A
Cunha
e Silva Filho
Uma das coisas de que mais gosto de fazer
é conversar com pessoas de diferentes
níveis culturais. Vejo este costume como
um forma de aprender com a vida e, por conseguinte, de
colher visões diferentes sobre o meu
povo. Obviamente, nem sempre
interlocutores me dizem
aquilo que com eles poderia compartilhar no campo
político. Não vejo agora no pais
nenhum tema mais discutido do que a questão
da continuidade ou não do governo
Dilma.
Os governantes colhem o que plantam. Recordo que,
na disputa para a
presidência, a presidente Dilma estava
muito cheia de si, falando com segurança
aquilo que, logo depois das eleições
e com a vitória dela, o povo iria
saber: tudo o que falara era
para inglês ver. .
Ela havia
ocultado toda uma realidade que
definia a condição de seu governo anterior: o país estava mal nas contas, nos gastos faraônicos, nos rombos derivados dos escândalos do Mensalão e da Petrobrás
desde o primeiro mandato
do ex-presidente Lula – rombos
esses que iriam respingar amargamente no bolso
do povo, tendo por
consequência a elevação estratosférica das contas públicas e com isso o aumento de preços em vários setores da vida econômica
brasileira sob diversas formas
deletérias: inflação, recessão,
aumento das taxas da Selic, de
impostos (luz, gás, telefone), manutenção de um governo com gastos pantagruélicos decorrentes de despesas com mais de trinta
ministérios, ministérios inúteis,
elefantes brancos que só servem para
engordar o empreguismo público e os polpudos cargos de comissões a serem preenchidos
por membros do PT e partidos
da famigerada “base aliada” conseguida com a estratégia
politiqueira do toma lá dá cá.
Por outro lado, o
governo Dilma se deslocaria para ajudar países
de língua espanhola
Venezuela, Bolívia, Cuba) com os quais se afinava e se afina ideologicamente, oferecendo-lhes empréstimos
milionários com a finalidade de
melhora a infra-estrutura deles, enquanto
cá no país se esfarelavam as
condições de saúde, transporte,
segurança, educação. Ora, adicionado
a tudo isso os gastos com os programas sociais, à frente dos quais o famigerado Bolsa Família – o maior cabo eleitoral do PT
ou seja, aquele que mais tem peso na
vitória das eleições.
Toda essa pressão financeira
do governo federal sobre as condições de vida da sociedade veio à tona, e seus efeitos danosos
se fazem sentir ainda mais
porque á falta de ética dos políticos atingiu um nível de
imoralidade tão grande que
dificilmente alguém, em sã
consciência, credita alguma virtude a quer
figura da política nacional. Não se confia mais na classe
política que aí está. Ela
perdeu todas as
oportunidades de recuperar
o esfacelamento da imagem que hoje
se tem desses supostos representantes do povo.
O que o homem médio brasileiro pensa dos políticos e dos governantes em geral é um
sentimento de revolta, de indignação, de se sentir lesado e traído por promessas
vãs, quer dizer, os
brasileiros perderam praticamente qualquer
resquício de respeito aos
políticos e governantes. De vereadores
a senadores, não importa, ninguém
mais confia em nenhum deles, em
nenhum partido. Para muita gente,
o que deveria ocorrer
seria um limpeza geral dos
atuais políticos em eleições próximas que
apeassem todos eles do cenário tragicômico que suas tristes figuras
simbolizam negativamente para a
sociedade brasileira.
A
boa imagem que
grandes políticos passavam para os eleitores de outras
épocas da história brasileira se aviltou em virtude de que a carreira política se transformou em
trampolim para o enriquecimento ilícito,
o mau-caratismo e a completa
indiferença que com que a maioria deles tem tratado
a sociedade. Não somente indiferença,
mas prepotência, descaso com a
coisa pública, com as
reais aflições e reclamos do povo.
Para
piorar isso, o político
de hoje está muito longe do
preparo, da competência e do
espírito público de algumas figuras
de grande representantes que já tivemos no parlamento
nacional. Quaisquer aventureiros, sobretudo egressos do estrelismo
(baixo ou alto) na área artística, líderes
religiosos supostamente cristãos,
desportistas famosos, vão encontrar na política o melhor
meio de se dar bem na vida. Não é preciso que os
nomeie neste artigo, pois o leitor
sabe bem de quem estou falando. Ora, esses indivíduos que entram na
política descompromissados com o
bem público e com a melhoria da vida do país pouco
se lixam para o que está
se desmoronando à sua volta, visto que
estão com a vida feita e alguns são até elogiados por seus eleitores(?!).
Não quero
fazer alusão a esses grupos por mera prevenção ou preconceito. Num país democrático qualquer pessoa tem o direito de filiar-se a um partido e de candidatar-se a um
mandato parlamentar ou do poder executivo, desde que o faça por convicções verdadeiramente de servir ao bem-estar da nação, não motivados
para fazer da política um meio de vida com regalias. Por tais desvios de ordem moral, nem todo candidato é digno de
um assento no poder legislativo. A função dos parlamentares –
convém enfatizar - rejeita
por si só os interesses subalternos ou de conquistas de regalias num país onde o
político desfruta de altíssimos salários e outros tantos
benefícios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário