Cunha e
Silva Filho
Não posso esconder o fato de que
vibrei com a vitória do presidente negro Barack Obama. Da mesma sorte, louvei várias ações boas durante
o seu primeiro e segundo mandatos, este ainda em andamento.
Entretanto, não tenho
visto da parte do seu governo
ações mais destemidas no tocante à questão da violência policial
contra negros pobres americanos, logo no governo de um presidente que ainda é o
mandatário supremo dos Estados
Unidos, ou seja, alguém
com todo o prestígio e oportunidade de
lutar bravamente contra a
discriminação racial que ainda se observa em solo norte-americano.
Muitas
cenas que vejo na televisão mostrando a brutalidade de policiais
brancos contra jovens
negros a ponto de o nível de agressividade se tornar
homicídios praticados pelas próprias
forças de segurança, me deixam surpreso
e mesmo indignado com essa realidade social ainda
vivida por uma população sem recurso
e desprotegida.
Jamais imaginei que no governo de Obama, a selvageria contra os negros pobres
viessem a atingir
essa proporções, tendo em vista
as conquistas de alguns
direitos da população negra a partir dos
fulgurantes
pronunciamentos de Martins Luther
King em defesa dos negro americano, dando seguimento histórico a ações
concretas que remontam ao
grande presidente Abraham Lincoln.
Não é possível que o povo americano se deixe levar por um estado de apatia
ante os horrores da prepotência de policiais que
já assassinaram alguns jovens
negros que nem pertenciam a grupos
criminosos, pois eram apenas
jovens e negros, com família e
vítimas da cor da pele.
O que ocorreu com os jovem negro assassinado em Ferguson e com
outros jovens negros de outras cidades covardemente
baleados por supostos
homens da lei, que usam da arma de fogo para fazerem
vítimas, muitas vezes, por mero
preconceito, quer de cor, quer pelas condições
sociais dos desfavorecidas. São atos de selvageria
policiais sem despreparo técnico e
psicológico, falta de visão histórica, condicionantes muito graves
num país que se proclama aos quatro cantos do mundo como defensor da democracia e dos direitos humanos,
Tais ações homicidas não são atos
isolados, mas resultantes de um comportamento de hostilidade racial
que ainda teima em se manter ativa em solo americano e em pleno século XXI.
Contra esses crimes
de militares, é preciso que
o presidente mostre a que veio na questão
dos direitos humanos da população negra e pobre
do país. Neste aspecto a
sociedade americana se parece com a do
Brasil, país em que os negros
miseráveis e moradores de favelas ainda são vistos
como cidadãos de segunda classe e, portanto, não
dignos de um tratamento igual
aos das classes mais favorecidas.
Obama
ainda tem tempo de minimizar
todos esses estragos que só
podem manchar sua imagem de um presidente, ou melhor, do primeiro presidente negros americano. Mais do que os seus antecessores,
ele tem ainda mais obrigação de
coibir duramente os
diversos crimes contra
negros, sobretudo jovens.
O
que a nobre Nação americana , através de
todos os meios legais , tem que fazer e
de forma urgente é
mudar a mentalidade preconceituosa de policiais brancos
despreparados – tanto quantos os
do Brasil - a exercer a função de
defensor da população, seja branca,
seja negra. Afinal, todos são, por direito e por
lei, cidadãos americanos, construtores
de uma mesma sociedade multicultural e multirracial, na qual não há
mais lugar para alimentar
preconceitos de qualquer
natureza e que firam
os princípios democráticos.
Urge,
pois, que o presidente Obama, que
tem feito, até agora, um governo bem aberto a melhorias
de condições sociais dos mais carentes e, no
plano externo, já conseguiu
reatar relações
diplomáticas com Cuba, impensáveis em governos passados,
volte com todo o
seu empenho de estadista a solucionar
esse cancro que se tem mostrado
resistente no seio da sociedade americana, que é
estabelecer uma política de
segurança voltada à proteção
dos negros e penalizando quaisquer
policiais, brancos ou
negros, que ajam criminosamente ao abordarem jovens
ou adultos negros e pobres. Para isso, é necessário que o
treinamento de policiais alterem
sua mentalidade e sua visão distorcida
em relação aos negros.
Enquanto as autoridades americanas, seja
da instituição policial, seja dos tribunais que jogam crimes
de policiais, não mandarem para a
prisão policiais truculentos e
preconceituosos, as
manifestações dos negros
americanos tomarão vulto e
poderão provocar convulsão
social no país, o que redundará em desgaste contínuo da imagem dos Estados Unidos como
um país democráticos, respeitador
de todos os direitos civis
de seu povo. Que se não
esqueçam das lições dos grande líder Martin
Luther King, as quais devem
ser retomadas com a seriedade
que os seus ensinamentos legaram à sociedade
norte-americana. As lições daquele líder
inclusive serviriam para ser ensinadas
nos treinamentos da
polícia americana, assim como
pelos juízes que inocentam policiais brancos que cometeram homicídios
contra negros.
O grande sonho de Luther King deve ser
preservado, ou melhor dizendo, deve ser
imitado por todos os americanos que
amam a liberdade de expressão e os direitos
civis inalienáveis e universais.Que
não se olvidem esse pequeno trecho do discurso de Luther King:”Tenho um sonho
no qual meus quatro filhinhos, um
dia, viverão numa nação onde não serão
julgados pela cor de sua pele, mas pelo
conteúdo de seu caráter.” (tradução do colunista)
Que os americanos de hoje não
apaguem da memória do decreto da Proclamação da Emancipação de 1863,
libertando os escravos da terra do
Tio Sam Que as palavras de Abe Lincoln não caiam no esquecimento das novas gerações.
Que os exemplos de
honradez de George Washington, de
Benjamin Fanklin, de Thomas
Jefferson, de Franklin Delano Roosevelt
e de outros insignes americanos sejam imitados na práxis política por Obama e outros
presidentes que lhe sucederem.
Não haverá nação livre e sadia sem
democracia autêntica.
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