terça-feira, 24 de setembro de 2019

UM MUNDO INFANTIL E UM AVÔ BRASILEIRO



                                                               
                                                        “Sinite parvulos venire ad me”. 
                                               

CUNHA E SILVA FILHO

                 

              De um só vez, num só dia, as notícias nos pegam   de supetão. Uma  significando o protesto universal  de crianças e adolescentes clamando,  com  gritos, palavras de ordem,  cartais em vários idiomas,  semblantes  amargurados  ou mesmo    carrancudos   contra  adultos  responsáveis, em cada país  dito civilizado (que contrassenso!)  por  maldades que elas,  as crianças,  eles, os adolescentes,   não provocaram: os incêndios nas florestas, ou as queimadas assassinas, as quais,  ameaçadoras,  parecer crestar    a Natureza-Mãe  na Amazônia, a Hileia Brasileira,    ou outras regiões brasileiras  onde se queima para produzir  riqueza para poucos  e  mil desgraças  para milhões. Em outras partes, países  que continuam   poluindo   os céus de suas pátrias e o planeta que é de todos, este sim  patrimônio da Humanidade.
           Os níveis de poluição por CO2 aumentando o efeito estufa, embora    considerado  por   alguns  países  como o vilão maior,    não tem  recebido  o tratamento  eficaz, em escala  mundial,   porque   os países consignatários  de acordos  mundiais   enfrentam  outros países,  as chamadas grandes potências  que,  para não perderem  profits, shares,  investments na base do Time is money,  não abrem  mão  dos seus  objetivos  insanos   da produção  que não pode  diminuir, mas só crescer,  crescer. Crescer, como se a felicidade  mundial  se resumisse  na   multiplicidade  dos  miliardários  americanos,   chineses etc. 
            Cientistas há até que são contra  a ideia de que   o efeito  estufa  não tem  origem  no aumento   gigantesco,  descomunal dos poluentes   lançados diariamente   na atmosfera  terrestre, de que  o crescente degelo das regiões  polares  é algo que sempre  existiu há milhões de anos e de  que a Natureza  tudo pode   reequilibrar  com o tempo. Ora, se  cientistas discordam  nessa questão  crucial, o  problema torna-se mais  complexo e tende a provocar mais  desastres  na Terra: aumento  perigoso do nível dos mares e dos oceanos,   tsunamis,   maremotos etc. Da mesma forma,  que as escavações  sem termo  em  terrenos  antes florestados,  que  vão  ser utilizados para exploração de riquezas minerais de toda espécie.
          Ora,  essa escavação ou cavouco sem limites  só vai  prejudicar   tragédias  humanas com  o exemplo emblemático de Brumadinho  no estado de Minas  Gerais, poluindo e  matando  nossos rios, riachos,  córregos, com  rejeitos   letais   à água potável   e à vida  animal dos rios e, o que é mais gravem  destruindo  cidades,    acabando como comércio local  e  levando  à falência e ao desespero  as famílias  dos locais   afetados  pelo tsunamis  de  lama  mortífera.
             Se os homens adultos, líderes  responsáveis  pelo integridade física e ambiental dos territórios   que formam as nações   não pensam como adulto, essa crianças, com seu  poliglotismo   de gritos,   palavras de ordem em manifestações pacíficas    se comportam assim,  é um sinal evidente.  um aviso  premonitório  de que estão  sendo  mais   sensíveis e humanas. mais civilizadas,   mais amadurecidas,  mais  líderes    do que nós adultos   poluídos   em nossas mentes     e dando atestado  a nós mesmos de quanto    irresponsáveis  estamos sendo diante  dos sinais  da Natureza  enraivecida contra  governos,  em escala planetária, que não se deram conta de que, na mente e na  ética essas crianças   revoltadas  contra adultos   insensatos e destruidores  do equilíbrio do Planeta.
