domingo, 23 de agosto de 2015

Violência e paradoxo no governo de Barack Obama





                                                                          Cunha e Silva Filho



          Não posso esconder o fato de que vibrei com a vitória do presidente negro Barack Obama. Da mesma sorte,  louvei várias ações  boas durante  o seu primeiro e segundo mandatos, este ainda em andamento.
            Entretanto,  não tenho  visto da parte do seu governo   ações  mais destemidas  no tocante à questão da violência  policial   contra negros pobres americanos, logo no governo de um  presidente que ainda  é o  mandatário supremo  dos Estados Unidos,  ou seja,  alguém  com  todo o prestígio  e oportunidade  de  lutar bravamente contra  a discriminação racial  que ainda  se observa em solo norte-americano.
       Muitas cenas  que  vejo na televisão mostrando  a brutalidade de  policiais  brancos  contra  jovens  negros a ponto de o nível de agressividade  se tornar  homicídios praticados pelas próprias  forças de segurança, me  deixam  surpreso  e mesmo  indignado  com essa realidade  social ainda  vivida por  uma população  sem recurso   e  desprotegida.  
         Jamais imaginei    que no governo de Obama, a selvageria   contra os negros  pobres  viessem  a  atingir  essa proporções, tendo em vista  as conquistas  de alguns direitos   da  população negra a partir  dos  fulgurantes     pronunciamentos    de Martins  Luther  King em defesa  dos negro  americano, dando  seguimento histórico  a  ações concretas que  remontam  ao  grande  presidente Abraham  Lincoln.
          Não é possível que  o povo americano    se deixe levar por um estado  de apatia  ante  os horrores    da prepotência de policiais   que  já assassinaram   alguns jovens negros que nem  pertenciam   a grupos   criminosos, pois eram apenas  jovens e negros, com família  e vítimas  da cor da pele.
     O que ocorreu com  os jovem negro assassinado em Ferguson e com outros jovens  negros  de outras cidades  covardemente  baleados  por   supostos  homens da  lei, que usam  da arma de fogo para  fazerem  vítimas, muitas vezes,   por mero preconceito, quer de cor, quer pelas condições  sociais   dos  desfavorecidas. São atos de selvageria policiais  sem despreparo técnico e psicológico, falta de visão histórica, condicionantes muito  graves   num país  que se proclama  aos quatro cantos   do mundo como  defensor da democracia e dos direitos humanos, Tais ações homicidas  não são atos isolados, mas resultantes de um comportamento   de hostilidade  racial  que ainda teima  em  se manter ativa  em solo americano e em pleno século XXI.
     Contra   esses crimes  de militares,  é preciso  que  o  presidente   mostre a que veio  na questão  dos direitos humanos    da  população negra e  pobre  do país. Neste aspecto  a sociedade americana  se parece com  a do  Brasil,  país em que  os negros  miseráveis  e  moradores de favelas ainda  são vistos   como  cidadãos  de segunda classe e, portanto,   não  dignos  de um tratamento  igual  aos das classes mais   favorecidas.
   Obama ainda tem  tempo de  minimizar  todos esses estragos que só  podem  manchar  sua imagem de um  presidente, ou melhor, do primeiro  presidente negros  americano. Mais do que os seus  antecessores,  ele tem  ainda mais obrigação de coibir  duramente  os  diversos  crimes    contra  negros, sobretudo  jovens.
    O que a nobre Nação americana  , através de todos os meios legais , tem que fazer  e de forma  urgente  é  mudar   a mentalidade  preconceituosa de policiais  brancos  despreparados – tanto  quantos os do Brasil -   a exercer a função  de  defensor   da população,  seja branca,  seja  negra. Afinal,  todos são, por direito  e  por lei, cidadãos  americanos,  construtores  de uma  mesma sociedade  multicultural e multirracial, na qual  não há  mais  lugar  para   alimentar    preconceitos    de qualquer natureza  e que  firam  os  princípios democráticos.
   Urge,  pois, que  o presidente Obama, que tem feito, até agora,   um governo bem aberto  a melhorias   de condições  sociais   dos mais carentes e,  no  plano  externo,  já conseguiu  reatar   relações diplomáticas  com  Cuba, impensáveis em governos   passados,  volte   com  todo  o seu empenho de  estadista  a solucionar   esse cancro  que se  tem mostrado  resistente no seio da sociedade americana,  que é  estabelecer   uma política de segurança    voltada  à proteção  dos negros  e penalizando  quaisquer  policiais,  brancos ou negros,   que  ajam criminosamente    ao abordarem   jovens  ou  adultos  negros e pobres. Para isso, é necessário  que  o treinamento  de policiais   alterem   sua   mentalidade e sua visão   distorcida  em relação  aos negros.
   Enquanto   as autoridades americanas,  seja  da instituição   policial, seja  dos tribunais que jogam  crimes  de  policiais, não mandarem para a prisão   policiais  truculentos e  preconceituosos,  as manifestações  dos  negros  americanos   tomarão vulto e poderão  provocar   convulsão  social  no país,   o que redundará em desgaste   contínuo da imagem  dos Estados Unidos  como  um país  democráticos,  respeitador   de todos   os direitos  civis  de seu  povo. Que se não esqueçam   das lições  dos grande líder  Martin  Luther King, as quais devem  ser   retomadas com a seriedade que  os seus ensinamentos legaram  à sociedade  norte-americana. As lições daquele líder  inclusive serviriam  para ser   ensinadas  nos  treinamentos   da  polícia americana, assim como  pelos  juízes que  inocentam policiais brancos   que cometeram   homicídios   contra negros.
   O grande sonho de Luther King deve ser preservado, ou melhor dizendo,  deve ser imitado por todos os americanos   que amam  a liberdade de expressão  e os direitos  civis  inalienáveis e universais.Que não se olvidem esse pequeno trecho do discurso de Luther King:”Tenho um sonho no qual meus quatro  filhinhos, um dia,  viverão numa nação onde não serão julgados  pela cor  de sua pele, mas  pelo  conteúdo  de seu caráter.” (tradução  do colunista)

   Que os americanos de hoje  não  apaguem da memória do decreto da Proclamação da Emancipação de 1863, libertando os  escravos  da terra do  Tio Sam Que as palavras de Abe Lincoln não caiam no   esquecimento das novas  gerações.  Que  os exemplos  de  honradez de  George Washington,  de  Benjamin  Fanklin,  de  Thomas Jefferson,   de  Franklin Delano  Roosevelt  e de outros   insignes  americanos sejam  imitados na práxis  política por Obama e  outros  presidentes que   lhe sucederem. Não haverá  nação livre  e sadia sem  democracia  autêntica.

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