quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Farra e gravidade na crise político--econômica do Brasil



                                   
                                             Cunha e Silva Filho

 
           Existem dois lados da situação da política brasileira, o da comédia e o da tragédia. Este último, diga-se assim, representa o imprevisível, o da iminência de uma reviravolta. Um e outro não aparecem na  clareza de que o povo necessita saber a fim de se posicionar politicamente ante os acontecimentos sombrios do gigantesco surrupio do Erário Público escandalosamente provocado pelas sucções contínuas via propinas do Mensalão e da Petrobrás  em conluio com os partidos aliados  ao governo federal e empreiteiras inescrupulosas. A meu ver, os responsáveis pela rapinagem, os dois lados, governo federal e iniciativa privada, merecem punição igual. Não há anjos e demônios, mas apenas demônios.
    A sequência de operações da Lava Jato tem o dever  patriótico de chegar ao poderoso chefão, doa a quem doer. O povo brasileiro, pelo menos os esclarecidos, já sabe quem  é o culpado, ou seja, onde está a raiz dos males da crise que atravessamos  e dela já sentimos os estragos.
   Na campanha da presidente Dilma, no seu último discurso, ela omitiu o que já sabia, quer dizer, Dilma não agiu corretamente  ao esconder a gravidade da situação financeira que, estrategicamente,  só foi revelada após estar segura de que  tinha  conquistado, a duras penas, um segundo mandato presidencial.
       A verdade oculta veio logo à tona com toda a força de sua  crueza e de seus desdobramentos nocivos à vida da  população brasileira. Todos os males da caixa de Pandora foram soltos e tomaram conta do Brasil  e, à semelhança da mulher de Epimeteu, no fundo da caixa ficara a esperança. Esse é  o lado trágico do atual governo onde reinam todos os males e no qual não há alguma perspectiva de esperança. Se não  se pode vislumbrar alguma nesga de esperança, é porque se está atingindo o fundo do poço.
    O lado cômico é simbolizado pelos desentendimentos e fraturas dos que apoiam o governo e dos seus opositores, nos quais a população também não confia. O impasse se instalou entre os congressistas e o Executivo, ainda mais agravado agora que  o PDT e o PTB já estão dando as costas ao governo. A presidente está  numa sinuca de bico.
     Assim, balançando entre a comédia e a tragédia, vive o Palácio do Planalto. E o pior, o país já em plena crise financeira. Com suas ações impopulares nada na praia perdido com  a possibilidade de não ver o seu propalado  ajuste fiscal ser votado pelos congressistas que,  se depender da parte dos partidos da oposição, não vingará. E, no caso de ser aprovado, trará no seu bojo    todas as suas insidiosas sequelas:  recessão, juros estratosféricos, desemprego e todo o conjunto de mazelas daí surgidas violência em altíssimo grau, impunidade,  greves  pipocando nas universidades  públicas e outros graves problemas que atravessamos impotentes  e sofridos.
   O governo do PT perdeu toda a sua  confiabilidade no meio do povo. O ex-presidente, nem com todos os seus títulos de doutor honoris causa outorgados por universidades no exterior conseguidos no auge da sua popularidade, também caiu em desgraça em virtude do apoio que deu ao José Dirceu agora novamente encalacrado  em decorrência de novas denúncias de ligações  dele com empreiteiros que, agora, se encontram na condição de réus.
   Dois questionamentos somos obrigados a fazer diante da gravidade da situação política: a) quem é o responsável primeiro por todas essas mazelas atuais?; b) por que a Polícia Federal não rastreou o responsável maior pelo desencadeamento de todos os esquemas de organização de ações delituosas envolvendo o emprego de propinas no jogo tácito entre políticos corruptores e  e empresários corrompidos? Ou vice-versa.
   Se a mídia tem sugerido nomes a quem se possa atribuir responsabilidades pelos desvios dé dinheiro, por que razões as investigações não chegaram ao comando geral da roubalheira que é, em última análise, o seu ponto de partida?
  A quem interessa proteger os verdadeiros  culpados pelos rombos financeiros e causa primeiraa crise econômica brasileira nos últimos anos?  A Polícia Federal,  com todo o peso de sua responsabilidade e de sua alta missão em prol de um país livre de bandidos de colarinho branco, não pode deixar de ir a fundo em busca dos elementos-chave de todos os crimes cometidos contra  o povo brasileiro. É esta resposta que a sociedade está há tempos esperando das investigações sob o comando do intrépido juiz Sergio Moura.

                                                                                               

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