quarta-feira, 25 de janeiro de 2017



ESTIMADOS LEITORES:

FICAREI AUSENTE DURANTE UM MÊS DESTA COLUNA.AFINAL DE CONTAS,  PRECISAMOS TODOS DE UM  DESCANSO.
ESPERO, SIM,  CONTAR COM  VOCÊS NO MEU RETORNO A ESTE BLOG.
BOA SORTE.A TODOS!
ABRAÇOS.

CUNHA E SILVA FILHO

DEAR READERS:

I1LL BE AWAY FROM THIS COLUMN FOR  A MONTH PERIOD. AFTER ALL, WE ALL NEED TO RELAX FOR SOME TIME.
I REALLY  HOPE TO COUNT ONYOU ON MY RETURN TO THIS BLOG.
 GOOD LUCK TO YOU ALL.

BEST WISHES

CUNHA E SILVA FILHO

domingo, 22 de janeiro de 2017

DIÁLOGO COM TODAS AS COISAS, OBJETOS E SERES: A POESIA DE NATHAN SOUSA






                                                                  CUNHA E SILVA FILHO


        Com pouca  informação sobre o  autor,  o poeta  piauiense  Nathan Sousa, 43 anos, sem  lhe conhecer  a produção  até agora  editada,  me agarro a seu mais recente livro publicado, Dois olhos sobre a louça  branca(Guaratinguetá: Penalux, 2016, 85 p.). Essa editora vem  publicando  outros  poetas e  ensaístas, alguns dos quais  conheço, como  Luiz Filho de Oliveira, poeta  piauiense, e Valdemar  Valente,  ensaísta.
       Residindo  no Rio de Janeiro há tanto tempo,  não tenho  condições  de acompanhar tudo que tem sido  publicado no Piauí, sobretudo seus autores mais jovens ou menos jovens..O que me vem ao conhecimento  é quase por acaso. As minhas  referências  aos novos autores  vou buscar  nos poucos historiadores literários  de que  o Piauí  dispõe, como  Francisco Miguel  de Moura e Herculano  Moraes.
      Como diria  os mais velhos  até do que eu,  de um assentada li  o livro em exame. Leitura  rápida que me  impulsionava a ir adiante. Foi o que fiz  e posso  adiantar: não  foi  tempo  perdido. O jovem poeta como  aconteceu com  Luiz  Filho de Oliveira, me surpreende por várias razões, (com a sensação estranha   e satisfação com que  li o  poeta  Elmar Carvalho  nos anos  1990 e quando lhe  analisei a obra poética nos anos seguintes), em especial  pela qualidade  inquestionável de seus versos.
    Eu tentei ver se na obra  de Nathan  poderia  encontrar  uma  imperfeição,  seja de natureza da linguagem  literária, seja  da própria  elaboração  da sua fatura  poética, a meu  singular,   orignal,  na qual, a palavra,  a  frase,  a estrofe  e o  poema  inteiro  vão-nos deleitando  pela  leque  de situações   formais  e humanas levantadas pelo  autor.   Aposto na  consagração  desse  poeta e logo logo na sua visibilidade  fora dos limites do Piauí.
     Nathan  Sousa  nos enseja uma poética que  muito  se aproxima  do âmbito  filosófico, sem, no entanto,   desprezar  a concretude da vida, a realidade  quotidiana e seus  problemas   e impasses,    os objetos inanimados, a flora, a fauna, coisas  em geral, i.e., o mundo natural e o mundo  cultural,   Tudo no livro  parece  querer  atingir  uma dimensão  universal. Em Nathan nada lhe escapa  ao que  se convenciona denominar   de mundo  real  e mundo abstrato. Luz, sombra e mitos. Por  isso, sua poesia é tão invadida  por  objetos, coisas,  seres humanos ou irracionais, pela frequência  alusiva, ou seja,  pelo  intertextualidade, quer    endoliterária, quer  exoliterária (Cf. Vítor Manuel de Aguiar e Silva. Teoria da literatura. 8 ed.  19ª impressão. Coimbra: Livraria Almedina, 2011,  p. 629-630),  um traço  muito  comum  nos  poetas  de hoje e já anunciado,  conforme   amiúde tenho  repetido, desde a  previsão do crítico literário  inglês I.A. Richards. (1893-1979)) 
