Cunha e Silva Filho
Não é nada alvissareiro o que pode estar se tramando na Coreia do Norte, país liderado pelo ditador Kim Jong-un, filho do seu antecessor e pai, King Jon-il. Isso explica muita coisa apesar das nuvens cinzentas e das incertezas e ambivalências que nos chegam pela mídia.
O mais jovem ditador da atualidade, com passagens pela Suíça, na condição de estudante, ainda criança ou adolescente, sob nome e identidade postiços, o jovem ditador, afeiçoado ao basquetebol e aos esportes, e tendo sido considerado pela notas de escola um estudante medíocre, tímido e desajeitado com as garotas, se tornou um adulto com propensão aos estudos de física e militares em nível universitário, com estas e outras qualidades e defeitos logo foi assumindo diversos cargos de relevância da Coreia do Norte, naturalmente pela influência e poder paterno. Tal escalada rapidamente o levou aos píncaros do poder da ditadura norte-coreana, ou seja, a Chefe de Estado.
A ele todas as honras e privilégios, a ele toda a submissão imposta pelos regimes de força. Salve Kim Jong-um, senhor da terra , dos mares e dos céus de sua pátria! O que mais poderia desejar deste mundo terreno um jovem com formação belicista e com ideias de expansão de poder sem fronteiras?
A Coreia do Sul que se previna contra as possíveis decisões impensadas e imaturas desse jovem ditador.De resto, os seus primeiros vagidos já se espalharam além-fronteiras e já chegaram ao Ocidente, tendo como alvos principais a Coreia do Sul e os Estados Unidos.Vamos ver o que pode se desdobrar destas ameaças de lançar mísseis intercontinentais ou em direção à outra metade da Coreia. Fidel Castro, que conhece todos os meandros políticos que pressupõem desavenças perigosas entre países de ideologias diferentes, já afirmou que – e é bem sintomática tal declaração do velho Castro -, que cabe aos Estados Unidos tomarem atitudes contra os riscos nucleares que possam vir de Pyongyang. Tudo é possível e, por conseguinte, toda precaução deve ser tomada contra ações extremas partidas de um governante sem maturidade política. Já sabemos o que disso pode resultar, porque as lições da História ainda não foram assimiladas corretamente pelos povos, sobretudo pelas nações antidemocráticas.
O próprio ditador Kim Jog-un já preveniu que as embaixadas de alguns países chamassem de volta seus diplomatas.Mas, confesso, leitor, minha ignorância política, por não atinar com os fundamentos lógicos de ameaça de guerra pela Coreia do Norte. Até entendo que o conflito seja direcionado contra os vizinhos sul-coreanos, até entendo que estes tenham ideologia política diversa e sejam influenciados pelo capitalismo ocidental, principalmente americano. Porém, isso é motivo forte para desencadear uma conflagração entre potências civilizadas? Não seria mais justo e coerente que as duas Coreias procurassem se harmonizar e resolver suas diferenças diplomaticamente, embora conservando, cada uma, suas características político-ideológicas dessemelhantes? Ou, mesmo quem sabe, até se reunificarem? A China comunista, a Rússia socialista não mantêm relações com o nosso país, se respeitando e desenvolvendo relações econômicas em paz? Até mesmo o Irã, que esbraveja contra os Estados Unidos e contra Israel, bem ou mal, nunca partiu para um conflito armado cujas consequências seriam desastrosas para todos os países e mesmo para o mundo.
Não pode haver mais guerra em escala mundial. Diante dela, somente há uma alternativa: a extinção dos homens e do mundo, das artes e do progresso, de tudo o que de bom o homem construiu na Terra. Um recurso bélico extremo envolvendo países com armas nucleares, não seria nada bom para o nosso planeta. Não há nação amadurecida que deseje repetir os horrores da Primeira e Segunda guerras mundiais. Candidatos a moldar-se pelo figurino de Hitler, diante do potencial nuclear disponível por algumas nações, é algo impensável. O mundo está cansado de guerras. Seu destino se inclina para alcançar a paz, ainda que esta seja uma paz relativa, com boa dose de consensos e harmonias entre os países.
A humanidade aspira à paz e fará tudo o que estiver ao seu alcance para atingi-la. Estamos fartos da insanidade bélica, da sua estupidez e da sua inutilidade. O Holocausto, provocado pelo nazismo, há de ser para a contemporaneidade o último acontecimento-símbolo do século 20 do que a crueldade e a loucura de um ditador foi capaz de fazer contra a espécie humana.
A afirmação de Fidel Castro tem, sim, um peso grande, pois se mostra imparcial e objetiva. É declaração de um homem que já viveu muito e que, mesmo não tendo conseguido - o que é justo - a interrupção, até hoje, do embargo americano, ainda lhe sobra prudência e sabedora para dar um sinal de alarme.
O tão chamado Poderoso Exército norte-coreano não haverá de estragar os caminhos da humanidade em direção à paz entre os povos, cuja luta maior deverá ser, no campo político, em prol da derrocada dos países ainda com regimes autoritários, mas uma derrocada pelas vias da educação política na sua ação mais rigorosa da busca incessante da autonomia dos povos e da sua liberdade de expressão e de escolha de seus dirigentes.
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