Os temas discutidos neste blog se concentram sobretudo na área de Literatura Brasileira, mas se estendem a outros temas e áreas culturais afins. Os gêneros literários da preferência da produção do autor são crítica literária, ensaios e crônicas. tradução de poesia estrangeira. Áreas de pesquisa e interesse do autor: teoria literária,história literária, vida literária.relação entre literatura, pobreza e violência, literatura universal e literatura de autores piauienses
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
ESTIMADOS LEITORES:
FICAREI AUSENTE DURANTE UM MÊS DESTA COLUNA.AFINAL DE CONTAS, PRECISAMOS TODOS DE UM DESCANSO.
ESPERO, SIM, CONTAR COM VOCÊS NO MEU RETORNO A ESTE BLOG.
BOA SORTE.A TODOS!
ABRAÇOS.
CUNHA E SILVA FILHO
DEAR READERS:
I1LL BE AWAY FROM THIS COLUMN FOR A MONTH PERIOD. AFTER ALL, WE ALL NEED TO RELAX FOR SOME TIME.
I REALLY HOPE TO COUNT ONYOU ON MY RETURN TO THIS BLOG.
GOOD LUCK TO YOU ALL.
BEST WISHES
CUNHA E SILVA FILHO
domingo, 22 de janeiro de 2017
DIÁLOGO COM TODAS AS COISAS, OBJETOS E SERES: A POESIA DE NATHAN SOUSA
CUNHA E SILVA FILHO
Com pouca informação sobre o autor,
o poeta piauiense Nathan Sousa, 43 anos, sem lhe conhecer
a produção até agora editada,
me agarro a seu mais recente livro publicado, Dois olhos sobre a louça branca(Guaratinguetá:
Penalux, 2016, 85 p.). Essa editora vem
publicando outros poetas e
ensaístas, alguns dos quais
conheço, como Luiz Filho de
Oliveira, poeta piauiense, e
Valdemar Valente, ensaísta.
Residindo no Rio de Janeiro há tanto tempo, não tenho
condições de acompanhar tudo que
tem sido publicado no Piauí, sobretudo
seus autores mais jovens ou menos jovens..O que me vem ao conhecimento é quase por acaso. As minhas referências
aos novos autores vou buscar nos poucos historiadores literários de que
o Piauí dispõe, como Francisco Miguel de Moura e Herculano Moraes.
Como diria os mais velhos até do que eu, de um assentada li o livro em exame. Leitura rápida que me
impulsionava a ir adiante. Foi o que fiz
e posso adiantar: não foi
tempo perdido. O jovem poeta como aconteceu com
Luiz Filho de Oliveira, me
surpreende por várias razões, (com a sensação estranha e satisfação com que li o
poeta Elmar Carvalho nos anos
1990 e quando lhe analisei a obra
poética nos anos seguintes), em especial
pela qualidade inquestionável de
seus versos.
Eu
tentei ver se na obra de Nathan poderia
encontrar uma imperfeição,
seja de natureza da linguagem
literária, seja da própria elaboração
da sua fatura poética, a meu singular,
orignal, na qual, a palavra, a
frase, a estrofe e o
poema inteiro vão-nos deleitando pela leque de situações
formais e humanas levantadas
pelo autor. Aposto na
consagração desse poeta e logo logo na sua visibilidade fora dos limites do Piauí.
