terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O RIO DE JANEIRO PEDE SOCORRO






                                        Cunha e Silva Filho


           quase cinquenta e três anos  moro no Rio de Janeiro. É a minha cidade natal por adoção. Em todo o longo período de residência nesta cidade, umas das mais admiradas no mundo  inteiro, não existe turista que não se encante  com ela e é por esse motivo  que muitos  estrangeiros passam por aqui e terminam  ficando  para sempre.
         Com uma  vocação sem paralelo   para o turismo,  dadas as  suas  qualidades  sobejamente  cantadas  em prosa e verso, a cidade de São Sebastião, assim  como  todo o interior do Estado  homônimo, sofre uma das maiores crises   estruturais  de sua história.
        Nesses anos todos,  pude  observar   o mandato de diversos governos  estaduais, até mesmo dos biônicos do tempo da ditadura militar. Contudo, desde  quando  se tornou  governador  fluminense,  o  Sr. Sérgio Cabral, a meu ver,  se mostrou,  sobretudo no segundo mandato, o  pior governador  que já  teve o  Rio de Janeiro.
        Durante as duas gestões marcadas  pelo autoritarismo  e pela falta de diálogo, todos os setores da vida  pública foram afetados  pela sua  péssima  e fraudulenta administração  a ponto de, ao ser empossado    o  novo governador  eleito,  Sr. Pezão,  logo no início  começaram a desandar com tal magnitude, agravada ainda mais  por uma doença de  que foi acometido. A máquina  da administração estadual entrou  em regime de UTI:  falência  nas finanças, nos setores da educação estadual (ensino médio e universitário, representado  este pela  franca decadência  financeira de um  universidade do porte da UERJ, ), na saúde pública   que está com seus  hospitais  quase fechando, e sobretudo  com  a pior   situação  já vivida pelo  funcionalismo  público, desde o ano  passado,  recebendo seus vencimentos atrasados com atraso  e   em parcelas  irrisórias, com exceção  das privilegiadas   áreas do ministério  público,  do alto  escalão da Justiça  estadual (juízes, desembargadores,  procuradores do Estado),   do Executivo (governador,  vice-governador, secretários e do Legislativo.  Estes estão incólumes,  têm poder nas mãos  e nas leis.Os seu salários são líquidos e certos.  Para eles, cumpra-se  a lei e ela é cumprida.
         Porém, os barnabés  inativos, os terceirizados  ficam em  último  plano. Injustiça  maior  não pode haver mais do que  tudo isso.
        Entretanto,   há que se perguntar muita coisa  que fica no ar: o Estado  do Rio  de Janeiro continua arrecadando impostos em dia,  o turismo   tem   enchido  os cofres do governo  com  os milhares de turistas  nacionais e  internacionais que visitam  o Rio ou que já  o visitaram   aos milhares nos tempos da Copa Mundial  e das Olimpíadas. Para onde foi – pergunto -   canalizado  todo o lucro   dessa atividade econômica  colossal? Assis  como to os outros  impostos  recebidos  pela Fazenda  Estadual?  
         Reconheço que  o governo estadual  gastou  muito com a preparação  para os dois  megaeventos   atrás  mencionados, com  a reforma  gigantesca do  Estádio do Maracanã. Por outro lado,  por que  não pensaram antes tanto  o governo  federal, a prefeitura  municipal e  o governo estadual na conturbada situação  financeira  do governo  Dilma, quer  dizer,  por que  foram  se endividar   astronomicamente  com  tantos gastos   só para sediar   aqueles  megaeventos  que, na realidade,  trazem alegria  para o  povo, mas demandam  altíssimos gastos   com   construções de  estádios  de futebol e   de toda a infraestrutura   requerida   para   tais realizações?  O  Brasil   não estava em condições de  bancar ou complementar   tantas  despesas. Há que se  levar em conta  o superfaturamento    em obras  públicas,  que é do conhecimento   de todos.  Ora,   tanta sangria    poderia  resultar   na  mais desastrosa  bancarrota   da história  dos  governos    do Rio de Janeiro.
        Por conseguinte,  todos  os  setores  da administração  pública, federal, estaduais  e municipal  têm responsabilidade   na falência   administrativa   do Rio de Janeiro.  O Sr Pezão,  que pertenceu  ao governo  passado,  obviamente sabia  de tudo que   iria herdar  do  fatídico  governo precedente. O desgoverno do Sr  Sérgio Cabral foi tão  nocivo  à população  do Rio de Janeiro que o resultado  aí está aos olhos  dos que  o elegeram  em dois mandatos:  encontra-se preso   por  corrupção e malversação do dinheiro  público.