        Optou – seria o   termo  certo para r  uma poesia constelada de signos, metáforas e símbolos? -  por um  poesia  de corte   contraditoriamente aristocrático,  na qual  os verso  resultam  de poderosa  imagística que toca  em  muitos ângulos  do se podia  rotular de  grande poema em todas as épocas. Contudo – cabe  ressaltar -  o adjetivo  “aristocrático,”  aqui particularmente  empregado,  não tem nada a ver  com  um  poesia  tradicional  parnasiana ou   neo-parnasiana. Longe disso. O adjetivo  refere a um tipo de poesia  inapelavelmente  pós-moderna no sentido mais lato  possível. Quer  dizer,  uma  poesia   que supera  as vanguardas  brasileiras  a partir   das mudanças   efetuadas  pelo  Concretismo  de 1956  e outras formas de  vanguardas  pós-concretistas. Nathan faz parte de um grupo de poetas  que pertenceriam a uma fase  na qual   os ismos  datados  forma superados e, em lugar dele,  a poesia teria  em cada  poeta  uma forma individual  de composição. Não significa por isso  que   nesses novos  poetas que estão surgindo no pais   a anarquia da forma e  de temas,  mas  um percurso  poético  pessoal  que tenha  recebido   as mais diversas   contribuições  tanto da tradição literária quanto  das diferentes vanguardas  pelas quais  passou  a  poesia brasileira..
      A poesia  de Nathan  Sousa, em alguns  aspectos  formais e de comportamento  com a linguagem,  me lembra  outro  poeta  brasileiro que conheci muito,  o Jurandyr Bezerra (1928-2014),  autor de um  único livro  publicado,  Os limtes do pássaro(Belém: Editora  SEJUP, 1993) bem recebido pela crítica  especializada. Tinha prontos, pelo menos oito livros de poesia a serem editados. Bezerra nasceu  no Pará e, em seguida,   radicou-se no Rio de Janeiro. Recebeu prêmios e teve poemas traduzidos para o italiano e eu mesmo  verti um  poema  dele para o inglês, de título “Poema para Izabel,”extraído do livro  já mencionado.
     Como  Nathan,    ostenta uma poesia  de fino  senso  de beleza,  onde o sentido  do poema  se encontra  no próprio fruir   da linguagem  e  de  seus recursos  imagéticos,  em sua  potência   criativa  e no seu  substrato  profundamente humano além de musical, visível  influência dos simbolistas.
      Jurandyr  Bezerra foi leitor  voraz dos  grandes poetas  não só  brasileiros (Cecília Meireles,  Cruz e Sousa,  Murilo Mendes,  Fernando Pessoa),  mas  um  do porte do expressionista alemão  Georg Trakl.(1887-1914). Tinha  especial  interesse  pela leitura de  respeitados ensaístas, por exemplo, um Mário Faustino,  um Benedito Nunes, um  Antônio Olinto, um Antonio Carlos Secchin,  um José Guilherme Merquior.
       Recordo vivamente que Jurandyr citou especialmente  o último dos citados poetas  no parágrafo anterior, da mesma maneira  que gostava de citar Cecília Meireles, os simbolistas. Foram, assim,  uns mais outros menos, os que, segundo ele,  lhe ensinaram  finalmente o que é poesia  depois de tanto tempo  e canseiras  de releituras, porque,  acrescentava ele, a poesia é também  um aprendizado  do domínio técnico – uma espécie de epifania, uma  porta aberta aos olhos espantados   dos que amam e querem  para si   a entrada  firme e certeira  do sentido da linguagem e  da matéria  poética que se traduz, ao fim, em criação verbal e de apreensão do que seja o grande verso,  a grande poesia.
       Jurandyr, tal qual   todo  bom  poeta,  passou a vida inteira  lendo o que havia de melhor na poesia  universal tanto  de brasileiros quanto de   estrangeiros. E como sabia ter a vocação e a maneira cavalheiresca   de  ofertar obras  da grande poesia aos amigos! Uma desta ofertas foi uma antologia de poetas  expressionistas alemães.