Nathan
Sousa nos enseja uma poética
que muito se aproxima
do âmbito filosófico, sem, no
entanto, desprezar a concretude da vida, a realidade quotidiana e seus problemas
e impasses, os objetos inanimados, a flora, a fauna, coisas em geral, i.e., o mundo natural e o mundo cultural,
Tudo no livro parece
querer atingir uma dimensão
universal. Em Nathan nada lhe escapa
ao que se convenciona denominar de mundo
real e mundo abstrato. Luz,
sombra e mitos. Por isso, sua poesia é
tão invadida por objetos, coisas, seres humanos ou irracionais, pela
frequência alusiva, ou seja, pelo
intertextualidade, quer endoliterária, quer exoliterária (Cf. Vítor Manuel de Aguiar e
Silva. Teoria da literatura. 8
ed. 19ª impressão. Coimbra: Livraria
Almedina, 2011, p. 629-630), um traço
muito comum nos
poetas de hoje e já anunciado, conforme
amiúde tenho repetido, desde a previsão do crítico literário inglês I.A. Richards. (1893-1979))
Optou – seria o termo
certo para r uma poesia constelada de signos, metáforas e símbolos? - por um
poesia de corte contraditoriamente aristocrático, na qual
os verso resultam de poderosa
imagística que toca em muitos ângulos do se podia
rotular de grande poema em todas
as épocas. Contudo – cabe ressaltar
- o adjetivo “aristocrático,” aqui particularmente empregado,
não tem nada a ver com um
poesia tradicional parnasiana ou neo-parnasiana. Longe disso. O adjetivo refere a um tipo de poesia inapelavelmente pós-moderna no sentido mais lato possível. Quer dizer,
uma poesia que supera
as vanguardas brasileiras a partir
das mudanças efetuadas pelo
Concretismo de 1956 e outras formas de vanguardas
pós-concretistas. Nathan faz parte de um grupo de poetas que pertenceriam a uma fase na qual
os ismos datados forma superados e, em lugar dele, a poesia teria em cada
poeta uma forma individual de composição. Não significa por isso que há
nesses novos poetas que estão surgindo no pais a
anarquia da forma e de temas, mas um
percurso poético pessoal
que tenha recebido as mais diversas contribuições tanto da tradição literária quanto das diferentes vanguardas pelas quais
passou a poesia brasileira..
A
poesia de Nathan Sousa, em alguns aspectos
formais e de comportamento com a
linguagem, me lembra outro
poeta brasileiro que conheci
muito, o Jurandyr Bezerra (1928-2014), autor de um
único livro publicado, Os
limtes do pássaro(Belém: Editora SEJUP,
1993) bem recebido pela crítica
especializada. Tinha prontos, pelo menos oito livros de poesia a serem
editados. Bezerra nasceu no Pará e, em
seguida, radicou-se no Rio de Janeiro.
Recebeu prêmios e teve poemas traduzidos para o italiano e eu mesmo verti um
poema dele para o inglês, de
título “Poema para Izabel,”extraído do livro
já mencionado.
Como Nathan,
ostenta uma poesia de fino senso
de beleza, onde o sentido do poema
se encontra no próprio fruir da linguagem
e de seus recursos imagéticos,
em sua potência criativa
e no seu substrato profundamente humano além de musical,
visível influência dos simbolistas.
Jurandyr
Bezerra foi leitor voraz dos grandes poetas não só
brasileiros (Cecília Meireles,
Cruz e Sousa, Murilo Mendes, Fernando Pessoa), mas
um do porte do expressionista
alemão Georg Trakl.(1887-1914).
Tinha especial interesse
pela leitura de respeitados ensaístas,
por exemplo, um Mário Faustino, um
Benedito Nunes, um Antônio Olinto, um
Antonio Carlos Secchin, um José
Guilherme Merquior.
Recordo vivamente que Jurandyr citou
especialmente o último dos citados
poetas no parágrafo anterior, da mesma
maneira que gostava de citar Cecília
Meireles, os simbolistas. Foram, assim,
uns mais outros menos, os que, segundo ele, lhe ensinaram
finalmente o que é poesia depois
de tanto tempo e canseiras de releituras, porque, acrescentava ele, a poesia é também um aprendizado do domínio técnico – uma espécie de epifania,
uma porta aberta aos olhos espantados dos que amam e querem para si
a entrada firme e certeira do sentido da linguagem e da matéria
poética que se traduz, ao fim, em criação verbal e de apreensão do que
seja o grande verso, a grande poesia.
Jurandyr, tal qual todo
bom poeta, passou a vida inteira lendo o que havia de melhor na poesia universal tanto de brasileiros quanto de estrangeiros. E como sabia ter a vocação e a
maneira cavalheiresca de
ofertar obras da grande poesia
aos amigos! Uma desta ofertas foi uma antologia de poetas expressionistas alemães.