      Toda a rapinagem acontecida no governo do Cabral explica a bancarrota  do Rio de Janeiro.  No entanto,  cabe  acrescentar que  o  Estado do Rio de Janeiro,   é perdulário:  só com  os poderes  legislativo e   judiciário   têm  uma despesa   monumental,   se levar-se em conta   as chamada mordomias,  salários   polpudos,  benesses  e regalias   faraônicas.  Ninguém  me venha dizer que  toda     essa despesa  conjunta  não tem  sua parcela  de responsabilidade  na derrocada das  finanças  estaduais.
     Sendo tão  caótica a crise financeira  do Estado   Rio de Janeiro, com uma dívida  também   volumosa    com o governo  federal, é urgente  que o governo federal  venha socorrer  o Rio de Janeiro, mas sem exigências  tantas contrapartidas   do governo estadual, as quais só irão ainda mais   pesar  no bolso  do funcionalismo    estadual já com seus salários atrasados, segundo já assinalei, sem perspectiva de reajuste  mesmo a longo prazo  e  impossibilitado de   suportar   qualquer  medida  do Executivo que venha  piorar  os já combalidos   proventos   dos barnabés do Rio de Janeiro e o funcionamento  dos setores vitais  da máquina administrativa estadual. 
      O que a crise financeira   está   acarretando  à população mais  humilde que se vê  privada da assistência hospitalar e de outros  setores  importantes do governo,   vai-se se refletir  nas próximas  eleições.  Não se tenha dúvida disso, tanto  na esfera estadual  quanto  federal.  O eleitor  brasileiro,  após tanta   crise  institucional  e corrupção, decerto sairá mais   amadurecido  politicamente  e dará o seu troco  nas eleições vindouras.
    Não se oprime  uma sociedade  por tanto tempo, como são ilustrativos  os sofrimentos e as  aflições vividos  pelo   povo do Rio de Janeiro,  cariocas  e fluminenses, atravessando  hoje situações angustiantes, como o seu ensino superior representado pela  Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ ), praticamente  paralisado  nas suas atividades normais, nas suas pesquisas, na interrupção  de  suas aulas  da graduação e pós-graduação.  No mesmo descompasso de decadência, temos o Hospital  Pedro Ernesto, que é o hospital-universitário da UERJ. Podiam-se citar outros  importantes  hospitais  estaduais, todos  em petição de miséria,  sem  condições  de atenderem  à população  mais   humilde  que não  dispõe de plano de saúde, que  procura   tratamento  emergencial ou mesmo laboratorial. Hospitais esses  sem   insumos básicos   ao funcionamento   normal,    prestes a fechar suas portas,   porquanto seus funcionários é imperioso  frisar -   estão  sem receber salários, assim como  os  funcionários terceirizados.
    Só para finalizar este artigo,  o Rio de Janeiro, como  o resto do Brasil,  vale sempre  lembrar - está ainda  vivendo  esse problema  nº1  que afeta  impiedosamente  a sociedade  brasileira, a violência  sem freios infernizando  a todos nós  que precisamos de sair,  de viver  em paz e não conseguimos,  visto que ,em cada canto,  em cada esquina,  em cada rua da cidade, tanto  quanto até em algumas cidades do interior do Estado,   pode um  bandido  estar pronto a nos assaltar  ou,o que é pior,  tirar-nos  o bem maior -  a vida.
    O Presidente  Temer parece que não está vivendo  no  Brasil. Talvez com  os horrores bestiais  (com cenas gravadas   por celulares e viralizadas nas redes sociais, com gritos de alegria   de criminosos diante das atrocidades  cometidas),   à maneira  de execuções  dos membros do Estado Islâmico,    praticados  e aqui  imitados, ocorridos há poucos dias em Manaus e Roraima, ele possa despertar  para a carnificina, a crueldade holocaustiana em que se transformou   a  triste realidade social  brasileira.   

2 comentários:

  1. Amigo Francisco Cunha, seu texto nos leva a este espinhoso passeio, que é conhecer a dura realidade pela qual passa os fluminenses! Uma pena, de fato, o Estado do Rio de Janeiro chegar a esta situação!
    Mas, enfim, o autor cumpri com o seu dever de cidadão, que é o de tornar a escrita às vezes em ‘enxadada, quando outras ferramentas nos faltam para abrir o chão da nossa atual política.
    Parabéns! Que esta crise seja logo superada!


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  2. Obrigado, amigo Quinzeiro, pelo seu apoio e pela constância do estímulo Não podemos perder a esperança em meio a tantos óbices na vida social brasileira.
    Forte abraço do

    Cunha e Silva Filho

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