quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Os Estados Unidos precisam de um novo Martin Luther King, sem sangue




e



                                      Cunha e Silva Filho


           Desde os  esforços  de Martin Luther King (1929-1968), nos anos  de 1960, o maior líder negro da história  norte-americana,  com a sua luta, com a sua oratória  convincente, carismática e portentosa,  a favor dos direitos civis, sobretudo dos negros, que  eram  tratados como  gente de segunda classe, a pátria de Lincoln precisa  reavaliar  de forma urgente  o que  se poderá  fazer, nos poderes  Executivo Legislativo e Judiciário, para melhorar   a situação ainda presente, que é    injusta e  discriminatória contra os  negros  no país. Sabemos  que a morte de MLK não foi  em vão. Seu legado  foi construtivo se comparado com  a situação em que  se viam  os negros americanos antes  da atuação  desse  grande líder, um verdadeiro  apartheid  plantado  em solo americano
Seria conveniente  reler  os seus escritos, os seus discursos,  o seu ideário a fim de que possamos,  em tempos atuais   levar adiante  o que  ele  conquistou  para o bem do  povo americano. Seu famoso pronunciamento  “I have a dream,” serve como excelente  material  para  reflexão sobre o tema  do racismo  e dos  direitos  de cidadania  não só  do povo americano mas de qualquer  povo  que  aspire a alcançar  os inalienáveis direitos  civis em situação  de igualdade, ou seja,  sem  nenhuma   pretensão  de   daquela  ideia   absurda de  “iguais  tratados como  desiguais,” tão .comum em alguns  países, inclusive  o Brasil.
Os confrontos decorrentes de crimes de policiais  americanos  brancos contra negros  e pobres, sendo  exemplos  os de 1989, 1992, 2012 e, agora,  2014,  constituem  casos  flagrantes  da ainda  frágil   posição  em que  se situa  o  homem  negro americano,   sobretudos adolescentes.
 Ora,  quem há de  acreditar nas afirmações  de policiais  brancos  que,   respondendo  a perguntas  da imprensa confessam  que teriam agido  da mesma forma  se a vítima  fosse um branco? Como  explicar  o fato  de   que o policial  atire  não sei quantas  vezes contra alguém que está desarmado. Por si próprio,  o policial   já tem um treinamento de um candidato para uma atividade cujo perfil seja  o de prontidão   à violência e,  no caso de ser um  policial  mal treinado e desequilibrado,   essa predisposição  ainda  é bem  maior, tanto  no Estados Unidos quanto  em qualquer  parte  do mundo.  Pessoas  pacíficas em geral  não  procuram  a carreira de policial.
O cinema americano mostra essa faceta de alguns policiais, quer dizer,  o seu  lado  violento, agressivo, sem falar  da dimensão corrupta de alguns. Qualquer pessoa bem informada,  sabe que, no cinema,  na  literatura,  no teatro, nas novelas, o bad side  de parte da  polícia  não é mera  coincidência, mas   relatos fictícios  fundamentados  na realidade empírica.
O  Presidente Obama,  ele mesmo  detentor de um Nobel  de Paz,  não pode ser leniente quanto aos acontecimentos   de natureza  racista  que  estão ocorrendo  nos EUA. Não é preciso  apenas de “calma” para   aquietar os ânimos exaltados dos afro-americanos  diante da  injustiça do homem  branco.
 Compete ao líder  americano,  que é negro,   ter uma posição  mais firme  e corajosa   concentrando  seu prestígio  junto à  comunidade negra americana   no sentido de  provocar mudanças  nas leis  americanas levando em conta   pontos cruciais  dos quais apontaria   primeiro,    humanizar o  treinamento de  seus  policiais  tornando-os  não  inimigos   entre os negros, mas   pessoas   mais sensibilizadas e mais   equilibradas  diante  de  situações  de conflito, usando  a arma de fogo  só em  última  instância.
 Segundo,  fazer   pesada   campanha publicitária   de  pacificação  dos ânimos  entre  negros e brancos  para que  os dois lados  se tornem  indivíduos  e cidadãos   ligados  por um sentido  de   fraternidade, de respeito   recíproco   pelas diferenças  meramente   epidérmicas.  
Finalmente,  urge que os EUA   invistam  na melhoria das condições do negro  americano, reduzindo  as situações   de  abandono,  de miséria, de falta de  habitação   adequada,  de aperfeiçoamento  de suas escolas  públicas,  preparando os seus jovens  a um acesso  melhor    nos estudos   e na possibilidade  de um emprego   decente ou de  ingresso  em  boas universidades.
Ao  realizarem  essa melhoras de cunho social, de cidadania,  evitar-se-ão  mortes   covardes  contra a  população  negra e,  em consequência,   impedirão  os confrontos   perigosos  multirraciais  que, se alastrando,   só têm a  dar prejuízos  à nação americana,  acumulando desnecessariamente perdas materiais e principalmente  humanas.

Que não se deixe de relembrar  as lições  de paz e de união  que ainda ecoam  nos  espíritos   do nobre  povo americano.  Não são elas palavras ocas de um  líder populista, mas de um pensador que conquistou   novas leis  contra a segregação  dos  negros americanos,   leis de direitos  civis e de possibilidade  de os negros  poderem  ter  direito ao voto e de se tornarem,  assim,   cidadão  americano. Essas  vitórias  conquistadas não podem  se  perder; elas foram    conseguidas  graças  ao combate   ingente de Luther King  desde os meados dos anos de 1950. O seu assassinato,  em 1968,  é prova   incontestável  de  sua  luta corajosa e sobretudo do  seu  nível  de reação  contra   a discriminação   racial  nos  EUA.

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