O livro Dois olhos sobre a louça branca,
de resto, de título insólito e enigmático, compõe-se de
quatros partes, respectivamente intituladas
“Ogiva de Vidro” “Lágrima de quartzo,” “China,” e “Estuário / Saliva.” As quatro partes
reúnem cinquenta e um poemas. É óbvio que, numa simples resenha, não daria conta de um comentário abrangente o suficiente para apreender a riqueza
facilmente detectável em seus
poemas, em que a linguagem da poesia é medida milimetricamente e se encaixa
no tema eleito.Esse frêmito também, em relação a
novos poetas do Piauí, experimentei
na leitura da poesia de Sonia Leal Freitas, O cedro do Éden (2002) e na poesia satírico-social mas também estruturalmente refinada
de Luiz Filho de Oliveira na obra
Das bocadas infernéticas (2016).
Não seria neste espaço que adensaria minha análise
da poesia de Nathan Sousa, mas me impulsiona o desejo de
tecer alguns breves comentários gerais do livro. Tomemos, por exemplo,
três poemas, entre tantos no livro, que me suscitam a curiosidade crítica: “Eu e a Cidade” (p.32-33), “Sabor”(p.75) e “Ceia
de cegos” (p.85) e
O primeiro escolhido retoma um
tema já poetizado por
outros autores piauienses, um deles
sendo Paulo Machado. Todavia, o
tratamento entre este o de Nathan é bem diverso e reflete outros tempos poéticos. Nos poemas de Paulo Machado sobre
Teresina a poesia, num lirismo distanciado, se entronca com a
denúncia social e o testemunho
do tempo histórico, enquanto que em Nathan Sousa existe uma relação mais íntima entre o
sujeito lírico e o tema de Teresina, ou seja, entre o sujeito lírico e o objeto amado complicado desta vez pelos tempos de agora,
líquidos e apressados no
torvelinho da pós-modernidade
impessoal e brutal.
O poema
é uma mini-autobiografia do poeta que se debruça corajosamente sobre
o seu tempo presente e o passado.
Fala do presente da sua cidade, Teresina, em constante
metamorfose. É um belo poema, um
dos melhores do livro costurado entre a
saudade dos entes queridos e as transformações que o amadurecimento vai
exercendo sobre o homem-poeta: “retorno à cidade onde nasci/e onde vi meu pai e (pouco depois) minha mãe partirem/para
sempre”.(p.32, primeira estrofe).
Nesse
poema há um controlado halo
de nostalgia indefinida
do que foi a cidade do período
existencial do autor
por ele mesmo situado: “Será esta
a Teresina/que se abriu em cores e vozes/ naquele distante ano de 1973? (p.
33, estrofe 7). É evidente que essa sensação
de estranheza sentida por alguém
que se afastou da sua cidade berço é
compartilhada por outros pessoas, até
pelo “homem comum,”
porém sobremodo pelos
artistas, poetas, escritores em geral, gente com maior
sensibilidade de transmitir emoção
e beleza através da
comunicação literária.O poema é um grande mergulho no sentimento da saudade contida
pela emoção controlada pela mensagem sintética tão afinada que deve ser com
o ato poético e pela consciência e razão
metapoética.
No poema ‘O sabor,” existe um “topos,” o da imagem da “louça
branca” que, ,por sinal , faz parte do
título do livro. Ele, portanto, é
recorrente, aparece aqui e ali na obra.Não
é meu intuito aqui me éter neste
sintagma ou no lexema “louça.” Sua hermenêutica
será certamente uma das linhas de força
do poema. Nathan, tanto quanto
outros poetas de hoje, usam de alguns artifícios que já foram empregados
por poetas da modernidade,
como um Vasco Graça Moura (1942-2014) poeta português, ou um mais antigo, e o norte-americano
e.e.cummings (1894-1962). Eles usaram letra minúscula para
nomes próprios, assim também as empregaram
depois de um ponto. Outra traço tipográfico
semântico-visual igualmente
encontrado na poesia de Luiz
Filho de Oliveira) é, entre parênteses,
incluir um enunciado alusivo ao poema ou mesmo de sentido
enigmático ou indecifrável.
Cumpre não esquecer
que a poesia atualizada de
Nathan Sousa tematicamente
se irradia para múltiplas direções,
não somente para o olhar dirigido aos objetos, coisa
e seres, segundo assinalei,
mas para
outras questões que embutem
no poema voltadas ao universo das artes,
da temas sociais e globais, Combina os
mundos ocidental e oriental. Desloca-se como uma espécie de globe-trotter.
