Cunha e Silva Filho
Não é preciso nem mesmo sair de casa.
Com uma televisão, um celular ou um
computador navegando pelo Facebook logo se percebe
o repúdio de grande parte dos
brasileiros pelo governo federal,
tendo como alvo maior a
presidente Dilma. Ora, um governante, seja
um rei, um
primeiro-ministro, um presidente, um
governador, um prefeito e até aqui
incluindo os tiranetes da América do
Sul, que não são
respeitados pelo povo é
uma triste imagem de representação
política e do estado a que
chegou o nível da mais alta função do governo. Inegavelmente, se instalou
um quadro de tragicomédia na política
brasileira.
A consequência mais grave disso,
num país que, bem ou mal, se
norteia ainda felizmente pelas vias democráticas, das quais
a liberdade de expressão continua um
instrumento valioso da
manifestação do cidadão diante da não-aceitação da atual presidente, é que a figura
do presidente Lula e da presidente Dilma são constantemente repudiados nas redes sociais sob várias formas: deformação física
por montagens, caricaturas, xingamentos, vídeos, depoimentos escritos que
mais parecem uma catilinária de
motejos, deboches, achincalhes.
Quando um povo não mais demonstra um mínimo de respeito
pelo seus governantes, é
sinal de que algo podre
sinaliza nos bastidores da
política nacional. Essa forma de comportamento de brasileiros fala
mais alto do que os votos que a presidente alega
ter alcançado nas urnas. E as urnas podem bem balançar para um lado num momento, assim como podem balançar para outro lado em outro momento, i.e., o da recusa
em ter um mandatário no
posto mais alto da vida
republicana.
Basta arrolar todo esse material de repulsa aos dois políticos
do PT para se ter uma medida avaliativa de quanto
um partido perdeu a sua
força de liderança, o seu lado ético, a sua razão de se manter
no poder, a legitimidade de
liderança tão necessária
a uma governo que tenha a aprovação, a admiração de seu
povo.
Chegou-e a um ponto de quase completa clivagem entre o governo e a sociedade civil. Que não se
perca de vista que um governo só se sustenta democraticamente quando
é estimado pelo seu
povo, pelo eleitorado,
pelos que confiam em seu presidente e na sua palavra
empenhada. Logo que essas
condições se perdem e se exaurem
pela má administração e sobretudo
pelos seus desmandos, cessam os motivos
de sua razão de ser.
O presidente que cair
no ridículo e na repulsa de seu
povo, deixa de existir como
realidade simbólica e efetiva de seu
cargo, pois passará a governar quase
solitário como um exilado de si
mesmo, sem a vontade da cidadania. Vira uma figura
quase decorativa no pior sentido,
visto que não é amado pela sociedade que passa a ver na função
presidencial o vazio de sentido,
de ideais, de esperanças.
Perdeu-se na presidente atual qualquer resquício de uma força aglutinadora da
esperança e da
aceitação, do respeito pessoal,
da boa imagem pública tão necessária aos que governam.Tudo isso não se compra, mas é fruto da conquista de um
mandatário, de sua conduta, dos seus
atos, do seu passado, da sua história de vida. Assim que todas essa qualidades se desfazem diante da visão do eleitor, é porque algo se fez erradamente em termos de governança.
Não existe pior coisa na vida de um
governante como a perda da pureza
e da moralidade. Ao governante
só resta a certeza de que não
governou – como era de se esperar -
com o consenso natural
dos cidadãos brasileiros. Esse foi
o seu pecado capital.
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