       O livro Dois olhos  sobre a louça  branca,  de resto,  de título   insólito e enigmático, compõe-se de quatros  partes, respectivamente  intituladas  “Ogiva de Vidro” “Lágrima de quartzo,” “China,”  e “Estuário / Saliva.” As quatro  partes  reúnem  cinquenta e um  poemas. É óbvio que,  numa simples resenha, não daria conta  de um comentário  abrangente o suficiente  para  apreender  a riqueza  facilmente  detectável  em seus  poemas, em que a linguagem  da poesia  é medida milimetricamente  e se encaixa  no  tema  eleito.Esse frêmito também, em  relação a  novos poetas    do Piauí, experimentei  na leitura  da poesia de Sonia Leal Freitas, O cedro do Éden (2002) e  na poesia satírico-social mas também estruturalmente  refinada  de Luiz Filho de Oliveira  na obra Das bocadas infernéticas (2016).
      Não seria neste espaço que adensaria  minha análise  da poesia de Nathan  Sousa,  mas me impulsiona o desejo  de  tecer  alguns breves  comentários gerais  do livro. Tomemos,  por exemplo,   três poemas, entre tantos no livro,  que me suscitam  a curiosidade crítica:  “Eu e a Cidade” (p.32-33), “Sabor”(p.75) e “Ceia de cegos” (p.85) e  
      O primeiro  escolhido retoma um tema  já poetizado  por  outros   autores piauienses,  um deles  sendo Paulo Machado. Todavia,   o tratamento  entre este o de Nathan  é bem diverso e reflete outros tempos  poéticos. Nos poemas de Paulo Machado sobre Teresina  a poesia, num lirismo  distanciado, se entronca  com  a denúncia social  e  o testemunho  do tempo  histórico, enquanto  que em Nathan  Sousa  existe uma relação  mais íntima entre  o  sujeito lírico e o tema de Teresina, ou seja,  entre o sujeito lírico  e o objeto amado complicado  desta vez pelos tempos  de agora,  líquidos e  apressados no torvelinho da  pós-modernidade   impessoal  e brutal.
      O poema é uma mini-autobiografia do poeta que se debruça corajosamente  sobre  o seu tempo  presente e o passado. Fala do presente da sua cidade, Teresina,   em constante  metamorfose. É um belo  poema, um dos melhores  do livro costurado entre a saudade dos entes queridos  e as transformações  que o amadurecimento  vai  exercendo sobre o homem-poeta: “retorno  à cidade onde nasci/e onde  vi meu pai e (pouco depois) minha mãe partirem/para sempre”.(p.32, primeira estrofe).  
      Nesse  poema  há um controlado halo de  nostalgia  indefinida  do que foi  a cidade  do período  existencial  do  autor  por ele mesmo situado: “Será esta a Teresina/que se abriu em cores e vozes/ naquele distante ano de 1973? (p. 33, estrofe 7). É evidente que essa sensação  de  estranheza sentida por alguém que se afastou   da sua cidade berço é compartilhada por outros  pessoas, até pelo  “homem  comum,”  porém  sobremodo pelos artistas,  poetas,  escritores em geral, gente  com maior   sensibilidade  de transmitir  emoção  e beleza  através da comunicação  literária.O poema é um  grande mergulho  no sentimento da saudade  contida  pela   emoção  controlada pela  mensagem sintética  tão afinada que deve ser  com  o  ato  poético e pela consciência  e razão  metapoética.