Há uma visada para uma abrangência universal
atingindo, além disso,
outros espaços naturais,
a água, o líquido, os pássaros (frequente nele também é suas referência a essa espécie animal.
Voltemos ao poema “Sabor.” Há
sempre um segundo ou terceiro ou mais
sentidos num só poema que converge para
uma opacidade de sentido abrindo-se ao
hermetismo e a um esteticismo acessível a poucos iniciados.
Neste ponto,
sua poesia é muito mais sofisticada
do que foram os poetas da geração-70,
com o mimeógrafo, com alguns poetas reunidos em antologia a cargo de Heloísa Buarque de
Holanda, antologia que se tornou, por assim dizer, um clássico, sob o título de 26 poetas
hoje ou mesmo com os da geração-90, que teve duas edições (Editora
Aeroplano) e mereceu uma outra antologia
intitulada Esses poetas, também organizada por Heloísa Buarque de Holanda.
No poema
“sabor” é evidente uma
dicotomia entre o abismo de uma hecatombe natural insinuada pelo
binômio “goela e o big bang e um
desejo meio que incerto, a
despeito do risco, do recurso à poesia. O poema se inscreve
entre o disfêmico ( big bang, “mefistofélico”, “combustão desavisada” e “armas” e
o eufêmico ( “louça branca,” “canto de
louvação,” “educada”). O poema não
afirma abertamente, se camufla semanticamente.
No poema “Ceia dos cegos,” o
derradeiro do livro, que exibe uma epígrafe de escritor português Miguel Torga, está associado à religiosidade cristã na acepção do conhecimento atento
do Novo Testamento, do qual é citado uma frase de Mateus (não sei por
que o poeta grafou em inglês mathew,
quando poderia fazê-lo em português).
As referências ao “mito” e ao “sono da caverna” são bem
indicativas das intenções oblíquas (se é que há intenções num poema) da natureza
do tema do poema. Apontam para muitos questionamentos de cunho mitológico,
social, estético e filosófico. A citação de Mateus, por sua
vez, reenvia ao topos dos “olhos” e da
“louça branca” que formam o título da obra. O poema “Ceia dos cegos” não se torna por isso
religioso, católico ou de outra denominação. A uma afirmação do sujeito lírico corresponde uma desconstrução. O conceitual
se desfaz, muda de rumo e causa
estranhamento não pelas aporias existentes como ainda por sua súbita metamorfose semântica, levando àquela opacidade, àquela conceituação de Mallarmé:
(...) referir-se a um objeto pelo seu nome é suprimir três quartas partes
da fruição do poema, que consiste na felicidade de adivinhar pouco a pouco;
sugeri-lo, eis o que sonhamos. É o uso perfeito desse mistério que constitui o
símbolo; evocar pouco a pouco um objeto para mostrar um estado de alma,
ou, inversamente, escolher um objeto
para e desprender dele um estado de ama
por uma série de decifrações.” (apud
Tavares, Hênio, Teoria literária. Belo Horizonte: Editora Itatiaia Limitada, 8.ed. rev. e aum., 1984, p.89).
As múltiplas vozes de espaços e tempos
diferentes tornam a poesia de Nathan Sousa um poliedro que, num melting-pot, sabe agasalhar ou
recusar todos os caminhos
possíveis da poiésis – um
desabrochar de temas cruciais e de
questões filosóficas, que
atravessam rios, oceanos, mares,
lagos, continentes do Ocidente e
do Oriente e tentam encontrar ressonâncias
ao seu canto de pássaro
ávido para ao menos tornar o nosso
universo mais humano e fecundo, onde
o lirismo se faz onipresente mesmo em meio à contramaré da contraditória e tumultuada existência contemporânea na Terra.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
SÃO SEBASTIÃO: PADROEIRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Cunha e Silva Filho
Salve,
Sebastião, hoje no seu dia, que e feriado na Cidade Maravilhosa de São Sebastião. Salvai o Rio de Janeiro!
Salve! Protegei a nossa cidade tão necessitada
de vossa ajuda, de vosso cuidado,
de vossa força. São Sebastião, não só salvai a cidade, os cariocas mas também a
todos os que por por essa cidade
passem como visitantes, turistas, nacionais ou
estrangeiros.
