Cunha e Silva Filho
De um ignorante qualquer, que não teve a chance de uma boa escola, de uma universidade e de uma vida mais ou menos tranquila, a gente perdoaria a grosseria com um jornalista que lhe fosse fazer perguntas, mas de uma pessoa que foi alçada a uma relevantíssima função pública, ou à mais alta posição na área jurídica, é imperdoável. Não se pode dela esperar um comportamento deseducado. Pois foi isto o que fez o atual Presidente da Suprema Corte brasileira, o Sr. Joaquim Barbosa que, em pouco tempo, havia conquistado a simpatia de grande parte da população do país, com demonstrações de ser um membro decente, firme e de atitudes independentes e mesmo corajosas no que diz respeito ao julgamento do maior escândalo da política nacional, o Mensalão.
Os brasileiros deram tanta demonstração de simpatia e admiração pelo atual Presidente do Supremo Tribunal Federal que ele passou ao domínio de uma das manifestações mais populares entre nós, o carnaval. Cantado em verso e prosa, a figura de um homem negro que, pela primeira vez no Brasil, alcançou, no campo da magistratura, a posição do Sr. Joaquim Barbosa tornou-se uma conquista quase que inalcançável.
Foram suas concepções críticas contundentes acerca daqueles que formaram o esquema de corrupção que se implantou no seio do PT que lhe deram grande visibilidade no país inteiro. Lembra o leitor, durante o carnaval deste ano o quanto se vendeu de máscaras representando a figura do Sr. Joaquim Barbosa? Será que ele compreendeu que aquelas máscaras eram um sinete de uma homenagem do povo pela sua destacada atuação como membro da Suprema Corte?
Ou seja, o Presidente do Supremo conheceu a glória de ser objeto de reportagem, de manchetes de jornais, de capas de revistas, de artigos lhe elogiando o papel de conhecedor do Direito e das leis, de notícias sobre a sua carreira de menino humilde que, pelos estudos e vontade férrea, conseguiu vencer na vida, se tornar Procurador da República, haver feito doutorado no exterior, ser conhecedor de línguas etc, etc.
E, agora, cheio de empáfia, trata mal um jornalista no exercício de sua nobre função de transmitir notícias. Não só pelo tom de voz, mas sobretudo pelas enunciados proferidos por ele, ofendendo individualmente um profissional da imprensa, usando palavras e expressões chulas inapropriadas e moralmente deploráveis para o que se espera de um homem da Justiça no seu mais alto nível de hierarquia. Já e vê por aí que não é ele uma pessoa equilibrada e ética para exercer a função que ocupa no cenário jurídico do país.
Ao ser nomeado pelo Presidente Lula, este cometeu um erro enorme e lastimável para a Corte Suprema. Erraram também os que o escolheram para Presidente do STF. O Brasil perde pontos no cenário de sua vida pública. Nenhuma desculpa a posterori o isenta da imagem que agora se fará dele. Sua figura, já quase adquirindo status de ícone no imaginário do povo se arranhou por definitivo e se esgarçou, caindo do pedestal como santo de barro.
A alma humana é mesmo imprevisível. De repente o que era encanto se torna um malogro, um constrangimento, uma decepção ante a coletividade. Sua figura, antes aparentemente empática, sofre metamorfose, involui, padece de uma entropia comunicativa como celebridade e como distinção de atitudes, de modos e de comportamentos .
Não mais será o mesmo, nem mais dele se esperará coisa melhor. Continuará no seu cargo, mas, agora, despojado da fama e da simpatia que desfrutara por pouco tempo. O povo acompanhará seus passos, principalmente suas conclusões no que tange ao desfecho do julgamento de corruptos da Nação. Aguardemos os fatos que se desdobrarão diante de nós. As desculpas pelas dores da coluna não nos convenceram.
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