         Outro massacre contra a Natureza  é o  ato de insensatez,  incompetência, estupidez  de que foi vítima  essa menina linda  chamada Ágatha,  uma criança  a mais nessa trágica  estatística  de mortes de inocentes,   vítima  dessa guerra intestina  entre  policiais e traficantes. Isso na versão  da Polícia Militar. Todavia,   há versões e versões e um das versões que  me parece a verdadeira, insofismavelmente  verdadeira,   é  a do grito de  protesto,  de  indignação,  de desespero, de tristeza,  de  impotência, do choro  interno e abissal que entrecortava  o coração desse avó  sem voz  que o defenda da sua dor   inominável,     desse desabafo de um avô diante  da morte  de Ágatha  por bala perdida.
          Ora,  bala perdida já se tornou uma segunda natureza  de abates de policiais  contra   alvos  que  nada indicavam  ali  dentro do veículo estar uma linda menina  de  oito anos a caminho, numa  Kombi,  para a sua aulinha de ballet. No semblante triste  doloroso de tristeza  profunda  da professora  de ballet  daquela   criança  morta – mais um símbolo  da insânia dos homens e da injustiça  do poder contra a pobreza.   Um tiro bastou  par ceifar  a esperança malograda   e a alegria de um avô  que,   sem medo de nada, nem de supostas  autoridades armadas  ou coisa que o valha   gritou,   aos quatro  ventos,  através de telas de TV,  que a sua  netinha  inocente  foi  assassinada. Que não havia nem confronto  no momento  em que   a pequenina  Ágatha passava na Kombi. 
         Mais uma vez -   e são tantas essas mortes covardes   semelhantes  -  se comprova a incompetência  de nossas   forças públicas estaduais (Betinho,  o  grande sociólogo,  já há muito tempo avisava que,  no país,  precisava haver uma nova   Polícia   com mentalidade diferente,  alto preparo,  seleção  excelente, boa remuneração e sobretudo ser   amada pela população) diante  do   despreparo  de ausência de   comportamento   disciplinar e cauteloso  exigidos dos policiais  em defesa de  possíveis alvos inocentes. Mais uma vez,  escrevo, entre tantos artigos   que escrevi, alguns  em inglês   versando  o mesmo assunto – a violência no Brasil   -  problema  nº 1 nosso país.
       Para finalizar,   há muitos anos  eu  esbocei escrever uma história em que  crianças do mundo inteiro  fizessem  um acordo  com os adultos por um tempo determinado. Esse acordo seria um  troca  de lugares nas lideranças  dos governos  das nações.  
    Durante  o novo governo mundial   só constituído  por crianças  as principais  causas  dos problemas gravíssimos, à frente dos quais   os   bélicos, a corrida armamentista, os problemas das  injustiças e desigualdades   sociais, a violência entre os homens,   os conflitos religiosos  o meio ambiente,   a divisão da riqueza de forma  mais equilibrada,    o  desenvolvimento  do  progresso  científico e  tecnológico,  a  fome das nações  paupérrimas,  a descoberta da cura   das doenças mais insidiosas (como o câncer, por exemplo),  a educação integral (naquele sentido  formulado  pelo velho educador  português  Mário Gonçalves Viana) e de alta qualidade para toda a  comunidade mundial,  professores bem  remunerados, os  três Poderes de Montesquieu (1689-1755)  funcionado   com  isenção  e  ética. Ou seja,    um governo mundial sob  a égide da Justiça. Como veem, uma  nova Utopia-mirim  inspirada em Thomas Morus (1478-1535). 
     Uma vez que nós adultos nos comportamos  tão mal e imprevistamente (de onde menos  se espera lá vem  mais um  homem  aparentemente  acima de qualquer  suspeita cometendo um ato venal  gravíssimo contra a própria Justiça  da qual  é membro)  para o lado  da maldade,     da estupidez e da desídia,   por que não  se pensar  em adaptar  essa visão  infantil  em troca  da visão secularmente  fracassada  dos adultos?  


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