Salvai o Estado do Rio de Janeiro, os fluminenses, os
emigrantes, os imigrantes, os
refugiados, os que aqui se estabeleceram e ficaram para sempre. Salve São Sebastião! Salvai todos os que têm o Rio de Janeiro no coração!
Ó Sebastião, tende piedade de nós que atravessamos crises diversas em quase todos os setores do governo estadual principalmente. Ó
São Sebastião, livrai a nossa
cidade dos malfeitores, dos maus
políticos, dos que querem afundar o Rio de Janeiro por
causa de sua ganância, de sua
falta de dignidade e respeito à
população. Salve São Sebastião!
Ó São Sebastião,
não permitais que os oportunistas, os demagogos, os
parasitas do Estado do Rio de
Janeiro conspurquem o bom
nome sua capital ainda desfruta
junto à comunidade mundial Salve
São Sebastião!
Ó São Sebastião, afastai todas as mazelas
morais, políticas, financeiras que só têm
infernizado os habitantes
dessa excelsa cidade e deste Estado amado”
Sei, São Sebastião, que hoje, no seu dia tão esperado e digno de tantas
honrarias, haveis de olhar pelo
aflições por que passamos todos os que convivemos
sob a sua proteção e as suas energias.
Não só olheis para o Rio da Zona Sul, a área da Barra da Tijuca, do Recreio dos Bandeirantes mais bem cuidados
e servidos, mais cantado em prosa e verso por seus cronistas, poetas e letristas. Olhai também e com o mesmo desvelo para a Zona Norte, para os subúrbios ( muitas vezes esquecidos),
para as periferias, para as
comunidades sofridas e humilhadas. Olhai
pela nossa saúde, nossa
moradia, nosso transporte,
nossa educação, nosso lazer,
Livrai de nós os violentos, os criminosos, os homens maus. Desterrai para bem longe os traficantes, curai os drogados, olhai
pelas nossa crianças, sobretudo pelas
mais carentes.
Não
permitais que os malfeitores nos espreitem e nos matem nas ruas,
nos parques, nas praças, nos
restaurantes, nas lojas, nos shoppings, nos locais
mais humildes.
Devolvei
à nossa cidade e ao nosso
Estado a paz, a tranquilidade, a alegria
antiga dos cariocas s e dos
fluminenses.
Olhai também para
os defeitos que o
Rio apresenta: lixos
derramados pelas exalados por
excrementos de cachorros e dos
humanos desalmados, o mau-cheiro de
alguns lugares, os esgotos
e ralos entupidos, calçadas maltratadas,
os prédios pichados, os monumentos, estátuas, hermas, vítimas
de vândalos, tal como já fizeram
com as estátuas do poeta Carlos Drummond de Andrade, com a do compositor Noel
Rosa e de outros nomes ilustres .
São
Sebastião, bem que podeis dar uma mãozinha
em todos esses defeitos
que o Rio de Janeiro ainda mantém. No tempo de Machado de Assis, ele já dizia: “Os cariocas somos pouco dados
ao jardins públicos.” Ainda vale essa crítica
do fino escritor carioca, visto
que praças existem que nos envergonham pelo
pouco zelo com que o povo e o próprio governo
municipal as tratam.
Salve São Sebastião! Salvai-nos das agruras
do Rio de Janeiro, livrai-nos de
todos os males da terra e do espírito. Dai-nos governantes responsáveis, competentes, amigos
da cidade e do seu Estado, homens íntegros,
probos que possam gerenciar
nossa cidade e nosso Estado em benefício
da população. Livra o Rio de Janeiro, a cidade e o Estado
dos seus inimigos.
Tende piedade de nossa cidade e do nosso
Estado. Queremos que o Rio de Janeiro “continue lindo de braços
abertos (como na belíssima escultura de Cristo situada no Corcovado) para
todos os que aqui nos venham
visitar, conhecer nossas
maravilhas, nosso s encantos, nosso charme,
nosso charme, nossos
lugares paradisíacos, nosso espírito brincalhão,
galhofeiro, nosso um tanto abalado
bom humor, nossas gírias,
nosso “s” medial ou final
chiado que encanta e até é imitado por
nordestinos ao voltarem para a terra
natal e se passarem por cariocas.
Salve São Sebastião! Defendei seus devotos e não devotos, i.e., todos os que
sonham com um Rio de Janeiro dos
idos tempos melhores e mais serenos!
Enfim, para concluir esta crônica
me valho para estancar o desespero da
cidade e do Estado do Rio de Janeiro, neste dia do padroeiro, a estrofe
inicial do poema “Rio
de Janeiro, extraído da obra Estrela da
tarde (1960) de Manuel Bandeira,
outro artista apaixonado pelo Rio de Janeiro: Louvo o Padre, louvo o Filho/E
louvo o Espírito Santo./Louvado Deus, louvo o santo/De quem este Rio é filho./Louvo
o santo padroeiro/___Bravo São Sebastião__/
Que num dia de janeiro/Lhe deu santa defensão.
Salve, São Sebastião! O Rio de Janeiro salvai! Meu São Sebastião, tende misericórdia dos males que afligem tanto
o Rio de Janeiro, cidade e Estado
que não merecem todas as aperturas financeiras vividas agora pelos
funcionários estaduais vítimas dos
desatinos e da rapinagem dos, pelo menos, últimos governantes.
Ó São Sebastião, por favor, não esqueçais
de nós, habitantes
castigados pelos que decerto não
amam esta cidade “de encantos mil”. Salve, Salve, nosso padroeiro! Salvai-nos!
domingo, 15 de janeiro de 2017
O QUE É O HOMEM BRASILEIRO?
Cunha e Silva Filho
A pergunta do título deste artigo
me é inspirada
pela leitura de um artigo do teórico e crítico literário Eduardo Portella,
de título “A morte do homem
cordial.” (jornal O Globo,
14/01/2017). Há muito não lia o autor que tem uma
obra notável e definitiva
no alto ensaísmo e na crítica
brasileira. Lembro bem do que afirmou
o pensador e grande crítico literário Tristão de Athayde (Alceu Amoroso
Lima, 1893-1983) ao saudar, se não me engano, em jornal, o aparecimento, na cenário intelectual
brasileiro de Eduardo Portella (1958,
com obra Dimensões 1, crítica literária)
com a frase consagradora: “Crítico ao
Norte.” Portella, com o tempo só confirmou
esse julgamento.
Sem
nomear o principal nome
em torno do qual o tema polêmico
ainda hoje discutível do “homem cordial” atribuído ao brasileiro e
analisado no capítulo V da obra Raízes do Brasil (Rio de Janeiro: J. Olympio, 10
ed., 1976, p. 101- 112) do erudito ensaísta,
crítico literário historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), Portella em
texto enxuto e límpido, desnuda sucintamente a questão da cordialidade nossa, questão esta que o próprio
Holanda, segundo já frisei, procurou
analisar. A cordialidade do brasileiro já havia se espalhado
pela consciência coletiva
nacional sempre invocada para
justificar que o brasileiro é cordial, quando não o é sobretudo se visto
agora da ótica da atualidade.
A frase “homem cordial” se tornou moeda corrente como tantas outras que se
inseriram na cultura brasileira no sentido
de identificar o país e o seu povo por um viés
positivo, como aquela do título
da obra de Stefan Zweig((1881-1942), Brasil,
país do futuro(1941), ou
aqueloutra bem mais antiga de um título do livro
Por que me ufano do meu país
(1900), do conde de Afonso Celso (1890-1938), um velho exemplar do qual conheci na biblioteca do meu
pai.
A expressão “homem cordial” não é de
Holanda, mas do poeta diplomata e
ficcionista Ribeiro Couto (1898-1963) conforme o próprio Holanda lembra na
nota de rodapé 157, (op. cit., p.106). Holanda apenas viu
nessa a síntese da definição
desenvolvida em seu livro sobre
o assunto.
Inclusive, não pode ser tomada ao pé da
letra, de vez que Holanda estuda o comportamento social
do brasileiro sob a perspectiva de que
somos um povo avesso ao ritualismo, mas com
um forte inclinação
à quebra de formalidades a serem obedecidos
com rigor. Nossa tendência é a manifestação da liberdade, no sentido de
abertura às ideias e a modos
assistemáticos e facilmente
digeridos.
Portella, para sustentar suas ideais no artigo, parte do argumento de que
o homem cordial se deveu à
combinação do “modernismo” com o
“ufanismo.”