       No poema ‘O  sabor,”  existe um “topos,” o da imagem da “louça branca” que,  ,por sinal , faz parte do título do livro. Ele, portanto,  é recorrente, aparece aqui e ali  na obra.Não é meu intuito aqui me éter  neste sintagma ou no lexema “louça.” Sua hermenêutica  será certamente uma das linhas de força  do poema. Nathan, tanto quanto  outros  poetas de hoje,   usam de alguns  artifícios que já foram  empregados  por poetas da modernidade,   como  um  Vasco Graça Moura  (1942-2014) poeta  português, ou um mais antigo, e o norte-americano  e.e.cummings (1894-1962). Eles usaram  letra minúscula  para  nomes próprios, assim também  as empregaram depois de um  ponto. Outra traço  tipográfico  semântico-visual igualmente  encontrado na  poesia de Luiz Filho de Oliveira) é, entre parênteses,   incluir  um  enunciado alusivo  ao poema ou mesmo  de sentido  enigmático ou indecifrável.
     Cumpre não  esquecer  que a poesia  atualizada de Nathan  Sousa  tematicamente  se irradia  para múltiplas direções, não somente para  o olhar  dirigido aos objetos,  coisa  e seres, segundo  assinalei, mas  para  outras questões que  embutem no  poema voltadas ao universo das artes, da temas sociais e globais, Combina  os mundos  ocidental e oriental. Desloca-se  como uma espécie de globe-trotter.
      Há uma visada para uma abrangência  universal  atingindo, além disso,  outros  espaços  naturais,  a água,  o líquido,  os pássaros (frequente nele também  é suas referência a essa espécie  animal.  Voltemos ao poema “Sabor.”  Há sempre  um segundo ou terceiro ou mais sentidos  num só poema que converge para uma opacidade  de sentido abrindo-se ao hermetismo  e  a um esteticismo  acessível a poucos iniciados.
      Neste ponto,  sua poesia é muito mais    sofisticada do que foram  os poetas da geração-70, com o mimeógrafo, com alguns  poetas  reunidos  em antologia a cargo de Heloísa Buarque de Holanda, antologia  que se tornou,  por assim dizer,  um clássico, sob o título de 26 poetas  hoje ou mesmo  com  os da  geração-90, que teve duas edições (Editora Aeroplano) e mereceu uma  outra antologia  intitulada Esses poetas, também  organizada por Heloísa Buarque de Holanda.
      No poema  “sabor” é evidente uma  dicotomia  entre o abismo  de uma hecatombe natural insinuada pelo binômio “goela e o big bang e um desejo   meio que incerto, a despeito  do risco,   do recurso à poesia. O poema se inscreve entre o  disfêmico ( big bang, “mefistofélico”, “combustão desavisada” e “armas” e o  eufêmico ( “louça branca,” “canto de louvação,”  “educada”). O poema não afirma abertamente, se camufla semanticamente.
      No poema  “Ceia dos cegos,” o derradeiro  do livro,  que exibe uma epígrafe de escritor  português Miguel Torga, está associado  à religiosidade cristã na acepção  do conhecimento  atento  do Novo Testamento, do qual é citado uma frase de Mateus (não sei por que o poeta grafou em inglês mathew, quando  poderia fazê-lo em português).
       As referências  ao “mito” e ao “sono da caverna” são bem indicativas  das intenções oblíquas  (se é que há intenções num  poema)  da natureza  do tema  do poema.  Apontam para muitos questionamentos de cunho mitológico, social,  estético e  filosófico. A citação de Mateus, por sua vez,   reenvia ao topos dos “olhos” e da “louça branca”   que formam  o título da obra. O poema  “Ceia dos cegos” não se torna  por isso  religioso, católico ou de outra denominação. A uma afirmação  do sujeito lírico  corresponde uma  desconstrução. O  conceitual  se desfaz,  muda de rumo e causa estranhamento não  pelas aporias   existentes como  ainda por  sua súbita metamorfose semântica, levando  àquela opacidade, àquela  conceituação  de Mallarmé:

(...) referir-se a um objeto  pelo seu nome é suprimir três quartas partes da fruição do poema, que consiste na felicidade de adivinhar pouco a pouco; sugeri-lo, eis o que sonhamos. É o uso perfeito desse mistério que constitui o símbolo; evocar pouco a pouco um objeto para mostrar um estado de alma, ou,  inversamente, escolher um objeto para e desprender dele um estado de ama  por uma série de decifrações.” (apud Tavares, Hênio, Teoria literária. Belo Horizonte: Editora  Itatiaia Limitada,  8.ed. rev. e aum., 1984, p.89).

       As múltiplas vozes de espaços  e tempos  diferentes tornam a  poesia  de Nathan Sousa um  poliedro   que, num melting-pot,  sabe agasalhar  ou  recusar todos os caminhos  possíveis da poiésis – um desabrochar  de temas cruciais  e de  questões  filosóficas, que atravessam  rios,  oceanos,  mares,  lagos, continentes  do Ocidente e do Oriente e tentam  encontrar  ressonâncias  ao seu  canto  de pássaro  ávido  para  ao menos tornar  o nosso  universo mais humano e  fecundo, onde o lirismo  se faz onipresente mesmo  em meio à contramaré  da  contraditória e tumultuada   existência contemporânea na Terra.
         
       

