quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Ai dos governantes desprezados pelos seus compatriotas!







                                                          Cunha  e Silva  Filho


        Não é preciso nem mesmo sair de casa. Com uma televisão,  um celular ou um computador navegando pelo  Facebook logo  se percebe  o repúdio de grande parte dos   brasileiros  pelo governo   federal,  tendo como alvo  maior a presidente Dilma. Ora,  um governante,  seja  um rei,  um primeiro-ministro,  um presidente, um governador,  um prefeito  e até aqui  incluindo os  tiranetes  da América do  Sul,    que não são respeitados  pelo  povo  é uma triste imagem de representação  política e do estado  a que chegou  o nível da mais alta  função  do governo.    Inegavelmente,  se instalou  um quadro de tragicomédia na política  brasileira. 
    A consequência  mais grave disso, num país que, bem ou mal,  se norteia   ainda felizmente pelas vias democráticas,   das quais  a liberdade de expressão continua  um  instrumento valioso   da manifestação   do cidadão diante   da não-aceitação da atual  presidente, é que  a figura  do presidente Lula e da presidente Dilma são constantemente   repudiados nas redes sociais sob  várias formas: deformação  física  por montagens, caricaturas, xingamentos, vídeos, depoimentos escritos   que mais  parecem  uma catilinária  de  motejos,  deboches,   achincalhes.
     Quando  um povo  não mais demonstra um mínimo de  respeito  pelo seus governantes,   é sinal  de que algo  podre  sinaliza  nos bastidores  da  política  nacional. Essa forma de  comportamento   de brasileiros   fala mais alto do que os votos  que a presidente   alega  ter   alcançado nas urnas.   E as urnas podem bem  balançar para um lado num momento,  assim  como podem  balançar   para outro lado em outro momento, i.e.,   o da recusa  em ter  um mandatário  no  posto mais  alto da vida republicana.
      Basta   arrolar  todo esse material   de repulsa aos dois  políticos   do PT  para se ter  uma medida avaliativa  de quanto  um partido   perdeu  a sua  força de liderança,   o seu lado  ético, a sua razão de  se manter  no poder,   a  legitimidade  de  liderança   tão  necessária  a uma   governo  que tenha   a aprovação,  a admiração  de seu  povo. 
   Chegou-e a um  ponto  de quase   completa clivagem   entre  o governo e a sociedade civil. Que não se perca de vista  que  um governo só se sustenta  democraticamente  quando   é   estimado  pelo seu  povo,  pelo  eleitorado,  pelos que   confiam  em seu presidente e na sua  palavra  empenhada. Logo que  essas condições  se perdem e   se exaurem   pela  má administração  e sobretudo  pelos seus desmandos,  cessam  os motivos  de sua  razão de ser.

    O presidente  que  cair   no ridículo   e na repulsa  de seu  povo, deixa de existir como  realidade simbólica e efetiva de seu  cargo, pois passará a governar quase  solitário como um exilado  de si mesmo, sem  a vontade  da cidadania. Vira uma  figura  quase decorativa no  pior sentido, visto que  não é amado  pela sociedade que passa a ver  na função  presidencial  o vazio  de sentido,  de ideais,  de  esperanças.
     Perdeu-se na presidente  atual qualquer  resquício  de uma  força aglutinadora  da esperança  e  da  aceitação, do respeito  pessoal, da  boa  imagem   pública tão necessária  aos que governam.Tudo isso  não se compra,  mas é fruto da conquista  de  um mandatário, de sua  conduta, dos seus atos,  do seu passado,  da sua história  de vida. Assim que todas essa qualidades  se desfazem diante da visão do   eleitor, é porque algo  se fez erradamente em termos  de governança.
      Não existe pior coisa  na vida de um  governante  como a perda  da pureza  e da moralidade.   Ao governante só resta   a certeza de que  não  governou – como era de se esperar -  com  o consenso   natural  dos cidadãos brasileiros. Esse foi  o seu pecado  capital.

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