Cunha e Silva Filho
O ponto alto da viagem seria na
manhã seguinte. Os dois carros partiram do hotel e se dirigiram para uma dos
lugares mais belos da natureza brasileira: as Cataratas do Iguaçu, onde se
encontra o Parque Nacional do Iguaçu. Do
outro lado do rio Paraná,
é a parte da Argentina, com seu Parque Nacional do Iguazú. Contudo, do lado brasileiro essa maravilha do mundo é só deslumbramento.
Para chegarmos
às cataratas, é preciso comprar
bilhetes para tomar o ônibus panorâmico,que nos leva para dentro
do Parque. Viagem deliciosa pela
manhã. No segundo andar do ônibus,
sentimos o perfume exalado das floresta ladeando
as duas margens em boa estrada. Uma brisa refrescante
toma conta de nosso rostos, um
aroma suave e perfumado tudo vindo do ar puro da floresta. Ônibus lotado
com pessoas de várias nacionalidades. De vez em quando vemos animais
silvestres livres como merecem
estar no seu hábitat.
Paramos numa das
trilhas, percorrida, é claro,
a pé. Gente de todas as idades descendo em direção ao
ponto mais aproximado das
cataratas, jorrando continuamente como
a mostrar a todos que ninguém pode com a Natureza e é neste instante de euforia
que sentimos a presença de um Ser
Superior acima dos homens e de
suas mesquinharias. De repente, a uma
certa altura da trilha, somos
surpreendidos com uma chuva. Harley, sempre cautelosa e gentil, arruma um
jeito de resolver o problema.
Compra umas
capas de plástico vendidas ali mesmo numa das paradas da trilha onde, por
sinal, havia um quiosque. Para lá
corremos a fim de abrigar-nos da chuva. Como havia gente no quiosque, tivemos que nos espremer entre as pessoas. A
chuva parou um pouco e de lá demos sequência à caminhada cheia de gente descendo
e subindo, ou seja, pessoas que
iam para o mirante mais
perto das quedas d’água e pessoas
que de lá vinham para tomar a trilha de volta. Sem nos avisar, a chuva voltava.Agora, porém, já estávamos sob a proteção de nossas capas. A
trilha era longa e cansava os mais
velhos ou menos preparados para a
caminhada.
Elza e eu não fomos até o ponto mais distante de onde se podia ver melhor
as cataratas. Ao redor de nós, a
presença dos celulares filmando ou fotografando a paisagens,
ou pessoas conhecidas
se deixando fotografar. Não
paravam os snapshots. Vivemos o
apogeu da época mais filmada ou
fotografada do mundo. Vivemos o reinado
das imagens em fotos, ou dos
eventos filmados, das câmeras em toda a parte com seus
big brothers vigiando-nos por
todos os
lados..Perdemos grande parte dos bons tempos em que
tínhamos privacidade.
Não retornamos
pela trilha que nos deixou mais próximos
da cataratas. Preferimos
regressar usando um elevador
que ficava bem pertinho daquele
imenso jato d’água. A beleza
daquelas gigantescas quedas d’água é de
tirar o fôlego de alguém, espetáculo
jamais visto por mim.
Fomos almoçar num restaurante que servia refeições na parte coberta e também na parte ao ar livre, que
foi o lugar que escolhemos O mais belo ali é
que fica à beira do rio Paraná
com a outra margem em território argentino. Rio caudaloso, com a correnteza dirigindo-se para as cachoeiras.
Na volta do encantador
passeio pelo Parque
Nacional, paramos em outro
lugar digno de registro: o Parque
das Aves.
Foi mais uma maravilha, desta vez em contato vivo, por vezes, físico, com
a natureza figurada pelas
aves da
Mata Atlântica. Tanto quanto o
turismo ecológico das Cataratas do Iguaçu, aqui se
descortina a paisagem multicolorida de aves
e pássaros diversos, alguns nunca vistos pessoalmente por este cronista. Ali pudemos ver mutuns, faisões,
urubus reis, harpias, tucanos, papagaios, casuares, araras, tachãs, periquitos,
flamingos, emas, corujas, jacutingas. No parque
há um borboletário. Entrento, o
Parque das Aves acolhe também répteis, como a sucuri, a jibóia, jacarés, iguanas etc.
Conforme
nos informa o folheto que
pegamos no local, parte das aves, 43 % , ali nasceram; outras foram
adquiridas de diversas modos: regatadas do tráfico pelos
autoridades ambientais Aves que estavam
em cativeiros em condições precárias, outras mais ali
chegaram doentes e maltratadas, feridas, ameaçadas de extinção. São,
pois, aves sobreviventes e ali tratadas
com desvelo por biólogos e veterinários do Parque. Estão em boas mãos.
Saímos
contentes daquele Parque, sobretudo as
minhas netinhas. No Parque das Aves,
também. havia muitos
turistas de várias procedências.
Voltamos pro
hotel. Fim de permanência. Deveríamos
voltar pra Curitiba; ali
deixaria com saudades meu filho,
Marisa, Isabella e Amanda. Harley,
Elza e eu seguiríamos pro Rio de Janeiro. Nem é precisos relatar
que a viagem de volta de Foz do
Iguaçu foi plena de
brincadeiras, risos e, como
sempre, o regresso parece mais
rápido. Algumas paradas pra ir ao banheiro, fazer um
lanche, ou mesmo almoçar.
Na volta até
Curitiba, as minhas netinhas vieram de novo no carro
da Harley. Conversadeira como
ela, Amanda, a mais nova, usava
um aparelho de comunicação comprado se não me engano, no Paraguai e, através dele, se comunicava com a mãe,
Marisa. Amanda não sossegava,
falava o tempo todo: “Alô, falo
da base Cherokee. Câmbio!” A mãe, à
nossa frente, no carro com meu filho, respondia: “Alô, aqui falo da
base Fiesta Câmbio!”
Chegamos a
Curitiba. No dia seguinte, uma segunda-feira,
regressamos pro Rio de Janeiro. A
viagem estava boa,
tudo fluía na grande estrada. De
repente, ainda no estado do Paraná, houve um engarrafamento: um caminhão havia
virado. Esperamos um bom
tempo para que o trânsito fosse liberado. Isso nos causou um atraso de praticamente uma hora.
Harley, já em São Paulo ,
se equivocou com uma via que passaria
por fora da cidade e terminamos
passando por dentro de São Paulo,
desta “Pauliceia desvairada.”
Muita estrada
pela frente, rumo
ao Rio.. Entramos no limite entre
São Paulo e Rio de Janeiro. Estávamos em casa, podíamos dizer. Só um
imprevisto: quando passávamos, à altura
da Baixada Fluminense, nos deparamos
com um engarrafamento, com o qual
não contávamos.
Harley, como sempre,
teve que se virar e conseguiu, mais uma vez, dar prova de
seu domínio do volante. Conseguiu desvencilhar-se do engarrafamento.
Milagre, não, top secret. Eis-nos de volta ao lar.
Deixou-nos em casa e seguiu pro seu
bairro. Inesquecível viagem!
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário