Cunha e Silva Filho
Tanto o governo fracassado de Dilma quanto o atual governo
interino de Temer cometeram o mesmo
erro palmar e, o que é pior,
injusto. A primeira não
vinha dando nenhum reajuste ao
funcionalismo geral há uns quatro ou
cinco anos. O segundo, mal começado o governo, já reajustou regiamente seus altos escalões dos três poderes e outras categorias
de funcionários federais que
têm poder de barganha, como, por exemplo,
a Polícia Federal que, acenando
para o governo com uma
possível greve, foi logo atendida
pelo interino Temer. Quer dizer,
está sacrificando o grosso do funcionalismo determinando o congelamento de
seus salários já defasados desde o
governo Dilma.
O ministro Henrique Meireles já avisou aos governos estaduais que
não deem reajuste aos funcionários
por dois anos. As três situações
claramente injustas se tornam, deste modo, bode expiatório da roubalheira que assolou
o governo federal com os
bilionários prejuízos acarretados pelos desvios de dinheiro para
pagamento de propinas a partidos políticos, inclusive, segundo noticia
continuamente a imprensa, de
alguns políticos do atual governo.
Mais uma agravante, o governo
federal interino dá continuidade às determinações de aumentos de tarifas nos
diversos setores da economia, acarretando a alta do custo de
vida, com o crescente aumento dos mais importantes itens
que fazem parte das despesas
diárias do consumidor brasileiro. Ao fazer isso,
o governo federal ganha em
arrecadação graças ao arrocho salarial que impõe, a ferro e fogo, à
sociedade, sobretudo aos
que têm renda média, baixa
ou ainda estão no fundo do
poço da miséria.
O que o governo federal está fazendo é o que há pouco tempo já vinha sinalizando: tomar medidas
impopulares que - eu diria - só vêm
prejudicar os assalariados
encolhendo seus salários com a carestia dos preços de tudo: comida, remédio,
plano de saúde etc. Parte dos comerciantes gananciosos
estão se aproveitando dessa liberalidade governamental
às expensas das aflições pecuniárias do povo
para ainda mais ajustar seus
preços sem aviso nem justificativa.
Historicamente, esse círculo vicioso não é de hoje. Basta reler
jornais de décadas passadas
para vermos como o povo
brasileiro tem sofrido na carne
por causa de sucessivas más
administrações de governantes.
O que
significa afirmar que, no país,
a exploração, a partir dos governos e secundada por maus comerciantes e empresários, é uma constante e, assim,
governo entra, governo sai, e o brasileiro, como um Sísifo, vive rolando com as mãos uma pedra até
ao topo da montanha e, antes de alcançá-lo,
a pedra novamente se despenca montanha
abaixo e, nesse esforço, ele é obrigado a subir
o rochedo indefinidamente.
Sabedor dessa “cordialidade” do caráter do brasileiro, os donos do poder pouco se importam se
alguém está sofrendo aflições
causadas pelas mudanças na economia
do país.
O que não fazem é punir
duramente os culpados do
estrago que se fez, com a rapinagem sem precedentes de governantes já bem conhecidos do público
brasileiro, cujo pontapé
inicial remonta às revelações escabrosas do escândalo do Mensalão e de outros
crimes de governantes contra o
Erário do Estado Brasileiro. Solapando o dinheiro
público da Petrobrás que foi para os bolsos de facínoras
de estatais e bem assim de governantes estaduais e municipais que se
locupletaram como verdadeiros quadrilheiros com os desvios
e bem urdidos esquemas de
superfaturamentos junto a empresários rufiões, não é novidade que as contas públicas
resultassem na quebradeira de
estados e municípios e no estrago
financeiro das contas públicas
federais.
Ao invés de prenderem efetivamente políticos e
empresários desonestos, assim como
governantes envolvidos em corrupção,
obrigando-os a devolverem aos cofres públicos
o produto da rapina generalizada
e recalcitrante, o governo, ao contrário
do que se esperava, faz recair
sobre os ombros dos cidadão brasileiro todo o gigantesco prejuízo sofrido
pela Nação.
O povo brasileiro não tem
culpa alguma desses assaltos às finanças
públicas. Não merece pagar o pato sozinho. O prejuízo da roubalheira de colarinho
branco teria que ser
dividido entre todos nós e, de forma proporcional, aos salários da cúpula governamental.
Melhor
dizendo, o governo federal,
para dar exemplo de sua vontade
de passar a limpo o país, não deveria ter concedido
aumentos elevados para aqueles
que mais ganham nos altos cargos: presidente da República, ministros,
deputados federais, senadores e de outros setores privilegiados da máquina do Estado. Ao fazer isso, está
prestando um desserviço à sociedade que não mais confia em políticos
e governantes, seja da esquerda, da direita ou
das mais diversas colorações
ideológicas. Estamos fartos da má
política e da falta de respeito à sociedade
brasileira.
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