Cunha e Silva Filho
Alguém, de
forma consciente, acredita ainda em
políticos tupiniquins, sobretudo
agora com a declaração gravíssima do
delator Joesley Batista, um dos donos da JBS, contra o presidente Michel Temer, posto que venha de
um empresário que enriqueceu,
ilicitamente, às custas do Tesouro
Nacional, ou seja, através de empréstimos vultosos feitos ao BNDES e a
outras instituições financeiras públicas?
Claramente que
não. Quando a maioria é indecente,
corrupta, venal, cínica, a minoria, bem minoria mesmo, será o bode expiatório e, assim, apagará o brilho daqueles que seriam considerados as raras
exceções à regra. E com uma agravante, os
supostos bons políticos, como continuam nos seus mandatos, percebendo os mesmos salários e
mordomias comuns, seguem lutando contra moinhos de vento, como se não existissem.
Fazem papel de coadjuvantes no cipoal da avassaladora corrupção geral, de atores que
estão “em cima do muro,” cuja
posição de adversários não vale
um grão de areia de deserto. Suas
críticas de nada valerão junto aos seus
pares e adversários e tudo
continuará no mesmo lugar
de sempre. São figurinistas da
encenação e da farsa, são úteis para que
se possa dizer: “Mas esses poucos são
bons e nem tudo está perdido.” E, desta
forma, a política continua o seu jogo de espelhos imoralmente
invertidos e daninhos à sociedade
que os sustenta com corrupção ou
sem ela.
Já se
comparou a leitura de jornais a um
novela, em que o leitor, cada dia, lê
parte de um capítulo que o deixou
naquela situação de expectativa do que vai acontecer
na cena de um final de um capítulo, à semelhança dos folhetins do
século XIX, que tanto sucesso tiveram na França com Eugène Sue (1804-1857) e, no
Brasil, com obras de Teixeira de
Sousa (1812-1812), de José de Alencar
(1829-1877), Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) e outros autores de maior ou menor qualidade literária.
Os jornais, são esses folhetins, só que diários e não
semanais. Por essa razão, é que não se
pode afastar da leitura de jornais, revistas impressas ou virtuais. Perdendo a ordem linear das
noticias, reportagens e entrevistas publicadas, perde-se o fio de Ariadne no labirinto das informações e contrainformações em tempos de pós-verdades.
Desde os tempos
do primeiro grande escândalo de corrupção na política nacional, denominado o “Escândalo do
Mensalão,” envolvendo o PT, os jornais
passaram a destinar várias de suas páginas tendo por títulos o já mencionado e
outros que se lhe seguiram, o Escândalo
do Petrolão,” com a “Operação
Lava-Jato,” e, agora, no jornal O Globo, o sintomático e ominoso “A República Investigada.”
Percorrer as
páginas sob essas rubricas é penetrar num espaço público de nossas instituições, máxime, as de
natureza política, em que fatos
escabrosos são postos diante de nossos olhos
indignados com tanta imoralidade, com algumas prisões e ainda com a expectativa de novas investigações, denúncias e possíveis prisões ou afastamento de
políticos de suas funções ou mandatos.
O labirinto, como se vê,
é intrincado demais dado que suas ramificações se estendem
a outros poderes da República. Talvez
nem um Teseu ressuscitado, com o auxílio do fio de Ariadne, tenha fôlego suficiente para vencer as muitas dificuldades antes de matar o Minotauro da corrupção brasileira gerada criminosamente por políticos mancomunados com empresários desonestos
e sem espírito público algum. Mais do que arranhada, a imagem do político
estraçalhou-se de vez e sua recuperação
vai demorar muito mais do que
possamos imaginar.
Politicagem sempre
houve no espaço público, mas é no país
de hoje que ela atingiu seu ponto
mais alto de desmoronamento ético. Quem imaginaria que, na história da
política brasileira um governador
se revelasse um malfeitor do erário
público, quase destruindo por
completo um dos mais importantes Estados da Federação? Quem hoje seria capaz de
elogiar o Rio de Janeiro (capital e Estado) nos
setores vitais do governo: educação, saúde,
transporte e segurança? O que
governos corruptos federais fizeram nos últimos quinze anos contra a
sociedade e seus setores vitais, fez
também o Sr. Sergio Cabral.
O rolo
compressor da altíssima corrupção ativa e passiva do governo federal, assim como do governo do Estado do Rio de Janeiro, ficará como o marco
mais espúrio da História do Brasil
contemporâneo e será a prova mais evidente de quão nociva a uma sociedade pode
ser uma Nação cuja maioria
de políticos não paute suas ações segundo os princípios da dignidade de seu cargo e de suas ações em defesa da coletividade.
E aqui não podemos nos furtar à uma analogia entre o país esmagado pela desonestidade política e o espaço do universo da bandidagem em todo o território nacional. Tanto num caso quanto noutro, não há diferenças de caráter nem de postura. Um e outro se confundem, não se diferenciam no que concerne ao grau de maldade e de prepotência que os igualam ignominiosamente.
E aqui não podemos nos furtar à uma analogia entre o país esmagado pela desonestidade política e o espaço do universo da bandidagem em todo o território nacional. Tanto num caso quanto noutro, não há diferenças de caráter nem de postura. Um e outro se confundem, não se diferenciam no que concerne ao grau de maldade e de prepotência que os igualam ignominiosamente.
Pois é, meu caro amigo Professor Francisco da Cunha e Silva Filho, enquanto isso, a nossa corte suprema, ou seja, o famigerado (adoro escrever vocábulos polissêmicos para deixar o leitor ou intérprete bem à vontade) STF tenta elucubrar mais um espetáculo (midiático) forense para justificar as ações estapafúrdias (rectius: contorcionismos jurídicos surrealistas) para salvaguardar as opiniões (todas, repita-se, ilegais) dos seus pares, em um verdadeiro e clarividente corporativismo. De outro lado, em terras estadunidenses, sequer se sabe o nome dos juízes (lá não tem esse negócio de ministro...) que compõem a Suprema Corte. Note-se que lá nos EUA não há transmissão ao vivo dos julgamentos da Suprema Corte, quando muito, um simples ‘briefing’ desenhado por ilustrador profissional. Se continuarmos a assistir “panen et circenses”, ou melhor, essa zorra total, não sei aonde vamos parar... Esse supremo de araque é o maior culpado dessa bagunça. Por que não refutou a bandeirada errada, isto é, o gol contra de um dos seus membros??? Se já tivesse prendido o Lula, o Joesley e Wesley Batista (família Safadão), atentado para o clamor de oitenta e um por cento (81%) da opinião pública, com certeza teria musculatura moral suficiente para mandar punir também o Presidente Temer. O que não dá é ter de engolir essa punição seletiva, parcial, ideologizada e de pouca lucidez, inconstitucionalissimamente, escolhida por este “juizado” que nada tem de supremo ou de excelente. Isso atenta contra a inteligência. Chega!!!
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