Cunha
e Silva Filho
Leitores queridos, não sei se já se detiveram mais
demoradamente para refletirem sobre
algumas postagens das redes
sociais (aqui, me reporto mais ao
Facebook e às conversas privadas do
Messenger e do WhatsApp, mais conhecido
por zapp. Uma visão e um análise, por
mais esquemática que sejam, nos vai mostrar
indicadores de grande monta para entendermos
melhor
o que se passa no interior de dessas centenas ou milhares de pessoas que
se servem desses veículos de comunicação
e interação sociais a fim de, por assim dizer, minimizarem a carga enorme de carência de
afeto, carinho, cumplicidade,
solidariedade e de muito amor que
gostariam de repassar aos milhares ou
milhões de usuários pelo mundo afora.
Eu mesmo recebo, dentro dos limites de adicionados à minha lista de amigos,
diariamente mensagens e cumprimentos
relacionado à esfera tão
necessária da afetividade. São vídeos, áudios,
ilustrações, fotos, frases em forma de antigos cartões postais
que faziam as delícias dos velhos tempos da correspondência manual enviada pelos Correios, sobretudo
no auspiciosos períodos do Natal e véspera de Ano Novo ou Ano Bom. Isso tudo que encanava os nossos olhos no passado praticamente
se acabou.
Eu diria que são poucos aqueles que
ainda se utilizam desses mensagens escritas à mão e cuidadosamente
sobrescritadas pelo remetentes
queridos e amados de antanho. Tal atitude do antigo remetente de cartões
e cartas me faz recordar uma visão
drummondiana expressa cabalmente
num crônica “Participação de casamento,” do livro Boca de luar (Rio de Janeiro: Record, 1987 )
Essa visão pertence a um tem do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940)), que seria a da
“atitude do colecionador! No meu ensaio “Drummond: o cronista entre a tradição
e a modernidade”, incluído no livro As
ideias no tempo (Teresina: Convênio
APL/Senado Federal, 2010, 267 p.) tento analisar esse aspecto da “atitude do colecionador.” Nesta
crônica de hoje pinço uma frase
emblemática do narrador-colecionador do citado livro, Boca de luar: “(...) Essas
coisas transitórias, como tudo, vivem
tanto”(, apud As ideias no tempo, op. cit.p. 181)
Não sou
avesso a descarta-me de qualquer mesmo recebida no Messenger ou pelo zapp. Posso até
não concordar com elas, e até, contraditoriamente, as repasso. Não sei como os que a
receberam de mim senti-se-ão ou que atitude tomarão relativamente ao conteúdo repassado. Contudo, isso não me diz respeito.
Não sou adepto de aceitar tudo ou negar tudo. Tenhamos alguma paciência
com os nossos usuários amigos do peito
ou amigos ocasionais, bissextos, ou
mesmo indiferentes.
Retornemos, então, ao campo vital da afetividade. O que esses carentes, amigos, não amigos,
acrescidos à nossa lista de amizade, perseguem sofregamente é puro
desejo de se comunicar, de compartilhas suas alegria,
vitórias, sofrimentos, sentimento de amor, partilhados, desejos insatisfeitos, paixões delirantes, vontade de estar presentes, no chamado mundo real, em nossas
vidas, neste fenômeno da tecnologia
pós-moderna, amiúde se apresentando como o mágico mundo
da virtualidade, algo glamuroso em certas situações vividas
graças à possibilidade de escrever à distância, do falar
pelo celular, ou s não sendo
possível por razões de privacidade, de
conviver momentos de felicidade, de
prazer juntos, porquanto
por estarem distantes muito distantes, não poderem
concretizar mais plenamente as fruições
dos sentimentos vários que comungam
com maior ou menor carga de amor
e compartilhamento.
Nem tudo é trash nas redes sociais. Seu
papel é múltiplo e irradiador tornou-se algo
presente na vida contemporânea.
Obviamente, o mau uso delas
não vai empanar as outras
funções fundamentais que
elas sobejamente podem ensejar a
quem as saiba usar com dignidade,
discrição respeito e
responsabilidade, Se existe in box próprios à s intimidades de vária natureza, isso não seria tampouco um
indicador de só pura licenciosidade, já á que está protegido por lei e pela segurança do protocolos dos
organismos responsáveis pelo espaço virtual.
O mundo da virtualidade veio para ficar. O mais relevante nessa permanência é o respeito à dignidade dos usuários entre
si. Para o que me interessa discutir
como tema da afetividade, ou melhor, da ausência dela, cumpre que
devotemos com paciência
e com tolerância um pouco de nosso egoísmo e individualidade.
Tentemos preencher esses vazios de amor, de fraternidade, de
cumplicidade, de adesão a todas
as inúmeras formas de manter
os nossos espíritos abertos àqueles que nos procuram por necessidade intrínseca de dar sentido às suas vidas, aos seus anseios e às suas fragilidades emocionais,
sentimentais, morais, transcendentais, culturais,
sem os grilhões nefastos dos preconceitos de toda sorte e das ideias superadas na contramão
do aperfeiçoamento do espírito
humano e da práxis do humanismo universalista
em todas as direções
conducentes a uma mundo melhor com paz,
discernimento entre os homens e valorização do espaço
real ou virtual, ou combinados, da afetividade estendida a cada um de nós e em
proveito de todos, como uma das grandes fontes geradoras da felicidade entre os povos. Bom dia,
leitores! Feliz mês de outubro de 2019.
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