No entanto, segundo o Portella, com
o passar dos anos e as transformações gerais do país, à altura da modernidade, da
qual começam a surgir os efeitos danosos da explosão urbana, do
gigantismo populacional e da “privatização da esfera pública,” fatores desta natureza que só
deteriorariam a realidade brasileira
já dando seus fortes sinais de
novos e nada alvissareiros desafios que o país teria que enfrentar. E tal s deu ao nosso olhos
perplexos do presente.
Aquele passado
algo romantizado,“edificante” de um
Brasil de natureza
exuberante, de um “sertanejo é antes de tudo um forte” na concepção de Euclides da Cunha entrevista em Os sertões, não mais se poderia
manter como ilusão identificadora
do que o futuro (o nosso presente) haveria de preservar como a
projeção de um nação próspera
e feliz. Portella denomina
essas dificuldade não previstas pelos
estudiosos da nossa formação de Estado Brasileiro de “desvios inesperados do caminho.”
Citando
Mário de Andrade (1893-1945), tendo por fundamento a obra Paulicéia
desvairada(1922), como um intelectual
que havia percebido os percalços que
sofreria o país, a começar da capital de São Paulo, maior centro
econômico e industrial da América Latina, Portella - diria eu -, reforça
que aqueles mesmos percalços (0s “desvarios” marioandradinos ) a serem enfrentados
alcançariam todo o
território brasileiro.
Ora,
esses desvios que conduziram ao estado
de imoralidade e degradação
dos poderes e à ilegitimidade da representação
política com o desgaste da figura
do político a consequente
repulsa da sociedade, quase por
completo ruíram as nossas
instituições supostamente democráticas.
O efeito foi catastrófico
porque o sistema republicano ficou em grande parte desacreditado pela sociedade civil, principalmente porque foram gravemente feridos
os princípios éticos
e morais, desestruturando o
arcabouço do Estado, como são exemplos os inúmeros e recorrentes escândalos
investigados pela Operação Lava
Jato denunciando em práticas de
ilicitude e criminais os governos federal, estaduais
e municipais e a elite do empresariado. O fato de Portella citar o poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), “E agora, José?,” já indicia para um situação
social e política altamente complicada que nos coloca a todos numa encruzilhada e na imprevisibilidade e incertezas nos rumos do país.
Portella
ainda se vale de três notáveis filósofos de porte universal a fim de desconstruir
a concepção de cordialidade brasileira ao declarar
que “(...) nenhum homem é ou deixa de ser cordial fora do seu horizonte
existencial.” Em outras palavras, nenhum
homem escapa à sua “circunstância”
( Ortega ), à sua “situação” (Sartre) e às aflições do “ser no tempo”
(Heidegger).
Outros fatores são citados por
Portella como exemplos dignos de
meditação que explicitariam a
nossa,direi assim, ausência de
cordialidade: decisões impensadas para escaparem a condenações (caso da queda do avião levando
os jogadores da Chapecoense); a escravidão que, no país, não deu
nenhum exemplo de humanidade; a violência atual
em estado de calamidade pública;os presídios brasileiros, locais
onde o crime se mantém
e ainda coordena a brutalidade
fora dos presídios; a
“institucionalização da violência
política”; a “privatização do público” considerada pelo crítico
como “negação da cordialidade.”
Agrega ainda como causa
primordial a desarticulação do sistema de educação
no país, cujas problemas
graves poderiam ser tratadas com
um ensino e educação que respeitem e valorizem
os frutos do conhecimento, da cultura, a injustiça
social, outro determinante do recrudescimento sem precedente da violência e criminalidade em nosso país.
Portella vê como saída para uma país melhor
uma efetiva prática
de políticas do Estado, i.e., não se melhora educação nem cultura
se o Estado, através das esferas da
educação e da cultura, em ações conjuntas,
não estiver disposto a mudar
para aperfeiçoar com forças
concentradas em objetivos a serem
atingidos cm sucesso. É o Estado interagindo como uma unidade
de forças concentradas em objetivos
a serem atingidos com sucesso
Por último
refere a urgência de uma reforma
política em todos os sentidos, a ser levada a cabo não por pelo que ele chama de “protagonistas
do caos” mas pelo mais “íntegro diálogo
societário.”
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