gastos com  os programas sociais, à frente dos quais   o  famigerado  Bolsa Família – o maior cabo eleitoral  do  PT ou seja, aquele que mais tem  peso na vitória  das eleições.
    Toda essa pressão  financeira  do governo federal  sobre  as condições de vida   da sociedade  veio à tona, e seus efeitos  danosos   se fazem sentir ainda mais  porque  á  falta de ética  dos políticos atingiu  um nível de  imoralidade tão  grande  que  dificilmente   alguém, em sã consciência,   credita  alguma virtude  a quer   figura  da  política nacional. Não se confia mais  na classe  política que aí  está. Ela perdeu   todas  as  oportunidades  de   recuperar    o esfacelamento  da imagem  que hoje  se tem  desses supostos  representantes   do povo.
   O que o homem  médio brasileiro  pensa dos políticos  e dos governantes em geral  é um  sentimento  de  revolta, de indignação,  de se sentir lesado e traído  por promessas  vãs, quer dizer,  os brasileiros  perderam   praticamente   qualquer   resquício de respeito aos  políticos e governantes. De vereadores  a senadores, não importa,  ninguém mais  confia  em nenhum deles,  em  nenhum partido. Para muita gente,  o que  deveria  ocorrer  seria um  limpeza geral dos atuais  políticos em eleições  próximas  que apeassem todos  eles do cenário  tragicômico que suas tristes  figuras  simbolizam negativamente  para a sociedade brasileira.
      A boa  imagem  que  grandes políticos   passavam   para os eleitores  de outras  épocas  da história  brasileira se aviltou   em virtude de que  a carreira política se transformou  em  trampolim  para  o enriquecimento  ilícito,  o mau-caratismo  e  a completa    indiferença   que  com que  a maioria deles tem  tratado  a sociedade. Não somente indiferença,  mas  prepotência, descaso  com  a coisa  pública,  com  as reais aflições  e reclamos  do povo.
       Para  piorar   isso,  o político  de hoje  está muito  longe do  preparo,   da competência  e  do espírito público  de algumas  figuras   de grande  representantes   que já tivemos no  parlamento  nacional. Quaisquer aventureiros, sobretudo egressos do estrelismo (baixo ou alto) na área artística, líderes  religiosos supostamente  cristãos, desportistas  famosos,  vão encontrar na política    o melhor  meio de  se  dar bem na vida. Não é preciso que os nomeie  neste artigo, pois o leitor sabe  bem de quem estou  falando. Ora, esses indivíduos que entram na política  descompromissados  com  o bem público e com a  melhoria  da vida do país  pouco  se lixam para  o que  está  se desmoronando à sua volta, visto que  estão com a vida feita e alguns são até elogiados  por seus eleitores(?!).
      Não quero  fazer alusão a esses grupos por mera prevenção ou preconceito. Num  país democrático qualquer pessoa  tem o direito de  filiar-se a um partido e de candidatar-se a um mandato parlamentar  ou do  poder executivo, desde que o faça por convicções  verdadeiramente  de servir ao bem-estar da nação,  não motivados  para  fazer  da política um meio de vida  com regalias. Por tais desvios  de ordem moral,  nem todo candidato  é digno de  um assento  no poder  legislativo. A função dos parlamentares – convém  enfatizar -  rejeita  por si   só  os interesses subalternos ou de conquistas  de regalias num país  onde  o político  desfruta  de altíssimos salários e  outros tantos  benefícios.
    
      







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