terça-feira, 9 de abril de 2013

Tradução de um poema de T.S. Elliot ( 1888-1965)





              Whispers of Immortality





Webster was much possessed by death
And saw the skull beneath the skins;
And breathless creatures under ground
Leaned backwards with a lipless grin.

Daffodil bulbs instead of balls
Stared from the socket of the eyes!
He knew that thought clings round dead limbs
Tightening its lusts and luxuries.

Donne, I suppose, was such another
Who found no substitute for sense,
To seize and clutch and penetrate;
Expert beyond experience,

He knew the anguish of the marrow
The ague of the skeleton;
No contact possible to flesh
Allayed the fever of the vbone.

. . . . . .

Grishkin is nice: her Russian eye
Is underlined for emphasis;
Uncorseted, her friendly bust
Gives promise of pneumatic bliss.

The couched Brazilian jaguar
Compels the scampering marmoset
With subtle effluence of cat;
Grishkin has a maisonette;

The sleek Brazilian jaguar
Does not in its arboreal gloom
Distil so rank a feline smell
As Grishkin in a drawing room.

And even the Abstract Entities
Circumambulate her charm;
But our lot crawls between dry ribs
To keep our metaphysics warm.




                      Sussurros da Imortalidade



Demasiado obcecado pela morte foi Webster
Sob a pele o crânio via;
Criaturas ofegantes, por sob o chão
Com caretas sem lábios de costas se apoiavam.

Em lugar de bolas, bolbos de narciso
Saltavam das órbitas dos olhos!
Sabia ele que a membros mortos o pensamento gruda-se
Suas luxúrias e concupiscências aumentando.

Donne, creio eu, foi outro
Que não encontrou um substituto para os sentidos,
A fim de apoderar-se, arrebatar e penetrar.
Hábil além da experiência,

Sabia que a angústia da medula
A dor do esqueleto,
Nenhum contato possível com a carne
A febre do osso aplacava.


. . . . . .


Boa é Grishkin: seu olho russo
Da ênfase a marca tem.
Nu, seu busto amável
Bênçãos pneumáticas promete

Em repouso, a onça brasileira
Amedrontado sagui constrange
Com a sutil aparição de felino.
Grishkin de um chalé proprietária é.

A garbosa onça brasileira,
No escuro arvoredo,
Um cheiro felino esparze tão forte
Quanto Greshkin na sua sala de visitas.

E as próprias Entidades Abstratas
De seus encantos cativas se tornam.
Entre costelas sedentas, nossa sorte, contudo, rasteja
Para nossa metafísica tórrida preservar.



                                                           (Trad. de Cunha e Silva Filho)

Notas ao leitor:


1.Grishin: Uma prostituta de alta classe dominada pelos instintos animalescos da carne.

2.Webster: Referência a John Webster, dramaturgo jacobino, autor de A duquesa de Malfi e de O diabo branco.

3.Donne: Alusão ao poeta inglês John Donne (1572-1631).

Fonte bibliográfica:

The Norton Anthology of English literature, edited by M. H. Abrams et alii. New York: W.W Norton & Company INC., 1968, p. 2580.



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