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

SÃO SEBASTIÃO: PADROEIRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO






                                                    Cunha  e Silva Filho



         Salve,  Sebastião, hoje no seu dia, que e feriado na Cidade Maravilhosa  de São Sebastião. Salvai o Rio de Janeiro! Salve! Protegei a nossa cidade tão necessitada   de vossa ajuda,  de vosso  cuidado,  de vossa força. São Sebastião, não só salvai a cidade, os cariocas mas também  a  todos os  que por  por essa cidade passem como visitantes, turistas,  nacionais ou estrangeiros.
        Salvai o Estado  do Rio de Janeiro, os fluminenses, os emigrantes, os  imigrantes, os refugiados,  os que aqui  se estabeleceram  e ficaram para sempre. Salve São Sebastião!  Salvai todos os que têm o  Rio de Janeiro no coração!
        Ó Sebastião,  tende piedade de nós  que atravessamos  crises  diversas  em quase todos os  setores do governo estadual principalmente. Ó São Sebastião,  livrai a nossa cidade  dos malfeitores,  dos maus  políticos,  dos que  querem afundar  o Rio de Janeiro  por  causa de sua ganância,  de sua falta  de dignidade e respeito  à  população. Salve São Sebastião!
        Ó  São Sebastião,  não permitais que  os  oportunistas, os demagogos,  os  parasitas  do Estado do Rio de Janeiro   conspurquem  o bom  nome  sua capital ainda  desfruta  junto à comunidade   mundial Salve São Sebastião!
       Ó São Sebastião, afastai  todas  as mazelas  morais, políticas,   financeiras  que só têm  infernizado os habitantes  dessa  excelsa  cidade e deste Estado  amado” 
      Sei, São Sebastião, que hoje, no seu  dia tão esperado e digno de tantas honrarias,   haveis de olhar  pelo  aflições  por que  passamos todos os que  convivemos   sob a sua   proteção   e as suas energias.
      Não só olheis para o Rio da Zona Sul,  a área da Barra da Tijuca,  do Recreio dos Bandeirantes mais bem cuidados e servidos, mais   cantado  em prosa e verso  por seus cronistas, poetas  e letristas. Olhai também  e com o mesmo desvelo  para a Zona Norte,  para os subúrbios ( muitas vezes  esquecidos),  para as periferias,  para as comunidades  sofridas e humilhadas.  Olhai  pela nossa  saúde, nossa moradia,   nosso   transporte,  nossa educação,  nosso  lazer,  Livrai de nós  os  violentos,   os criminosos,  os homens maus.  Desterrai para bem longe  os traficantes, curai os drogados,  olhai  pelas nossa  crianças, sobretudo pelas mais  carentes.
      Não permitais que  os malfeitores  nos espreitem e nos matem   nas ruas,  nos parques, nas  praças,  nos  restaurantes, nas lojas,  nos shoppings,  nos locais  mais humildes.  
      Devolvei  à nossa  cidade e ao nosso Estado   a paz,  a tranquilidade,  a alegria  antiga dos cariocas s e  dos fluminenses.
    Olhai também  para   os  defeitos que  o  Rio  apresenta:  lixos  derramados  pelas exalados   por  excrementos  de cachorros e dos humanos  desalmados, o mau-cheiro de alguns  lugares,    os esgotos   e ralos entupidos, calçadas  maltratadas,   os prédios  pichados,   os monumentos, estátuas,  hermas,   vítimas  de vândalos, tal como já fizeram  com  as estátuas  do poeta Carlos Drummond de Andrade,  com a do compositor   Noel Rosa e de outros  nomes ilustres .    
     São Sebastião, bem que podeis  dar uma  mãozinha  em todos  esses  defeitos  que o  Rio de Janeiro ainda  mantém. No tempo de Machado de Assis,  ele já dizia: “Os cariocas somos pouco dados ao jardins  públicos.” Ainda vale  essa crítica  do fino  escritor carioca, visto que praças existem  que  nos envergonham   pelo   pouco zelo   com que  o povo e o próprio  governo  municipal  as tratam.
     Salve São Sebastião! Salvai-nos das  agruras  do Rio de Janeiro,  livrai-nos de todos   os males  da terra e do espírito.  Dai-nos governantes   responsáveis, competentes,  amigos   da cidade e do seu Estado,  homens  íntegros, probos  que possam   gerenciar   nossa cidade e nosso  Estado  em benefício  da população.   Livra o Rio de Janeiro, a cidade e o  Estado  dos  seus inimigos.   
     Tende piedade de nossa cidade e do nosso Estado.  Queremos que o  Rio de Janeiro “continue lindo de braços abertos (como na  belíssima  escultura   de Cristo situada no Corcovado) para todos  os que aqui  nos venham  visitar,  conhecer nossas maravilhas,  nosso s encantos,  nosso charme,  nosso charme,   nossos lugares  paradisíacos,  nosso espírito  brincalhão,  galhofeiro,  nosso um tanto  abalado  bom humor, nossas  gírias, nosso  “s”  medial  ou final  chiado  que encanta  e até é imitado  por  nordestinos  ao voltarem  para a terra   natal e se  passarem  por cariocas.
     Salve São Sebastião! Defendei seus  devotos e não devotos, i.e.,  todos  os  que  sonham com um Rio de Janeiro   dos idos  tempos  melhores e mais  serenos!
     Enfim, para concluir esta crônica me valho para estancar  o desespero da cidade e do Estado do Rio de Janeiro, neste dia do padroeiro,  a estrofe  inicial  do  poema  “Rio de Janeiro, extraído da obra Estrela da tarde (1960) de Manuel Bandeira,  outro artista  apaixonado  pelo Rio de Janeiro: Louvo o Padre,  louvo o Filho/E louvo o Espírito Santo./Louvado Deus, louvo o santo/De quem este Rio é filho./Louvo o santo padroeiro/___Bravo São Sebastião__/
Que num dia de janeiro/Lhe deu santa defensão.
     Salve, São Sebastião! O Rio de Janeiro  salvai! Meu São Sebastião,   tende misericórdia dos males que  afligem tanto  o Rio de Janeiro,  cidade e Estado que não merecem  todas  as aperturas financeiras vividas agora pelos funcionários  estaduais  vítimas dos  desatinos e da rapinagem     dos, pelo menos,  últimos   governantes.  Ó São Sebastião,  por favor,  não esqueçais  de nós,  habitantes castigados  pelos que  decerto não  amam  esta cidade “de encantos mil”.  Salve, Salve, nosso  padroeiro! Salvai-nos!

domingo, 15 de janeiro de 2017

O QUE É O HOMEM BRASILEIRO?




