Cunha e
Silva Filho
Há quase cinquenta e três anos moro no Rio de Janeiro. É a minha cidade
natal por adoção. Em todo o longo período de residência nesta cidade, umas das
mais admiradas no mundo inteiro, não
existe turista que não se encante com ela
e é por esse motivo que muitos estrangeiros passam por aqui e terminam ficando
para sempre.
Com
uma vocação sem paralelo para o turismo, dadas as
suas qualidades sobejamente
cantadas em prosa e verso, a
cidade de São Sebastião, assim como todo o interior do Estado homônimo, sofre uma das maiores crises estruturais
de sua história.
Nesses anos todos, pude
observar o mandato de diversos governos estaduais, até mesmo dos biônicos do tempo da
ditadura militar. Contudo, desde
quando se tornou governador
fluminense, o Sr. Sérgio Cabral, a meu ver, se mostrou,
sobretudo no segundo mandato, o
pior governador que já teve o
Rio de Janeiro.
Durante as duas gestões marcadas pelo autoritarismo e pela falta de diálogo, todos os setores da
vida pública foram afetados pela sua péssima
e fraudulenta administração a
ponto de, ao ser empossado o novo governador eleito, Sr. Pezão,
logo no início começaram a desandar
com tal magnitude, agravada ainda mais
por uma doença de que foi
acometido. A máquina da administração estadual
entrou em regime de UTI: falência
nas finanças, nos setores da educação estadual (ensino médio e
universitário, representado este
pela franca decadência financeira de um universidade do porte da UERJ, ), na saúde
pública que está com seus hospitais
quase fechando, e sobretudo com a pior
situação já vivida pelo funcionalismo
público, desde o ano passado, recebendo seus vencimentos atrasados com
atraso e
em parcelas irrisórias, com exceção das privilegiadas áreas do ministério público,
do alto escalão da Justiça estadual (juízes, desembargadores, procuradores do Estado), do
Executivo (governador, vice-governador,
secretários e do Legislativo. Estes
estão incólumes, têm poder nas mãos e nas leis.Os seu salários são líquidos e
certos. Para eles, cumpra-se a lei e ela é cumprida.
Porém,
os barnabés inativos, os
terceirizados ficam em último
plano. Injustiça maior não pode haver mais do que tudo isso.
Entretanto,
há que se perguntar muita coisa
que fica no ar: o Estado do Rio de Janeiro continua arrecadando impostos em
dia, o turismo tem
enchido os cofres do governo com os
milhares de turistas nacionais e internacionais que visitam o Rio ou que já o visitaram
aos milhares nos tempos da Copa Mundial
e das Olimpíadas. Para onde foi – pergunto - canalizado
todo o lucro dessa atividade econômica
colossal? Assis como to os outros impostos
recebidos pela Fazenda Estadual?
Reconheço
que o governo estadual gastou
muito com a preparação para os
dois megaeventos atrás
mencionados, com a reforma gigantesca do
Estádio do Maracanã. Por outro lado,
por que não pensaram antes
tanto o governo federal, a prefeitura municipal e
o governo estadual na conturbada situação financeira
do governo Dilma, quer dizer,
por que foram se endividar
astronomicamente com tantos gastos só para sediar aqueles
megaeventos que, na
realidade, trazem alegria para o
povo, mas demandam altíssimos
gastos com construções de estádios
de futebol e de toda a
infraestrutura requerida para
tais realizações? O Brasil não estava em condições de bancar ou complementar tantas
despesas. Há que se levar em
conta o superfaturamento em obras
públicas, que é do
conhecimento de todos. Ora,
tanta sangria só poderia
resultar na mais desastrosa bancarrota
da história dos governos
do Rio de Janeiro.
Por conseguinte, todos
os setores da administração pública, federal, estaduais e municipal
têm responsabilidade na falência administrativa do Rio de Janeiro. O Sr Pezão,
que pertenceu ao governo passado,
obviamente sabia de tudo que iria herdar
do fatídico governo precedente. O desgoverno do Sr Sérgio Cabral foi tão nocivo
à população do Rio de Janeiro que
o resultado aí está aos olhos dos que
o elegeram em dois mandatos: encontra-se preso por
corrupção e malversação do dinheiro
público.
Toda a rapinagem acontecida no governo do
Cabral explica a bancarrota do Rio de
Janeiro. No entanto, cabe
acrescentar que o Estado do Rio de Janeiro, é
perdulário: só com os poderes
legislativo e judiciário têm
uma despesa monumental, se levar-se em conta as chamada mordomias, salários
polpudos, benesses e regalias
faraônicas. Ninguém me venha dizer que toda
essa despesa conjunta não tem
sua parcela de
responsabilidade na derrocada das finanças
estaduais.
Sendo tão
caótica a crise financeira do
Estado Rio de Janeiro, com uma dívida também
volumosa com o governo federal, é urgente que o governo federal venha socorrer
o Rio de Janeiro, mas sem exigências tantas contrapartidas do governo estadual, as quais só irão ainda
mais pesar no bolso
do funcionalismo estadual já
com seus salários atrasados, segundo já assinalei, sem perspectiva de reajuste mesmo a longo prazo e
impossibilitado de suportar qualquer
medida do Executivo que
venha piorar os já combalidos proventos
dos barnabés do Rio de Janeiro e o funcionamento dos setores vitais da máquina administrativa estadual.
O que a crise financeira está
acarretando à população mais humilde que se vê privada da assistência hospitalar e de
outros setores importantes do governo, vai-se se refletir nas próximas
eleições. Não se tenha dúvida
disso, tanto na esfera estadual quanto
federal. O eleitor brasileiro,
após tanta crise institucional
e corrupção, decerto sairá mais
amadurecido politicamente e dará o seu troco nas eleições vindouras.
Não
se oprime uma sociedade por tanto tempo, como são ilustrativos os sofrimentos e as aflições vividos pelo
povo do Rio de Janeiro,
cariocas e fluminenses, atravessando hoje situações angustiantes, como o seu ensino
superior representado pela Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ ), praticamente paralisado
nas suas atividades normais, nas suas pesquisas, na interrupção de
suas aulas da graduação e
pós-graduação. No mesmo descompasso de
decadência, temos o Hospital Pedro
Ernesto, que é o hospital-universitário da UERJ. Podiam-se citar outros importantes
hospitais estaduais, todos em petição de miséria, sem condições de atenderem
à população mais humilde
que não dispõe de plano de saúde,
que procura tratamento
emergencial ou mesmo laboratorial. Hospitais esses sem
insumos básicos ao
funcionamento normal, prestes a fechar suas portas, porquanto seus funcionários é imperioso frisar - estão
sem receber salários, assim como
os funcionários terceirizados.
Só para finalizar este artigo, o Rio de Janeiro, como o resto do Brasil, vale sempre
lembrar - está ainda vivendo esse problema
nº1 que afeta impiedosamente a sociedade
brasileira, a violência sem
freios infernizando a todos nós que precisamos de sair, de viver
em paz e não conseguimos, visto
que ,em cada canto, em cada
esquina, em cada rua da cidade,
tanto quanto até em algumas cidades do
interior do Estado, pode um bandido
estar pronto a nos assaltar ou,o
que é pior, tirar-nos o bem maior - a vida.
O
Presidente Temer parece que não está
vivendo no Brasil. Talvez com os horrores bestiais (com cenas gravadas por celulares e viralizadas nas redes
sociais, com gritos de alegria de
criminosos diante das atrocidades
cometidas), à maneira
de execuções dos membros do Estado Islâmico, praticados e aqui imitados, ocorridos há poucos dias em Manaus e
Roraima, ele possa despertar para a carnificina,
a crueldade holocaustiana em que se transformou a triste realidade social brasileira.
Amigo Francisco Cunha, seu texto nos leva a este espinhoso passeio, que é conhecer a dura realidade pela qual passa os fluminenses! Uma pena, de fato, o Estado do Rio de Janeiro chegar a esta situação!
ResponderExcluirMas, enfim, o autor cumpri com o seu dever de cidadão, que é o de tornar a escrita às vezes em ‘enxadada, quando outras ferramentas nos faltam para abrir o chão da nossa atual política.
Parabéns! Que esta crise seja logo superada!
Obrigado, amigo Quinzeiro, pelo seu apoio e pela constância do estímulo Não podemos perder a esperança em meio a tantos óbices na vida social brasileira.
ResponderExcluirForte abraço do
Cunha e Silva Filho