terça-feira, 9 de agosto de 2016

INJUSTIÇA FLAGRANTE




                                                         Cunha e Silva Filho


      Tanto o governo  fracassado de Dilma  quanto o atual  governo  interino de Temer cometeram o mesmo  erro palmar e, o que é  pior,  injusto. A primeira  não vinha  dando nenhum reajuste ao funcionalismo  geral há uns quatro ou cinco anos. O segundo,  mal  começado o governo, já  reajustou   regiamente seus altos escalões dos três poderes e outras  categorias  de funcionários  federais que têm  poder de barganha, como,  por exemplo,  a Polícia Federal que,  acenando para o governo  com  uma  possível greve,  foi logo   atendida  pelo interino  Temer. Quer dizer, está sacrificando o grosso  do  funcionalismo determinando o congelamento de seus salários já defasados  desde o governo  Dilma.
   O ministro  Henrique Meireles já avisou  aos governos estaduais  que  não deem reajuste aos funcionários  por dois anos. As três situações  claramente  injustas  se tornam, deste modo,  bode expiatório  da roubalheira  que assolou  o governo federal com os  bilionários  prejuízos  acarretados  pelos desvios   de dinheiro  para  pagamento  de propinas  a partidos políticos, inclusive, segundo noticia continuamente  a imprensa,  de  alguns políticos do atual governo.
   Mais uma agravante,   o governo  federal  interino  dá continuidade  às determinações de aumentos de tarifas nos diversos   setores  da economia, acarretando a alta do custo de vida, com  o crescente   aumento dos mais importantes  itens   que fazem parte  das despesas diárias do  consumidor  brasileiro. Ao fazer  isso,  o governo federal  ganha em arrecadação  graças  ao arrocho salarial  que impõe, a ferro e fogo,  à  sociedade,  sobretudo  aos  que têm renda  média, baixa ou  ainda estão no fundo  do  poço da miséria.
   O que o governo  federal está fazendo  é o que há pouco tempo já vinha  sinalizando: tomar  medidas  impopulares   que -   eu diria -  só vêm  prejudicar   os assalariados encolhendo  seus salários  com a carestia   dos preços de tudo: comida,  remédio,  plano de saúde etc. Parte dos comerciantes  gananciosos  estão  se aproveitando  dessa liberalidade  governamental  às expensas das aflições  pecuniárias  do povo  para ainda mais  ajustar seus preços sem aviso nem  justificativa.
   Historicamente,  esse círculo vicioso  não é de hoje. Basta  reler  jornais  de décadas  passadas  para vermos  como   o povo  brasileiro  tem sofrido  na carne  por  causa de  sucessivas  más  administrações   de governantes.  
  O que  significa afirmar que,  no  país,   a exploração, a partir dos governos e secundada  por maus comerciantes  e empresários,  é uma constante e,  assim,   governo  entra, governo sai,  e o brasileiro, como  um Sísifo, vive   rolando com as mãos  uma pedra até ao topo da montanha e, antes de alcançá-lo,  a pedra novamente  se despenca montanha abaixo  e, nesse esforço, ele é obrigado  a  subir o rochedo indefinidamente.
   Sabedor dessa “cordialidade” do caráter  do brasileiro,  os donos do poder pouco se  importam se  alguém  está sofrendo  aflições   causadas pelas  mudanças  na economia   do país.
  O que não fazem  é punir  duramente os culpados   do estrago  que se fez, com  a rapinagem  sem precedentes  de governantes  já bem conhecidos  do público  brasileiro,   cujo  pontapé inicial  remonta às revelações  escabrosas  do  escândalo   do Mensalão  e de outros    crimes  de governantes contra  o Erário do Estado  Brasileiro. Solapando  o dinheiro  público  da Petrobrás que foi  para os bolsos   de facínoras  de estatais e bem assim  de governantes  estaduais e municipais  que  se locupletaram como  verdadeiros   quadrilheiros com  os desvios  e bem urdidos    esquemas de superfaturamentos junto  a empresários   rufiões, não é novidade   que as contas  públicas    resultassem  na quebradeira de estados e municípios e no estrago   financeiro  das contas  públicas  federais.
   Ao invés de  prenderem efetivamente   políticos e  empresários desonestos, assim como  governantes  envolvidos em corrupção, obrigando-os a devolverem  aos cofres  públicos   o produto da  rapina generalizada e recalcitrante, o governo,  ao contrário do que se esperava, faz recair  sobre  os ombros dos cidadão  brasileiro   todo o gigantesco  prejuízo sofrido pela Nação.
    O povo brasileiro  não tem  culpa alguma    desses assaltos  às finanças   públicas. Não merece  pagar  o pato sozinho. O prejuízo  da roubalheira   de colarinho  branco  teria que ser dividido  entre todos  nós e, de forma  proporcional,   aos salários  da cúpula governamental.
   Melhor  dizendo,  o governo  federal,  para dar exemplo de sua   vontade de  passar a limpo o país,  não deveria ter  concedido  aumentos     elevados  para aqueles  que mais   ganham  nos altos cargos: presidente da República,  ministros,  deputados federais,  senadores e  de outros setores  privilegiados da máquina  do Estado. Ao fazer isso,  está  prestando  um desserviço  à sociedade que não mais confia  em  políticos e governantes, seja da esquerda, da direita ou  das mais  diversas colorações   ideológicas. Estamos fartos  da má política e da falta de  respeito  à sociedade  brasileira.  
                    



          

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