                                                                                              Cunha e Silva Filho



      A pergunta do título  deste artigo  me  é  inspirada  pela leitura de  um artigo do  teórico e crítico literário Eduardo  Portella,  de título  “A morte do homem cordial.” (jornal O Globo, 14/01/2017).  Há muito não lia  o autor que tem  uma  obra  notável  e definitiva   no alto  ensaísmo  e na crítica  brasileira. Lembro bem do que  afirmou  o pensador e grande crítico literário Tristão de Athayde (Alceu Amoroso Lima, 1893-1983) ao saudar, se não me engano,  em jornal, o aparecimento,  na cenário   intelectual  brasileiro   de Eduardo Portella (1958, com obra Dimensões 1, crítica literária) com a frase  consagradora: “Crítico ao Norte.” Portella,  com o tempo só  confirmou  esse julgamento.
    Sem  nomear  o principal  nome   em torno do qual  o tema polêmico ainda hoje   discutível  do “homem cordial” atribuído ao brasileiro e analisado  no capítulo  V da obra Raízes  do Brasil (Rio de Janeiro: J. Olympio, 10 ed., 1976, p. 101- 112) do erudito ensaísta, crítico literário   historiador  Sérgio Buarque  de Holanda (1902-1982), Portella em texto  enxuto  e límpido, desnuda sucintamente  a questão da cordialidade  nossa, questão esta que o  próprio  Holanda, segundo  já frisei,  procurou  analisar. A cordialidade do brasileiro já havia se  espalhado  pela consciência coletiva  nacional sempre  invocada  para  justificar  que o brasileiro  é cordial, quando  não o é sobretudo  se visto  agora da ótica  da atualidade.
     A frase “homem cordial” se tornou  moeda corrente como tantas outras que se inseriram   na cultura brasileira  no sentido  de  identificar  o país e o seu povo   por um viés  positivo, como aquela  do título da obra de Stefan Zweig((1881-1942), Brasil, país do futuro(1941), ou aqueloutra bem mais antiga  de um título  do livro   Por que me ufano  do meu país (1900), do conde de Afonso Celso (1890-1938), um velho  exemplar do qual conheci na biblioteca do meu pai. 
       A expressão  “homem cordial”  não é de  Holanda, mas  do poeta diplomata e ficcionista Ribeiro Couto (1898-1963) conforme o próprio Holanda lembra    na nota de rodapé 157, (op. cit., p.106). Holanda apenas  viu  nessa   a síntese  da definição  desenvolvida  em seu livro  sobre  o assunto.
      Inclusive, não pode ser tomada ao pé da letra,  de vez que  Holanda estuda o comportamento  social  do brasileiro sob a perspectiva de que  somos  um povo avesso  ao ritualismo,  mas com  um  forte  inclinação  à quebra  de formalidades a serem  obedecidos  com rigor. Nossa  tendência  é a manifestação da liberdade, no sentido de abertura  às ideias  e a modos  assistemáticos e facilmente  digeridos.          
       Portella, para sustentar  suas ideais no  artigo, parte do argumento  de que   o homem cordial   se deveu à combinação  do “modernismo”  com  o “ufanismo.”
      No entanto,  segundo o Portella,  com  o  passar  dos anos e as transformações   gerais do país, à altura da modernidade, da qual  começam a surgir  os efeitos danosos da explosão urbana, do gigantismo   populacional  e da “privatização da esfera pública,”  fatores desta natureza  que só  deteriorariam  a realidade  brasileira  já dando seus  fortes sinais   de  novos    e nada  alvissareiros desafios   que o país teria  que   enfrentar. E tal s deu ao nosso  olhos   perplexos do presente.
    Aquele   passado  algo  romantizado,“edificante”   de um  Brasil de natureza  exuberante,  de um  “sertanejo é antes de tudo  um forte” na concepção  de Euclides da Cunha  entrevista em Os sertões,  não mais  se poderia    manter como ilusão  identificadora  do que o futuro (o nosso presente)   haveria de preservar   como a  projeção  de um nação   próspera   e feliz. Portella denomina  essas  dificuldade  não previstas   pelos  estudiosos  da nossa formação  de Estado Brasileiro de “desvios  inesperados do caminho.”
    Citando  Mário de Andrade (1893-1945), tendo por fundamento a obra  Paulicéia desvairada(1922), como  um  intelectual  que havia percebido os percalços  que  sofreria o país, a começar da capital de São Paulo, maior  centro  econômico e industrial da América Latina, Portella - diria eu -,  reforça  que  aqueles mesmos   percalços (0s “desvarios”  marioandradinos ) a serem  enfrentados  alcançariam  todo o território  brasileiro.
    Ora,  esses desvios  que conduziram   ao estado  de  imoralidade   e degradação  dos poderes e à ilegitimidade da  representação  política com o desgaste da figura   do político   a consequente repulsa da sociedade, quase  por completo   ruíram as nossas instituições  supostamente democráticas.
    O efeito foi  catastrófico  porque o sistema  republicano   ficou  em grande parte   desacreditado pela sociedade  civil, principalmente  porque foram   gravemente  feridos  os  princípios  éticos  e morais, desestruturando  o arcabouço do Estado, como são exemplos os inúmeros e recorrentes  escândalos   investigados  pela Operação Lava Jato denunciando em práticas  de ilicitude   e criminais   os governos federal,  estaduais  e municipais e a elite do empresariado.  O fato de Portella citar o poema de Carlos  Drummond de Andrade (1902-1987), “E agora,  José?,” já indicia para um  situação  social e política altamente complicada que nos coloca a todos  numa encruzilhada e na imprevisibilidade  e incertezas nos rumos do  país.
      Portella  ainda se vale  de três notáveis  filósofos de porte  universal a fim de  desconstruir  a concepção de cordialidade brasileira ao  declarar  que “(...) nenhum homem é ou deixa de ser cordial fora do seu  horizonte  existencial.” Em outras palavras, nenhum  homem escapa à sua  “circunstância” ( Ortega ), à sua “situação” (Sartre) e às aflições do “ser no tempo” (Heidegger).
    Outros  fatores são citados  por  Portella como  exemplos   dignos de  meditação que explicitariam  a nossa,direi assim,  ausência de cordialidade:  decisões impensadas  para escaparem  a condenações (caso  da queda do avião  levando  os jogadores da Chapecoense); a escravidão que, no país,  não deu  nenhum  exemplo  de humanidade; a violência  atual  em estado de calamidade pública;os presídios brasileiros, locais onde  o crime  se mantém  e ainda  coordena  a brutalidade  fora dos presídios;  a “institucionalização da violência  política”; a “privatização do público” considerada  pelo crítico  como  “negação da cordialidade.”  
    Agrega ainda como  causa  primordial a desarticulação do sistema de  educação  no país, cujas   problemas  graves poderiam ser  tratadas   com  um   ensino e educação  que respeitem   e valorizem   os  frutos   do conhecimento, da cultura, a injustiça social, outro  determinante  do recrudescimento sem precedente da  violência e criminalidade em nosso  país. 
   Portella  vê como  saída para uma país  melhor   uma efetiva   prática  de políticas do Estado, i.e., não se melhora educação nem cultura se  o Estado, através das esferas da educação e da cultura, em ações conjuntas,  não estiver   disposto  a mudar  para  aperfeiçoar com forças concentradas  em objetivos a serem atingidos  cm sucesso. É o Estado  interagindo como  uma unidade  de forças   concentradas   em objetivos  a serem  atingidos com sucesso
    Por último  refere a urgência  de uma  reforma  política em todos os sentidos, a ser levada a cabo  não por pelo que ele chama de “protagonistas do caos” mas pelo mais   “íntegro diálogo societário.”